Escola de Princesas escrita por Xiukitty


Capítulo 2
Capítulo 2 - Chegando no Castelo




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/794181/chapter/2

Anna logo me avisou que falaram pouco sobre mim no programa de fofocas que veio logo depois do sorteio, que pelo visto o tal de Jack era mil vezes mais interessante que eu.

—Mas pelo menos acharam algo sobre mim? –perguntei, sentada na minha cama no meio da madrugada, com Anna deitada do meu lado.

—Sim, descobriram em qual bairro você mora e em qual escola estudou durante o ensino fundamental. –ela explicou. –Falaram mal da nossa escola. –ela admitiu.

—O que?

—Disseram que vai ser particularmente difícil te moldar para os padrões da nobreza.

Deixei uma bufada escapar. O que esperavam que eu fosse? Uma completa sonsa?

—Eu achei muito rude.

—E está certa de achar, Anna. –levei minha mão ao seu ombro. –Como que as pessoas podem falar essas coisas em rede nacional e não serem punidas?

—Está ficando tarde demais para ficarem de conversinha. –mamãe apareceu á porta. –É bom as duas dormirem logo, amanhã vai ser um dia e tanto.

Eu e Anna balançamos a cabeça obedientemente, ambas morrendo de sono. Mamãe desejou boa noite e fechou a porta atrás de si, logo depois eu tratei de apagar a luminária que ficava na mesinha entre nossas camas.

—Elsa. –ela chamou no escuro, pouco depois dela ter se ajeitado entre os cobertores. –Está tudo bem na questão dos formulários, certo?

—Sim, Anna. Aposto que pegaram o formulário com a minha assinatura. E se não pegaram, nem temos como saber.

Ficamos em silêncio

—As coisas vão mudar muito amanhã, não vão?                                 

Respirei fundo, já sentindo que estava caindo no sono.

—Espero que mudem o mínimo possível.

Minha casa ficou lotada o dia inteiro, pessoas indo e voltando, nossos vizinhos sempre batendo na porta e sendo guiados para longe pelos guardas. Costureiras, uma assessora e até mesmo uma governanta vieram até o meu apartamento, junto de dois grandes homens de terno que ficaram do lado de fora da porta. Eu dava espiadas pelas cortinas (que fomos obrigados a mater fechadas) em horários esporádicos do dia. Os paparazzi estavam mesmo acampando na porta.

As primeiras a terminarem seus trabalhos foram as costureiras, que mediram meu corpo inteiro e foram embora correndo, já que tinham que preparar roupas para daqui a pouquíssimos dias. A assessora ficou a maioria do tempo em seu celular enquanto a governanta conversava comigo e minha família logo depois do almoço. Primeiro ela fez perguntas bem básicas.

— Tem alergia a algo?

—Acho que não. –gaguejei, olhando para a minha mãe, que confirmou minha suspeita.

—Certo, já estou com os seus documentos básicos, mas preciso que a senhora procure informar-me o histórico médico de toda a família imediata. –minha mãe balançou a cabeça, enquanto anotava tudo que era pedido.

Anna estava sentada do meu lado. Passou o dia inteiro calada. Acho que era muita mudança de uma vez só para que ela sentisse confortável o suficiente para falar.

A sala ficou em silêncio, mas minha ansiedade não me deixava ficar quieta. Minha perna balançava e eu não parava de cutucar as cutículas das minhas unhas, arruinando a minha inexistente manicure.

—Senhorita Elsa eu gostaria de apontar alguns detalhes que notei em você. –gelei automaticamente. A única pessoa que parecia mais aterrorizada era Anna. –Nossa escola ensina tanto princesas quanto membros da nobreza. As princesas têm seus futuros garantidos, elas vão herdar o trono assim que formar, mas as que são da nobreza, o que agora inclui você, precisam procurar emprego como assistentes reais. Existem muito mais garotas nobres do que princesas, como você já deve ter notado, então, ficar na média e tirar notas medíocres significa uma vida eternamente desempregada ou com um emprego ruim que pouco tem a ver com os seus anos de trabalho duro. E isso é se você conseguir chegar á média. Pouquíssimos dos alunos sorteados recebem seus diplomas e quanto mais o tempo passa, menos deles conseguem acompanhar tanto nas notas quanto no comportamento. Não espero que você alcance nada de demais se continuar balançando sua perna e arrancando a pele dos seus dedos. 

Senti meu rosto avermelhar, então o abaixei levemente, para que meu cabelo deixasse mais difícil da severa senhora perceber minha vergonha.

—Assumo que a senhorita não tenha tido aulas de boas maneiras na escola, estou certa?

—Sim, senhora.

—Consegui perceber também que não sabe nem comer em silêncio e muito menos manter uma boa postura. Sem contar a questão acadêmica: você está começando com uma grande desvantagem nesse âmbito também.

Voltamos a ficar em silêncio.

—Porém, senhorita Elsa, todos os documentos necessários para a matrícula estão comigo e estarei a caminho do colégio agora mesmo. –ela se levantou. –Sua matrícula será efetivada antes mesmo de chegar em Londres. Boa sorte, espero que você prove para o resto do país que é capaz de se tornar uma boa aluna. Caso não consiga, aconselho que procure um marido que seja príncipe.

Todos no apartamento observamos ela sair da cozinha, com o nariz empinado, e esperamos até a porta da frente bater. Assim que ela saiu, eu levantei do meu assento que nem uma bala e fui em direção do sofá.

—Elsa, não deixa ela entrar na sua cabeça. –mamãe pediu.

—Ela já está aqui dentro, a muito tempo, antes mesmo de abrir a boca. –eu finalmente ergui meu rosto, que estava coberto em lágrimas.

—Elsa, ela é uma mulher má e está muito errada sobre você! Ela nem te conhece! –Anna me abraçou.

—Elsa, –chamou a assessora. Nos ajeitamos quase de imediato. –Eu sei que as nossas governantas são muito... sinceras com o que pensam, mas esse tipo de tratamento é o mesmo para todos os sorteados. Apresentamos a realidade para todos antes mesmo de saírem de casa.

Observei a moça á minha frente. Ela era bonita e deveria ter a idade da minha mãe. Era muito mais doce que a governanta... Sentei-me com ela no sofá enquanto o resto da minha família ficou em outras partes da casa. Conversamos durante um tempo de como eu deveria agir nas próximas horas e qual seria o meu horário até o início do ano letivo. Ela abriu seu caderno e me explicou tudo que aconteceria a partir de agora.

“Primeiro: daqui a algumas poucas horas você se despedirá de sua irmã e de sua mãe e iremos para o aeroporto. Quando sairmos daqui e entrarmos na limusine, será melhor para você se não disser nada, o máximo que pode fazer é sorrir para as câmeras antes de entrar no carro. Quando estivermos a caminho tente não olhar pela janela. Poderá conversar e voltar ao normal quando chegarmos dentro, repito, dentro do castelo da escola. Segundo: você chegará na escola. Estará bem tarde então sua criada te guiará para seu quarto e te ajudará a mudar de roupa e o processo de estilização..."

Mal consegui prestar atenção no resto que ela disse, mas para a minha sorte ela me entregou um livro com o básico que eu deveria saber sobre os próximos dias e o resto da minha vida no castelo. Ele seria muito útil e ela implorou que eu não o perdesse.

—Bom, falta meia hora para a sua saída.

—Meia hora? –eu quase gritei. –Mal vou conseguir me despedir da minha família!

—Infelizmente não faz parte da agenda uma despedida digna. –ela parecia realmente triste por mim. –Mas você terá alguns últimos minutos com elas. Por enquanto temos que ir até o seu quarto, selecionar a sua roupa de viagem e o que colocaremos na sua bolsa.

—Certo... não cheguei a perguntar o seu nome...

Ela sorriu como se ninguém nunca tivesse feito questão de chama-la de algo além de senhora.

—Esmeralda. Mas apenas me chame assim quando estivermos em particular.

—Tudo bem. –tentei imitar o sorriso que ela tinha no rosto, mas era quase nojento pensar que seria considerado falta de educação se eu a designasse pelo seu nome.

Dentro do meu quarto estavam Anna e mamãe, que pareceram surpresas ao verem a assessora comigo. Ela logo explicou o que estávamos prestes a fazer e Anna ficou incrivelmente animada. Ela se juntou a Esmeralda e começou a avaliar as poucas roupas do meu armário.

Aproveitei para relaxar um pouco e me sentei ao lado de mamãe.

—Como você está? –ela perguntou.

—Melhor. Esmeralda, a assessora, é muito mais educada. Mas os meus horários são tão lotados... estou me sentindo cansada e ainda nem começou.

—Faz parte, filha. –ela sorriu, provavelmente aliviada que eu estava mais positiva do que da última vez em que conversamos.

—Não vou ter tempo de me despedir. –disse, não querendo esconder isso por muito tempo.

—Sinceramente, não me impressiona, esses protocolos nunca levam em consideração sentimentos. –balancei a cabeça concordando e olhando para baixo. –Mesmo assim, a gente vai te mandar tantas cartas que nem vai parecer que você foi embora.

—Jura? –perguntei observando Anna, que ainda estava animadamente escolhendo minha roupa.

—Juro. Você vai até cansar da gente. –eu ri do comentário, que parecia ser impossível.

A roupa foi decidida e ela era bem simples, porém sofisticada. Uma blusa branca comum com uma calça jeans, com o único salto que tenho. Esmeralda me apressou para a porta e o segurança estava esbravejando sobre o tanto que estávamos atrasadas. Portanto a despedida foi rápida, mamãe disse para que eu aguentasse firme e sempre mandasse cartas, Anna chorava tanto que nem entendi o que ela queria me dizer, meu olho encheu de lágrimas e minha mãe confessou que eu seria a princesa dela para sempre, não importa com quem eu casasse.

Dei um último aceno assim que a porta fechou. Esmeralda não esperou um segundo e começou a  me arrastar pelo corredor do apartamento enquanto os seguranças pediam para que os meus vizinhos não saíssem atrás de mim. Descendo as escadas deixei uma lágrima cair. Era a última vez que eu veria minha mãe e as minhas irmãs em muito tempo... Na verdade eu nem sabia quando nos veríamos novamente.

Quando coloquei o pé na rua, fui pega de surpresa com os flashs das câmeras dos repórteres que esperavam a minha saída. Não eram muitos, mas estavam animados. Chamavam o meu nome e pediam que eu sorrisse para as fotos. Eu até cooperaria com eles, mas Esmeralda não me permitiu parar de andar.

Entrei na limusine e Esmeralda fechou a porta trás de mim. Não tinha percebido que ela não viajaria do meu lado e sim no assento da frente, ao lado do motorista. Olhei para a janela e no mesmo momento vários paparazzis sorriram e começaram a tirar ainda mais fotos. Certo, Esmeralda disse para que eu não olhasse pelas janelas, então o que eu faria?

Assim que o limusine começou a andar, uma tv que estava á minha frente ligou. Lá estava uma transmissão do noticiário, que estava cobrindo a chegada dos sorteados. Nossa, eu havia esquecido disso. Senti meu coração acelerar.

Por que os castelo das escolas ficavam no interior, perto da praia, a alguns quilômetros de Londres, Jack Frost já havia chegado á escola e estava dando entrevistas. Observei ele com mais atenção do que imaginei que teria.

“E muitas pessoas já estão especulando sobre quem é Jack Frost e, pelo que tudo indica ele é um garoto bonito e carismático, mas será que ele é capaz de se tornar um bom assistente real?” a repórter perguntou. Parecia ser a última de várias perguntas feitas. Será que a assessora de Jack não lhe disse para ficar calado antes de entrar no castelo?

“Primeiramente, obrigado... e eu espero que sim, espero que eu tenha tudo para ser um bom assistente, mas se tudo der certo... quem sabe eu não me torno príncipe?" ele tinha um sorriso presunçoso no rosto. Assim que ele terminou de falar deu uma piscada para a câmera e me perguntei se não podia mudar de canal.

A viagem foi mais rápida do que eu imaginei que seria, o carro provavelmente era mais rápido que qualquer carro em que já estive. Além de que as comidinhas que estavam de cortesia na porta luva me distraíram bastante. Conseguia lembrar da última vez que tinha comido salgadinhos, mas não lembrava de serem tão gostosos. Foi quando o carro foi envolvido por uma alta muralha de pedra que percebi que estávamos chegando. Fiquei atenta á janela, esperando os castelos aparecerem e assim que eu os vi meu estômago despencou.

Os castelos eram muito parecidos, haviam diferenças, mas eu não conseguia determinar quais eram. Eram construções luxuosas e extravagantes, enormes em porte e completamente impotentes, com uma área em comum bem no meio. Me senti fora de lugar, que eu não pertencia ali e com medo de quem já estava lá dentro.

—Elsa. –chamou Esmeralda do banco da frente. –Você vai querer conversar com os reporters?

—Eu acho que não? –respondi, um pouco indecisa. Claro que eu não queria conversar com eles, não consigo me imaginar falando qualquer coisa que me torne popular e querida pelo público e também foi o recomendado pela própria Esmeralda a poucos minutos. Mas tinha medo de que interpretassem meu silêncio de uma forma errada.

—Muito bem, cabeça baixa, sorria, mas não mantenha contato visual. –ela aconselhou enquanto saia do carro.

Consegui ouvir os flashs aumentando a frequência e os reporters gritando ainda mais. Quando saí fiz um grande esforço para sorrir, mas estava incomodada demais para que realmente parecesse genuíno. Tanta gente apontando câmeras enormes e flashs poderosos no meu rosto gritando “Elsa! Elsa!” era mil vezes pior do que eu já antecipava.

—Aquilo foi horrível! –suspirei assim que entramos no castelo.

—É por isso que durante os primeiros anos você fica hospedada na escola até durante as férias. –Esmeralda sorriu.

Ah é. Eu estaria presa naquele castelo pelos próximos seis anos. Anna teria dezoito anos na próxima vez que eu a veria...

Antes que eu pudesse ficar triste por mais tempo, duas moças me agarraram pelo braço e me puxaram. Esmeralda veio logo atrás.

—Nos perdoe, senhorita, mas pensamos que você chegaria junto a Jack, então está um pouco atrasada. –uma delas explicou.

—Atrasada para que?

—Para a reestilização. –Esmeralda esclareceu.

Andamos o que pareceu ser meio castelo. Observei as pinturas glamorosas, os adornos de outro e os tapetes refinados. Se eu achava que a parte de fora era chique eu não estava nem um pouco preparada para a parte de dentro. Chegamos á frente de uma porta que quando aberta revelou uma sala de estar com uma penteadeira lotada de maquiagens e uma arara de roupas entre o sofá e a televisão.

—Este é seu dormitório, Elsa. Acho que aquela porta é a do seu quarto. –Esmeralda indicou.

Isso tudo era meu dormitório? Estava achando que seria mais parecido com como os dormitórios das universidades plebeias: um pequeno cômodo só com duas camas, duas penteadeiras e dois armários. Pensando bem, era um pouco besta da minha parte esperar que o dormitório daqui não seria luxuoso.

—Elsa, precisamos conversar sobre a sua imagem. –Uma das moças disse enquanto Esmeralda se sentava no sofá.

—Minha... imagem? –repeti.

—Sim, você precisa de ser marcante, e não apenas mais uma pebléia que deu sorte. Você tem que ser interessante.

Mas eu me sentia interessante o suficiente. Na verdade, só de pensar em produzir uma imagem para ser interessante para milhões de pessoas me deixava um pouco incomodada.

—O seu cabelo tem um tom lindo, é natural? –a outra moça, que parecia ser mais gentil perguntou.

—É sim... obrigada.

—E se trabalhássemos em cima desse tom e do seu silencio para os reporteres e construíssemos essa imagem de rainha do gelo? –a outra sugeriu. A moça que elogiou o meu cabelo e Esmeralda pareceram gostar tanto do plano que eu não disse nada.

Não tinha imaginado o tanto que essa melhora da minha imagem seria demorada e um tanto quanto dolorida. Uma das moças ficou esfregando o meu corpo por um longo tempo e depois o entupiu de cremes hidratantes. Enquanto isso a outra moça fez as minhas unhas, tirando as minhas cutículas pela primeira vez na minha vida (uma experiência que eu não imaginei que seria tão dolorosa e sangrenta) e depois pintou-as de roxo, minha cor favorita.

A moça especialista na minha pele me entregou os cremes e me informou quando usá-los, o que eu esqueci quase imediatamente, e também disse que mais tarde mandaria perfumes para o mim.

Depois, as duas focaram no meu cabelo, que foi hidratado e amaciado. Deram uma cortada para eliminar as pontas duplas e depois secaram e fizeram uma trança. Fiquei desapontada com a escolha delas, sou mais fã do meu cabelo solto, e ele estava tão incrivelmente macio que eu mal podia esperar para passar as mãos nele.

Enquanto a trança era feita, a outra moça fez as minhas sobrancelhas, outra parte do processo que eu não esperei que fosse doer.

Ao final, as duas moças começaram a recolher os materiais, levando a penteadeira para fora do quarto. Esmeralda levantou-se, cheia de produtos na mão.

—Elsa, essas são as suas maquiagens. –ela me entregou uma sacola repleta de coisas que eu não sabia como usar. –As estilistas acharam que o roxo seria uma cor muito boa para a sombra e um gloss para os lábios seria o ideal. Já sobre as roupas... –ela virou-se para a arara, que estava muito menos lotada e apenas com vestidos guardados em sacolas. –No seu quarto estão seus uniformes, sempre que precisar que qualquer roupa seja lavada é só colocar na cesta de roupa suja no banheiro. Essa arara estão os vestidos que você poderá usar para os eventos. Não se preocupe, você tem várias opções, os eventos não acontecem com frequência.

—Os vestidos são... azuis... todos eles.

Esmeralda suspirou.

—Eu sei que roxo é sua cor favorita, mas as estilistas não acham que roxo em abundância combina com você...

—Comigo ou com a minha imagem? –perguntei, um tanto quanto irritada. Eu já estava sendo forçada a usar roupas que outras pessoas escolhem e agora eu não posso nem escolher as cores?

Antes que ela pudesse me responder, uma das outras duas portas abriu. Reconheci a garota na hora, já tinha a visto na televisão várias vezes.

—Senhorita Merida. –Esmeralda curvou-se e Merida sorriu sem graça.

—Pensei que a sala já estivesse vazia, volto mais tarde.

—Desculpe pelo incômodo. –Esmeralda olhava para o chão.

—Não... não é incômodo nenhum! –ela olhou para mim. –Bem-vinda ao colégio, Elsa.

Eu não soube responder. Passei minha vida inteira vendo ela pela televisão, a achando a princesa mais descolada do reino e durante minha infância inteira tendo-a como minha idola. E agora ela estava na minha frente, sorrindo com seus dentes perfeitamente brancos e mexendo no seu cabelo perfeitamente avermelhado e cacheado. Ela era mil vezes mais bonita em pessoa. Meu deus, a princesa do meu principado é minha colega de quarto!

Merida deu um sorriso sem graça por conta da minha falta de resposta e voltou para o quarto. Morri de vergonha por dentro, mas Esmeralda voltou ao assunto. Disse que os sapatos já estavam no quarto, falou alguma coisa sobre o jantar ás sete e repetiu mil vezes que amanhã eu não deveria me atrasar nem por decreto pois não podia perder a palestra de início de ano.

Ela se retirou e eu, ainda com vergonha, peguei minha sacola de maquiagens e empurrei a arara de vestidos correndo para o meu quarto, fechando a porta atrás de mim assim que entrei. Dei algumas respiradas bem fundas, tentando superar a vergonha que havia passado. Olhei em volta do meu quarto. Ele era extremamente luxuoso, a cama era gigantesca, os armários grandes o suficientes para que eu nunca conseguisse lotá-los, a penteadeira era separada da escrivaninha, ambas bem largas e com cadeiras muito confortáveis para acompanha-las. A melhor parte deveria ser a vista, que dava direto para o mar. Logo percebi que minhas malas já estavam ali, não entendi como elas chegaram ali sem que eu visse.

Fui abri-las e me dei de frente com um adesivo que avisava que as malas já haviam sido revistadas. Abri ambas as malas em desespero, morrendo de medo de terem bagunçado as minhas coisas ou confiscado algo. Tudo parecia arrumado e alí, o que foi um alívio.

Peguei as coisas que havia trago, como os porta retratos e decorei o meu quarto. Peguei o bichinho de pelúcia que Anna fez para mim ano passado e pus na minha cama, guardei meus colares na penteadeira, coloquei meus diários na escrivaninha e prendi as cartas de despedida de Anna e Mamãe na parte de dentro do armário. Já no armário, guardei todas as minhas roupas em uma só gaveta, já imaginando que nunca voltaria a usar uma calça jeans ou uma camiseta normal. Vi pendurado as sacolas dos uniformes e os tirei dali, muito curiosa para vê-los.

Tinha o uniforme normal, que era uma camisa social, uma saia azul royal, uma meia calça transparente e um sapato de salto baixo (que me assustou um pouco. Nunca havia andado de salto antes). Os casacos para o frio eram muito chiques e o uniforme de educação física parecia ser feito para um atleta profissional. Devolvi tudo para a arara do armário e sentei na cama, que tinha um colchão tão bom que me fez fundar uns cinco centímetros.

Olhei em volta de mim novamente, percebendo que minha tentativa de humanizar o lugar e tentar dar um pouco de personalidade para que eu pudesse me sentir confortável foi em vão.

Ouvi badaladas avisando que já era hora do jantar, mas não conseguia nem pensar em sair do meu quarto e ver outras princesas e nobres. Deitei-me apropriadamente na cama, decidindo que seria melhor eu cochilar um pouco, para acordar com a mente menos confusa, e mais confiante de mim.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!!! Comentem! :)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Escola de Princesas" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.