A Esperança (Peetniss) escrita por The Deathly Mockingjay


Capítulo 10
Capítulo X


Notas iniciais do capítulo

Desculpa a demora, u to relendo a saga crepúsculo (a razão? boa pergunta) ent dei um tempo de escrita para ler.



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Sou acordada de um sono profundo e sonhos por Boggs.

— Katniss! A Madame Presidenta requer sua presença no Comando da Colmeia.

Levanto-me sem qualquer vontade e me sento na cadeira de rodas. Enquanto Boggs me empurra pela cadeira de rodas com uma mão e a outra leva uma lanterna, vejo que a Colmeia continua tão escura quanto antes de eu ter ido dormir; famílias e mais famílias em sono profundo em seus beliches e uns ou outros acordados. O Comando da Colmeia é uma pequena sala alguns metros depois da enfermaria, muito parecida com a o comando original, mas com mais uma porta ao fundo.

— É um elevador especial. Fora construído para situações como essas, para podermos voltar à superfície caso o bombardeio tenha sido muito grave. Esse é especial para quem trabalha diretamente com a Madame Presidente, há outros dois pela Colmeia para a população restante. – Boggs responde sem eu ter perguntado nada.

Logo depois de alguns minutos, Coin entra na sala juntamente com Plutarch e sua sombra, Fulvia. Coin ignora minha presença até sentar-se à mesa. Plutarch, no entanto, sorri abertamente quando seus olhos me encontram.

— Bom dia, Tordo! – diz alegremente.

Eu não o respondo.

Beetee é a última pessoa a entrar, juntamente com Haymitch e minha equipe de filmagem. Antes mesmo que pudesse fazer alguma pergunta, a voz fria e calma de Coin enche a sala:

— Estou muito contente em saber que se encontra em boas condições. Posso dizer a mesma coisa de sua mãe e sua irmã, certo?

Eu nada falo, somente aceno positivamente. Ela continua a falar.

— Estamos muito gratos pelo aviso de seu noivo. Se não fosse por ele, era provável que muitos teria perdido a vida durante esse bombardeio. – ela sorri enquanto fala; algo em seu sorriso arrepia minha espinha e involuntariamente seguro a minha barriga de forma protetora – No entanto, não vamos seguir muito nesse assunto, temos mais assuntos a tratar. A Capital acha que nos massacrou, mas nenhuma vida foi perdida, felizmente. Novamente, devemos isso ao seu noivo. Portanto, necessitamos mandar uma mensagem para a Capital, para avisá-los de que o Tordo se encontra muito bem.

Estou prestes a protestar quando ela me corta novamente:

— Estou muito ciente de seu acidente, então não será nada mais do que um discurso rápido. Boggs irá conduzi-la para a superfície junto com sua equipe.

Eu aceno e Boggs já me leva em direção ao elevador da sala e minha equipe logo atrás. O elevador é maior do que pensava, é muito menor do que o elevador usado pelo distrito, mas muito maior do que um elevador convencional. Minha equipe cabe sem nenhum desconforto, nem mesmo com a minha cadeira de rodas. Durante a lenta subida, percebo o olhar de meu antigo mentor em mim. Eu o ignoro, não estou em condições de entrar numa discussão. A tensão deixa subida cada vez mais claustrofóbica e tensa, sem nenhuma palavra proferida por ninguém, somente o som da respiração de cada um e o barulho do elevador.

Ao chegarmos na superfície, percebo que o elevador se encontra numa região de mata densa, tão densa que quase não há penetração da luz solar. O verde, apesar de ser mais escuro do que estou acostumada, me acalma. A brisa natural enche meus pulmões de calma, assim como o canto dos pássaros ao longe com o zumbido dos insetos ao nosso redor. Sinto falta de casa...

O caminho até as ruínas do distrito é conturbado. A mata impedia que a cadeira de rodas andasse normalmente, então tive de ser carregada por Boggs enquanto Haymitch levava consigo a minha cadeira. Ao chegarmos ao que antes eram as antigas ruínas do 13, percebo que não é nada como o vídeo que a Capital mostrava na TV; há as ruínas do antigo distrito sim, assim como também a do novo distrito. O que antes eram apenas terra e pedaços enormes de concreto do antigo 13, agora há um grande buraco de concreto com, provavelmente, 20 metros de profundidade o que eu acho que eram os primeiros níveis do novo 13.

Mas há algo que me perturba. E não tem nada a ver com as ruínas. Sou tomada por um pavor que embrulha meu estômago e o balançar da caminhada de Boggs não ajuda em nada. Olho em volta o máximo que posso enquanto segurada pelo comandante, mas ninguém parece perceber. Sinto meu coração bater com força em minhas costelas, tão forte que chega a doer. Meu bebê também se encontra inquieto, dando voltas e chutes em meu ventre. Tento me acalmar, não posso mais causar problemas para o meu bebê. Mas não importa o quanto eu respire fundo, desespero continua o mesmo. Sinto minhas lágrimas embaçar meus olhos e estou prestes a gritar "Tem algo de errado! Precisamos sair daqui! " quando finalmente entendo o porquê.

Ou melhor, cheiro.

É quando Boggs para de andar e olho para baixo e percebo o que tanto me aflige. No fundo do enorme buraco, há centenas, se não milhares, de rosas. Rosas brancas.

Ouço Haymitch posicionar a minha cadeira de rodas no chão e Boggs me sentar nela. Agradeço mentalmente por ele ter sido rápido, se não teria vomitado em seu uniforme, mas felizmente acabo por colocar o resto do jantar de ontem para fora assim que sou sentada. Todos me olham alarmados. Sinto uma mão em minhas costas enquanto vomito. Olho para cima e vejo os olhos cinzentos de meu antigo mentor.

Tento falar, mas nenhuma palavra sai de mim. Meus olhos gritam: você não está vendo? Ele está me mandando uma mensagem!

Ele está tão apavorado quanto eu.

Somos cortados de nosso momento quando a voz de Cressida surge e ele se afasta de mim.

— Está pronta, Katniss? – ela não me deixa falar, simplesmente posiciona seus insetos com suas enormes câmeras apontando para mim – Como se sente, Katniss?

— Não! Não! – eu sussurro.

As rosas brancas no fundo mais se parecem cobras venenosas rastejando em minha direção para me matar. Seu cheiro enjoativo e artificial faz meu estômago embrulhar mais uma vez e temo em vomitar em frente às câmeras.

— Eu não posso fazer isso – eu digo.

A diretora me ignora e pergunta mais uma vez:

— Katniss diga "O Distrito 13 está vivo e bem assim como eu!"

Minhas pernas perdem a força e caio de joelhos no chão. Mas Cressida continua a falar.

— Katniss, repita comigo: O Distrito 13 está vivo e bem assim como eu!

— Eu não posso! – eu grito o máximo que posso com minha voz rouca – Ele está me avisando! Ele vai mata-lo! Eu não posso fazer isso!

Estou chorando agora. Sinto os olhares de pena para mim e isso me enfurece. Eu não quero pena, eu quero ajuda. A última coisa que sinto antes de ser tomada pela escuridão são os braços de meu antigo mentor.

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O resto do dia eu me recusei falar com qualquer um, nem mesmo Prim. Achei um buraco qualquer nos fundos da Colmeia e de lá não saí. Eu precisava de um tempo para pensar e ao mesmo tempo não pensar. Somente eu. Ou melhor, eu e meu bebê. O dia todo ele movimentava no meu ventre, mas não daquele jeito desesperado. É mais uma forma de dizer "Não se preocupe, eu estou aqui, mamãe", tranquilizando-me depois de um dia terrível, assim como seu pai faz. Ah Peeta... Ele pode estar morto agora mesmo e a culpa é minha. Meu bebê crescerá sem o pai por minha causa, porque eu sou o Tordo. Eu sou a chama que despertou essa revolução que está tirando tudo de mim.

Não sei quanto tempo se passa, podem ter sido horas ou até mesmo dias. Já tirei incontáveis cochilos, mas sempre acordo de um pesadelo com Peeta sendo morto de todas as formas mais crueis possíveis. O último que tive me deixou tão aterrorizada que ainda tenho medo de fechar meus olhos. Passo a mão pelo meu ventre sentido o bebê me responder com um chute. Sorrio para mim mesma e um calor prazeroso se espalha por meu peito. Eu não acredito como posso amar tanto um ser que nem conheci. Ao mesmo tempo que quero segurá-lo em meus braços, também temo o dia que sairá de mim e não estará mais seguro desse mundo de guerra e morte, de horrores que nem seus pesadelos podem reproduzir. O bebê chuta novamente.

— O que foi? – pergunto para minha barriga; ele chuta de volta.

— Espero que esteja tudo bem aí, você não vai sair tão cedo. - digo rindo levemente. – Você nunca conhecerá o que estamos passando, nem mesmo por alguns meses. Você nunca saberá nada mais que felicidade e paz.

Uma lagrima cai em minha bochecha. Meu filho nunca verá a guerra, mas talvez também nunca conhecerá seu pai. Levo a pérola a minha boca pela milionésima vez hoje, tentando sentir o mesmo conforto que meu garoto com pão me trazia.

Sou tirada de meus pensamentos um tanto pessimistas quando ouço um sussurro:

— Katniss? – a voz é tão baixa que não consigo reconhece-la.

Não respondo. Não importa quem seja, não quero ver ninguém agora.

— Katniss? – a voz sussurra de novo, agora mais perto – Eu sei que está ai.

Prendo a respiração e me encolho mais em meu buraco. Mas mesmo assim sinto uma mão em meu ombro exposto. Viro-me com violência, pronta para gritar para me deixarem em paz quando reconheço meu mentor. Raiva surge em meu peito.

— O que quer Haymitch? – quase grito, mas não sei se há mais pessoas por perto.

— Olá para você também, docinho. – ele diz sarcasticamente, mas ao mesmo tempo não afetado pela minha grosseria – Estão te procurando, sabia?

— É claro. Para que mais você viria até mim? – digo rispidamente – Eu não sair daqui.

Haymitch respira fundo.

— Você sabe que não pode ser esconder pra sempre, não é?

— Eu não posso ser o Tordo. Não mais.

— Pena, iria querer um pouco dos remédios que eles te dão.

— Você é inacreditável – digo revirando os olhos.

— Mas o motivo que estou aqui é para dizer que eles estão resgatando Peeta.

Meus olhos quase pulam de meu crânio.

— O que?! – exclamo.

— A usina que derrubaram no 5 continha boa parte da eletricidade da Capital, deixando uma brecha para nós. Beetee está dentro do sistema deles faz um tempo.

Levanto-me bruscamente. Eu preciso estar com eles, preciso ser o primeiro rosto que Peeta verá. Haymitch me segura, empurrando-me para baixo novamente.

— Eu preciso ajuda-los!

— Calma, criança! Acha que o final do túnel vai leva-la até a Capital? O time de resgate já saiu faz meia hora, e mesmo que não tivesse, você nunca teria ido com eles. Seis voluntários. Acredita quem foi o primeiro?

— Gale. – digo.

É óbvio. Um medo toma conta de mim. Meu noivo se encontra torturado na Capital enquanto meu melhor amigo está indo para lá e talvez para a sua morte.

                    _____________________________________________________

Estamos numa sala fora da Colmeia, só alguns níveis acima. Haymitch diz que é para operações especiais que a Colmeia não tem preparo. Como o bombardeio só atingiu os primeiros níveis, não há problema em subirmos um pouco e em alguns dias a população será autorizada a voltar para seus compartimentos e rotinas.

A sala em que estamos é como quase todas no 13. Cinza e escura, não importa a quantidade de lâmpadas que liguem. Essa, no entanto, é no mínimo 10 vezes maior que o Comando, tendo diversos tipos de máquinas cujas finalidades eu nem imagino. Beetee se encontra em frente de uma delas com duas mini TVs a sua frente. Ele digita arduamente e, ao mesmo tempo, olhando para ambas as telas. Esse povo do 2 é um caso à parte, penso.

Cressida e sua esquipe se encontram em outra ponta, ajeitando Finnick enquanto trocam algumas palavras as quais eu não consigo ouvir. Tanto Plutarch quanto Coin se encontram em pé em frente à uma enorme tela dividida em seis menores telas no lado esquerdo. Essas pequenas telas mostram o que acredito ser a visão das câmeras dos voluntários para o resgate de Peeta e os demais vitoriosos presos na Capital. A maior tela mostra a programação normal da Capital TV.  Uns segundos depois, Beetee exclama:

— Estou oficialmente dentro. Podem começar.

A imagem da maior tela agora não pertence mais à programação da Capital TV, e sim a nós. A tela mostra o mesmo Finnick que vejo agora, mas de outro ângulo.  O vitorioso de cabelos de bronze e olhos verdes brilhantes respira fundo e começa a fala para a câmera:

— Olá, aqui  é Finnick Odair. Vencedor dos 65º Jogos Vorazes. E estou falando direto do Distrito 13, vivo e bem. Sobrevivemos a um ataque da Capital, mas não estou aqui para dar notícias recentes.

Viro-me para o meu antigo mentor.

— Por que Finnick está fazendo um ponto-prop? – pergunto, mas quem me responde não é Haymitch.

— Agora que eles estão com a energia do gerador, há uma gama mais limitada de frequências disponível para eles. E estou enchendo todos eles com Finnick.

— Eles estão distraindo a Capital para fazê-los pensar que é apenas mais um ponto-prop. – Haymitch traduz – A transmissão está obstruindo todo o sistema com ruído. Alerta de defesa antecipada, comunicações internas, tudo. Enquanto a transmissão continuar, nossa equipe deve conseguir entrar e sair sem ser detectada.

Eu aceno e continuo a prestar atenção em Finnick.

— Estou aqui para falar sobre a verdade, e não os mitos sobre uma vida de luxo. Não a mentira sobre a glória de sua pátria. Você pode sobreviver na arena. No momento em que você sai, você é um escravo. – ele respira fundo, como se tentasse não desabar, mas continua a falar - O Presidente Snow costumava me vender, ou ao menos meu corpo. Eu não fui o único. Se um Victor é considerado desejável, o presidente os dá como recompensa ou permite que as pessoas os comprem. Se você recusar, ele mata alguém que você ama. Eu tinha 14 anos na época.

Um calafrio desse pela espinha. Quando tinha 11 anos, considerei vender meu corpo para os Pacificadores do distrito, como havia visto tantas garotas ao meu redor fazendo, para conseguir dinheiro e alimentar minha família. Logo percebi que as consequências de tais atos seriam piores caso tivesse escolhido esse caminho, o que me leva a pensar em Finnick. Traumatizado por sua experiência nos jogos, ainda tem de ser forçado a se vender de formas terríveis para a Capital, como se sua infância já não fosse o suficiente. Passo a mão pela minha barriga pensando mais uma vez que meu bebê nunca passará por isso. Nunca.

— Para se sentirem melhor, meus clientes davam dinheiro ou joias de presente. Mas encontrei uma forma de pagamento muito mais valiosa. Segredos. Sabe, eu conheço toda a depravação, o engano e a crueldade da elite mimada da Capital. Mas os maiores segredos são sobre nosso bom presidente, Coriolanus Snow. Um homem tão jovem quando subiu ao poder, tão inteligente para mantê-lo. Como, você pode perguntar, ele fez isso? Uma palavra. Veneno. Ele parou todos os motins antes mesmo de começar. Existem tantas mortes misteriosas para adversários. Até mesmo para aliados que eram ameaças. Snow bebia da mesma xícara, para afastar suspeitas. Mas os antídotos nem sempre funcionam, e é por isso que ele usa rosas que cheiram a perfume. Ajude a cobrir o cheiro de sangue de feridas em sua boca que nunca cicatrizam. Mas ele não consegue esconder o cheiro de quem ele realmente é. Ele mata sem piedade. Ele governa com decepção e medo. Sua arma de escolha é a única coisa adequada para tal homem. Veneno. A arma perfeita para uma cobra.

Assim que Finnick termina seu monólogo, tanto a transmissão para a Capital quanto a dos soldados começam a falhar e travar.

— Beetee? – pergunto pensando que possa ser um problema normal que não nos afetasse.

Mas eu estava errada.

— Estou perdendo o sinal deles. – o vitorioso cadeirante fala com um tom de preocupação em sua voz, fazendo-me já pensar no pior – A Capital parou de usar o gerador. Temos apenas 60 segundos e estaremos fora.

— Me usem! Coloquem-me na transmissão para que Snow me veja e mande um sinal. – digo rapidamente.

Isso tem que dar certo. Por Gale. Por Peeta.

— Não sabemos se ele está assistindo – diz Coin.

Plutarch, pela primeira vez, a ignora e diz:

— Katniss, posicione-se e tome o lugar de Finnick. Não temos muito tempo.

Faço exatamente o que ele me pediu e começo a falar aleatoriamente.

— Presidente Snow? Presidente Snow? Aqui é a Katniss.

Um tempo se passa enquanto eu o chamo. A minha imagem na TV está falhando, mas não tanto quando Finnick estava. Estou quase perdendo as esperanças quando finalmente o ouço. A voz que me assombra até quando fecho meus olhos. A voz cujo dono arruinou a minha vida de formas inimagináveis.

— Senhorita Everdeen, mas que honra! Está aqui para agradecer pelas rosas?


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