Alguns anos depois

 Renesmee estava completando sete anos de idade e em comemoração ao seu aniversário preparei o bolo de morango com cobertura de chantilly, além de rechear com o cheiro favorito dela, creme de chocolate. Alguns vizinhos é minha melhor amiga, vieram prestigiar esse momento e, reunidos ao redor do bolo cantamos parabéns em um ritmo desordenado e animado.

— Faça um pedido, Nessie —  Charlotte instigou ao final das palmas. O rostinho rosada da minha filha se iluminou e o sorriso, sem a parte da frente dos dentes, surgiu instantaneamente.

— Eu quero um pai — Renesmee desejou em voz alta para logo em seguida se curvar sobre o bolo e de olhos fechados soprar as velas. 

Charlotte olhou direto para mim com um olhar de quem pedia desculpas. Aquela não foi a primeira vez que Renesmee desejou algo assim, desde que iniciou no primeiro ano do fundamental e criou vínculo com outras crianças, esse tipo de assunto entrou em questão diversas vezes e eu nunca sabia direito o que dizer quando minha filha perguntava pelo pai.

***

Alguns anos depois

— Nessie? Você ainda está dormindo, filha? — perguntei batendo na porta do seu quarto. O horário da escola de aproximava e ela ainda não havia descido para tomar o café da manhã — Nessie? 

Cansada de bater tantas vezes, apenas girei a maçaneta e entrei dentro do quarto, as cortinas estavam fechadas e eu segui em direção às janelas para abri-las e debaixo de um bolo de cobertas, Nessie parecia se esconder. 

— Filha? — chamei outra vez me aproximando da sua cama — Você vai se atrasar para escola.

— Eu não vou hoje, mãe — Nessie respondeu e sua voz soou abafada devidos as cobertas. 

— Por qual motivo? Está doente por acaso? — tentei puxar a coberta, mas foi impedida. 

— Eu só não quero ir. Me deixa em paz! — Nessie exclamou grosseiramente. 

Respirei fundo, lidar com uma filha pré-adolescente não estava sendo nada fácil, ainda assim, faltar na escola não estava na lista de itens aceitáveis. 

— É claro que vai… — declarei tentando manter a calma.

Sem esperar por uma resposta, puxei sua coberta, descobrindo seu corpo magro, seus olhos arderam em fúria e ainda deitada Renesmee começou a esbravejar. 

— Eu não vou para a merda daquela escola hoje. Não quero ir. Que droga!

Seu cabelo está solto e seus olhos estão inchados, não sei se foi porque ela estava dormindo ou chorando por algum motivo.

— Você não tem escolha. Precisa estudar — rebati puxando ainda mais seu cobertor e insistindo em ficar deitada, Nessie puxou de volta. 

— Eu não quero ir! — repetiu mais uma vez.

— Por que, não? Você nunca falta na escola, filha. 

— Hoje é dia dos pais — Renesmee tapou o rosto para esconder as lágrimas — Não estou afim de passar vergonha na escola outra vez como no ano passado. Os alunos vão fazer apresentações e homenagens, não tem sentido eu estar lá — disse soluçando.