Escola de Princesas escrita por Xiukitty


Capítulo 1
Capítulo 1 - O Sorteio


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!!



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Minha irmã enlouqueceu quando a carta chegou pelo correio. Ela já tinha decidido que conseguiria viver todas os seus desejos mais profundos puramente via eu. Ela projetou em mim tudo o que queria para si e nada nesse mundo a convenceria que eu não queria o mesmo, nem eu repetindo mil vezes que eu não me inscreveria.

Eu não queria ir para a Escola Real de Laestrygon Para Meninas.

Eu sabia que as chances do meu nome ser o sorteado entre os milhares de nomes de garotas comuns que sonham com a ascensão social era mínima, quase zero, mas eu nem ao menos queria tentar.

Des de quando ouvi os gritinhos animados da minha irmã mais nova eu decidi me esconder no meu quarto, tentando pensar em todos os argumentos que eu usaria com ela. Até então eu sabia muito bem que ela ganharia a discussão que estávamos prestes a ter.

Anna é a minha irmã mais nova, ela tem 12 anos enquanto eu tenho 14. Nós moramos com a nossa mãe, que infelizmente ficou viúva pouco depois do nascimento de Anna e veio nos criando sozinha dês de então. Ela fez um trabalho incrível, considerando as nossas circunstâncias. Vivemos em um apartamento pequeno, temos dificuldades de pagar as contas, mal vemos algo novo por que não podemos sair ás compras com frequência e não moramos em uma parte segura do nosso principado. Não é nada dramático demais, mas ás vezes passamos fome e sofremos muito no inverno pela falta de aquecedor.    A questão é que mamãe o sorteio como uma oportunidade de sairmos da beira da pobreza, de vivermos vidas melhores...

Eu me sentia uma víbora por não concordar com ela, mas pensar que eu viveria sete anos fora de casa, que eu perderia o crescimento de Anna, não teria conversas sinceras com mamãe antes de dormirmos... além do constante medo de não poder estar do lado delas caso algo ruim acontecesse instaurava em mim um medo horrível da distância que eu teria da minha casa.

Quando eu voltasse a poder viver com elas ou a ter permissão de visita-las quando bem entender Anna já seria uma adulta, e só de olhar para a minha irmãzinha e imaginá-la com 18 anos fazia meu estômago revirar.

Levantei da minha cama, sabendo que mais cedo ou mais tarde eu teria de ir jantar com o resto da família.

Mamãe não olhou para mim enquanto eu andava para a cozinha.

Arrumamos a mesa silenciosamente, sem nem dar atenção á outra. Sempre fazíamos isso quando brigávamos feio, algo que não acontecia a mais de três anos. Doía um pouco esse clima desconfortável entre nós duas, antecipando a bomba que seria a conversa à mesa, mas não me fazia mudar de ideia nem um pouquinho.

Todas nos sentamos. Anna com um sorriso brilhante no rosto, se servindo animadamente e enquanto minha mãe preparava seu prato. O silêncio já estava ficando longo demais, quando a mais Anna soltou:

—Mas seria tão ruim assim se você preenchesse um simples formulário?? –ela olhava pra mim com olhos de cachorro que caiu da carrocinha, mas eu já sou imune a isso a muito tempo. Mamãe finalmente olhou para mim, agora que o assunto já havia sido abordado.

—Esse sorteio é uma incrível oportunidade, Elsa. –ela começou seu discursinho e eu respirei fundo em resposta. –Você sabe que esses anos têm sido difíceis, com os novos gastos...

Eu me mantive calada, comendo em silêncio. Eu queria ajudar mamãe tanto... Ela era uma mulher muito bonita, mas dava para ver que as rugas estavam aparecendo e que ela estava cada vez menos disposta, mais frágil... Ela não estava melhorando. Não importa o tanto que eu ignorasse: ela estava cada vez mais doente.

—Oportunidades a parte, –Anna ainda sorria. –Lady Real, Elsa! Lady Real! Você vai trabalhar como a melhor amiga e assistente de um príncipe ou princesa!

Ah, sim, eu não posso me tornar princesa. É muito lindo essa generosidade toda que eles fazem de convidar por ano UMA garota comum para a Escola Real de Laestrygon Para Meninas, até você descobrir que, por que você não tem o sangue azul você simplesmente não tem a capacidade de se tornar princesa. Não mesmo, você vai ser assistente de uma e OLHE LÁ.

—Anna... –eu comecei. –Ser Lady Real não se compara a ser uma princesa. Nem um pouquinho. Princesas lideram principados e são chamadas para festas com a rainha e o rei, têm que fazer negociações com outras princesas de outros principados, talvez até mesmo de outros reinos... e uma Lady Real pede o chazinho para essas pessoas! Eu não posso gastar sete anos da minha vida para ser a faz-tudo de alguém!

—Não é apenas para isso, Elsa. –mamãe parecia furiosa.

—Mamãe tem razão, Ell. Você vai usar vestidos bonitos, estar sempre linda, morar em um palácio... e minha colegas disseram que se uma Lady Real casa com um príncipe ela vira princesa!

—Uau, suas colegas estão cheias de informação. –minha mãe sorriu pela primeira vez.

—E não é romântico? –Anna suspirou deitando-se de leve no braço de mamãe.

—Não. Não é. É ridículo! –eu proclamei. –Agora para eu não ser uma servente de alguém vou ter que passar anos da minha vida indo atrás de um homem?

—Ninguém nessa mesa está exigindo que você vire princesa. –mamãe me interrompeu. –Só queremos que você preencha um formulário, que vai ser jogado entre meio milhão de formulários de outras garotas para ser sorteado. Casar-se está muito á frente de onde estamos.

Me calei. Era verdade. Uma parte de mim realmente estava apreensiva como se meu nome já tivesse sido sorteado, o que não aconteceria nunca. As chances eram baixíssimas! E além disso eu ainda estava pensando no grande dilema de tentar ser princesa ou não?

—Elsa. –mamãe me chamou. –Por favor. Preencha o formulário, o mande pelo correio e aí tudo vai voltar ao normal entre todas nós. É só o que a gente te pede.

—Muito interessante o uso do verbo “pedir”. Vocês estão me obrigando! Como se quisessem me ver bem longe daqui durante sete anos! –eu esbravejei e mamãe revirou os olhos, o que eu resolvi ignorar. –Mas tudo bem! Eu preencho ele hoje a noite, deixo até vocês verem antes de eu mandar pelo correio, caso vocês duvidem de mim.

A mesa ficou em silêncio novamente. Mamãe terminou sua comida e resmungou que precisava voltar a trabalhar antes de sumir para dentro do seu quarto. Anna não parecia tão afetada pela tensão no ar. Na verdade, ela só parecia feliz que eu cedi. Ela foi direto para o banheiro, provavelmente deveria estar morrendo de sono.

Fiquei na mesa durante muito depois de já ter terminado sua refeição.

—Desculpe, papai. –murmurei enquanto recolhia os pratos. Entendi que eu teria que arrumar tudo sozinha, depois do belo teatro que eu fiz. Ás vezes tentava conversar com o meu pai, mesmo tendo certeza que ele não estava alí. Também gostava de imaginar como ele reagiria ás coisas. Mesmo que eu não tenha memória alguma de sua personalidade, gostava de imaginar que ele ficaria do meu lado.

"Não, querida, eu não estou bravo" ele diria. "Eu entendo o medo de ficar tanto tempo fora, sem poder ajudar e longe de sua família"

Suspirei, notando que diferente das outras vezes, imaginar o meu pai me apoiando não me aliviava. A esse ponto, meus medos pareciam cada vez mais egoístas e insignificantes.

Guardei os restos na geladeira, imaginando que esse seria nosso almoço de amanhã. Peguei todos os pratos para lavar e mergulhei em pensamentos.

Mamãe me pressionava demais para quem achava que as chances eram tão baixas. Lembrei imediatamente das suas histórias do dia que ela não foi chamada quando tinha a idade.  Ela disse que tudo que ela fez foi rir lendo o jornal, por que o nome da garota que havia sido a sortuda do ano era muito feio. Me perguntei se ela também tinha os mesmos medos que eu, se também estava aliviada quando leu o nome que não era o dela e mais tarde a vontade de ser a sorteada bateu. Talvez seja por isso que ela insiste que eu tente também, por que sabe que eu vou me arrepender. Ou talvez ela sempre quis e ficou muito mal quando descobriu, mas teve vergonha de contar a história de verdade. Estranhamente, eu espero que a última teoria seja a real.

E cá estava eu, sua filha primogênita dizendo que minha proximidade com Anna e o meu orgulho valem mais que a qualidade de vida delas. Mais do que o tratamento médico dela...

Assim que terminei de fazer as louças eu tomei o formulário em mãos, fui para a sala vazia e o preenchi o mais rápido que pude, contra a parede mesmo. Encarei o envelope, agora selado, uma última vez antes de o enfiar na caixa de correio na recepção do apartamento.

Não importava o tanto que eu reconhecia as vantagens: eu ainda não conseguia torcer para ser sorteada.

—Acorda sua besta! –eu ouvi enquanto era balançada com violência.

—Anna! –eu reclamei. –É sábado! Eu não preciso de acordar cedo hoje, é sábado!

—Sábado da revelação dos sorteados! – ela dava pulinhos na minha cama. Ás vezes era como se ela não tivesse noção de que tinha crescido bastante nos últimos meses.

É claro que eu não poderia esperar nada além da minha família toda agrupada no sofá, todas ainda de pijamas e com canecas de café na mão (Anna tinha uma caneca com água, para não ser excluída do padrão). Fazíamos isso todo ano, era quase nostálgico passarmos aquela manhã julgando as escolhas de vestimenta das maiores celebridades do país. Nem nos preocupávamos em nos trocar durante horas, já que o programa ia das oito da manhã até as oito da noite. Infelizmente o sorteio não era a primeira coisa que acontecia, o que eu gostava quando pequena, mas hoje era extremamente inconveniente.

—Aposto que a princesa do nosso principado vai usar um vestido ridículo pelo terceiro ano seguido? –Anna esbravejou. –Eu vejo as revistas nas vitrines das lojas e nada parecido com o que ela usa esteve nas capas a meses!

—Aaah, temos uma pequena fashionista na casa! –eu provoquei, fazendo minha mãe rir. –Mamãe, você está calada.

—Estou tensa. –ela sorriu meio sem jeito. Dava para ver que ela achava ridículo estar nervosa levando em consideração as chances.

—Eu também... sabe talvez as oportunidades não sejam tão baixas assim. Vai que menos meninas se inscreveram esse ano. -desabafei

—As chances ainda são as mesmas, Elsa. Des de quando eu nasci a adesão da inscrição só aumenta... o único jeito de você ter mais chance, seria se se inscrevesse mais de uma vez. –mamãe soltou uma risada e eu rapidamente disse que nunca faria isso. As garotas tinham permissão de se inscrever dez vezes por dia durante essas duas semanas de espera, mas eu me contentei com inscrever-me apenas uma vez. Até cheguei a preencher mais uns 15 formulários, mas resolvi guardar de lembrança.

—Mamãe, você tentou entrar quando tinha idade? –Anna perguntou quando os comerciais começaram. Minha mãe soltou um sorriso contemplado.

—Sim, mas fico feliz que tenha perdido. Além de que eu não teria vocês, a princesa Elinor não teria sido princesa nunca. Ela foi sorteada no meu ano, sabia? Casou-se com o príncipe do nosso principado e é uma excelente governante. –Anna soltou um suspiro, de quem torcia para ser sorteada e tornar-se brilhante, como Elinor. Só que com roupas mais descoladas.

—Você e Elinor tem a mesma idade? –Anna perguntou, incrédula.

—Assim você me deprime, filha! –todas rimos. –Lembra que eu tenho apenas 40 anos. Me apaixonei muito cedo, ainda bem.

Quase como um passe de mágica, Elinor de Dunbrock apareceu na tela, usando um lindo vestido verde.

—Meu Deus... –Anna sussurrou.

—Então ela está aprovada? –eu perguntei.

—Aprovadíssima. Ela é a mulher mais bonita do país quando usa verde!

—Nisso podemos concordar. –mamãe comentou, sem soltar os olhos da tela. Deixei um sorrisinho escapar.

O relógio bateu onze horas em um passe de mágica.  Mamãe foi para um restaurante aqui perto comprar almoço para nós quatro, algo que indicava o quão especial era essa situação. Senti meu estômago embrulhar enquanto Anna me abraçava com um sorriso enorme no rosto. Todas as vezes que o castelo aparecia eu me sentia tonta. Era enorme e glamoroso, nem um pouco parecido com nada que eu ja vi em pessoa.

Quando mamãe já estava de volta e nós já estávamos no sofá aproveitando o delicioso macarrão, a cobertura do tapete vermelho foi transferida para a cobertura oficial da cerimônia. Já era meio dia. Olhei em volta de mim, sem nem conseguir imaginar que esses poderiam ser as minhas últimas horas vivendo aqui, na minha casa.

"Boa tarde cidadãos de Laestrygon. Eu sou o Gênio, mais conhecido como o Gênio da Lâmpada e bem-vindos á uma transmissão mais do que especial! Todo o ano assistimos essa emocionante cerimônia e ela nunca perde sua emoção! E se eu penso assim, imaginem o que todas os jovens de Laestrygon devem sentir quando sabem que algum dia eles podem ser os sorteados para mudar a sua vida por completo e vir estudar na Escola Real de Laestrygon! Já está marcado a cento e vinte sete anos na história que o dia 25 de Julho é um dia mágico em que um garoto e uma garota encontram os seus destinos e realizam os seus sonhos!"

—O Gênio sempre capricha. –minha mãe comentou.

—Eu acho que ele está exagerando um pouco demais... –eu disse enquanto terminava de mastigar.

—Não há exagero no que ele diz, Elsa. Querendo ou não, o que ele fala é verdade. Muita gente sonha com isso.

Eu sabia que aquilo não era uma tentativa de me fazer sentir mal, mas o comentário me fez sentir um pouco isolada por não ser a única jovem do reino que não tem esse grande sonho.

As próximas uma hora foram de anúncios normais e algumas notícias de última hora. Nada muito sério havia ocorrido. Quando o relógio bateu uma e meia da tarde, a câmera mostrou um grande relógio de contagem regressiva, que minimizou para o canto inferior da tela e mostrou um grande teatro, onde no palco estavam o Gênio, o Rei e a Rainha do nosso reino.

Anna apertou a minha mão e mamãe esticava o pescoço para ver a TV enquanto lavava a louça.

A Rainha Leah foi a primeira a ter a atenção do Gênio. Ela saiu de seu trono ao lado do marido e compartilhou o que achava da cerimônia. Ela parecia genuína quando dizia que achava a tradição muito especial e importante, que sempre assistiu os sorteios e sempre se sentia nervosa, mesmo não precisando de participar. No final ela ainda acrescentou que queria que todos pudessem fazer parte da escola, o que fez a audiência de celebridades, príncipes e princesas soltarem em "aaaaawn” coletivo.

Não achei seu comentário final tão simpático quanto a audiência de celebridades pareceu achar. Não acho que ela entende o nervosismo real de quem precisa de uma sorte dessas. Também senti que ela não estava sendo tão sincera assim... como se na verdade não quisesse que todos pudessem ir, mas sabendo muito bem que seria impossível, podia falar o que quisesse sem esperar que ninguém exigisse uma mudança real.

O rei logo foi abordado, ele falou um pouco sobre a situação política do mundo e parecia se importar pouco com os resultados do sorteio. O que eu entendi muito bem: ele é o rei afinal de contas. Não se pode esperar que ele tenha muito interesse em algo que não cause impacto algum no bem-estar do país.

A contagem regressiva bateu apenas quinze minutos. Minha família estava cada vez mais calada. Elas todas pareciam nervosas. O teto do teatro abriu-se, fazendo o resto da transmissão ser ao ar livre, o que fez todas nós suspirarmos. Como que tudo era tão lindo naquele lugar... até com a resolução péssima da nossa televisão.

Entrou no palco Aurora, a filha dos rei e da rainha. logo atrás dela, vieram Flynn Rider e Astrid Hofferson. Como tradição, a Herdeira apresentaria o resto do programa e os sorteados do ano anterior tirariam os nomes dos futuros sortudas das duas enormes bacias de vidro lotados de envelopes. Uma bacia era para a escola para meninas e outra a para meninos.

Aurora virou a princesa mais famosa de todos os tempos. Quando ela nasceu, sua vida foi amaldiçoada por uma bruxa, então ela foi isolada na Floresta Proibida por doze anos, até o dia que a cavalaria do rei assassinou a bruxa e ela pôde voltar para o castelo. Lembro até hoje a cara dela, uma menininha de doze anos que parecia amedrontada com tantas câmeras na sua cara e, mesmo que eu tivesse a mesma idade de Aurora, senti muita pena dela.

Astrid e Flynn também eram celebridades, todo sorteado vira uma celebridade. Eles passam a representar  a esperança para todos os outros meninos e meninas. E Astrid e Flynn em particular são extremamente carismáticos e levam muito jeito para a vida na nobreza. Astrid até foi o motivo do início de certos debates sobre permitir que as sorteadas também virem princesas, mas essa discussão não durou mais do que alguns dias. Claro que não, para a população inteira isso seria um ultraje.

Os sorteados, Aurora e o Gênio conversaram por muito tempo. Os assuntos foram sobre como eles sobreviveram os primeiros meses na escola, como Astrid se relacionou com as garotas, se Flynn pensava em se candidatar para algum time de esportes... até se eles apostavam de qual província seriam os sorteados.

Era comum as pessoas apostarem de qual província eles acham que será a sorteada. A maioria das pessoas apostam Londres, já que é a província com mais sorteios disparada. Eu achava isso muito suspeito, a província principal ser coincidentemente a com mais sorteados... mas não gosto de alimentar as minhas teorias da conspiração.

"Uma última pergunta, Lady Astrid e Sir Flynn: O que você têm a dizer para os próximos sorteados?"

O relógio já estava nos segundos. Astrid sorriu.

“Aproveite sua última tarde e noite como uma garota normal, passe esse tempo com sua família e se prepare, a escola é muito exigente."

"Eu diria o mesmo para o próximo sorteado, tente estudar dês de cedo. Eu demorei e tive muita dificuldade..."

Enquanto a audiência ria da última frase de Flynn, uma música de alarme tocou. Parecia besteira, mas eu senti que Astrid falava diretamente comigo.

—É agora! –Anna gritou e saltou do sofá, indo até a frente da TV e sentando a centímetros de distância.

—Anna, querida, você vai detonar os seus olhos estando tão próxima! –minha mãe alertou, mas ela nem deu bola. 

—Eu estou nervosa, mãe. –sussurrei, olhando para ela, que se aproximou e pegou a minha mão. –Não quero nem olhar para a TV...

—Eu sei, filha. –Ela sorriu. –Mas daqui a alguns segundos vai passar tudo e a gente vai voltar ao normal.

“Jack Frost de Londres"

Eu nem ligava para quem era o sorteado masculino, mas o nome dele ja ter saído, significava que o feminino era o próximo.

—Óbvio que seria de Londres, não é possível que todo ano...

“Elsa Snow de Dunbrock."

Meu próprio nome me interrompeu. Voltei os olhos para a TV, em um enorme susto. Lá estava meu nome em uma grande tela e várias pessoas importantes aplaudiam para ele.

Anna se jogou em cima de mim e mamãe, dando um grito agudo.

—Elsa! Você conseguiu! –ela riu ao nos soltar.

—Meu deus... que incrível... –mamãe respirou fundo com um sorriso no rosto.

Eu não tirava os olhos da TV. Não consegui ver a expressão no rosto de ninguém naquele teatro, eu não estava prestando atenção... minha cabeça estava um grande bagunça de pensamentos. Estava paralisada.

O telefone tocou, mamãe foi atende-lo. Levei minhas mãos á minha cabeça.

—Isso não é possível! –eu soltei.

—Ficou mais possível depois que eu dei uma ajudinha... –Anna sorriu maliciosamente. Eu nem precisei perguntar. –Eu coloquei seu nome mais vezes! Mais umas vinte vezes!

—Anna! –eu gritei.

—Eu ouvi todas as conversas sobre a nossa condição e como as coisas estão apertadas com a doença de mamãe. –eu olhei para a nossa mãe, que ainda estava no telefone. Eu não esperava que Anna tivesse tanta noção dos seus arredores e nunca nem tivesse comentado sobre! –Então eu quis ajudar! 

—Você não podia ter feito isso, você forjou minha assinatura! É crime! -sussurrei.

—O que... Eu não sabia, Elsa! -ela parecia estar em pânico. Provavelmente achando que tinha acabado de destruir nossas chances de uma vida melhor. -Eu só peguei os que estavam na sua gaveta e completei mais cinco...

—Menos mal... a chance de terem pegado um forjado são mínimas... -eu suspirei. -Ninguém precisa saber. 

Anna sorriu, me dando um abraço, sussurrando "obrigadas" no meu ouvido.

—Elsa, querida, amanhã temos muitas visitas... –ela segurava um papel com a minha rotina de amanhã rabiscada com pressa. -Era muita coisa...

“E agora a parte favorita de todos! Vamos procurar todos os detalhes possíveis sobre as figuras Jack Frost e Elsa Snow para conversarmos nessa edição especial de Roda de Murmuros!"

O programa de fofoca mais renomado do reino iria ter uma edição de seis horas especial sobre mim! Eu senti que estava prestes a vomitar.

—Eu preciso de um tempo. –e corri para o meu quarto.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler ♥
Comentem o que acharam!!!



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