Indômita escrita por CM Winchester


Capítulo 8
Capitulo 7




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— O que esta fazendo? - Perguntou com os braços cruzados.

— Descansando.

— Desde quando sabia que eu estava te seguindo?

 

— Desde que sai da prisão e você veio atrás. Meio obvio na verdade. Veio ver se eu iria trai-los?

— Não. Só quis ver o que você estava aprontando.

— Eu estava caçando. - Lancei um olhar para o rio. - Acho que teria mais sorte se pescasse.

— Por que estava fazendo isso?

— Aquelas pessoas precisam de algo para comer e... Droga!

— O que aconteceu? - Perguntou olhando em volta.

— Não é nada. É só eu descobrindo que estou me importando. - Um sorriso pequeno brincou em seus lábios finos. - Como me seguir pela floresta. No fundo você queria saber se eu ficaria bem.

— Não.

— Se eu encontrasse vários zumbis você deixaria eles me matarem?

— Uma teoria interessante. Na verdade a ideia é tentadora. Mas... Não.

— Por que se importa.

— Não. Por que você é forte e é bom para o grupo termos pessoas fortes.

 

— Esta mentindo. - Deu de ombros como se não ligasse para a minha opinião.

— Vamos.

Calcei os coturnos e levantei.

— Devia parar de usar esses short. - Resmungou olhando em volta.

— Minhas pernas te incomodam? - Seus olhos dançaram pelo meu corpo encarando minhas pernas depois me encarou nos olhos.

— Se quer ser arranhada facilmente o problema é seu, não meu. - Sorri antes de me afastar.

Foi mais algumas horas de caminhada pela floresta ate finalmente encontrar algo. Daryl segurou meu braço puxando meu corpo para trás de uma arvore. Encarei seus olhos azuis.

— É por isso que não consegue caçar. - Sussurrou perto do meu ouvido. - Não presta atenção nas coisas.

Virei para olhar por trás da arvore e vi um cervo. Grande e gordo. Desde que os mortos tomaram o mundo eu não encontrava animais assim. Daryl fez a mira e acertou em cheio o derrubando. Como sempre meu coração se apertou, mas eu fiz questão de jogar a piedade para o fundo da mente.

No momento tínhamos muitas bocas para alimentar.

— Aprendeu alguma coisa? - Sorriu.

— Sim. Que você fica bonito quando sorri. - Ficou serio com o elogio é claro e foi a minha vez de sorrir. - Relaxa não vou contar para ninguém. É segredo nosso. - Pisquei antes de caminhar ate o animal já morto.

— Se achasse um animal assim e o matasse como carregaria ele ate a prisão?

— Uma pergunta interessante. Não se preocupe, eu pensaria em algo. - Sorri. - Vai carrega-lo?

— Sim. - Com esforço jogou o animal por cima dos ombros e começou a caminhar.

Eu o segui de perto.

— Era isso que fazia então? - Me lançou um olhar confuso. - Caçava.

— Uma protetora dos animais e um caçador convivendo juntos. Só o apocalipse para fazer isso não é?

— Não é como se nossa convivência seja amigável. Você não abre muito espaço.

— Olha quem fala. Muito civilizada que você é.

 

Parei de caminhar o obrigando a parar tambem.

— Meu nome é Elena Sullivan. Você já deve saber da minha historia pelas conversas que escuta na prisão, antes que diga qualquer coisa, não estou chamando você de intrometido. Não tem como ter privacidade naquele lugar ainda mais com a Maggie morando lá. Você é Daryl Dixon, é fechado, mau humorado e não se abre muito. Ok. Podemos fazer isso do modo fácil virando não amigos, mas companheiros de grupo sem brigas. Ou continuar um tentando enfiar uma flecha na cabeça do outro.

— Não pensava em enfiar uma flecha em sua cabeça.

— Não. Uma bala sim. - Seus lábios se repuxaram em um sorriso pequeno de novo. - Pode fazer isso?

— Acho que posso. Você faz parte da família agora.

— Ótimo. Então estamos entendidos. - Virei para começar a caminhar, mas três zumbis saíram da floresta.

Agarrei três flechas, virei o arco e fiz mira. Três flechas lançadas, três zumbis no chão. Olhei por cima do ombro e encontrei olhos azuis arregalados de surpresa. Sorri antes de seguir ate os zumbis. Agarrei minhas flechas e voltei a caminhar por entre as arvores.

Quando chegamos na prisão tinham alguns zumbis nas cercas, fui ate eles chamando atenção e matando alguns. Glenn ajudou Daryl a entrar. Não tinha como passar então chutei um zumbi para longe de mim dando um chute em seu peito. E girei o arco enfiando uma lamina na cabeça do outro.

Corri para o portão e passei antes que os outros zumbis pudessem me alcançar. As pessoas estavam parabenizando Daryl. Notei seu desconforto e reprimi um sorriso. O mau humorado Dixon era envergonhado.

Uma mistura perigosa. De algum jeito me deixava atraída.

Mais tarde estava limpando minhas flechas dentro da minha cela quando algo é jogado nos meus pés, lancei um olhar para a porta e encontrei Daryl em pé.

— O que é isso?

— Uma calça jeans para você usar.

— Obrigada pelo presente. - Provoquei.

— Não é um presente. É... - Ficou sem saber o que falar.

Estava desconfortável. Com certeza tinha se arrependido por ter feito algo assim. No mínimo fez sem pensar e agora não sabe como explicar.

— Esta tudo bem. Não precisa falar nada. - Agarrei a calça jeans a observando. - Acertou meu numero.

— Pedi a Carol. Ia pedir a Maggie, mas...

— Ela iria atazanar você para sempre. - Assentiu. - E Carol não?

— Somos amigos.

— Acho que ela quer ser mais que sua amiga. Vejo o jeito que olha para você.

— Somos amigos, próximos. Ela tinha uma filha quando isso começou. Uma horda e ela se perdeu na floresta. Cacei ela por dias, mas sofri um acidente. Cai de um cavalo e uma flecha atravessou meu abdômen. Quando já estava quase curado encontramos ela... Zumbi.

— Sinto muito.

— Compartilhamos a dor. Me senti culpado por ela ter se perdido, me senti culpado por não ter conseguido acha-la. Me senti culpado.

— Não era sua culpa.

— Eu sei, mas... - Ele não soube como terminar a frase.

— A gente se sente culpado mesmo assim. Eu sei. Quando descobri as coisas que o Governador fazia me senti culpada por treinar aqueles monstros.

— Se você não treinasse outro treinaria.

— Mesmo assim a gente se sente culpado. - Assentiu.

 

Ficamos em silencio. Não era constrangedor. Na verdade era confortável.

— Eu vou tomar um banho e vestir minha calça jeans nova depois encontro você lá embaixo. Temos que agir logo.

— Eu tambem acho. Já ficamos tempo demais parados.

Tomei um banho frio como sempre, vesti a calça jeans que Daryl tinha me dado, uma regata cinza e calcei meu coturno. Vesti uma parka azul antes de sair do banheiro.

Encontrei todos me esperando em volta de uma mesa, Carol lançou um olhar para a calça jeans e apertou os lábios. Se ele tivesse pedido a Maggie seria bem melhor. Agora essa mulher vai ficar no meu pé.

Abris os papéis e começamos a debater como iria ser. Quem ia e quem ficava. Foi quase uma hora de discussão. Não dei opinião. Só disse que eu iria como isca enquanto os outros iriam depois. É claro que alguns não gostaram da minha ideia, mas não conseguiram arrumar algo melhor.

Ficou certo que iriamos ao amanhecer, que chegaríamos lá de noite. Seria melhor para colocar meu plano em pratica. Quando finalizamos a reunião fui jantar. A carne não tinha tempero é claro, mas era melhor que sopa todo dia ou algo com a validade vencida.

Fui ate a piá para lavar a louça. Carol me lançou um olhar de lado quando me aproximei.

— Pelo menos sabe lavar uma louça. - Sorri a encarando.

— Sim, pelo menos sei lavar uma louça, sei atirar, lutar. Sei muitas coisas Carol.

— Não estou impressionada.

— Claro que não. Você gosta de homens, eu tambem.

— Ele nunca será seu. - Resmungou se aproximando de mim.

Ficamos cara a cara. Continuei sorrindo.

— É para colocar medo?

— É um aviso.

— Se ele esta com você então por que esta se sentindo ameaçada? Ah espera. - Coloquei a mão na testa. - Ele tambem não é seu. - Sorri depois dei um tapinha em seu ombro. - Não se preocupe. Não tenho interesse nele. - Menti antes de me afastar.

Eu queria que aquelas palavras fossem verdade, queria dizer que primeiro eu só sentia raiva, não interessada em Daryl Dixon. Mas eu estava interessada nele. Estava interessada nele por ser bonito, gostoso, mas tambem por ser uma boa pessoa. Era o jeito dele que me deixava louca.

Sempre senti atração por toda aquela tensão que existia entre nós ate mesmo quando apontou a besta para mim. Senti atração quando vi seus olhos extremamente azuis olharem para o meu corpo. Senti atração por seus músculos. Senti atração por ele completo.

E isso era com certeza uma droga. Um erro que poderia ser a minha queda.


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