Wayward Sisters escrita por WaywardWoman


Capítulo 2
A família emoldurada


Notas iniciais do capítulo

Oi oi gente!
Hoje eu trouxe o segundo capítulo de WS pra vocês!
O caso desse capítulo foi baseado em um episódio que eu gosto bastante, lá da primeira temporada.
Espero que gostem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/793981/chapter/2

Michigan.

— Eu preciso de um banho. E um hambúrguer com uma porção grande de fritas. – Meghan disse se jogando na cama.

Já era tarde da noite e tinham acabado de encerrar mais um caso. Um quadro amaldiçoado – e bizarro, diga-se de passagem - estava matando famílias no interior de Michigan. As irmãs haviam chegado um dia antes e por meio de um leilão com os objetos da última família assassinada descobriram o misterioso quadro.

Então, Natasha e Meghan foram até a galeria de arte que se encontrava responsável pela pintura e, como de praxe, queimaram o quadro horrendo.

— Nossa, eu tô morta também – Natasha disse tirando o isqueiro do bolso traseiro da calça e jogando na cama – Chegamos ontem e não paramos mais.

— Acho que esse foi o caso mais rápido que já resolvemos na vida, Nat. – fez uma pausa e virou-se para a irmã – E como fui eu quem descobriu a pintura bizarra... Acho que não custa nada você ser gentil e ir buscar um lanchinho pra gente – fez biquinho pra irmã, que rolou os olhos.

— Isso não é justo, eu fiz o trabalho pesado lá! – exclamou rindo.

— Por Odin, Natasha, você acendeu um isqueiro! Nem jogar o sal no quadro você jogou, eu que fiz isso. – se levantou e caminhou em direção ao banheiro – Pesquisar demais cansa meu lindo rostinho. Não esquece, extra bacon no meu hambúrguer – piscou pra irmã e fechou a porta, dando a deixa pra Natasha ir atrás de comida.

A morena bufou pegando as chaves e saindo do quarto do motel. Estava tão cansada que nem percebeu quando um carro conhecido passou por ela.

 

 

— Não é por nada não, sabe Sam? Mas você bem que podia dar uma chance pra morena gostosa – Dean dirigia o Impala em direção à galeria de arte. – ela tá tão na sua.

Os irmãos tinham chegado naquela manhã mesmo na pacata cidade. Pelo jornal, descobriram casos de famílias sendo assassinadas de uma forma misteriosa, do tipo que eles estavam acostumados a lidar. Mais cedo, Dean e Sam foram até a galeria da cidade, no qual os objetos da última família eram postos a venda. Constataram o que já sabiam, um objeto amaldiçoado era o responsável pela morte das famílias, depois de pouca pesquisa com base no diário de John, os Winchesters chegaram a conclusão de que um quadro era o culpado de todas as desgraças.

—Dean, ela só estava sendo educada – Sam deu de ombros se referindo à mulher que era uma das responsáveis pela galeria, com quem os irmãos tinham falado mais cedo – e nós estamos aqui a trabalho, não se esqueça.

— Só tô dizendo... Aliás, chegamos.

Estacionaram o Impala nos fundos da galeria. Sam aproximou-se da porta de metal, examinando o alarme de perto pra ver o que precisaria fazer pra desativa-lo.

— Ei Dean, me empresta sua chave? Preciso de algo pontudo pra... – Olhou em volta e não achou o irmão – Dean? Dean! Como você entrou aí? – disse ao vê-lo no meio do salão da galeria.

— A porta tava aberta - Dean deu de ombros – Você vem ou não? – disse impaciente, fazendo Sam revirar os olhos.

Andaram pela galeria escura até que Dean fez sinal para Sam, indicando que tinha achado o quadro.

— Cara, isso é...

— Bizarro – Sam completou fitando a obra.

E era mesmo. O quadro mostrava uma família com vestes antigas, dois meninos estavam abraçados enquanto uma garota tinha os olhos vidrados pra fora da pintura. Logo acima dela, estava a mãe, que apoiava as mãos no ombro da garota, e ao lado, seu marido olhava para o canto do quadro em direção à filha. Uma mesinha de canto também era retratada na qual estava uma navalha.

Dean cortou o quadro deixando só a moldura e foram pra fora do galpão, jogando sal e queimando tudo logo em seguida.

— Cara, vai por mim. – Dean falava enquanto o quadro a sua frente estava em chamas – Estamos fazendo um favor à arte.

 

 

No dia seguinte,

Meghan lia atentamente o jornal como de costume. As duas irmãs estavam sentadas na cafeteria à esquina do motel em que se hospedavam.

— Meghan? Ei! – chamou a atenção da ruiva – você sequer tá me ouvindo?

Negou com a cabeça.

— Foi mal Nat, tava tão atenta aqui que nem notei – largou o jornal e bebericou o café, fazendo uma careta logo em seguida – nossa isso aqui já tá frio.

— Claro, você tá focada nesse jornal aí faz tempo – comeu um pedaço de sua torta – e aí? O que tanto tá te prendendo a atenção?

— Nada. Só estou vendo se tem algo pra gente. – fez menção de pegar a xícara, mas lembrou de que seu café estava horrível de frio.

Olhou em volta e não viu nenhuma atendente por ali.

— Ninguém trabalha aqui não? – bufou.

Natasha rolou os olhos e levantou-se.

— Vou ali ao balcão buscar mais um pedaço de torta pra mim, quer um café? – perguntou mesmo já sabendo a resposta da irmã, que assentiu e voltou a enfiar a cara no jornal.

 

 

— Eu poderia comer um arsenal de coisas – Dean disse entrando na cafeteria.

— Você sabe que não é nesse sentido que “arsenal” é usado, certo? – o irmão deu de ombros.

— Arsenal é um bando de coisas, Sam.

— Um bando de armas – corrigiu.

— Com a fome que eu tô, poderia comer até um bando de armas pro café – sentou-se no balcão e chamou a única mocinha que trabalhava ali.

Sam veio logo atrás se sentando ao lado do irmão.

— Dois cafés e um pedaço de torta, por favor – pediu à garçonete, que anotou e saiu logo em seguida - Mas e aí? Vai chamar a bonitinha lá pra sair? – falou mais uma vez, fazendo Sam rolar os olhos.

— Será que você não vai parar de falar nesse assunto nun...

Sam?  - foi interrompido por uma voz conhecida.

— Nat?! – sorriu ao ver a moça e levantou-se para abraçá-la – Que bom te ver.

— Bom te ver também.

— Dean, você se lembra da Natasha? – apontou para a moça. Dean fez que sim.

— Como esquecer? A irmã simpática daquela ruiva esquentada – falou lembrando-se do caso em que teve que trabalhar em conjunto para recuperar Sam que havia sido pego por Vetalas – Aliás, tá aqui sozinha?

— Não – riu – Meghan tá comigo – apontou para a mesa ao fundo do local, na qual a irmã estava sentada de costas pros caçadores.

Dean deu um sorriso amarelo.

 – Ah, ótimo – falou irônico. Meghan não tinha ido nem um pouco com a cara dele desde a primeira vez que se viram.

— E aí? – Natasha perguntou – Estão fazendo o que por aqui? Obrigada – agradeceu a garçonete que trazia seu pedaço de torta e uma xícara de café.

— Estávamos resolvendo um caso na cidade. E vocês? Obrigado – Sam pegou seu café e Dean fez o mesmo com sua torta.

— Também estamos trabalhando!

Os dois sorriram com cumplicidade e logo Dean pigarreou.

— Não me vai dizer que é o caso da pintura assombrada? - Natasha assentiu e Dean franziu o cenho.

— Vocês também estão trabalhando nisso? – Sam fez que sim – Ah, que coincidência. – sorriu – Querem se sentar com a gente?

Sam na mesma hora concordou e foi em direção à mesa conversando alegremente com Natasha, Dean rolou os olhos e fez a única coisa que podia, foi junto.

— Por Odin Natasha, você demorou tanto que é capaz de meu café ter esfriado de novo – Meghan falou ao sentir a presença da irmã ali, mas ainda sem tirar o jornal da cara.

Natasha sentou-se do lado da irmã e pigarreou.

— O que é?

— E aí, linda? – Meghan revirou os olhos antes mesmo de abaixar o jornal e dar de cara com o dono daquela voz.

— Winchesters, certo?  – disse dando um sorriso falso e virando-se para Natasha – Não sabia que você estava com amizades na cidade.

— Nem eu!  – disse animada ignorando o mau humor repentino da irmã – nos esbarramos agora mesmo na maior coincidência.

— Coincidência... – colocou o jornal na mesa e bebericou o café – E o que traz vocês a essa incrível coincidência?

— Viemos investigar um caso na cidade – Sam disse de forma simpática.

— Pois é! Acredita que eles vieram pelo quadro também? – Natasha exclamou.

— é mesmo? Bom, acredito que perderam viagem, não é Nat? – abriu um sorriso convencido especialmente para Dean, que a encarava – Nós já cuidamos do assunto.

— Tem certeza? – o loiro rebateu.

A moça deu de ombros como se não fosse nada.

— Sabe como é... Assombração simples, nada que jogar sal e botar fogo na pintura não tenha resolvido.

Dean e Sam trocaram olhares.

— Acho que não cuidaram direito – Dean lançou de volta um sorriso convencido – Eu queimei aquele quadro.

Meghan franziu o cenho.

— Está dizendo que eu não sei fazer meu trabalho?!

— Você é quem tá dizendo...

— Escuta aqui, seu...

— Ei, será que os dois podem parar com isso? – Natasha os repreendeu enquanto Sam soltava um risinho por conta da discussão infantil entre Meghan e Dean – Ninguém aqui tá criticando o trabalho de ninguém.  - Meghan deu de ombros.

— Se o sabe tudo aí diz que cuidou do caso, bom pra ele! – se levantou – precisamos ir, foi ótimo revê-lo Sam – sorriu para o mais novo, que sorriu de volta e logo Meghan se afastou.

— Eu vou... – apontou para a irmã e tirou uma nota de vinte dólares do bolso, deixando-a em cima da mesa – foi bom ver vocês – disse tímida e morrendo de vergonha pela atitude imatura de Meghan – nós nos vemos por aí.

Sam despediu-se da caçadora e Dean, ainda irritado, fez o mesmo.

— Será que dá pra me esperar? – Natasha falou apertando o passo pra alcançar a irmã – Que porcaria de atitude foi aquela?!Custava ser educada?

— Eu não fiz nada! Foi o convencido lá que já chegou todo se achando – Meghan disse abrindo a porta de motorista do Camaro.

— Pelo amor, Megh. Você foi super infantil, pra que sair desse jeito? Nós nem temos nada mais pra fazer por aqui.

— Temos sim – Natasha a olhou sem entender – Tem algo cutucando minha mente. Entra aí, vamos passar no motel pra trocar de roupa e resolver isso. No caminho eu te conto.

Natasha assentiu e logo as duas já estavam saindo dali.

 

 

Um minuto Dean! A conversa entre vocês não durou um minuto – Sam exclamava.

Os dois iam direção ao caixa da lanchonete.

— Qual é Sammy, aquela lá é maluca. – falava enquanto procurava algo nos bolsos da calça – você viu como ela ficou eu mal cheguei à mesa e ela já tinha quatro pedras na mão. Droga! – praguejou.

— Você provoca também, Dean. O que foi?

— Pode pagar essa pra mim? Acho que deixei minha carteira lá no carro – deu um sorriso amarelo.

Sam revirou os olhos.

— E aí? Achou?

Os dois estavam de volta ao motel, Dean revirava tudo em busca da carteira, que não estava no carro como ele havia achado.

— Droga Sammy, não tá aqui.

— Quando foi a última vez que você mexeu nela? – perguntou.

— Ontem à noite... Droga! – olhou para Sam – na galeria.

— Você deixou a carteira na galeria? – perguntou incrédulo – vamos lá achar antes que alguém encontre primeiro.

 

 

— Então, como eu ia dizendo... – o homem explicava sobre mais um artefato enquanto Meghan e Natasha fingiam estar prestando atenção.

As duas estavam de volta à galeria. Um evento acontecia ali e as irmãs estavam vestidas para tal. Meghan usava um vestido preto e os cabelos presos num coque ligeiramente bagunçado, já Natasha vestia um tomara que caia branco, realçando o preto dos seus longos cabelos. As duas decidiram voltar ali após Meghan suspeitar de umas coisinhas.

— O que acharam? – o homem, identificado como Luke, perguntou apontando para o vaso à frente deles.

— Oh, é maravilhoso! – Meghan exclamou num tom exageradamente falso, que Luke teria percebido se não tivesse tão ocupado prestando atenção no decote dela.

— Pois é. Esse é um dos... – o homem parou de falar e franziu o cenho ao olhar para frente – com licença, eu já volto.

As irmãs acompanharam Luke com o olhar e viram que ele ia em direção aos dois homens que andavam por ali.

— Aqueles ali são...?

— Ah não... – Meghan revirou os olhos e Natasha a puxou indo até os três.

— Vou ter que pedir pra vocês se retirarem – Luke dizia – seus nomes não estão na lista, senhores!

—Tá tudo bem – Natasha se aproximou - Eles estão com a gente. – piscou.

Sam a olhou de cima a baixo e não pode deixar de ficar boquiaberto com o visual da moça. Natasha era uma mulher linda, mas vê-la vestida daquele jeito o deixou desamparado.  Ele sorriu tímido e logo Meghan se aproximou.

— Estão? – falou baixinho para que só Natasha ouvisse então se virou na direção de Dean, que a encarava também boquiaberto, perdido entre as curvas da caçadora. – Não se preocupe Luke – lançou um sorriso e passou a mão no braço do homem que parecia estar no paraíso vendo a ação dela – Eles estão com a gente.

Luke pigarreou voltando a realidade.

— Sendo assim, vou deixa-los ficar – sorriu para as moças e alguém o chamou perto dali – com licença, eu já volto.

O homem se afastou, deixando os quatro caçadores sozinhos novamente.

— O que estão fazendo aqui? – Natasha perguntou surpresa – Não me digam que têm apreço por obras de arte.

— Culpa do Dean – Sam respondeu ainda meio aéreo – ele acha que esqueceu a carteira aqui ontem.

— Clássico... – Meghan revirou os olhos e fitou Dean, que não disfarçava nem um pouco os olhares no corpo dela. Ela estalou os dedos – Quer uma foto pra mais tarde?

Dean fez que não como se não soubesse do que Meghan falava, arrancando um risinho convencido dela.

— O que vocês estão fazendo aqui? – desconversou – e vestidas assim? – apontou as duas de cima a baixo.

— Viemos dar mais uma olhada no local. A Meghan cismou que tinha algo estranho na história.

— Ah é? Ou veio conferir se fez o trabalho direito? – Dean lançou à Meghan um sorriso provocativo.

— Me poupe Dean. Só achei... Curioso. – explicou – nós queimamos o quadro. Uma peça de arte aparentemente cara some de uma exposição e ninguém publica o desaparecimento no jornal?

Sam a olhou.

— Pera aí, vocês tem certeza que queimaram o quadro? – perguntou e ganhou um olhar bravo dessa vez de Natasha – Só tô dizendo, nós viemos aqui ontem de madrugada e botamos fogo naquele negócio.

— Quando vocês vieram? – Meghan indagou.

— Acho que por volta das quatro da manhã... – Dean respondeu olhando em volta procurando sua carteira – o Sam aí até achou estranho porque o alarme tava desativado – deu de ombros – talvez eles não publicaram nada no jornal porque não ligam muito pro quadro sumido.

Meghan e Natasha se olharam.

— Nós viemos antes. – Meghan falou – O alarme só estava desligado porque eu desativei. E deixei desativado pra acharem que o sumiço da pintura foi por descuido deles. – referiu-se aos proprietários da galeria.

Antes que pudessem dizer qualquer coisa, foram interrompidos por uma moça morena que se aproximou do grupo. No mesmo momento, Dean fez sinal indicando que Meghan e ele tinham que sair dali.

— Olá Sam – ela abriu um sorriso e logo o desmanchou quando reparou que Natasha estava ao lado – vejo que veio acompanhado hoje – disse sem graça.

— Oi Sarah – ele sorriu simpático – essas são nossas... – mas no momento em que virou para Meghan e Natasha, percebeu que só a última estava ali com ele.

— Natasha. Sou amiga da família – sorriu e estendeu a mão. A situação era no mínimo estranha, a morena claramente estava interessada em Sam e ficou desconfortável quando viu a caçadora ali - e quando Sam me contou sobre essa bela exposição, não pude deixar de vir dar uma olhadinha.

— Ah sim... E seu irmão? Veio hoje também?

— O Dean? – Natasha abriu um largo sorriso, mas já pensando no que ia dizer a fim de se vingar dos dois por a terem deixado sozinha na situação constrangedora – Veio, veio sim. Trouxe a namorada. Ela é apaixonada por arte!

No mesmo momento, Dean e Meghan voltaram pra perto, Dean erguia a carteira, mostrando a Sam que tinha achado. Meghan fitou a morena com certa estranheza.

— Essa aqui é a Meghan – apresentou a irmã – Viemos porque eles estão com algumas ideias de pra redecorar a casa. Eles não formam um lindo casal? – sorriu.

Meghan e Dean lançaram um olhar de morte pra Natasha, que ignorou e pisou com o salto no pé de Dean, esperando ele falar algo.

— Ah sim... – riu nervoso disfarçando a dor e puxou a ruiva pra perto, a abraçando pelo ombro. Meghan o fuzilou com o olhar, mas logo disfarçou.

— Por acaso você não teria nenhum quadro em especial pra nos mostrar? – Meghan perguntou à Sarah – Não precisa ser nada muito bonito não, esse daqui – apontou para Dean – é obcecado por coisas estranhas.

— Deve ser por isso que eu estou com você, querida – sussurrou no ouvido de Meghan, que pisou no pé do caçador igual à irmã fizera antes.

— Sendo assim, acho que eu tenho o quadro perfeito pra você, Dean! – Sarah sorriu – Me acompanhem.

— Achei que tivesse certeza que tinha queimado o quadro, linda – Dean sussurrou para Meghan.

— Já te disseram que você fica bem mais bonito de boca fechada?

Os quatro seguiram Sarah que tentava puxar assunto com Sam, mas esse estava ocupado demais prestando atenção em Natasha, que percebia a situação constrangedora e tentava com o olhar pedir ajuda à irmã, mas Meghan estava ocupada demais destilando olhares de ódio à Dean, que continuava abraçado nela só pra provocá-la.

— O que acha desse daqui? – Sarah disse retirando o pano que cobria a pintura.

Natasha continuaria sem graça com a situação toda envolvendo Sam e Sarah se algo não chamasse mais a atenção dela. Como Meghan, que na mesma hora em que viu o quadro, ficou boquiaberta e até se esqueceu do porque estava brava com Dean. Os dois trocaram olhares.

— Então, o que achou Dean?

— É... Esquisito – riu sem graça, ainda perplexo.

 Como diabos aquilo estava inteiro?

— Achei que gostasse de esquisito. – Sarah disse sorrindo.

— Ah ele gosta sim – Meghan interviu ainda boquiaberta – Mas acho que a aprovação tem que ser total pra um quadro desses entrar em casa, não é querido? – Dean assentiu.

— Bom, eu confesso que não sou nem um pouco fã desse quadro. Me dá arrepios. Mas fiquem a vontade para decidir, a exposição fica aberta até amanhã.  Com licença – Sarah sorriu para os quatro e acenou para Sam, saindo logo em seguida.

Os quatro se encararam, todos com o mesmo ponto de interrogação na cara.

— Pelo menos isso responde uma das nossas perguntas – Sam comentou – os quatro fizeram um bom trabalho queimando o quadro. Isso só não o impediu dele se reconstruir sozinho.

— Não foi um trabalho tão bom pelo visto, né? – Meghan ressaltou e tirou as mãos de Dean da sua cintura, o fuzilando – se o quadro voltou intacto, algum motivo tem.

— Um motivo que nós não fazemos ideia. – Natasha completou.

— É... O papo tá bom, mas eu e o Sam temos que ir, não é Sammy? – disse aproximando-se do irmão – temos um caso pra resolver.

As irmãs o encararam. Meghan tornou a falar.

— Tá maluco? A gente chegou primeiro, o caso é nosso!

— Chegaram antes e não resolveram nada.

— E vocês chegaram depois e não resolveram nada também! – Meghan revidou.

Natasha e Sam rolaram os olhos.

— Por que não fazemos assim? Pesquisamos isso juntos – Sam disse tentando apaziguar a briga. Meghan e Dean torceram a boca e antes que pudessem discordar, Natasha interviu.

— Pois eu acho uma ótima ideia – sorriu para Sam – Vamos?

Ainda de cara fechada, Meghan e Dean concordaram e seguiram os irmãos para fora da galeria em direção a seus respectivos carros.

— Vocês nos encontram no nosso motel, pode ser? É o que fica ao lado da cafeteria de hoje cedo, vocês acham fácil. Quarto 22. – Natasha disse e os irmãos concordaram.

 

— Acho que quando eu descobrir quem de verdade tá matando esse monte de gente, eu o mato três vezes só pra garantir que não precisarei rever a cara desse daí –Meghan disse entrando no banco do passageiro.

— Do Dean? – Natasha fez um muxoxo – poxa, o relacionamento já tá caindo na rotina? – riu provocando a irmã, que a lançou uma careta.

— Você e o Sam me pagam por aquilo! Coisa mais sem graça. – encostou a cabeça na janela.

— Sem graça nada, você precisava ver a cara de tacho de vocês dois. – disse ligando o carro.

— Igual a sua quando a tal da Sarah apareceu cheia de interesse no Sam? – arqueou a sobrancelha. Natasha rolou os olhos.

— Não foi nada demais, ela só achou que eu tava com ele e foi minimamente constrangedor no começo.

— Minimamente constrangedor, Natasha? – Meghan exclamou virando para irmã – Você tinha que ver o jeito que o Sam te olhava, ele mal deu atenção pra coitada.

— Acho que você tá vendo coisa onde não tem. A gente mal se conhece.

— Mas eu te conheço! – exclamou – e você tava de olho nele que eu sei desde o casinho com as Vetalas. – Natasha rolou os olhos – Não sei por que você é assim. Não tem nada demais dar uns amassos por aí, sabe? O Sam é um cara bonito, e não é como se você fosse se apaixonar, casar e ter três filhos com ele.

— Será que dá pra parar com esse assunto?

— Se você tá pedindo... – deu de ombros – Só to dizendo...

— Se dar uns amassos não é nada demais por que você não vai falar com o Dean? – provocou.

Meghan bufou irritada.

— Não vire a mesa contra mim, isso não tem nada a ver. Eu não vou com a cara do Dean e muito menos ele vai com a minha.

— Não foi o que pareceu hoje na galeria – Natasha sorriu safada – sério, o cara tava te comendo com os olhos!

Deu de ombros.

— Fazer o que se eu sou irresistível?

 

 

— Precisava mesmo dar a ideia, Sam? – Dean dirigia em direção ao motel das meninas.

Eles tinham feito checkout e decidiram se instalar junto com elas, já que ficava mais próximo à galeria de arte e pouparia tempo.

— Vocês dois precisam parar de agir igual criança. Se eu não tivesse falado nada, estariam até agora lá dentro discutindo.

— Hm... Mas e aí, como foi ser o centro das atenções de duas gostosas? – lançou um olhar malicioso para o irmão. Sam ignorou.

— A Sarah só tava tentando ser gentil, Dean. Nada demais – e a Natasha...

— O que tem?

— É uma pessoa legal.

— E gata – Dean acrescentou. Sam rolou os olhos.

— Mas me diz como vão as coisas em casa com a Meghan? – mudou o foco do assunto para irritar o irmão, que fechou a cara na mesma hora.

— Aquilo não foi nada legal, Sammy. Você e a Natasha me pagam – Sam riu.

— Qual é? Você tava secando tanto a Meghan que se dependesse de você a gente tava lá até agora.

Dean deu de ombros.

— Não tenho culpa se ela é irritante e gostosa. – deu um sorriso safado.

— Você não tem jeito mesmo, Dean. – Sam olhou para o outro lado da rua escura e viu o Camaro das duas estacionado. – É ali.

Dean estacionou o Impala ao lado do Camaro e os dois pegaram as malas indo em direção à recepção. Se registraram e rapidamente já estavam batendo na porta do quarto das caçadoras.

— Oi gente! – Natasha abriu a porta – Entrem.

Sam entrou seguido de Dean. Os dois sentaram à mesa que havia ali. As duas já haviam tirado as roupas chiques e agora usavam calças jeans e camisetas. Meghan estava sentada em uma das camas mexendo concentradíssima no notebook que estava em seu colo, estava tão vidrada que mal cumprimentou os irmãos.

Natasha foi até a geladeira pegou duas cervejas e entregou pros Winchesters, que agradeceram.

— Então, alguma pista, alguma coisa nova? – Sam perguntou.

— Até agora não. – Natasha se sentou na outra cama, de frente pra Sam e Dean – Nós não encontramos nada.

— Nós vírgula, Natasha – Meghan finalmente se pronunciou tirando o notebook do colo – que você não fez nada! Ficou jogando no celular desde que chegamos – arqueou a sobrancelha para a irmã, que deu de ombros. Sam Riu.

Meghan levantou e foi até a geladeira pegar mais uma cerveja, Dean a acompanhou com o olhar.

— E você ruiva? Achou alguma coisa? – perguntou.

— Nada de relevante. – Meghan então abriu a garrafa de cerveja com a boca, tirando um olhar surpreso de Dean – Só o básico.

— Que seria? – Sam indagou.

Meghan sentou-se na cama novamente e puxou o notebook pra si.

 – Segundo as tradições sobre quadros amaldiçoados geralmente o sujeito do retrato é a assombração. – explicou.

— Então nós precisamos descobrir tudo sobre a família bizarra.

— Obrigada pelo óbvio, Dean. – disse e voltou a ler a tela do computador – eu pesquisei, mas não encontrei nada na internet que falasse da família Merchant.

— Ótimo. – Natasha suspirou – Se eles eram daqui, talvez nós possamos encontrar algo nos registros da cidade, não?

Os três assentiram.

— Bom, com certeza nada está aberto essa hora – Sam disse checando a hora no celular.

— Vamos amanhã então? – Natasha perguntou e os três concordaram.

— Ótimo, porque eu tô morta, preciso dormir. –Meghan se levantou da cama e foi em direção à porta, a abrindo – vejo vocês amanhã. – lançou um sorriso falso deixando claro que era hora dos Winchesters irem.

Os dois se despediram e saíram do quarto às pressas, antes que o mau humor de Meghan os botasse pra fora no chute.

— Não podia ser mais delicada não? –Natasha diz indo até a geladeira.

— Qual é, eu quero dormir. E não tinha mais nada pra eles fazerem por aqui.

— Hm... Não sobrou nenhum pedaço de torta de hoje cedo? – disse vasculhando a geladeira - Tô morta de fome.

— Nop. Comi o último pedaço enquanto você tava no banho – Meghan disse se jogando na cama.

— Hm. Vou pegar alguma coisa numa das máquinas lá fora, quer algo?

— Que você apague a luz quando sair. – disse ajeitando a cabeça no travesseiro.

Natasha fez o que a irmã pediu e saiu do quarto, indo até o final do corredor. Escolheu duas barrinhas de cereal e um chocolate e colocou o dinheiro na máquina, que fez um barulho esquisito derrubando os petiscos que enroscaram numa das prateleiras e ficaram presos.

— Ah, droga! – Natasha bufou se abaixando e enfiando a mão dentro da máquina tentando alcançar os doces – fala sério!

— Precisa de ajuda, aí? – a moça olhou pra cima ao ouvir a voz conhecida. Levantou-se envergonhada.

— Ah oi Sam – sorriu sem graça – a máquina maldita aparentemente decidiu me roubar.

Sam sorriu e deu dois socos na lateral da máquina, fazendo os doces caírem.

— Quase sempre funciona - O caçador se abaixou e pegou os doces no dispenser e entregou a Natasha, que agradeceu.

Ela abriu ali mesmo uma das barrinhas e ofereceu a Sam, que recusou. Os dois ficaram ali se olhando em silêncio enquanto Natasha comia. Ambos queriam puxar assunto com o outro, mas não sabiam sobre o que falar além de assuntos envolvendo trabalho. Natasha não podia negar que Sam era muito atraente e lembrou-se da conversa que tivera com a irmã mais cedo que insistiu que Sam estava interessado nela. Apesar de achar que era só encheção de saco por parte de Meghan, decidiu tocar no assunto.

— Então... – falaram juntos e riram. Sam indicou que Natasha podia começar falando.

— Então... A garota de hoje – disse se referindo à Sarah – muito bonita ela. E tava caidinha por você – ela sorriu sem graça, já tinha se arrependido de ter começado o assunto – você devia chamá-la pra sair.

— É... – Sam coçou a cabeça envergonhado – na verdade, eu tava pensando em chamar outra garota pra sair.

Natasha deu um sorriso de canto e sentiu as bochechas queimarem. Estava prestes a responder Sam quando uma voz a interrompeu.

— O Sammy que demora, eu to com fo... Ah, oi Nat. Espero não estar atrapalhando nada.

— Oi Dean. – disse sorrindo e virou-se para Sam, falando mais baixo – Você devia fazer isso. Chamar a outra garota. – sorriu – até amanhã, meninos.

Natasha se afastou. Dean acompanhou a moça com os olhos e lançou um sorriso malicioso à Sam.

— Olha Sammy... Não sei o que tava acontecendo aqui, mas algo me diz que você vai se dar bem – piscou e andou em direção ao quarto dos dois – vê se não demora com os meus salgadinhos.

 

 

— Obrigado - Sam disse à garçonete que trazia seu café – então, vamos à prefeitura atrás dos arquivos?

— Sim, assim que aquelas duas chegarem. Por deus, mulheres são enroladas demais – Disse enfiando um pedaço de torta na boca e voltou a falar de boca cheia – mas antes acho melhor você ligar pra sua amiguinha e dizer pra ela reservar o quadro pra gente até resolvermos isso. Não quero mais nenhum idiota sem senso de decoração comprando aquilo pra enfeitar a sala de estar.

Sam assentiu e discou o número de Sarah que logo atendeu.

— Oi Sarah, é o Sam – disse sem graça, pois Dean o lançava olhares significativos – tá tudo bem sim e com você?

— Sexy – Dean disse piscando, Sam jogou um guardanapo no irmão.

— Então, lembra que eu te falei que meu irmão e a namorada – Dean rolou os olhos – estavam interessados naquele quadro dos Merchant? Queria saber se você não poderia reservá-lo pra eles. – Sam então arqueou a sobrancelha – como assim já foi vendido?! – Dean voltou à atenção para a conversa. – qual o nome do comprador? Não pode mesmo me dizer?! Tudo bem, obrigado então. – se despediu e desligou o telefone.

Nesse instante, Meghan e Natasha sentaram-se à mesa. Dean as encarou.

— Demoraram ein – comentou – O que a Sarah tava dizendo no telefone Sam?

— Eles venderam o quadro – bufou – ela só não me disse pra quem. Droga, a pessoa está correndo perigo.

— Eu tenho um palpite – Meghan se pronunciou colocando em cima da mesa o jornal que tinha nas mãos apontando para uma notícia – Evelyn Darling, foi misteriosamente assassinada ontem à noite. – virou-se para Dean – era isso que estávamos fazendo. Trabalhando.

— Hm. Então já temos mais uma vítima pra conta. Ótimo! – Dean disse tomando um gole de café e se levantando. Os três caçadores o encararam – o que foi? Temos trabalho pra fazer.

— Mas a gente nem tomou café! – Natasha fez um biquinho com a boca.

— Peçam algo pra viagem – e saiu da cafeteria, enquanto as irmãs o lançavam olhares de morte.

Após uma longa discussão sobre quem ia com quem, Meghan e Sam foram ao arquivo da prefeitura por serem os mais produtivos quando o assunto envolvia pesquisas e Dean e Natasha foram à casa da vítima, mesmo com essa reclamando que não queria sentir cheiro de sangue e morte logo após o café da manhã.

 

“Isaias Merchant. Era barbeiro. Matou os dois filhos, a filha adotiva e a esposa e logo em seguida se suicidou”. – o arquivista lia a manchete do jornal para Meghan e Sam - Aqui diz que a esposa, Margareth Merchant, tinha ameaçado ir embora e levar os filhos. Sabe, naquela época...

— Sei – Meghan comentou - Então o papai surtou e cortou fora o pescoço dos quatro com a navalha.

— Uma bela história em família – Sam comentou - Mas como sabe que é com uma navalha?

— Você chegou a ver os primeiros corpos? Aqueles cortes são limpos, definitivamente feitos por uma lâmina afiada e já que o cara era barbeiro... – ela respondeu como se fosse óbvio.

— Como você sabe de tudo isso? – Sam perguntou impressionado – eu vi os cortes e a única coisa que ficou claro pra mim ali era o excesso de sangue. Nada de limpo.

— Eu sei de muitas coisas, Sammy – piscou e voltou à atenção ao arquivista - O senhor tem mais alguma informação sobre eles? Onde foram enterrados?

— A família toda foi cremada. – ele encarou o nada pensativo – esperem, acho que tenho um retrato da família em algum lugar – mexeu em uns papéis e puxou a foto, a mesma retratada no quadro, os entregou e voltou a mexer nos papéis.

Meghan pegou a fotografia e mostrou a Sam. Que, como a ruiva, encarava a foto com o cenho franzido.

— Tá pensando o mesmo que eu, não é? – Meghan assentiu.

— A foto é parecida, mas tem algo aí diferente do quadro, Sam – chamou o arquivista – se importa se tirarmos uma cópia?

— Precisa de uma foto do quadro pra quê? – Natasha falava com a irmã no telefone.

Ela e Dean tinham ido até a casa de Evelyn, a última vítima da pintura assombrada. Meghan já havia explicado à irmã sobre como a família tinha morrido.

É só pra tirar uma dúvida, manda logo Nat – Natasha deu de ombros e fez o que a irmã pediu. Meghan colocou o celular no viva a voz enquanto ela e Sam comparavam a foto e o retrato original – Tá vendo isso Sam?

— O que tá rolando? – Dean se aproximou de Natasha, que colocou o telefone no viva a voz também.

— Meghan tá comparando a pintura com o retrato original que o arquivista deu pros dois.

É o seguinte – Meghan voltou a falar – No retrato original o papai Merchant olha pra frente. Já no quadro...

— Ele olha pra baixo – Dean completou olhando o quadro pendurado na lareira na sua frente.

Isso – Sam falou – E tem mais, no original tem um quadro atrás da família, uma paisagem. Já no quadro...

Não é uma paisagem – Dessa vez Natasha completou e voltou à atenção para o quadro – Isso é uma cripta? – perguntou à Dean.

O Winchester então pegou um copo que estava ali perto e usou o fundo desse como uma lupa, lendo as letras miúdas da cripta. “Merchant”.

— Então o que é? Papai Merchant está preso dentro do quadro e a usa pra degolar mais famílias? – Dean a olhou confuso, ele não tinha ouvido a explicação que Meghan e Sam conseguiram com o arquivista, Natasha então explicou – parece que o pai matou os filhos e a esposa, se suicidando em seguida.

— A família toda morreu? – disse surpreso, Natasha assentiu – bizarro cara, bizarro.

Bom, parece que temos um lugar pra visitar – Meghan se manifestou – Precisamos saber onde é essa cripta. Quantos cemitérios têm na cidade?

— Acho que uns... Quatro. – Sam respondeu checando seu caderno de anotações.

— Ótimo – Dean suspirou.

— Nos encontramos no primeiro cemitério então? – Leu o primeiro nome da lista de Sam - Woodlake?

Natasha e Dean assentiram e foram encontrar os irmãos no primeiro cemitério.

 

 

— Acho que o tanto que nós andamos hoje dá uma maratona – Natasha comentou.

Os quatro já estavam no quarto cemitério, o que era bom, pois era certeza que a cripta era ali, afinal foi o único local que sobrou, porém era um baita azar eles terem deixado por último justo o cemitério certo.

— Nem me fale – Dean disse olhando em volta – tô morrendo de fome.

— Você sempre tá morrendo de fome, Dean – Sam respondeu.

— Ah, eu tô com fome também.

— Sério? Você concordando com o Dean? – Natasha indagou surpresa. Meghan deu de ombros.

— Qual é, a gente tá o dia todo andando e essa terra tá sujando minhas botas todinhas – comentou olhando pras botas de salto que usava.

— Ela sempre caça de salto? – Dean sussurrou pra Natasha, que fez que sim.

— Se um dia você ver ela sem, me avisa que eu mando interditar.

Dean disse baixinho um “doida”, mas não tão baixo quanto queria.

— Eu consigo ouvir você, Winchester – rolou os olhos e apontou para frente – É aquela ali, não?

Os caçadores se aproximaram e Sam assentiu quando leu “Merchant” na porta da cripta. Os irmãos então forçaram a porta de ferro e a abriram.

— Por Atena, que lugar – Meghan comentou entrando e batendo com a mão em uma teia de aranha ali.

— Bizarro – Dean disse olhando uma boneca dentro de uma cúpula de vidro – que merda é essa, mano?

— Era costume da época – Natasha deu de ombros - enterrar junto com a criança seu brinquedo favorito.

— Continua bizarro – Meghan se aproximou olhando a boneca também.

— Ei pessoal – Sam os chamou e apontou para as urnas – Só tem quatro urnas aqui.

— Da mãe e dos filhos – Natasha disse após ler os nomes com certa dificuldade devido ao pó acumulado.

— Então o pai não tá aqui? – Meghan cruzou os braços – ótimo.

— Talvez ele nem tenha sido cremado então – Dean comentou – Como vamos acha-lo?

— Eu tenho uma ideia. – Natasha disse.

Depois de decidirem quem ia atrás da informação e quem ia atrás de comida por pedra, papel e tesoura, Sam e Natasha estavam sentados do lado de fora da prefeitura com os pacotes de uma lanchonete na mão, enquanto Meghan e Dean estavam dentro do prédio procurando saber onde o pai havia sido enterrado.

Os dois conversaram banalidades enquanto comiam sanduíches.

— Não acredito, isso realmente aconteceu? – Sam assentiu rindo lembrando-se da vez em que o irmão passou um dia inteiro entendendo a língua animal – meu Deus, é inacreditável.

Natasha riu imaginando a cena e bebericou um pouco do suco. Os dois voltaram a ficar em silêncio, não muito confortável porque ambos tinham na cabeça a conversa da noite anterior, e tanto Natasha quanto Sam eram tímidos nesse quesito.

— Tem um... – Sam disse apontando para o rosto da moça – um cílio caído.

De imediato Natasha levou a mão à bochecha.

— Aqui? – Sam riu dizendo que não.

— No outro lado... Se importa se..? – a moça fez que não e Sam levou à mão ao rosto da jovem, tirando o cílio – aqui. Faz um pedido.

Natasha sorriu e fechou os olhos, como se desejasse algo. Em seguida, Sam assoprou o dedo, fazendo o cílio voar longe. Os dois sorriram e ficaram ali se olhando por um tempo.

— Então... O que pediu?

Natasha abaixou a cabeça fazendo graça.

— Se eu contar não realiza, Sammy.

— Tô vendo que o papo tá bom, mas precisamos trabalhar – disse Dean, se aproximando dos dois, Meghan veio logo atrás.

— Nós estávamos trabalhando! – Natasha rebateu e os entregou o pacote com sanduíches - E aí? O que descobriram?

— Se por trabalhar, você quer dizer flertar – Meghan deu de ombros ganhando um olhar furioso de Natasha. Dean riu da situação – bom, aparentemente a família ficou tão envergonhada da atitude do tal Isaias que não deixou os restos mortais ficarem junto com o resto da família.

— Ou seja, ele nem cremado foi – Dean deu uma mordida no sanduíche e voltou a falar ainda de boca cheia – foi enterrado no cemitério particular da prefeitura como os pobres.

— Então vamos a esse novo cemitério.

 

Os quatro estavam de frente para o túmulo de Isaias Merchant, já tinha anoitecido e a paisagem era digna de filme de terror. Dean e Sam abriam a cova.

— Cruzes! – Meghan disse ouvindo uma coruja piar – Já disse que odeio cemitérios?

Perguntou à irmã que assentiu.

— Odeia e é caçadora? – Dean perguntou na tentativa de importuná-la.

— Não é porque eu sou caçadora que eu amo um lugar escuro cercado de morte.

— Meghan! – Natasha repreendeu a irmã que estava sentada em uma lápide ali perto, balançando os pezinhos enquanto bebericava o resto do suco que restara do almoço improvisado dos caçadores – Dá pra ter mais respeito com os mortos?

Meghan deu de ombros. Dean pigarreou chamando a atenção das duas.

— As donzelas aí vão ficar fuxicando o dia todo ou vão ajudar?

— Nem ferrando que eu entro aí – Meghan apontou para o buraco – olha, em outra ocasião eu faria, mas meus sapatos já estão pedindo socorro com tanta terra.

— Além do mais, vocês só tinham duas pás – Natasha se justificou, encostando-se às pernas da irmã, que concordou.

Dean bufou e voltou a cavar, enquanto Sam achava graça da situação.

Depois de um tempo cavando, em meio às indiretas e reclamações de Dean, os dois bateram as pás no caixão.

— Já vai tarde, coisa ruim – Disse Dean jogando sal, álcool e logo em seguida tacando fogo em tudo. Os quatro esperaram os restos queimarem pra saírem dali.

— Acho que é isso então – Meghan disse abrindo a porta do Camaro – sem mais mortes esquisitas por aqui.

— Vocês vão embora hoje já? – Dean perguntou.

— Não mesmo, eu tô mortinha. Preciso dormir.

Dean riu do comentário da moça. Sam então disse.

— Olha gente, vocês não acham melhor a gente ir lá verificar se tudo deu certo mesmo?

— A gente queimou os restos mortais do cara, Sammy. Resolvemos.

— Seu irmão tá certo, Dean, não custa nada. A gente pode pelo menos ir lá queimar de vez a coisa – disse Natasha se referindo ao quadro.

Apesar de cansados, Meghan e Dean deram de ombros e entraram cada um nos seus respectivos carros e foram em direção à casa da última vítima.

— Você não vem? – Natasha perguntou para a irmã, que permaneceu no carro.

— Nop. E acho que o Dean também não – disse apontando pra frente, vendo que só Sam tinha descido do carro – Só lembra que eu tô aqui fora cansada e te esperando antes de mandar ver com o seu namoradinho, tá?

Natasha revirou os olhos e foi em direção a Sam, subindo as escadas até à porta de entrada. Enquanto ela mexia na fechadura pra destravar a porta, Dean ligou o rádio do carro, deixando tocar a música em alto e bom som.

I'm in love with the girl that I'm talking about
    I'm in love with the girl I can't live without
  I'm in love but I sure picked a bad time
To be in love

— To be in love – Dean cantarolou a última parte enquanto Sam fazia sinal pra ele desligar o rádio.

O Winchester desligou o aparelho e logo em seguida Meghan buzinou chamando a atenção de Dean que se virou e viu a moça rindo e mandando um joinha, aprovando a atitude de colocar a música.

Apesar de envergonhados, Sam e Natasha entraram na casa, indo até a lareira onde o quadro estava pendurado.

— Bizarro. – a moça comentou mais uma vez, como já havia feito umas mil vezes no dia.

No momento em que subiu na poltrona pra conseguir alcançar o quadro, ouviu um barulho de porta batendo.

— NAT? – no momento em que ouviu a batida, Meghan desceu correndo do Camaro, e Dean logo fez o mesmo. – NAT? NATASHA ME RESPONDE! – gritou batendo na porta da casa.

— Droga! Sammy! – Dean gritou enquanto dava vários de chutes na porta, mas nada adiantou, parou quando ouviu o celular tocar. Era o irmão – Sammy, diz que foi você que fechou essa merda.

Por que eu faria isso? — Sam gritou do outro lado da linha – A gente deixou alguma coisa passar, Dean.

A Natasha tá bem? – Meghan perguntou à Dean, como se pedisse para ele perguntar ao irmão, mas quando viu que Dean a ignorou, tomou o celular da mão dele – A Natasha tá bem, Sam?

— Sam disse olhando em volta, mas percebeu que a morena não tava ali – Nat, cadê você?

— Sam... – Meghan o repreendeu do outro lado da linha.

Sam andou até o outro cômodo e encontrou a caçadora encarando o quadro.

— Sam... Cadê a garotinha? – Disse apontando para o quadro. A menina não estava ali – E cadê a navalha?!

— Droga – Sam disse e na mesma hora sentiu um vento frio, se virou e deu de cara com a menina. Foi jogado pra longe por ela, que desapareceu logo em seguida.

SERÁ QUE ALGUÉM PODE ME DIZER O QUE DIABOS TÁ ACONTECENDO? – Meghan gritou. Natasha correu para socorrer Sam e pegou o telefone.

— É a menina Meghan! NÃO ERA O PAI, É A DROGA DA MENINA!

Dean e Meghan se encararam, a menina tinha sido cremada, como eles iam acabar com ela?

— Ferro – Natasha disse indicando a Sam o que procurar.

— e sal – ele completou.

Os dois foram atrás, mas não encontraram nada na cozinha, Natasha praguejou.

— Que droga de casa não tem SAL? – voltou à sala e encontrou Sam revirando as cadeiras, a procura de alguma estrutura de ferro. Virou-se em direção à Natasha.

— Cuidado! – gritou ao ver a menina, que estava com a navalha em uma mão e arrastando uma boneca na outra, surgir atrás da caçadora, e na mesma hora avançou em cima do espírito com um dos pés de uma cadeira, fazendo a menina sumir.

— Obrigada – Sam assentiu, ela pegou o telefone – Meghan, me escuta, é a boneca.

Que boneca Natasha? ­— Dean se intrometeu, o telefone estava no vivo a voz.

Pera, a que a gente viu hoje cedo na cripta?— Natasha fez que sim.

— Eu disse que era costume da época, o que eu me esqueci de mencionar é que muitas vezes as bonecas tinham parte do corpo da dona, como o cabelo.

Ótimo detalhe que você deixou passar. – Dean disse nervoso - Vocês vão ficar bem?

— Sim se vocês pararem de enrolar e irem logo queimar a maldita boneca – Sam disse. Ele tinha a barra de ferro erguida e olhava ao redor procurando a garotinha.

Não ouse morrer, Natasha! — Meghan disse antes de desligar o telefone.

Os dois então saíram correndo em direção ao Impala, que estava mais perto, e partiram em direção ao cemitério. Foram até a cripta o mais rápido que conseguiram e Meghan, mesmo de salto, a abriu com um chute. Dean a olhou impressionado.

— O que foi? – a moça perguntou e ele deixou quieto.

Foi até a cúpula, puxou a arma do cós da calça e bateu no vidro com o cano da pistola, mas foi em vão. Meghan rolou os olhos e puxou Dean para longe da cúpula, sacando sua arma e atirando com o vidro, que despedaçou por inteiro.

— Sério, Dean?! – disse pra si mesmo inconformado com a burrada que tinha feito, ainda mais perto da mulher.

— Tem um isqueiro aí? – disse o entregando a boneca.

Dean tentava acender o isqueiro, mas toda vez objeto apagava.

 

 

— É só uma boneca! – Natasha exclamou. – como eles tão demorando TANTO?!

Os dois estavam de costas para o outro, cada um com uma barra de ferro na mão caso a menina aparecesse de novo.

— Nat! – Sam apontou para frente, indicando a menina, mas antes que pudesse fazer qualquer coisa, foi lançado pro outro lado da sala ficando preso contra a parede por um móvel, sua barra de ferro foi lançada longe.

— Droga, Sam! – correu em direção ao rapaz tentando puxar o móvel que o prendia, mas não conseguia. Aproveitando que a caçadora estava distraída ajudando Sam, a menina se aproximou de Natasha, fazendo um corte na bochecha dela e partindo pra cima tentando a acertar no pescoço.

Quando Natasha estava pronta pra o pior acontecer, a menina começou a se contorcer e pegar fogo, desaparecendo e reaparecendo no quadro logo em seguida. Natasha foi até Sam e o ajudou a puxar o móvel, o soltando.

— Essa foi por pouco ein? – Ela suspirou aliviada, se jogando no chão ao lado de Sam.

— Nem me fale – passou a mão na bochecha da moça, que sangrava um pouco.

E então, a beijou. E Natasha, é claro, retribuiu o beijo, tão concentrada no momento que nem notou seu telefone vibrar em algum lugar da sala. Sam a puxou pra mais perto pela cintura e como consequência a caçadora se sentou no colo dele.

— Parece que meu desejo se realizou – disse parando o beijo por um momento. Sam sorriu e voltou a beijá-la.

— Mas que beleza, não é mesmo?

Os dois se separaram quando ouviram a voz. Tinham os rostos mais vermelhos do que pimentão de tanta vergonha.

— Eu tô o caminho inteiro morrendo de preocupação por que você não atende a droga do telefone e você tá aqui beijando, Natasha?! – Meghan esbravejou em direção à irmã, realmente nervosa e lançou um olhar de morte ao Sam que não sabia onde enfiar a cara, não mais pela vergonha, mas sim por medo de Meghan.

A ruiva então saiu da casa furiosa. Se fosse qualquer outra situação, ela teria aproveitado que pegou a irmã no flagra e feito piada para constrangê-la como adorava fazer, mas ela realmente tinha ficado preocupada quando viu que Natasha não atendia as ligações. No carro, voltando para a casa com Dean, Meghan temia que fosse chegar tarde demais. Entrou no Camaro e ficou esperando Natasha, que logo saiu da casa acompanhada dos Winchesters e todos foram de volta pro motel.

— O que deu na Meghan, cara? Ela ficou louca. – Sam perguntou a Dean, quando entraram no quarto.

— Não fale assim – Dean a defendeu, deixando Sam surpreso por isso. – Você não tava comigo no carro, cara. A gente ligou várias vezes, Sam. A Meghan ficou realmente preocupada.

Sam abaixou a cabeça.

— Eu sei – concordou – nós só não ouvimos o celular.

Dean virou-se para o irmão.

— Eu vi mesmo por que... – lançou um sorriso safado para Sam indo até o banheiro – Se deu bem ein, Sammy? – disse e fechou a porta.

 

 

 

— Você vai ficar sem falar comigo até quando? – Natasha esbravejou fechando a porta do quarto – já não bastou ficar de cara feia comigo o caminho todo de volta?

Meghan ignorou e tirou o casaco que usava, sentou na cama e fez o mesmo com as botas.

— É sério isso, Meghan?

Ela continuou sem dar bola pro que a irmã falava e foi até a geladeira.

— Acabou a cerveja – virou-se e deu de cara com Natasha a encarando de braços cruzados. Rolou os olhos – droga, Natasha! Custava ter atendido a porcaria do telefone?

— Eu já disse que não ouvi nada tocar.

— Eu vi mesmo o porquê! – disse em tom alterado e logo se conteu.

— Você tá sendo dramática Meghan! Não era você que tava cheia de piadinha sobre eu e o Sam mais cedo?

Meghan respirou fundo e virou-se para a irmã.

— Por Odin Natasha, eu não to falando sobre você ter beijado o Sam! – esbravejou – Será que você não percebe o quão preocupada eu fiquei quando você não atendeu? No caminho todo de volta eu só conseguia me culpar por ter feito piada e deixado você entrar sozinha naquela maldita casa! – o olho da caçadora marejou – eu achei que ia chegar tarde demais.

— Meghan... – Natasha se aproximou da irmã – me desculpa tá? Você tem razão, eu não imaginava que você tinha ficado tão preocupada.

— Não. – discordou – você tá certa, eu exagerei. Entrei falando daquele jeito com você te deixando na maior saia justa. Eu só fiquei com medo, Nat. De perder outra pessoa por não levar as coisas a sério.

Natasha não disse nada, apenas abraçou a irmã. Ela tinha ficado chateada com a atitude de Meghan, mas sabia que era só excesso de preocupação e achou melhor esquecer o assunto.

— Mas e aí – Meghan disse se afastando do abraço – o Sam beija bem? – sorriu em tom malicioso, fazendo Natasha ficar com as bochechas vermelhas.

— Por quê? Tá interessada? – disse desviando do assunto arrancando uma risada de Meghan.

— Apesar de o Sam ser lindo, não. Pode ficar, é todo seu. – Natasha deu de ombros, mas suas bochechas ainda queimavam – Olha lá, ficou até vermelha com a ideia! Aliás, a pirralha te atingiu com a navalha? – disse olhando o corte na bochecha da irmã que assentiu. – Hm, vem, vamos dar um jeito nisso.

As duas então foram em direção ao banheiro e Meghan limpou o corte, depois, ficaram o resto da noite conversando até pegarem no sono.

 

 

 

No dia seguinte, Meghan e Natasha estavam prontas pra irem embora da cidade. As duas ajeitavam as coisas no carro quando Meghan viu Sam se aproximar.

— Seu namoradinho tá vindo aí – disse a Natasha, que tirou a cara de dentro do porta malas pra olhar – aproveita pra dar tchau porque eu quero ir embora logo.

— Sabe, você devia...

— Nem vem, não vou me desculpar com o Sam. – ela respondeu já sabendo o que a irmã ia propor. Natasha rolou os olhos.

— Ela é toda sua – Meghan disse ao passar por Sam e voltou ao quarto.

O caçador se aproximou e deu um sorriso tímido.

— E aí? Já vão? – Natasha assentiu e fechou o porta malas.

— Parece que a viciada em trabalho aí já achou um caso pra gente – disse referindo-se à irmã.

— Aliás, qual foi da sua irmã surtar daquele jeito? – Sam recostou na porta do Camaro.

— Ah, não pega mal. Não é nada com você. - Natasha suspirou e encostou ao lado de Sam – eu ela tava certa, eu devia ter ligado pra avisar que tá tudo bem. Eu sei como a Meghan é. Não é surpresa alguma ela ter ficado brava.

— Superprotetora? – a moça assentiu – é engraçado, você é a mais velha e ela age como se você fosse responsabilidade dela ou algo assim.

— é... Mas ela não foi sempre assim sabe? – Natasha fitou Sam – ela hoje é essa caçadora durona e superprotetora que você vê, mas ela era bem diferente antes de... – Natasha fez uma pausa.

— Antes de? – perguntou encorajando-a falar. A caçadora deu respirou fundo.

— Antes de nossa mãe morrer – deu um sorriso triste tomada pelas lembranças. – Meghan estava com ela sabe? Não gostava nenhum pouco dessa vida de caçadora e logo ia partir pra faculdade, mas então um caso apareceu e eu estava ocupada ajudando um amigo da família... Meghan era o xodó da minha mãe e por isso ela não queria deixar de jeito nenhum minha irmã sozinha, então Meghan aceitou ir junto depois de muito apelo. – os olhos da caçadora marejaram – Enfim, o que era pra ser algo simples, acabou se tornando complicado. Meghan achou que tinha resolvido tudo e deu o caso por encerrado. Quando voltou ao motel, encontrou mamãe... Morta.

— Eu sinto muito, Nat.

Uma lágrima escorreu pelo rosto de Natasha, que a limpou rapidamente com o dorso da mão. Sam assistia a cena com o semblante triste pela perda da caçadora.

— É, eu também. Enfim, um monte de coisa aconteceu após isso e nós nos separamos. Voltamos a nos falar quando em uma das caçadas eu fui pega por um grupo de vampiros, se Meghan tivesse demorado alguns minutos a mais, eu tava mortinha – riu pelo nariz.

— E desde então vocês voltaram a caçar juntas? – assentiu – e Meghan passou a se achar responsável por você.

— Tipo isso. Coisa de irmã sabe? Eu a protejo e ela me protege. Mas ela se culpa muito pelo o que aconteceu à nossa mãe, então acha que precisa me proteger o dobro.

— Eu entendo. Com o Dean é a mesma coisa, ele tá sempre bancando o irmão mais velho que precisa cuidar de mim, até quando é ele quem precisa de cuidados.

Os dois deram de ombros.

— Irmãos... – falaram juntos e riram.

 

 

Meghan fechou a última mala de roupas quando ouviu a porta abrir.

— Já se despedi... - virou-se em direção a porta – Dean. Você não sabe bater não?!

— E aí? – ele disse com a cabeça pra dentro do quarto – Foi mal, achei que o Sam tinha vindo aqui, sabe... Pra se despedir da Natasha.

Meghan fez menção pra Dean entrar, ele então se encostou à mesa que havia ali.

— Os dois tão conversando lá fora.

— Acho que vou lá então.

Meghan então foi até a janela que dava pro estacionamento do motel e olhou para fora, vendo a irmã e Sam aos beijos.

— Eu acho melhor não. – riu pelo nariz e apontou para fora. Dean caminhou até ela e balançou a cabeça vendo a cena.

— Irmãos... A gente sempre de olho pelos mais novos.

— Na verdade, eu sou a mais nova. – Meghan o corrigiu.

— A Natasha é mais velha que você?! – disse surpreso.

— Por quê? Tá me chamando de velha, é Winchester? – cruzou os braços lançando um olhar de morte ao caçador.

— Não, não é isso – logo se corrigiu com medo do olhar da ruiva – é só que você é bem protetora em relação à Natasha. Quase morreu do coração ontem à noite e quando ela foi pega no caso das Vetalas, aí achei que era coisa de irmã mais velha.

— É, eu sou mesmo. Às vezes passo do limite até. – Dean a olhou – Só tenho medo de que algo aconteça, ela é tudo que eu tenho nessa vida.

— Sei bem, não posso dizer nada porque sou assim com o Sam também. Aliás, obrigado pela ajuda ontem.

Meghan deu de ombros.

— Nós até que formamos uma boa dupla – admitiu – você com suas piadas fora de hora e senso de humor ruim...

— E você com suas roupas que viram armas – disse lembrando-se do último caso juntos, no qual a moça usou o salto para matar uma Vetala. Meghan riu.

— Você precisa admitir que foi bem maneiro – Dean sorriu e concordou.

— Então, vocês já vão? – Perguntou voltando à atenção a Meghan.

— Uhum. Tem umas mortes estranhas acontecendo em Ohio. Vamos dar um pulo lá pra ver. E vocês?

— Acho que vamos hoje também, não tem mais nada pra fazer por aqui. – deu de ombros.

Os dois se encararam por um momento, em um silêncio um pouco constrangedor.

— Então, vamos? – apontou para fora – ou aqueles dois vão ficar pra sempre aos amassos e eu pretendo ir embora hoje ainda.

Dean riu e assentiu, pegando a mala da caçadora e saíram em direção ao estacionamento.

— Vocês dois vão ficar no amor aí até quando ein? – Dean disse aproximando-se do casal, que se separou.

— Posso ser a madrinha? – Meghan comentou.

—Há há há! Vocês são sem noção assim sempre ou só hoje? – Natasha disse se afastando de Sam.

— Os pombinhos se despeçam logo aí que eu quero chegar antes de anoitecer.

Meghan então abriu o porta malas, Dean guardou a mala que carregava.

— É então... Boa viagem – disse pensando se abraçava a ruiva ou não para se despedir.

— Pra vocês também – Meghan tinha a mesma dúvida – só não ouse aparecer na minha frente de novo tentando roubar outro caso meu.

— Pode deixar – sorriu e, mesmo com receio, abraçou a ruiva que retribuiu.

 

— Nos vemos na próxima vez que vocês decidirem se meter nas nossas caçadas – Natasha disse tirando um sorriso de Sam.

— Olha, se depender da fúria que a sua irmã fica quando isso acontece, o Dean não vai querer nunca mais tomar um caso de vocês.

— Não sei se concordo... – apontou para o outro lado do carro, onde Dean e Meghan se abraçavam e sorriam para o outro.

— No mínimo estranho... – Sam comentou sobre a cena - Acho que devíamos intervir antes que os dois saiam no soco.

— Ou não, eu adoraria ver a Meghan acabando com o convencido do seu irmão.

Sam abaixou a cabeça e riu. Natasha o deu um beijo de despedida.

— E eles não cansam... – Meghan disse se aproximando – vamos senhorita?

— Vamos – Natasha disse e se aproximou de Dean – Tchau, Dean.

— Tchau Nat – deu um abraço na moça.

— Tchau Sam – Meghan disse e Sam fez o mesmo que o irmão, a abraçou.

 

As duas entraram no carro, Natasha como motorista e Meghan no banco do passageiro. Acenaram para os dois e deram partida.

— Quem diria que a minha irmãzinha ia ficar tão boba por um nerd, hein?

Natasha revirou os olhos.

— Como se você não fosse uma! E eu não tô boba coisa nenhuma – esclareceu – Aliás, você e o Dean precisavam ficar me envergonhando daquele jeito?

Meghan riu e apertou a bochecha da irmã.

— É que vocês são tão fofinhos – Natasha torceu a boca e tirou a mão de Meghan de sua bochecha.

— Hm. É o que foi aquela demonstração de amor entre você e o Dean?

— Pessoas normais chamam de abraço, Natasha.

— Uhum... Pra quem antes não queria ver o cara na frente, você até que tava bem tranquila.

Meghan deu de ombros.

— Ele é suportável quando fica de boca fechada.

— Sei... Então, pra onde vamos mesmo? – perguntou voltando a prestar atenção na estrada.

 

 

— Então você e a Natasha...

— O que foi agora, Dean?

— Só tô dizendo, cara. Ela é uma mulher legal.

— É mesmo – Sam concordou dando um sorriso de canto, que logo se desfez quando viu o irmão o olhar rindo.

— Ó Sammy, que bonitinho... – Mexeu no cabelo do irmão, o bagunçando só pra provocar.

— Você é insuportável assim sempre? – tirou a mão de Dean dali – você e a Meghan combinam mesmo – Dean não disse nada – o que foi? Não vai protestar contra o que eu disse?

Deu de ombros.

— Vou falar o que? Ela até que é legal.

— Nossa, que evolução.

— Isso, Sam, se chama maturidade – Dean disse e Sam riu do irmão.

— Você e maturidade na mesma frase? Achei que nunca ia ouvir isso.

— Sou um novo homem, Sammy. – piscou.

E assim os dois irmãos voltaram ao quarto a fim de procurarem um novo caso.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E foi isso!
Fiz a releitura desse caso que gosto tanto do meu jeitinho, espero que tenham gostado.
Comentários, críticas, ideias... Já sabem, fiquem a vontade para falar.
Até mais!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Wayward Sisters" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.