Great Expectations escrita por isa, Jones


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Olá! A gente ficou tão feliz com o carinho recebido no prólogo pequenino que não tivemos coragem de guardar esse primeiro capítulo até semana que vem.

Nós esperamos de verdade que vocês continuem gostando! Um beijo.



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— Bem-vindos ao primeiro semestre do ano letivo de 1994. - uma voz masculina simpática soava nos alto-falantes pretos envoltos de madeira escura no corredor. - Os novos estudantes devem se dirigir ao grande salão para orientação. Repetindo: os calouros devem se dirigir ao grande salão para orientação. Placas indicativas ou monitores estão à disposição para direcionamentos.

Harry Potter olhou em volta ansioso e confuso, achando que aquilo tinha começado de uma maneira nada interessante. Resolveu que seria mais prudente seguir aqueles com altura parecida com a sua, olhos perdidos e nenhum emblema no uniforme.

Aliás, o fato de usarem uniformes foi a primeira coisa que o espantou. Nenhuma das escolas públicas que estudara enquanto estivera sob a guarda dos tios tinha uniformes e por isso ele sempre associava esse tipo de vestimenta à riqueza, já que seu primo sempre ostentava vestes parecidas com aquelas.

— É uma escola referência. - uma garota que parecia ter a sua idade, além de grandes cabelos volumosos disse ao lado dele como se pudesse ler seus pensamentos. - Por isso os uniformes. Vamos receber nossos emblemas e nossas gravatas após a orientação.

— Gravatas? - outro rapaz que parecia prestes a vomitar disse com uma careta ao lado dela. - Eu esperava que já tivessem desistido dessa ideia quando eu viesse para cá, veja, todos os meus cinco irmãos estudaram aqui.

— Cinco? - Harry Potter murmurou surpreso. Não sabia como era ter um irmão, já que o mais próximo que havia tido disso fora Duda, que não era a pessoa mais fraternal que conhecia.

— O que posso dizer? - ele encolheu os ombros. - Meus pais realmente queriam ter uma menina. Precisaram tentar seis vezes até conseguir.

— Uau. - Harry e a garota disseram em uníssono.

— Sou Harry Potter. - ele estendeu a mão para o rapaz ruivo que parecia um pouco menos verde agora.

— Ronald Weasley. - ele murmurou. - E você?

— Hermione Granger. - a garota se empertigou. - Agora vamos! Não devemos nos atrasar.

Eles caminharam com pressa em direção ao grande grupo dos alunos que se reunia na porta adjacente ao grande salão. Uma professora mais velha, entre os cinquenta ou sessenta anos, dizia algumas palavras:

— Vocês devem esperar serem chamados para os dividirmos em seus respectivos grupos de orientação. – o trio observou a mulher que falava: ela tinha o cabelo preso em duas tranças embutidas que formavam um coque muito firme de fios grisalhos. - Os seus grupos de orientação são também chamados de "casas"; são onde vocês vão se reunir, participar de esportes, gincanas e clubes, sendo também avaliados em relação ao comportamento e interação interpessoal entre seus pares e os demais grupos. Aos que se inscreveram em situação de dormitório, vocês vão receber as informações de alojamento e moradia após a primeira orientação. Entendido?

— Sim, senhora. - todos responderam juntos e a assistiram se encaminhar para o grande salão para cochichar algo com o homem de roupas excêntricas e óculos pequenos demais para o seu rosto. Não havia nada em sua aparência que indicasse sua função e talvez por isso mesmo ele usasse aquele pequeno adesivo de identificação no peito que dizia “olá, eu sou o diretor Dumbledore”.

— Então é verdade. - um rapaz loiro e pálido que Harry já tinha visto anteriormente em Hogsmeade, quando comprava seu uniforme com Sirius, o encarava de cima a baixo. - Me disseram que Harry Potter frequentaria Hogwarts esse ano. Você é Potter?

— Sim. - Harry disse, observando agora os outros garotos que o faziam companhia. Pareciam ricos como o garoto que falava, mas eram mais corpulentos e fortes, mal-encarados. Portavam-se como se fossem dois seguranças do menino louro.

— Esses são Crabbe e Goyle. – o garoto apontou para os grandalhões ao seu lado notando que Harry os encarava. - E eu sou Draco Malfoy.

Ronald Weasley mal pôde evitar girar os olhos. Draco sempre falava seu nome com uma pompa exagerada, como se fosse o rei do Reino Unido.

— O que foi? - ele se voltou para Ronald com o rosto enfezado e uma voz agressiva. - Eu sabia que teria um Weasley no meu ano. São sempre inconfundíveis, cheios de sardas, cabelos ruivos e mais filhos do que poderiam sustentar.

Harry olhou para a face desconsertada e vermelha de Ronald e se sentiu mal por ele.

— Você não vai demorar para descobrir que nesse lugar existem algumas famílias bem melhores que as outras, Potter. Você não vai querer se misturar com essa gente miserável. Posso te ajudar com isso.

— Acho que eu sei diferenciar o bom do ruim sozinho. Muito obrigado. - Harry o encarou nos olhos cinzentos com as mãos nos bolsos da calça enquanto Draco Malfoy se enrijecia.

— Você não é muito cuidadoso, não é, Potter? - Draco disse num tom irônico quase ameaçador. - Você deveria ter mais cuidado para não se misturar com gente podre como os Weasley, se não vai acabar como seus pais.

— O que você disse? - Ronald se colocou na frente de Harry.

— Uh. Ele quer bater na gente. - Malfoy caçoou.

— Se eu fosse você se retirava. - Harry respondeu com mais coragem do que estava sentindo.

— Eu não quero ficar perto demais dessa gente mesmo. Não desejo ver se a teoria de que pobreza pega é real. - Draco se sentiu brilhante arrancando uma risada falsa de Goyle e nada de Crabbe, que foi devidamente castigado com o olhar.

O recente trio assistiu Crabbe, Goyle e Malfoy se afastarem, e parecia que todos tinham os ombros tensos, relaxando apenas quando o bando de Malfoy— como eles não demorariam a apelidar os garotos – se encontravam bem longe, do outro lado da aglomeração de alunos.

— Eu acho que eu tenho sorte de ele não me conhecer. - Hermione murmurou, cruzando os braços. - Sujeitinho babaca.

— Meu pai trabalha no parlamento e lida com o pai desse palhaço todos os dias. - Ronald girou os olhos. - Gentinha convencida e prepotente.

— Por que as pessoas sabem quem você é? - ela perguntou de ombros encolhidos para Harry, com medo de dizer algo constrangedor que fosse de conhecimento público ou de admitir que não sabia de algo.

— Meu padrinho é um rockstar escandaloso e muito famoso dos anos 70/80. Assim como o meu pai era, eu acho, não sei bem sobre a parte do escandaloso. - Harry deu de ombros. - E meus pais foram vítimas de um crime louco que envolvia um serial killer que morreu enquanto tentava me matar. Eu sou meio que o moleque sobrevivente. – Potter disse, tentando não pensar muito sobre o assunto que era dolorido.

— Ah! Eu lembro dessa história. A versão inglesa do caso Tate-LaBianca. – Ron disse em voz alta o que vinha pensando, antes de acrescentar num tom mais baixo: - Que infância divertida. - murmurou sarcasticamente e Harry quis abraçá-lo por não o encarar com piedade como todos faziam. Na verdade, isso o fez rir de alívio, fazendo Ronald e Hermione rirem também.

— Vocês são dois loucos. - ela girou os olhos sendo levada pelo monitor que os organizaria em ordem alfabética.

*

Eles foram selecionados para a Grifinória. Harry não sabia muito bem o que isso significava ainda, mas estava feliz de não ter parado na mesma casa que Draco Malfoy. Durante todo o processo ele tentou se manter perto de Ronald porque isso lhe conferia uma certa calma, um senso de comunidade prévia que ele não conseguiria evocar sozinho. Weasley era divertido e compartilhava todas as informações que julgava importantes com Harry – como o fato de que, de acordo com seu irmão mais velho Bill, se você batesse três vezes na máquina de doces do terceiro andar no corredor oeste, por vezes você conseguia doces de graça.

Além disso, no momento em que Ron dividia isso com Harry, se aproximaram com interesse um calouro irlandês chamado Simas Finnigan e um rapaz negro chamado Dean Thomas. Rindo com os meninos, Harry considerou que isso era mais do que ele havia tido durante todo o solitário e miserável ensino fundamental – onde ele passava os intervalos escondido em pontos estratégicos para não apanhar de ninguém. À época, ele era um garoto realmente franzino e baixinho. Agora, com uns centímetros a mais e sendo bem alimentado por Sirius Black, a desproporção de tamanho em relação a outros garotos de sua idade não parecia tão grande.

E, se a princípio ele havia ficado assustado com a escola nova, a imponência dos corredores muito limpos e o excesso de informações, naquele instante em que ele jogava conversa fora com Finnigan, Thomas e Weasley enquanto os outros calouros eram selecionados para suas respectivas casas, Harry Potter percebeu que a escola poderia não ser um pesadelo completo.

Há uns metros de distância, Hermione Granger sorriu, sentindo um pouquinho de inveja. Ela também fora uma criança solitária e embora estivesse convencida de que isso não era exatamente um problema, ela havia ficado feliz com a breve interação com Ronald e Harry. O suficiente para considerar se aproximar uma outra vez, o que ela acabou desistindo de fazer porque havia algo de intimidante em um grupo masculino de adolescentes rindo juntos que parecia gritar “fique fora disso”; ao menos na visão dela, uma menina de 14 anos e poucas habilidades sociais.

Ignorando as mãos suadas, Granger olhou para as garotas que estavam por perto e que também tinham sido selecionadas para a grifinória. Havia Lavender Brown, uma menina que dividia com ela o mesmo tom de pele cor de canela. As semelhanças, até onde Hermione podia observar, se encerravam aí. Lavender era uma garota bonita que sabia que era bonita. Ela tinha uns olhos cor de oliva e cachos abertos que lhe desciam em cascatas pelos ombros e já tinha recebido uma porção de olhares do momento em que cruzara a porta principal de Hogwarts até aquele instante. Ao seu lado, Parvati Patil, era outra caloura que poderia se passar por uma garota de 17 anos. A menina de traços indianos tinha a pele um tom mais escura que a de Hermione e de Lavender e uns olhos escuros amendoados que perturbaria os sonhos de um monte de adolescente. Seus cabelos igualmente escuros lhe desciam lisos pelo colo e Hermione não precisava ser tão inteligente quanto de fato era para saber que ali estavam as novas beldades da grifinória. 

Isso lhe rendeu calafrios. Ela voltou a olhar para Harry e Ronald com um ar de resignação conformada, até que seus olhos pousaram em um garoto que parecia bem mais inseguro do que ela própria. Não conseguia se lembrar do nome do pobre menino que sofria com um caso severo de acne, mas se tratava de Neville Longbottom, e ele realmente estava à beira de um colapso nervoso.

Hermione se sentiu tomada por uma onda de comoção, mas continuou no mesmo lugar em que estava. Já era difícil lidar com a própria ansiedade, não estava certa de que estava apta para ajudar outra pessoa. Ela continuou observando os colegas que iam se juntando ao grupo de calouros, mas ninguém do seu próprio grupo lhe chamou muita atenção. Hermione notou, no entanto, uma garota do outro lado do salão que havia sido selecionada para a Corvinal: seu rosto era parecido com o de Parvati Patil, embora, por alguma estranha razão, ela parecesse ter quatorze anos, como Hermione. Seu cabelo liso estava preso em um rabo de cavalo e ela não conseguia evitar uma careta quando olhava para o que Hermione presumia ser sua irmã. 

Ali estava, enfim, uma garota de quem ela sentia que podia ser amiga. Sentindo-se deslocada e levemente deprimida por ter sido selecionada para a Grifinória ao invés da Corvinal (onde parecia se concentrar uma grande quantidade de excêntricos, é verdade, mas também de nerds e gente com cara de intelectual), Hermione Granger suspirou antes de acompanhar a grande massa de calouros que agora acompanhava os monitores na saída do auditório. Apesar de tudo, parecia um inicio mais promissor do que todos os seus anos até então.


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Notas finais do capítulo

Então, inspiradas pelas recentes fanarts do nosso trio preferido, nós decidimos que em Harry Potter já existe gente branca demais e por isso a Hermione não é aqui, haha. Nós somos do time "TACA REPRESENTATIVIDADE EM TUDO MESMO!" e acabamos estendendo o mesmo conceito para a Lilá, que divide o tom de pele da Hermione. Isso porque a gente acha que a etimologia do sobrenome dela deixa a gente confortável pra essa licença poética (e também porque é claro que ela e a Parvati vão meio que ser As patricinhas de Beverly Hills aqui e a gente queria demais quebrar a expectativa com todas as personagens desse arco não sendo loiras hehehe)

É isso! Um beijo e até o próximo.