Indômita escrita por CM Winchester


Capítulo 7
Capitulo 6




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Rick e os outros da prisão ficaram muito felizes com o que trouxemos.

— Por que um arco e flecha? - Maggie perguntou.

Respirei fundo enquanto pegava um sacola com coisas para Judith.

— Você nunca se cansa de fazer perguntas?

Eu já tinha me acostumado com suas perguntas, mas as vezes me deixava cansada.

— Estou curiosa.

— Ok. Hum... Sempre gostei. Todos os personagens de livros que eu gostava usavam arco e flecha como toda a sonhadora queria ser uma heroína princesinha protagonista daqueles livros. Era idiota, mas fui criada no meio dos livros. Minha mãe tinha uma biblioteca em casa. Meu quarto tinha uma parede só de livros.

— Sonhava em se casar com o príncipe encantado? - Debochou.

— Eu tinha 15 anos, Maggie.

— Quantos anos tem?

— Vinte e seis. Mais alguma pergunta?

— Sim. Quantos você namorou?

— O que? Que tipo de pergunta é essa?

— Vai me fala.

— Eu não sei. Não lembro.

— Já arrumou um namorado depois que isso começou?

— Não. Eu mudei meus gostos e tem que ser muito foda para me conquistar.

— Olha que você encontra. Eu não esperava me apaixonar e então  Glenn apareceu. Primeiro eu queria só transar, tinha medo de algo mais serio por que era o apocalipse começando. Mas ele me conquistou.

— Eu não sou mais aquela pessoa Maggie, relacionamentos. Ficar de beijinho, mãos entrelaçadas. Não quero isso, nem sei como reagir a isso. Prefiro ficar sozinha mesmo.

 

— Não sente falta?

— Falta do que?

— De sexo?

— Maggie! - Olhei em volta, mas pareciam todos ocupados demais para prestar atenção naquela conversa idiota e indiscreta. - Isso realmente não é da sua conta.

— Você sente falta sim.

— Deus! - Coloquei uma mão na cara querendo ser um avestruz e esconder a cara em um buraco. - Coreano! - Gritei e ele me encarou assustado. - Da um jeito na sua mulher! - Maggie riu enquanto eu me afastava.

Estava caminhando em direção a torre quando esbarrei em Carl. Não tínhamos trocado nenhumas palavras, mas ele parecia ser um garoto legal. Estava sempre conversando com Michonne.

— HQ? - Perguntei parando a sua frente.

Ele olhou por cima dos livros e assentiu.

Sentei ao seu lado.

— Era fã dessas coisas quando era criança. - Comentei pegando uma para ler.

— Pode conversar com o meu pai?

— Sobre?

— Vocês vão partir em breve, eu ficarei. - Bufou. - Ele me tirou a arma por que quer que eu seja uma criança. Como vou ser uma criança se estamos no meio dessa porcaria toda e prestes a entrar em guerra? - Fechei o livro e passei o polegar na boca enquanto o observava.

— O que você fez?

— Matei uma pessoa, Hershel falou com o meu pai.

— E o seu pai concordou?

— Ate ele quer parar de usar a arma. Isso é ridículo!

— Ok. Bancar o menino mimado que tem tudo nas mãos e fica bravo quando não consegue algo não vai te ajudar em nada.

— E o que vai me ajudar?

— Primeiro você precisa ser uma criança. Me deixe falar. - Pedi assim que ele abriu a boca. - Precisa conversar com pessoas da sua idade, não estou dizendo para brincar. Já passou dessa idade, mas precisa conversar sobre coisas banais, sobre garotas. - Grudei meu ombro contra o seu o fazendo dar uma risadinha sem graça. - Você teve que crescer a força. Isso é normal no mundo em que estamos vivendo. Ou aprende a se defender ou morre. Mas matar uma pessoa... Eu já matei pessoas. Isso deixa um peso em nós. Sentiu remorso?

— Não. Ele era inimigo.

— Esse é o problema. Você esta cego tentando sobreviver a isso que esquece de sentir. Você é só um garoto e já matou alguém. Isso pode ser normal, mas dizer que não sentiu nada é outra coisa bem diferente.

— Qual a diferença?

— Estamos dividimos entre os que precisam matar para se defender e os que matam por prazer, para conseguir conquistar mais coisas. E se você pensa isso, então não te faz diferente do Governador. Você fez a coisa certa. - Coloquei a mão no seu ombro. - Mas precisa parar de agir como se isso não te afetasse.

— Vi minha mãe morrer, atirei nela para não virar um zumbi.

Por que eu tinha que sentar ali? Podia ter seguido caminhando e não estaria naquela enrascada. Não sabia lidar com aquilo. Ok. Eu cheguei contando minha vida para eles como se fosse um livro aberto.

Na verdade eu era um livro aberto. Nunca gostei de mentir ou omitir algo. Sempre quis a verdade. Mas aquelas pessoas gostavam de contar as coisas para mim como se eu fosse uma psicólogo. No fundo sabia que elas contavam por que confiavam em mim. Só que eu não sabia como lidar com isso.

Encarei o menino ao meu lado. Ele esta vivendo uma grande historia. Sua vida tinha virado um filme de terror. E tudo o que ele mais precisava no momento é que alguém o compreendesse. No fundo eu compreendia.

— Eu sei. Me contaram isso. Sinto muito. Você é um garoto forte. Mas ainda é um garoto. De um tempo. Mostre que pode ser tratado como um homem. Que pode ajudar a defender o lugar, para conseguir ser tratado como homem tem que parar de agir como criança. Ficar emburrado não ajuda em nada. Levanta e vai trabalhar na horta.

— Hum... Obrigado?

— Não fui muito gentil não é?

— Não. Mas tudo bem. Você foi sincera. Os outros só mandam eu resolver com o meu pai, nunca me dão uma solução. Só dizem que sou uma criança.

— Mostre as eles que é um homem também.

Levantei e segui meu caminho.

Plano de não se envolver foi por agua a baixo. Michonne tinha razão.

Passei o resto do dia envolvida nos mapas e papeis.

— Como estão as coisas? - Maggie sentou a minha frente.

— Se veio fazer perguntas indiscretas pode dar meia volta.

— Não. Estamos sozinhas aqui. Não vai ter graça. - A encarei com os olhos arregalados e recebi um sorriso.

— Me de um motivo para não enfiar uma flecha na sua cabeça.

— Todos vão ficar contra você.

— Como se eu me importasse com tudo isso.

— Você finge que não se importa. Mas no fundo se importa do contrario não estaria tão empenhada em pegar o Governador.

— Tenho meus motivos para quere-lo morto.

 

— Mesmo assim você se importa.

— Podemos mudar de assunto. E focar em algo que realmente importa?

— Ok.

Quando Maggie se afastou me deixando sozinha notei que o refeitório estava cheio. Guardei os papeis e o resto das coisas. Carl sentou ao meu lado e me entregou um prato com sopa.

— Obrigada. - Ele sorriu sentando a minha frente.

A sopa era horrível, não tinha gosto. Mas era melhor que muita coisa que eu já tinha comido.

 

Olhei em volta. Eram muitas pessoas. Algumas precisavam de mais comida. Vitaminas. Eu tinha que fazer algo.

Antes do amanhecer atravessei a grade e corri para a floresta. Alguns zumbis tentaram me pegar no caminho, mas eu os abati.

Avancei pela mata sempre em guarda. Poderia encontrar pessoas do Governador, algum zumbi ou com sorte algum animal.

Cheguei a beira de um rio, vasculhei o lugar vendo se era seguro depois me abaixei para beber um pouco de agua. A única poluição no momento seria um zumbi cair na agua. Do contrario a agua parecia mais limpa. E no momento não tínhamos muitas coisas saldáveis. Comíamos e bebíamos o que conseguíamos.

Molhei a nuca depois tirei meus coturnos e molhei os pés sentando na beirada. Aproveitando que eu estava de short.

— Já pode sair. - Falei sabendo que Daryl estava atrás de uma arvore.

Na verdade eu sabia que ele estava me seguindo desde que sai da prisão.

Lancei um olhar para ele que acabava de sair de trás da arvore. O cabelo caindo sobre os olhos azuis. A barba por fazer. A expressão fechada como sempre.


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