Indômita escrita por CM Winchester


Capítulo 12
Capitulo 11




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Caminhamos ate a prisão durante o resto da noite, chegamos ao amanhecer. As pessoas já estavam se movimentando. Rick saiu da horta e veio abrir o portão para nós.

— O que aconteceu? Estão bem?

— Não aconteceu nada. - Daryl respondeu de mau humor. - Estamos bem.

Entrou no bloco C. Rick me lançou um olhar, suspirei.

— Estamos bem. - Respondi. - Sai para caminhar, encontrei alguns zumbis e cai de um barranco. A noite chegou e tivemos que ficar presos na floresta. Mas já estamos aqui.

— Tudo bem? - Carl se aproximou.

— Tudo sim. - Respondi. - Quer ajuda na horta?

— Serio? - Assenti. - Quero. Que demais!

O segui ate a horta, larguei minhas coisas no chão enquanto me abaixava para plantar as mudas de hortaliças. A manhã passou rápida enquanto estava envolvida com Carl.

— Ele gosta mesmo de você. - Rick comentou quando Carl se afastou para buscar agua. - Trabalhou sem reclamar.

— Eu tratei disso como se fosse algo divertido, assim ele se sente mais leve. Não leva como uma obrigação ou trabalho forçado.

— Não sei mesmo como lidar com isso.

— De tempo ao tempo, Rick. No momento Carl quer um amigo, não um pai. Quer alguém para dividir segredos, para conversar sobre garotas. Ele é um adolescente logo vai estar criando barba no rosto, querendo namorar. Ai vai vir a crise de como agir quando for transar. Sugiro que arrume camisinhas para ele.

O rosto de Rick ficou vermelho, riu sem graça encarando o chão.

— Não acho que estou pronto para isso.

— Vai ter que estar. Se te consola, se eu estiver viva e junto posso dar uns concelhos para ele.

— Eu acho melhor não. Você faz o tipo que fazia tudo para fugir da policia, mas não deixava de quebrar as regras.

— Esta muito errado xerife. Eu era a típica garota certinha. Vivia no mundo dos Contos de fadas antes do apocalipse começar.

— E como aprendeu a se defender?

— Sempre amei livros, foi uma paixão que herdei da minha mãe. Mas feminista nunca quis um homem para me proteger e sim um para lutar ao meu lado. Aprendi a me defender sozinha. - Dei de ombros. - Luto Kung Fu perfeitamente.

— Você é surpreendente sabia? - Sorriu.

Carl apareceu com algumas garrafas de agua, vi Daryl trabalhando com algumas madeiras mais próximo. Com certeza tinha ouvido tudo sobre mim.

Fui almoçar sentindo minha barriga roncar. Estava mais de 12 horas sem comer nada. Lavei as mãos depois o rosto para limpar a terra e suor. Peguei um prato com comida e fui sentar com Beth que estava embalando Judy no colo.

— Problemas para faze-la dormir?

— Um pouco. Ela anda bem agitada. Quer aprender a caminhar acredita?

— Tem bebes que são assim. Aprendem a caminhar cedo, a falar. Logo ela vai estar correndo por esse lugar mexendo com todo mundo. - A loira sorriu.

— Acha que isso vai durar? Eu quero acreditar que sim. Somos muitos, somos fortes, mas...

— Tem medo de tudo cair?

— Sim. É provável, existem muitos homens como o Governador pelo mundo. - Parou um segundo me encarando e sorriu. - Temos sorte de ter você.

— Bobagem.

— Sem você nunca teríamos vencido o Governador. Você arquitetou um plano perfeito.

— Não foi bem perfeito. - Apontei para o ombro.

— Mas vencemos.

— Sim, vencemos. - Olhei em volta.

— Acha que podemos?

— Podemos o que Beth? - Encarei a loira.

Seus olhos cheios de esperança iguais do pai.

— Podemos viver aqui? Fazer disso algo grande?

— Não sei. O que sei é que tudo é incerto. Esse lugar, as pessoas, nossas vidas. Hoje estamos vivos amanhã podemos não estar, hoje estamos em segurança amanhã podemos não estar.

— Você não tem muita esperança.

— Eu já tive. Tive antes do apocalipse, tive depois, mas...

— Você perdeu quando descobriu a farsa que vivia?

— Não estou dizendo que aqui é assim. Não! Agora consigo distinguir melhor, sei que é verdadeiro o sentimento. Espero que seja o bastante.

— Será. - Sorriu depois levantou.

Acompanhei com o olhar ela sumir em direção as celas, levantei e fui ate a pia.

Lavei meu prato antes de sair.

— Vai me ajudar de novo? - Carl perguntou esperançoso.

— Por que não vai as aulas da Carol?

— Primeiro a minha mãe me fazendo fazer lições no meio do apocalipse agora a Carol. Não obrigado. Já sei o essencial para enfrentar os zumbis.

Não tinha um argumento melhor. No momento sobreviver era a nossa melhor chance. Não tinha como pensar em profissões ou diploma.

— Hoje, mas eu tenho que ajudar em outras coisas tambem.

— Ta bom. - Assentiu compreensivo.

Com o tempo ele aprenderia a ser assim com outras pessoas, ou as pessoas aprenderiam a trata-lo como um homem.

Voltamos para a horta e passamos o resto do dia assim. Quando anoiteceu fui tomar banho por que estava com uma aparência horrível.

— Belo jeito de demonstrar que gosta. - Parei no corredor para encarar Daryl parado na porta da sua cela. - Passando o dia com outro.

— Sabe que seria pedofilia se eu tivesse interesse pelo Carl?

— Não estou falando dele, sim do Rick.

— Do Rick? De onde tirou isso?

— Vi o jeito que estavam conversando. - Cruzou os braços.

Pensei em discutir, mas não seria bom. Medir palavras ou força com Daryl não daria certo.

Era melhor usar a cabeça e ser estratégica.

— Sim, estávamos conversando como amigos. Como converso com Maggie ou qualquer um aqui. Saberia como é se conversasse comigo.  - Ficou em silencio como sempre faz.

Com Daryl é assim resmungos e xingamentos, nunca algo aceitável. Mas o que eu poderia esperar?

Ele era irmão do Merle. Tinha algum motivo para os dois serem do jeito que eram. Podia apostar que foi a criação deles. Enquanto Merle resolveu lidar com isso usando drogas e sendo um idiota, Daryl se fechava no mundo dele como um animal preso querendo liberdade.

Liberdade essa que ele só conseguia quando estava na floresta. Ele aprendeu a lidar com isso sendo solitário.

— Não estou interessada no Rick tudo o que tenho para você é minhas palavras. Tem que aprender a confiar e você não quer isso. Prefere se sentir incapaz, inapropriado e sem ser merecedor de algo assim. Você quer viver solitário. Entendo isso. Mas você vive no meio das pessoas, pessoas que gostam de você devia se acostumar com isso.

Resmungou qualquer coisa que não consegui entender. Queria rir da situação e de mim mesma. Ele era a fera.

— Vejo que você não gosta de palavras. Ok. Posso lidar com isso. - O empurrei para a parede e o beijei.

Ele puxou minhas pernas para cima e caminhou para dentro do banheiro, empurrou a porta com pé e me deixou sentada na piá.

— Odeio você e esse seu jeito. Chegou aqui e bagunçou tudo. - Sussurrou beijando meu pescoço. - Invadiu minha vida e virou do lado do avesso.

— Você gostou disso. - Respondi jogando a cabeça para trás dando espaço para ele descer os beijos pelo meu pescoço em direção o colo.

Era meio nojento pensar que eu estava suja e suada, ele tambem, mas não conseguia resistir a ele. E ele parecia sentir o mesmo por mim. O desejo latente.

— Por isso odeio você. - Encarou meus olhos. - Vivi muito bem ate agora sozinho, alimentando e protegendo essas pessoas então você aparece toda cheia de si. Cheia de marra e dona da porra toda. O diabo em pessoa. Não precisa de mim para nada. Levou um tiro por mim. Me deixa maluco de desejo.

— Você me odeia por que me quer e não quer admitir.

— Sim.

 

— Vai resolver isso ou ficar só me olhando?

— Tem que entender que não sei ser gentil.

— Não esperava que fosse.

Voltou a me beijar, no chão do banheiro frio em cima das nossas roupas sujas nossos corpos se uniram clamando um pelo outro. Foi de longe a coisa mais gostosa que já vivi na vida. Ele sabia sim ser gentil da maneira dele.


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