A Esperança (Peetniss) escrita por The Deathly Mockingjay


Capítulo 7
Capítulo VII




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O que sucedeu não foi nada bom. O plano era voltarmos imediatamente para o aerodeslizador acompanhados de Paylor e seus guardas e, então, retornar ao 13, mas antes que pudéssemos entrar, a voz grave de Boggs nos parou:

— Há três aerodeslizadores vindo do oeste e estão indo para o leste. – não tinha ponderado muito até que ele continuou a falar – São da Capital.

Meu sangue gelou e então entendi a gravidade da situação.

— Eles estão indo em direção ao hospital! – exclamei desesperada.

— Precisamos sair daqui o mais rápido possível – dessa vez quem falou foi Gale.

— Não! – respondi – Eles vão ao hospital!

E antes que pudessem me segurar, corri em direção ao hospital. Eu precisava salvá-los. Era meu dever. Mas os aerodeslizadores foram mais rápidos do que eu. Antes mesmo que pudesse chegar a 200 metros do hospital, o mesmo já se encontrava em chamas. A grande fábrica, já quase desmoronando estava totalmente no chão; a poeira dos escombros me cega. Havia uma mistura horripilante de fogo, fumaça e poeira e eu sabia que encontraria as mesmas imagens em meus pesadelos.

Senti os braços fortes de Gale me segurando enquanto chorava. Eu nunca senti tanta raiva da Capital, nem mesmo depois de mais de 74 anos mandando crianças e jovens para a morte certeira.  Eu não sabia que Cressida e sua equipe estavam filmando tudo até que sua voz me tirou de meus pensamentos.

— Katniss, o que acabou de acontecer? Conte-nos!

Eu não conseguia raciocinar direito. A Capital havia bombardeado um hospital improvisado na frente de meus olhos. Eu conseguia ouvir a voz de Snow em minha mente “Qualquer um que tiver contato com o Tordo será considerado traidor da pátria”

Então, respirei fundo e com toda raiva que continha em minhas entranhas pareceu elevar a minha vontade de chorar e virei-me para Messala que carrega consigo uma câmera focada em mim.

— Vocês querem saber o que acabou de acontecer?! – perguntei totalmente alterada – A Capital acabou de bombardear um hospital improvisado cheio de homens, mulheres e crianças desarmados, aqui no distrito 8!

Apontei para as chamas atrás de mim.

— Se vocês um dia pensaram que a Capital iria nos tratar com justiça, você está enganado. É isso que eles fazem! – respiro fundo e me viro para Pollux e olho para as câmeras como se estivesse olhando para Snow – Eu tenho uma mensagem para o Presidente Snow: você pode nos torturar, nos bombardear e queimar nossos lares até as cinzas mas você vê? O fogo está queimando, Snow. E se nos queimarmos, você queimará também!

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Estou há horas tentando dormir, mas as imagens do hospital me assombram toda vez que fecho os olhos.          Vejo os olhos daquele garoto derreterem logo após de ter suas esperanças renovadas ao ver o Tordo em sua frente.

Suspiro tristemente enquanto passo a pérola pelos meus dedos, tentando me confortar. Sinto o bebê se mexendo em minhas entranhas. Ainda não me acostumei com isso, com toda essa ideia de ser mãe. Eu nunca quis isso. Mas agora não tem como voltar para atrás. Meu único desejo é que quando esse bebê vier ao mundo, tudo isso, todo esse horror e morte e guerra já tenha acabado e Peeta esteja conosco como ele prometeu. Sempre.

Eu não aguento mais essa espera. Tentei confrontar Coin várias vezes depois que retomei do 8 algumas semanas atrás. Mas era a mesma reposta de sempre: “Estamos fazendo tudo que podemos o mais rápido que podemos”

Mas não rápido o suficiente, penso. Fico imaginando os horrores pelos quais Peeta pode estar passando. Por mais que se encontrasse relativamente bem na entrevista que não consegui assistir por completo, temo o que ele pode estar passando agora. O que Snow pode estar fazendo-o se submeter, quais ameaças pode estar fazendo... Esses pensamentos me deixam horrorizadas. Nunca havia passado tanto tempo sem ele ao meu lado, sem saber se ele estava bem ou não.

Levo a minha mão livre ao meu ventre e faço carinho em minha barriga já um pouco avantajada. O bebê parece gostar da atenção e se mexe mais avidamente até cessar aos poucos. Penso em como Peeta amaria senti-lo, em como beijaria minha barriga toda noite antes de dormir, como fazia antes do Massacre Quaternário e depois me envolveria em seus braços e imaginávamos um mundo em que poderíamos ter sem a Capital, sem Snow...

E é com esse pensamento, essa esperança que se forma em meu peito que adormeço em um mundo onde podemos viver como uma família, em paz.

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Tudo correu como normalmente. Eu acordei, fiz minha higiene matinal e fui tomar café da manhã no refeitório junto de minha mãe, Prim, Gale e sua família e Finnick. A partir daí ignorei meu cronograma, como sempre, e fiquei perambulando pelo distrito para passar o tempo.

Depois que retornei do 8, não demoraram muito para lançarem o pontoprop por toda Panem. Fiquei receosa, pensando na reação dos distritos ao verem o vídeo. Por mais que queira que aconteça essa revolução, não quero que aconteça o mesmo que aconteceu com o 8 ou o 12. Não quero que ninguém morra por mim.

“Não é por você, você é só mais uma peça nos jogos deles” penso.

É durante a sempre monótona refeição que a televisão do refeitório acende. Um frio percorre em minha espinha, pois eu sei o que vem a seguir não seria nada bom. O receio, no entanto, nada me preparou para um Peeta totalmente debilitado. Sua face, apesar de coberta de inúmeras camadas de maquiagem, está cheia de hematomas e cortes. Ele está magro, magro demais. Magro como as crianças do 12. Seus olhos, no entanto, é o que me destrói por completo. Seus olhos, antes cheios de vida e amor, agora não passam mais de tristeza profunda e dor. Ele mal se mexe e quando o faz, sua face contorce em dor.

— Peeta... – sussurro tristemente – Como ele mudou tanto tão rápido?

— Esta garota, antes tão amada pela Capital, agora virou as costas para nós. – Caeser fala dramaticamente, como sempre – Essa mesma garota tão doce e meiga, incitou tanta violência e terror... Você deve amá-la muito para perdoa-la.

Peeta nada diz. A câmera agora foca em uma rosa branca em suas mãos. Peeta não desvia os olhos dela, como se estivesse se lembrando do que fazer.

— Queria dar essa rosa para você Katniss – ele sussurra.

Até sua voz está diferente; está fraca e rouca, como se tivesse gritado muito. Meu coração se aperta.

— O que você acha Peeta? Você acha que ela está sendo coagida a agir dessa forma? A fazer coisas que não entende? – pergunta Caeser.

— Sim, isso mesmo, Caeser. – diz Peeta, agora um pouco mais alto – Eu acho que os rebeldes estão a ameaçando e ela está sendo forçada a fazer essas coisas terríveis.

Ouço o descontentamento ao redor do refeitório, mas não ligo. Dessa vez eu fico, eu vou assistir tudo.

— Eu acredito, Caeser, que ela não sabe o efeito que ela tem nas pessoas. – sorrio levemente ao me lembrar das vezes que ele falou isso para mim.

— Então, Peeta, eu duvido que os rebeldes a deixarão ver essa filmagem, mas caso ela estiver vendo, o que diria a ela? – pergunta Caeser.

Peeta, então suspira e respira fundo antes de olhar diretamente para a câmera.

— Katniss, meu amor, eu quero que pense sobre o que está fazendo, pense por você mesma. Eu sei que você nunca quis a rebelião, não seja uma tola. Eu sei que tudo que você fez nos jogos nunca foi para isso. Eu sei que os rebeldes estão te transformando em algo que você não é, algo vai destruir todos nós. Por favor, Katniss, se puder, pare essa guerra antes que seja tarde demais. E se pergunte: você pode confiar nas pessoas ao seu redor? Por favor, Katniss...

Minhas lágrimas embaçam minha visão. Antes que pudesse ter mais alguma reação, ouço a voz de Gale ao meu lado:

— Nós precisamos responder.

Eu viro para ele totalmente confusa. Sua feição é de fúria, como o resto refeitório, que continuam a chamar Peeta de nomes terríveis.

— Como assim responder? Você acha que ele está fazendo isso por querer? – pergunto.

— É claro que sim, Katniss! – ele responde

Raiva me consume e lágrimas escorrem pela minha face.

— Você tem merda na cabeça? Você não sabe pelo o que ele está passando!

— Não importa. Ele é um covarde que se importa somente com a própria vida. Eu nunca falaria isso nem que apontassem uma arma em minha cabeça. – ele diz rispidamente.

Mas e se fosse uma arma apontada para sua família, Gale? Você o faria?

Não aguento e dou-lhe um tapa na cara. Como ele ousa?

Seu olhar enfurecido só desvia do meu quando o comunicador de Gale chama sua atenção.

— Coin está me chamando para o Comando. Nós vamos responder – ele diz

— Nós? – pergunto.

Gale respira fundo.

— Olha só Katniss, todos nós temos uma escolha e ele escolheu sentar na Capital e defender aqueles que destruíram sua casa e assassinaram a sua família!

— Mas ele não sabe! Ele não sabe o que a Capital fez com 12, ninguém sabe! – eu exclamo.

E então uma ideia surge em minha mente.

— Eu preciso mostrar a ele o que aconteceu ao 12.


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