The Fantastic, Wonder and Fabulous Game escrita por BadMinnie


Capítulo 3
The Fabulous Game




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III

The Fabulous Game

 

Quando os primeiros acordes de “Here Comes Your Man” soaram no bar Cabeça de Javali, alguma coisa dentro do estomago de Albus o fez fervilhar. Estava acontecendo com ele o que todo conto clichê diz um dia, sobre borboletas agitadas.

—Vou dedicar essa primeira música do Karaokê a alguém muito especial. – Grindelwald disse, enquanto segurava o microfone do aparelho, olhando diretamente para o seu parceiro sentado à mesa. Albus sentiu seu coração falhar por um momento, com medo de que ele falasse seu nome. – Vou dedicar ao destino, como forma de agradecimento pelo que vem fazendo com a minha vida nesse último mês!

Obrigada, Grindelwald! Eu adoro essa música!

Espero um dia poder te agradecer. Aliás, acho que não é necessário, já fiz muito colocando Dumbledore, Noah e Richard em sua vida.

Eu, o destino.

Outside there’s a box car waiting’. – Grindelwald cantou o início da música, finalmente. Tanto quanto eu, ele adorava aquela música, por ser alegre, divertida e externar os seus sentimentos. Por sorte, sua voz era grave, rouca e deixava a música fluir com facilidade. Era sorte também ser tão afinado, uma vez que jamais fizera aulas de canto na vida.

Sentado à mesa que havia escolhido mais cedo, Dumbledore assistia a apresentação segurando o rosto com as mãos. Ele sorria todas as vezes que a música chegava ao ápice com o refrão, sendo incapaz de ficar sério por um minuto. E as borboletas em seu estomago continuavam o incomodando, muitíssimo agitadas.

Embora a inspiração para a música tivesse, explanada pelo compositor dela, muito a ver com homens bêbados, prestes a serem atingidos por um terremoto, ela também significava muita coisa para Dumbledore, toda vez que Grindelwald cantava:

Here comes your man’ – olhando diretamente para os olhos azuis do Albus.

Os aplausos que vieram dos telespectadores no banco não foram apenas por educação, quando a música terminou. Grindelwald havia se dado bem, sendo o responsável pela abertura do Karaokê daquela noite em grande estilo.

—Acho que ninguém vai querer cantar depois de você. – Albus lhe disse, quando este voltou para sentar a mesa. – Ninguém cantaria tão bem. Você tem uma voz bonita.

No início da noite, por timidez ou qualquer outro sentimento semelhante com a vergonha, Grindelwald havia sentado na cadeira que ficava em frente a Dumbledore. Depois de cantar uma música no karaokê, a dedicando para mim (o destino), mas com a letra propícia para mandar uma mensagem clara a Albus, ele sentou- se e uma cadeira mais próxima do ruivo.

O gesto não passou despercebido. Albus gostou da atitude, por sinal sorriu. Seu corpo ficou mais relaxado e a expressão no rosto mais sorridente. Não se importava com os olhos curiosos que Aberforth lançava aos dois, porque sabia que o irmão não faria nada e apenas constataria que estava certo. Dumbledore e Grindelwald não eram apenas colegas de trabalho, tão pouco amigos.

—Por que você não canta? – Grindelwald perguntou. O bar havia ficado mais quente, depois de descer do palco, e ele achou mais pertinente tirar a jaqueta de couro que usava.

—Não. – Albus negou rapidamente, conseguindo ficar sério pela primeira vez. – Não posso estragar o bar do meu próprio irmão fazendo isso. Todos os clientes iriam embora e ele teria muito prejuízo.

—Canta tão mal assim?

—É pior do que o som de trinta gatos no cio.

—Acho difícil e vou pagar pra ver.

—O quê? – Dumbledore perguntou confuso, nervoso.

—Hey! – Grindelwald se levantou da mesa, gritando para todos ouvirem. – Dumbledore, não o dono do bar, mas esse aqui. – Apontou para Albus, sentado escondendo seu próprio rosto. – Gostaria de cantar uma música! Ela fica a escolha de vocês!

Com os olhos arregalados, Dumbledore foi desafiado a se levantar da mesa e cantar. Não apenas por Grindelwald, que sorria mordendo o lábio inferior da boca, como por todo o bar que gritava seu nome e escolhiam “Take My Breath Away” para ser sua performance.

—Vai, Al! – Grindelwald pediu, agora com os olhos vidrados nele. – Canta essa música pra mim e realiza meu sonho de te ver vermelho, excitado e tremendo.

Albus se levantou da mesa. Todos aplaudiram.

—Você poderia me ver vermelho e tremendo em outro lugar, se quiser. – Usou um dos artifícios de Grindelwald e se afastou piscando para ele, indo em direção ao palco cantar a música mais clichê do karaokê de todos os tempos.

Era óbvio que ele estava cantando para Grindelwald. Este, agora na plateia apenas assistindo ao “show”, não segurou o desejo mais profundo que tinha por Dumbledore. Desde o primeiro dia que o viu, soube que aquele homem iria cair nas suas graças, seria seu. Ele era lindo, inteligente, desafiador, único e agora estava em um palco cantando somente para ele.

Conforme a música avançava, a conotação sexual que ela exibia era nítida. As pessoas ficariam com vergonha se percebessem a letra, o significado e a forma como Albus olhava para Grindelwald, mas ninguém parecia se importar, todos apenas cantavam junto com Dumbledore. Isso era um alívio, porque sua voz era verdadeiramente horrível.

—Satisfeito? – Perguntou quando saiu do palco e juntou-se a Gellert na mesa.

—Eu amei. Posso saber quem você quer que tire o seu fôlego?

—Ah, - Dumbledore fingiu pensar. – o destino. – disse ironicamente, parafraseando a dedicatória de Grindelwald no início da noite

Obrigado também, Dumbledore. Apesar da ironia!

O pedido que Grindelwald havia feito, de batatas fritas e um lanche da casa para ambos, chegou dois minutos após a apresentação.

—Então, - Dumbledore começou a falar, conforme enchia seu lanche de molhos especiais. – você me disse que eu poderia julgar a sua alimentação, mas só depois de jantar com você. Agora estou te julgando. Você pediu o burguer da casa e esse é o mais prejudicial de todos. Não tem uma gota saudável aqui dentro.

—Vou reformular a minha frase, você pode julgar a minha alimentação, mas só depois de jantar comigo e no outro dia acordar pra tomar café.

—Você é muito direto. – Albus gargalhou divertido. Era o convite para transar mais inusitado que já havia recebido em toda sua vida.

—Se tá na chuva é pra se molhar. – Grindelwald justificou, dando de ombros. Ele fazia jus a péssima reputação que tinha com os alimentos, tirando o cheddar que escorria por seu lanche e molhando sua batata frita com ele. – Eu adoro tudo que envolve a conquista. Me fascina e preciso tentar, principalmente quando eu quero tanto.

—Acha mesmo que sou homem de uma noite?

—Você eu não sei, mas eu sou o homem de duas, três, quatro vezes por noite. Então, pode compensar se for mesmo só por uma. – Explicou, piscando para o professor de História da Arte. Não deixou de encarar Albus, por um minuto sequer. Ele adorava ver a reação no rosto do outro homem, toda vez que deixava tão descaradamente claro os seus flertes. – Você se preocupa muito com isso?

—Para ser sincero? Não, nenhum pouco. – Albus respondeu com a verdade. Ele não iria se preocupar se fosse apenas uma noite com Grindelwald, desde que ela existisse. Viveria sobre uma nova filosofia agora: se arrepender do que fez é melhor do que se arrepender do que não fez. Não fazer com Grindelwald teria sido um erro difícil de perdoar. – O que me preocupa mais é dormir com você e duas semanas depois encontrar o meu pênis exposto em uma obra de arte.

Por alguns segundos Grindelwald parou de comer para gargalhar. Então, era essa a imagem que ele passava para as outras pessoas? Ao seu lado, Albus começou a rir da própria ingenuidade.

—Não é assim que funciona. Eu não saio por aí dormindo com as pessoas e pinto elas na semana seguinte.

—Não?

—Claro que não! – Ele continuava rindo, tentando se controlar para conversar sério com Albus. – Na verdade eu não durmo com os meus modelos, mas se você quiser posso fazer uma exceção.

—Tudo bem, eu prometo que vou pensar no seu caso. Sempre é bom para um currículo de artista ser a inspiração de alguém.

—Ah, Dumbledore, você não faz ideia de como me inspira só com seu olhar!

As risadas foram mais altas a partir daquele momento. A cerveja amanteigada, apesar de ser mais fraca do que as outras, surtia efeito em grande quantidade. Albus e Grindelwald já haviam tomado três canecas e começavam sentir esse efeito transparecer entre eles. Tudo era ampliado.

A tensão que seus corpos emanavam era latente e avassaladora. Todas as vezes que um dos garçons se aproximava para servir os dois, sentia o clima ficar mais quente conforme andava. As conversas eram inúteis, sobre temas banais e sem importância, mas os olhares eram certeiros e falavam por si só. Eram dos olhares que emanava o calor e a percepção de flerte que eles faziam. Sorrisos, conversas tolas jogadas fora, enquanto ignoravam o resto do bar.

Não eram apenas os olhares, no entanto, percebi depois, era o corpo inteiro. Dumbledore sequer sentiu quando seu braço se aproximou do braço de Gellert. Um minuto depois estavam colados, enquanto conversavam sobre seus filmes favoritos. Foi um ato impensado, involuntário e magnético. Ao falarem sobre música, Grindelwald deixava sua mão, sorrateiramente, descansar nas pernas de Albus.

E era difícil resistir, por parte de ambos. Grindelwald continuava achando o olhar de Dumbledore intrigante, Albus continuava aumentando sua lista de desejos pelo homem a sua frente.

Quando terminaram de comer e conversar o máximo que podiam, para se conhecer, o Cabeça de Javali estava mais cheio. Conforme a noite se transformava em madrugada, o bar recebia uma quantidade maior de visitantes.

—Acho que preciso ir embora. – Grindelwald falou, como uma tática. – O caminho até a minha casa não é longo, mas é perigoso.

—Eu te deixo na sua moto. – Albus garantiu, entrando no jogo.

Os dois pagaram a conta. Albus havia insistido para que ele pagasse sozinho, como havia feito o convite do jantar, mas Grindelwald não era o tipo de homem que desistia das suas próprias regras e pagar pelo que consumia era uma delas.

Chegaram ao lado de fora, onde a moto do loiro estava estacionada, em poucos segundos. Gellert colocou a jaqueta de couro novamente, ajeitando-a demoradamente, enquanto curtia observar os olhos atentos de Albus em si. Não demoraria muito para o ruivo ceder, ele havia notado e qualquer outra pessoa que encontrasse os dois perceberia aquilo também.

—A sua jaqueta... – Albus começou a dizer, mas não terminando a frase. Grindelwald permitiu que ele segurasse a jaqueta que usava, entre os dedos pálidos e frios.

Num ato cheio de coragem, e desejo, os dedos pálidos de Albus agarraram o couro e eles puxaram Grindelwald para mais perto, na intenção de fazer o homem ficar a poucos centímetros dele.

—Então minha jaqueta está muito desarrumada, certo? Por isso você está tentando concertá-la?– Gellert perguntou. Seus olhos haviam se fixado nos lábios de Dumbledore e não vacilavam por nenhum segundo.

—Estava arrumada demais, na verdade.

Dois sorrisos e um beijo.

Não demorou para que ambos dessem fim a milimétrica distancia que existia entre eles, iniciando um beijo.

Um beijo calmo, lento e sem pressa. A intensidade, porém, era extrema. O desejo falando mais alto, aquele desejo do primeiro beijo, quando algo novo entra em contato com a sua pele e faz ela queimar. Queimando com as expectativas que ambos tinham, de como seria e de como realmente é. Nenhum deles estava decepcionado com o beijo e a prova disso foi a audácia de estarem se beijando ao ar livre, na frente de um bar inteiramente hétero dos anos 90.

A cintura de Albus ardia com o toque forte de Grindelwald nela. Seus dedos apertavam e indicavam luxúria, ao mesmo passo em que suas línguas ainda travavam uma batalha lenta e calma. Era o magnetismo acontecendo entre eles dois novamente. Albus tirou os dedos que ainda seguravam a jaqueta fortemente, e os subiu pelo tronco de Gellert, chegando ao pescoço e o acariciando.

Nesse momento o corpo dos dois entrou em combustão. Estavam excitados, cheios de uma vontade que aumentava a cada movimento que suas línguas trocavam experiência. Os corpos tão calados que estabilizavam o equilíbrio dos dois.

Só pararam quando ouviram a porta do bar abrindo.

Era um dos clientes de Aberforth, olhando para eles com raiva e nojo. Não tinham se separado a tempo.

—Evita trocar olhares com ele. – Grindelwald pediu calmamente, dando conselhos protetores ao perceber o ódio no olhar do cliente que acabara de sair do bar. Colocou a mão nos bolsos da jaqueta e olhou para o chão. – Homofobicos são iguais aos cachorros, só atacam se vêem que estamos com medo. Os cachorros, obviamente, são mais inteligentes. E mais humanos.

O homem não parou por um segundo de encarar os dois e o ódio que ele sentia tinha uma explicação desumana. Ele não era o tipo de pessoa que aceitava todas as formas de amar. Era preconceituoso e preferia que o mundo fosse todo adaptável a sua maneira de ver a vida.

—Tom! – Uma voz gritou de dentro do bar. Era Aberforth. – Você esqueceu a sua carteira. Sorte que te encontrei ainda aqu... Mas o que está acontecendo?

—Esse é seu irmão? – O homem perguntou, apontando diretamente para Albus.

—É. Por quê?

—Ele estava... Estava se agarrando com esse cara. – Explicou. – Você sabia disso?

Aberforth evitou olhar diretamente para Albus, mas entendia do que seu cliente estava falando. Albus e Grindelwald ainda mantinham seus olhos distantes e fixos em lugar nenhum. Estavam com medo, apesar de sentirem revolta e injustiça por não terem liberdade de se beijar em público, como qualquer outro casal.

—Isso não diz respeito em nada em relação a você, Tom. – Aberforth respondeu ríspido.

—Como você permite uma coisa dessas em frente ao seu bar? Isso aqui não é um bar de família? Um bar descente?

—Bar descente? Você já trouxe duas prostitutas pra cá seu brutamontes.

—É o normal.

—Não tem nada de normal nisso, agora saia daqui. Segue o teu rumo e só volte quando parar de se meter na vida dos outros! – Albus estava surpreso com a defesa de seu irmão. – Albus, suba! Suba depressa.

—Tudo bem. – Albus confirmou. – Geller, meu bem, acho que você deveria subir comigo.

 

Scar Tissue that i wish you saw

Sarcastic mister know-it-all

Grindelwald ficou tão surpreso com o convite de Dumbledore, quanto o homem preconceituoso e Aberforth. A surpresa só não foi maior do que quando Albus tomou a mão de Gellert e o guiou para entrar nas escadas que levariam até o seu apartamento.

—Mudança súbita de coragem. – Grindelwald disse, conforme subiam as escadas. Os dois tinham o ar pesado, ainda compartilhando o choque de terem se encontrado com um idiota preconceituoso.

—Eu não sei, não... – Dumbledore procurou se acalmar, sua voz ainda saia falhada devido ao nervosismo. – Não sei o que aconteceu comigo. Eu gosto de pensar que Noah e Richard não tiveram que se separar por conta de pessoas como aquele cara lá embaixo, que não aceitavam o que eles sentiam. – Nessa altura, ainda subindo as escadas, Albus parou. Gellert notou lágrimas em seus olhos.

“Mas eu sei que esse foi o motivo. Eu simplesmente sei disso e não queria e... Não quero que isso me atrapalhe. Não queria perder uma noite com você, não importa se for uma noite ou se for todas as noites possíveis, eu não quero perder isso. Pode ser loucura, provavelmente é. É muita loucura e isso poderia ter nos matado, se meu irmão não tivesse ajudado, mas eu fiz e não me arrependo”.

A respiração cortante, o coração batendo quase fora do peito, lágrimas grossas caindo por seu rosto. Albus Dumbledore estava nervoso e Gellert Grindelwald totalmente interessado e admirado por ele.

With the birds I’ll share this lonely viewin’

Por isso se beijaram novamente, até entrarem no apartamento e aproveitarem a primeira de muitas noites que teriam juntos. Eles não sabiam que não seria apenas uma noite, não sabiam também que seriam tantas. Para falar a verdade, dois dias depois daquele, Albus suspeitou que algo sério fosse acontecer, quando recebeu um presente dado por Grindelwald.

Era uma obra de arte.

“A primeira de muitas inspirações que tive ao te conhecer.” – estava escrito na dedicatória reduzida. “Só pra você”.

Vocês já sabem o que estava pintado ali.  

Por muito tempo tudo ficou bem e, até quando não ficava bem, tudo estava certo. A única coisa que incomodou os dois por tanto tempo foi o desconhecimento da história de Noah Gere e Richard, os homens que os juntaram através de uma dedicatória tão incerta, triste e cheia de história.

Ao contrário deles, isso não vai incomodar vocês. Eu, como o destino deve, também escrevi a história de Noah e Richard e posso contá-la a partir de agora:

 

Baby, I’m Yours

And I’ll be yours until the stars fall from the sky

Noah Gere era um adolescente eufórico, encantado com as novidades, fã do The Who, criado no interior de Liverpool.

Richard, cujo sobrenome é Plant Jr., era um adolescente menos enérgico. Tímido, baixinho e só foi morar em Liverpool por conta da separação de seus pais.

Eles se conheceram em 1965, por conta de seus pais. John Gere e Richard Plant (pai) eram sócios e estavam sempre em reunião. Como os filhos eram adolescentes e tinham tudo para se tornarem tão amigos quando eles, ambos sempre eram deixados juntos para se divertir de alguma forma. A forma que encontraram foi o baralho, em um jogo de desafios.

Foi num desses jogos que Noah descobriu o livro favorito de Richard, e nunca mais esqueceu.

Noah era enérgico.

Richard era tímido.

A única forma de essa história dar certo seria como uma amizade. Mas não foi o que aconteceu.

Até meados de junho de 1965, eles se apaixonaram. Richard havia segredado que beijara garotas e não gostava, Noah disse a mesma coisa. Eles se beijaram influenciados por diversos casais e algumas bebidas alcoólicas, após um show dos Beatles e, a partir daí, já não eram mais amigos, eram dois adolescentes vivendo um romance em segredo.

Talvez teria dado certo, se John Gere não tivesse apresentado Clement Best a Noah, em 1967, e segredado a ele que ela seria a nora de seus sonhos. Noah, vivendo para agradar o pai, jamais imaginou que gostaria tanto de Clement. Não quando ele era perdidamente apaixonado por Richard. Naquela época, ele era ensinado que o amor não mudava não se transformava e ele se provava no futuro, com filhos e com uma família. Ele não hesitou em escolher Clemente, quando pensou nisso. Jamais teria uma família com Richard.

Noah teve uma atitude precipitada, que mudou a vida de Albus Dumbledore e Gellert Grindelwald, ele terminou seu relacionamento com Richard através da dedicatória de um livro: Os Contos de Beedle, o Bardo.

Quando recebeu e leu, Richard fez questão de jogar o livro em um baú antigo. Ele iria se erguer, também se casaria com uma mulher e teria filhos, mas nada jamais foi para ele, o que Noah havia sido. A família de Noah, que impulsionou a sua escolha, não supriu o buraco deixado por Richard.

A última vez que viu aquele livro, Richard o entregou para Ronan Clark, um homem simples que estava prestes a abrir um sebo para conseguir comprar um carro, em 1985. Naquele mesmo ano Ronan vendeu “Os Contos de Beedle, o Bardo” por dois dólares a um homem chamado Derek. Ele havia comprado o livro para a filha de doze anos. Ela odiou e só se livrou dele em 1997, na biblioteca da universidade em que estudara.

 

Acredito verdadeiramente que Albus Dumbledore um dia irá se livrar desse livro. Se um dia ele o fizer, e se o livro sobreviver às investidas do tempo que tentam o destruir, essa dedicatória será vista por outras pessoas.

É a minha história favorita e eu, sinceramente, achei que você deveria conhecê-la. É a história de uma dedicatória. Uma dedicatória que um dia separou um casal apaixonado, mas que uniu outro no lugar.

 

 

Querido Richard,

Deixo com você esse livro, em busca do seu perdão. Eu sempre soube que ele era o seu favorito.

As consequências dos nossos atos são avassaladoras. Meu coração teme por quais serão as consequências do que estou prestes a fazer, mas tenho certeza de que o destino jamais me deixaria fazer uma escolha errada. Por isso, eu não posso continuar com você.

Às vezes, as minhas crenças são maiores do que as minhas vontades. As suas vontades são sempre maiores do que as suas crenças. Isso poderia ter dado certo, se eu não tivesse encontrado uma pessoa que, tão divinamente, coloca as crenças em frente às vontades também. Foi assim que descobri o meu destino, em estar com alguém que possa me dar um futuro. Coisa que, infelizmente, nós dois jamais teríamos. Ninguém pode viver sozinho para sempre e o meu destino é estar cercado por pessoas.

Não pense que foi fácil tomar essa decisão, a de ficar com alguém tão igual a mim. Tamanhas são as forças que eu utilizei para escapar do meu destino. Lutei, lutei bravamente, e fui em direção contrária a minha natureza, tentando a todo custo renegar o que já havia sido escrito nas tabulas dos deuses como a história da minha vida. Mas de algum jeito, eu não tive forças o suficiente. Não tive forças por você. Não tive forças por nós.

Ninguém pode escapar do destino.

Eu te amo. Meu coração está dilacerado e eu espero, com toda força, que você encontre paz e conforto com este livro.

Noah Gere.

 

 

 

FIM.


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Notas finais do capítulo

Sim, eu tenho lágrimas nos meus olhos. Espero que vocês tenham gostado da história que o destino contou pra vocês, porque ela foi uma das coisas mais importantes que eu já escrevi.

Eu gostei muito de ter participado do projeto. Muito, quase não tenho palavras pra expressar. Adorei todas as histórias que já li, tenho certeza que vou gostar de todas as próximas quando eu me atualizar. Eu só sinto orgulho e muito, muito, muito carinho por todas as meninas que participaram do projeto e me acolheram tão bem. São novas amigas, vocês são incríveis e maravilhosas.

Obrigada por esse projeto. Obrigada por quem leu até aqui.

Essa história foi inspirada nesse tweet: https://twitter.com/afs_andrada/status/1153381804847575046
A dedicatória aí é um pouco menor, mas ela não saiu da minha cabeça. Espero que vocês tenham gostado da minha versão maior, quase uma carta. Eu amei escrever ela e escrevi ela no primeiro dia, antes de tudo. Nunca mudei. Nunca mexi e só li ela duas vezes. Foi quando eu terminei de escrever e hoje, antes de postar.

Enfim, essa foi a minha Grindeldore. Espero que tenha sido boa e espero que vocês tenham gostado!!



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