The Fantastic, Wonder and Fabulous Game escrita por BadMinnie


Capítulo 2
The Wonder


Notas iniciais do capítulo

Oie!
Cheguei com o segundo e penúltimo capítulo.
Gostaria de agradecer demais por todos os comentários, já li todos e estou esperando um momento de responder do jeito certinho, pra divagar com todas.
Não sei até que ponto esse capítulo supre as expectativas de vocês, mas quando eu me propôs a escrever essa história eu queria ela dividida em três momentos:
1. Queria mostrar que Albus encontrou uma dedicatória misteriosa para nós, que levou ele a conhecer pessoas que serão importantes na sua vida (esse foi o primeiro capítulo). 2 Interação Grindeldore (é o capítulo de agora) e 3. Mais interação e explicação sobre a dedicatória e como ela foi parar da vida do Dumbledore.

Enfim, hoje vocês ficam a interação e espero que gostem!!!



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II

The Wonder

‘The World I Love, the tears I drop,

To be part of the wave Can’t Stop’

Cores quentes pintadas em uma tela branca formavam o desenho de um pênis avantajado. A obra decorava, momentaneamente, a sala dos professores do curso de arte na Universidade de Londres. Em setembro de 1997.

—Hey, Dumbledore!- O artista responsável, Gellert Grindelwald, chamou a atenção do único outro professor que dividia a sala com ele.

—Hum? – Dumbledore não deu muita atenção, sequer olhou. Estava ocupado fazendo a leitura de um livro.

—Pra você que nunca tinha visto um pênis meu.

O quê?- Tirou os olhos da leitura, com o susto que havia tomado. – Ah! – Suspirou aliviado, colocando a mão sobre o peito. Grindelwald estava apenas mostrando uma de suas obras de artes pouco convencionais, que acabara de pintar. Por um segundo, o coração de Albus temeu que o homem estivesse nu no local.

Não que isso fosse impossível.

Depois de conviver com Grindelwald por um mês, desde a volta às aulas da Universidade de Londres, Dumbledore descobrira que ele era um homem sem pudor. Não era a toa que sua especialidade era pintar orgãos sexuais – e também, fazer com que qualquer coisa recebesse uma conotação sexual.

Sua personalidade chamativa, pouco tinha correspondido às expectativas de Albus. Era tão difícil de entender o que aquele homem dizia que se tornava impossível ficar perto dele por cinco minutos sem sentir o rosto queimando em brasa de vergonha.

“Ele deu em cima de mim três vezes, só ontem”. – Minerva segredou, no segundo dia de aula. “Disse que eu era muito bonita e que poderia ser modelo em uma de suas obras. Agora, eu não sei se você sabe Al, mas ele pinta vaginas”.

“Não se sinta privilegiada, minha querida. Eu estava na biblioteca agora pouco e ele estava dizendo que Pince seria uma ótima modelo também”.

Pouco tempo depois ambos descobriram que Grindelwald tinha a Síndrome de Don Juan. Os próprios Albus e Minerva deram o diagnóstico, de acordo com os livros de psicologia da biblioteca que leram. Constataram que ele precisava flertar com todas as pessoas que encontrasse em seu caminho, precisava ser desejado, adorado, fazer com que todos fossem ficar encantados com a sua presença e a mercê das suas vontades.

Há uma semana, aproximadamente, Dumbledore ouviu as alunas do curso de arte conversando sobre Gellert em uma de suas aulas.

“Ele é tão bonito”.

“Toda vez que ele abre a boca e mostra suas pinturas, eu sinto minhas pernas tremerem”.

“Eu adoraria ser uma modelo dele”.

“O Alex, aquele garoto do segundo período, também adoraria”.

“O Alex é gay?”

“É o maior gay de todos”.

“Você acha que o professor Grindelwald é gay também?”.

“Gay? Bom, eu com certeza acho que ele se relaciona com qualquer coisa que vê pela frente. Ele tem essa cara, além do mais, como você acha que ele fez pra conseguir tantos modelos de pênis e vaginas?”.

Se fosse um deus grego, Gellert seria Afrodite.

Então, sem nenhum tipo de dúvida, Dumbledore estava certo em temer que o homem estivesse nu na sala dos professores. Não era um absurdo inimaginável.

—Realmente. – Albus levantou-se da cadeira em que estava, para ver a obra de perto. – Ainda não tinha visto nenhum.

—Então, qual é o veredicto?

—Hum? Ah, bem... É bom. Quero dizer, ótimo. Parabéns!

A resposta não convenceu Grindelwald, nem deixou ele feliz. Tudo porque Dumbledore sequer tinha analisado a obra com cuidado, coisa que qualquer artista faria antes de dizer que estava “bom”. O professor de História da Arte a observou por menos de trinta segundos e depois foi se sentar novamente na mesa, voltando à leitura de um livro estúpido para dar a aula mais tarde.

Em relação ao outro lado da história, o lado de Grindelwald, aquela atitude só confirmou as expectativas que ele tinha sobre Dumbledore: ele era um metido.

Desde o segundo dia que o viu – salvando o primeiro, quando este estava sendo apresentado por Dippet ainda no dia em que fizera a entrevista de emprego-, Dumbledore não foi receptivo. Sempre muito fechado, segurando seus livros e suas folhas de papel cheias de planejamentos, andando até a biblioteca com a cabeça tão erguida que mal enxergava Grindelwald quando ele passava e o cumprimentava. Com certeza era metido. 

—Você achou bom? — Grindelwald perguntou. Seu tom de voz indicava o cinismo. Sua arte era inovadora, impecável e original. Bom era algo que nunca ouviu em toda a sua carreira.

—Eu disse ótimo.                  

—Tenho certeza de que ouvi um “bom”.

Dumbledore fechou o seu livro mais uma vez. Ele estava pensando em como o Dom-Juanismo de Grindelwald era aguçado. Se arrependeu profundamente de não dar a ele uma atenção maior. É reconhecido que as pessoas com essa síndrome se interessam três vezes mais por àqueles que não lhe dão idolatria no primeiro momento e, por isso, as perseguem muito mais até serem adoradas.

—Me desculpe. – Albus pediu. – Já tem um tempo desde que a minha cabeça não anda bem. To muito desligado. Eu deveria ter analisado a obra melhor.

—E qual é o motivo disso? Desse desligamento?

—Ah não, não acho que você vá querer saber.

—Que isso, Dumbledore? – Gellert deu um sorriso aberto. Ele quebrou a distância que separava os dois e ficou de pé, próximo da cadeira em que o professor de história estava. Sem demorar, colocou uma de suas mãos no ombro direito de Dumbledore e apertou com cuidado. – Pode falar.

—Dom – Juanismo. – O ruivo sussurrou em resposta. Por sorte, Gellert não ouviu.

—Que disse?

—Hum – Pigarreou para fazer sua voz sair com mais clareza, e agora sem falar besteira. – Bem, é que encontrei um livro perdido da biblioteca, no mês passado. Enfim, esse livro tinha uma espécie de dedicatória que era muito linda e muito triste. Sobre dois homens que se apaixonaram e não puderam ficar juntos, até onde eu pude entender.

—E porque isso te deixou tão desligado?

—Não deixou. Na verdade, me fez ter vários desejos e novos objetivos na vida. O problema é que um desses objetivos seria encontrar esses homens envolvidos na dedicatória e descobrir o que aconteceu. Eu não encontrei. Isso me deixou desligado.

—O livro era recente?

—Não. Se não me engano é dos anos sessenta, e a dedicatória foi assinada em 1967.

—Eles ainda podem estar vivos, então e serem jovens. Qual o nome dos dois?

—Noah Gere e Richard. Noah Gere foi quem escreveu e procurei o nome dele no catálogo. Existem muitos Noah Gere em Londres. Eu nem fazia ideia de que esse nome e sobrenome fossem tão comuns.

—Você já ligou para algum?

—Pra todos. Nenhum deles escreveu uma dedicatória ou conhece os contos de Beedle, o Bardo.

—Talvez – Grindelwald tirou a mão do ombro de Albus e começou a andar pela sala. – você só precise procurar um pouco melhor. Procurar de outro jeito e não apenas pelo nome. Eu posso ajudar, se você quiser. Sou um ótimo detetive.

A oferta de ajuda de Grindelwald seria no mínimo estranha, se Dumbledore já não tivesse percebido nele a necessidade de ser adorado. Para conseguir o que queria, Grindelwald poderia ser capaz de fazer qualquer coisa, até se parecer com uma pessoa disposta a ajudar.

—Não quero te incomodar com isso.

—Não vai incomodar. Eu adoro desafios e, além do mais, você me deixou curioso. Quero ler essa dedicatória.

—Tá bem então. – Deu um sorriso amarelo e sem ânimo.

No início, Dumbledore não queria receber a ajuda daquele homem. Acabou aceitando por qualquer motivo que não estava diretamente ligado com a necessidade de conhecer Noah Gere e Richard. E, mais uma vez, aquela dedicatória estava prestes a mudar sua vida.

 

No dia seguinte, Grindelwald alcançou Dumbledore em um dos corredores:

—Trouxe o livro para eu dar uma olhada?

—Ah... Não. – Dumbledore o encarou desconfiado. – Você quer mesmo ajudar? Achei que estava brincando.

—Dumbledore, por favor... – Grindelwald sorriu. – É claro que eu vou te ajudar. Não se esqueça de trazer o livro amanhã! – Para se despedir, Grindelwald deu um tapa fraco na bunda de Albus e saiu andando. Assustado com o cumprimento, o ruivo colocou a própria mão sobre a nádega.

—Esse cara é muito estranho e abusado.

No outro dia depois desse, Dumbledore levou o livro para a Universidade. Só encontrou Gellert cochilando sentado na mesa da sala de pintura. Sem pestanejar, jogou o livro sobre a mesa para chamar sua atenção.

—Aí está!

—Ótimo. – Gellert acordou com o barulho. Ainda estava sonolento quando pegou o livro com suas mãos. – Vou ler e ver como te ajudar nessa busca.

—Tenho aula agora. Então você me entrega o livro no fim do dia, tudo bem? - Quarta-feira era o dia mais agitado na vida de Albus. Cinco aulas e reunião de planejamento.

—Certo!

Antes que sua sala fosse invadida por alunos eufóricos, Gellert leu a dedicatória.

Em outra sala de aula, por mais que não quisesse, Dumbledore passou cada minuto ansioso para saber a opinião do outro homem sobre a dedicatória. Para ele, aquelas palavras haviam mudado a sua vida. Ele nunca tivera lido algo tão triste e tão real. Sentiu uma vontade imensa de nunca deixar nenhuma oportunidade passar, de estar sempre atento e de ser grato pela vida que tinha. O que será que ela faria com Grindelwald?

No fim da tarde, quando estava no estacionamento esperando o loiro entregar seu livro, ele descobriu:

— “Ninguém pode escapar do destino”. – Grindelwald disse se aproximando. – Realmente, é uma linda e triste história de amor o que está escrito nessa dedicatória.

—Eu sei.

—Estou totalmente curioso pra saber a história completa. Você acha que Noah voltou atrás? Porque é tão claro que ele não queria deixar o Richard e estava sendo forçado.

—Não faço ideia, mas tenho mais interesse em saber como eles se conheceram e como eles se apaixonaram. Tem alguma ideia de por onde começar?

—Tenho e estou surpreso por você não ter tido ela antes.

—Qual?

—Ir até a livraria onde esse livro foi vendido. Está escrito na última página. Ronan, é o nome.

Ronan, a suposta livraria em que os dois encontrariam respostas, ficava em Liverpool. Sem tempo para darem prioridade a toda essa história, Dumbledore e Grindelwald combinaram de fazer aquela viagem rápida no primeiro final de semana de outubro. Até lá, os dois iriam criando inúmeras teorias sobre o romance:

—Provavelmente é um amor proibido. – Dumbledore sempre tocava nessa tecla. – É tão claro o quanto aquela dedicatória inspira uma história de amor proibido.

—Se for proibido vai ser melhor do que a história que eu tenho na minha cabeça. Além disso, proibido é mais gostoso. Não é isso que eles dizem?

—E se eles fossem... Soldados? Como, na guerra. – Albus preferiu ignorar o último comentário do professor de pintura.

—É 1960, Dumbledore.

—E não existia guerra nos anos sessenta?

—Não é uma história de amor e guerra!

—Gosto de imaginar que eles eram hippies. – Dumbledore segredou para o loiro, em outro momento. Estavam almoçando juntos na lanchonete da universidade.

—Eu não acho que seja o caso. Se fossem hippies eles teriam ficado juntos, porque os hippies eram a favor do amor livre.

—Mas os pais dos hippies geralmente não eram a favor do amor livre. – Dumbledore tinha um bom argumento. – E os pais dos hippies poderiam ser os responsáveis pela separação dos dois.

—Nada na dedicatória fala sobre pais. Eu acho que foi uma pressão da sociedade, como você bem viu. Se eles fossem hippies, isso não teria acontecido.  

Infelizmente eu, como conhecedor prioritário dessa história inteira, podia confirmar que nem Noah Gere, muito menos Richard eram hippies. Apesar de que Noah gostava de usar roupas de cores estridentes e da banda The Who. Isso não faz dele um hippie. Grindelwald estava certo, se eles fossem teriam ficado juntos.

—Já percebeu como essas batatas fritas estão sempre secas? – Gellert reclamou. Seu prato de almoço nunca era totalmente saudável, Albus pôde perceber isso nos dias que passavam fazendo lanches. – Digo, essas batatas não estão sendo fritas da forma correta.

—Eu acho que a intenção é essa. Deixar elas mais saudáveis, com menos fritura.

—Porque se chama batata frita então? Podia ser só batata, se for pra ser saudável e eu não teria perdido eu tempo na fila esperando pra pegar elas.

—Isso agora não é importante pra você, mas daqui uns dez anos vai agradecer por não estar comendo mais gordura do que batata.

—Eu sou saudável.

—Gellert, você não é saudável.

—É claro que eu sou. Tem salada no meu prato.

—Tem um tomate. E você não comeu ele.

Rindo e balançando a cabeça negativamente, Grindelwald pegou o tomate com o garfo e comeu.

—Você só vê meu prato de almoço e fica dizendo essas coisas.

—O almoço é a segunda refeição mais importante do dia. – Albus respondeu rindo. Ele já havia terminado o seu próprio, mas ainda tomava um suco natural de laranja. Quando terminou, não foi capaz de ignorar a latinha de coca que seu companheiro já havia tomado.

—Se quer criticar a minha comida deveria, ao menos, jantar comigo um dia desses. – Quando disso isso, a voz de Gellert mudou o tom. Parecia misterioso e convidativo quase irrecusável. Os pelos dos braços de Albus, por baixo da blusa de manga cumprida, se arrepiaram. Para ajudar, Grindelwald piscou o olho esquerdo quase tão rápido quando o vôo de beija-flor.

O suco não desceu bem nesse momento e Albus se engasgou. Tossindo um pouco mais demoradamente para que quando acabasse, não tivesse que responder aquela provocação. Era uma provocação. Sempre eram provocações.

 

Grindelwald não passara um dia, desde o primeiro momento que trocaram ideia, de flertar direta e indiretamente com Dumbledore. O homem era bem insistente. Quando menos esperava, Albus era surpreendido com comentários como esse, ou com um olhar que o loiro lhe lançava por baixo das sobrancelhas grossas.

Em uma manhã de sexta, Dippet mostrou ao departamento de arte, um novo quadro que adquirira para decorar o corredor. Para a sua surpresa, Grindelwald a odiou.

—Eu estou surpreso. – Albus o alfinetou. – Você é um pintor, por que não gostou dessa obra?

—É apenas uma pincelada. Eu não gosto de obras assim.

—É arte.

—Eu sei. Só prefiro pinturas completas, que tragam um desenho, que tenham detalhes pequenos que façam a diferença e, pelo menos, tenham dado algum trabalho ao pintor.

—Detalhes? Você pensa que essa arte não tem detalhes?

—Ela tem, mas você já viu aquele quadro? – Apontou para o último quadro do corredor. Era o desenho de uma casa, nada muito especial, porém bem feito e bonito. Não fazia tanto sucesso no meio artístico. –É lindo e os detalhes são impressionantes. Se olhar bem, vai encontrar um tijolo mal colocado no telhado do desenho. Isso é lindo.

—É impressionante, mas essa arte também tem detalhes. A pincelada é um sentimento.

—A arte está nos detalhes, Dumbledore. – Ele explicou. – Naqueles que ninguém pode ver se olhar superficialmente.

—Com todo respeito, eu sei disso. Sou professor de arte nessa universidade e, na minha nada humilde opinião, não sou o tipo que tem um olhar superficial. 

— Eu sei que você acredita nisso. Entretanto, temos a terrível tendência de olhar para os detalhes superficialmente também e a triste consequência disso é uma iminente... Cegueira, para o que já está muito, muito óbvio.

O olhar penetrante que Grindelwald lhe lançou foi óbvio. Tão quente quanto uma brisa de verão e tão absurdamente atento e cheio de admiração, que Dumbledore não conseguiu fugir de lhe encarar da mesma forma. Talvez, Albus pensou, aquele homem estivesse certo e ele havia perdido momentaneamente um detalhe que acabara de encontrar.

 

—A viagem à Liverpool já é esse fim de semana. Você vai no meu carro? – Albus mudou de assunto, depois do convite para jantar.

—Não. – Gellert disse dando de ombros. – Mas nós vamos por minha conta.

—Eu tenho medo de moto e você só tem uma moto. Então... Eu vou com o meu carro.

—Relaxa. Eu não vou de moto.

Ele apareceu em frente ao prédio em que Dumbledore morava com sua moto e um capacete reserva, na manhã do sábado em que iriam viajar.

—Cara, você é inacreditável. Eu vou pegar o meu carro.

—Qual é, Dumbledore! Vamos de moto, você vai gostar. Vive um pouco!

Pensando na dedicatória e na sua promessa de viver a vida mais intensamente, ele subiu na garupa.

—Pode segurar a minha cintura, se tiver medo. Se não tiver, pode segurar também.

O comentário fez Albus sorrir e revirar os olhos. Durante a viagem, foi inevitável não enrolar seus braços na cintura de Gellert. Por sorte, a moto era pilotada com cuidado e ele não viajava em alta velocidade, mas isso não impedia o vento de outubro bater contra seus corpos soprando o frio, mas nem esse vento foi capaz de arrepiar tanto Dumbledore quanto os momentos em que ele ouvia a voz rouca de Grindelwald abafada pelo capacete.

Duas horas depois, em Liverpool eles descobriram que Ronan era um sebo. Um sebo antigo que já não existia mais e fazia vizinhança com um o orfanato Strawberry Fields. Ambos fãs de Beatles, adentraram no local para conversar com as responsáveis e descobrir mais coisas sobre Ronan. Se não descobrissem nada, ao menos teriam conhecido uma das inspirações da música de John Lennon.

—Ronan é um homem, na realidade. Sim, sim ele tinha um sebo de livros aqui na frente uns anos atrás, mas já tem um bom tempo que ele não funciona mais. Acho que já tem uns sete, oito anos que parou de funcionar. Descobriu que as pessoas não querem mais ficar comprando livros usados velhos e fedidos. – A coordenadora do orfanato respondeu.

—Sabe se Ronan ainda mora em Liverpool? – Grindelwald perguntou.

—Mora. Mora bem aqui, inclusive. Naquela casa amarela no fim da rua.

Ronan não fazia ideia de como o livro havia ido parar em seu sebo. A única informação que tinha, com o auxílio de um caderno antigo de preços, é de que “Os Contos de Beedle, o Bardo” foi vendido por duas libras.

—Viemos a Liverpool à toa. – Dumbledore reclamou no fim de tudo.

—Não foi à toa. Pelo menos vimos as estátuas dos Beatles.

—Eu já tinha visto elas, muitas vezes antes.

—É eu sei, eu também. Espera – Gellert suspirou sem animação. Passou as mãos pelas cabelos loiros e fez um mumuxo de tristeza. – Tem um lugar que ainda não procuramos.

—Qual?

—O cemitério.

Três cemitérios depois eles encontraram uma lápide.

Filho Esposo Pai

“Ninguém pode escapar do destino”

Noah James Gere (1942 – 1994)

 

‘Underneath the brigde the tarp has sprung a leak

And the animals I’ve trapped All become my pets’

O vento frio tocou a nuca de Grindelwald com mais intensidade após ele ler a frase final. “Ninguém pode escapar do destino” era algo que Noah havia escrito na dedicatória e agora posta daquela forma, na sua lápide, se parecia com uma forma de dizer que o fim chegava para todos.

Aquela notícia atingiu os dois da mesma forma, como toda notícia de morte atinge qualquer pessoa. Seus pensamentos são voltados para o inesperado, o desespero do fim da vida e o mistério do que iria acontecer depois daquilo tudo. Também quando você decide que a vida é uma só e que ela vale a pena ser vivida da melhor forma possível.

—Não foi o que eu esperava. – Gellert falou a Albus. Os dois estavam de volta a Londres, parados novamente em frente ao prédio do Dumbledore. O bar de Aberforth, no térreo, já começava a ficar cheio no fim da noite. – Pensei que encontraríamos o Noah. O Richard já não era possível, porque não sabemos o sobrenome.

—Eu também pensei. Fico imaginando como eu fui encontrar esse livro na biblioteca da faculdade. Como ele parou lá?

—Você não vai ter respostas pra isso, Dumbledore. Sinto muito.

—Eu sei, mas é que é tão injusto. Ele deixou aquela frase na dedicatória, e ela estava na sua lápide. Isso não significa que ele morreu ainda amando o Richard?

—Talvez Richard vá visitar a lápide dele, uma vez por ano e veja aquela frase.

—Sinto muito por ter metido você nessa história.

—Eu gostei. – Grindelwald falou sério. Era a primeira vez que Dumbledore via o homem com essa postura. – Eu gostei muito, apreciei esses dias tentando descobrir toda a verdade dessa história. Em parte, porque você me parecia uma pessoa muito interessante, Dumbledore, mas porque a dedicatória era bonita também.

—Eu agradeço por isso.

Grindelwald fez um aceno positivo com a cabeça. Estava se preparando para dar partida na moto e ir embora. Dumbledore o impediu:

—Não sei o motivo de eu estar fazendo isso, mas, você quer jantar comigo? – Grindelwald ouviu com atenção. – Esse bar. – Apontou para o local a frente. – É do meu irmão e ele é ótimo. Tem bebidas, comidas pouco saudáveis e um karaokê de última geração.

—Eu adoro karaokê, ainda mais os de última geração. Aceito o seu convite. Vou pra casa tomar um banho e volto pra jantar com você.

—Legal.

—Legal.

—Tchau.

—Tchau!

 

O bar de Aberforth era um lugar cheio de homens com aparência de vikings bárbaros. A maioria usava camisa, calça jeans e gostava de exaltar as músicas famosas dos anos oitenta. Mas não era apenas de vikings que o bar se sustentava, também contava com jovens universitários, que Abe chamava de “estranhos” e mulheres solteiras bonitas.

—Escuta aqui, Albus, eu não quero saber de você com as suas promiscuidades aqui não. Vai se encontrar com esse homem em outro lugar. Esse é um bar de família!

Assim que Aberforth terminou de falar isso, um dos clientes subiu em cima do balcão para dançar.

Aberforth tossiu falsamente. Era um hábito de família fazer isso quando estavam em saia justa, aparentemente:

—Tudo bem. Pode trazer ele, mas eu não quero saber de agarramentos aqui dentro não.

—Ele é só um amigo. Um colega de trabalho.

—É aquele ali? – Aberforth perguntou despreocupado, apontando para um homem que acabava de entrar no Cabeça de Javali. – É realmente seu amigo?

Albus mordeu os lábios ansioso. Grindelwald estava muito bonito com os cabelos louros soltos sem gel, uma jaqueta de couro e um olhar arrematador.

—Uhum. – Respondeu sem muita certeza.

—Oi. – Grindelwald o cumprimentou, quando se aproximou de Albus. Aberforth escolheu não o conhecer e voltou para o balcão, da onde preparava as bebidas de seus clientes. – Falei comigo mesmo do caminho de casa até aqui, que só aceitaria jantar realmente se você comesse batata fritas.

—Tudo bem, você escolhe o que vamos comer e eu a mesa em que vamos sentar.

—Certo, então.

Com medo dos próprios pensamentos e desejos obscuro que sentia por aquele homem, Albus escolheu uma mesa que ficava afastada do balcão. Não queria Aberforth de olho no que fizesse. O irmão sabia de suas opções sexuais, nunca se mostrou favorável e nem mesmo contra. Com o tempo, Albus percebeu que Aberforth não se importava em nada com ele.

—Fiz os pedidos. Batata frita, x burguer especial da casa e cervejas amanteigadas. – Gellert se aproximou da mesa. Sentou-se de frente para Dumbledore. – Você gosta de cantar no karaokê?

—Não. – Dumbledore respondeu rindo. – Eu odeio. Não canto bem.

—Eu adoro.

—Jura? – Albus percebeu sem nenhuma surpresa na voz. Era óbvio que Grindelwald gostava. Karaokê chamava muita atenção e Gellert não era o tipo de homem que recusava essa mesma atenção.

—Eu senti um tom de ironia na sua voz?

—Ah, sério? – Albus revirou os olhos. – Geller, você me surpreenderia se não gostasse de cantar.

—Você acha que me conhece, então? Que eu não posso surpreendê-lo?

—É claro que pode, mas não nisso.

—Você ficaria surpreso se eu dissesse que eu não gosto de história da arte?

—Não. – Dumbledore abanou a cabeça. Um dos garçons chegou naquele momento, trazendo dois copos de cerveja. – Desde o primeiro dia em que te vi, soube que você não faz do tipo teórico. Você é da prática e também se parece com uma pessoa que não tem paciência. É preciso paciência pra gostar da teoria.

—Bom. Acertou em cheio. Hum, você ficaria surpreso se eu dissesse que sou uma pessoa extremamente interessada pelo ser humano?

—Não. Geller, você pinta pênis e vaginas quase todos os dias.

—E se eu dissesse que não suporto política?

—Não me surpreende em nada. Política também requer paciência.

—Se eu dissesse que já tive a Lady Di como modelo?

—O quê? – Dumbledore perguntou chocado. – Isso não é possível!

—Não é mesmo, só disse para te surpreender pelo menos um pouco. – Dumbledore quase se engasgou com a cerveja, rindo. Grindelwald deu um sorriso de lado quando viu isso. – Tudo bem... Acho que tenho uma que vai te surpreender.

—Manda! – Albus aceitou o desafio.

—E se eu disser que estou romanticamente interessado em você? Te surpreende?

O coração de Albus bateu fora do ritmo por alguns segundos. Não tinham nem cinco minutos de jantar e Grindelwald já havia sido tão direto. Por dentro, ele estava satisfeito. Grindelwald estava tão bonito, tão charmoso que chegava a ser irresistível. Por isso, quando respondeu, foi sincero:

—Não!'


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Notas finais do capítulo

Aaaaaa to surtando e com medo, mas é isso. Grindelwald ajudou o Dumb, mas não se enganem eles podem não ter mais respostas, mas vocês vão ter, porque quem ta contando ela sabe de todos os detalhes. E aí? Alguma ideia?

Gostaram dos diálogos? Da conversa? O "jantar", que todo mundo sabe que é um encontro, continua no próximo capítulo e todas as explicações também!!!



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