Alvorecer escrita por Mermaid Queen


Capítulo 6
Reconciliação


Notas iniciais do capítulo

alerta de capítulo fofo, cuidado pra não morrer de amor como aconteceu comigo hehe
e perdão pela demora! eu tinha falado atualizações às terças e sextas, mas com a faculdade ficou meio impossível 3 mas capítulos novos às terças OU às sextas então!



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Eu definitivamente havia subestimado os humanos.

Aliás, não os humanos. Os homens continuavam agindo de maneiras bastante desprezíveis, para falar a verdade. Só me surpreendiam de maneiras negativas.

Mas as mães humanas?

Grace parecia um superbebê. Não sei se todos os bebês humanos são assim, e também nunca conheci um bebê vampiro para saber. Mas eles não dormem nunca? E então as mães também não dormem nunca? Nunquinha?

De qualquer forma, eu também não durmo nunca. Então não é como se Grace pudesse me causar esse tipo de sofrimento, só me dava muita coisa no que pensar. Porque tempo eu também já tinha.

Como se fosse pudesse ler meus pensamentos e fosse a sua deixa, Grace despertou de sua curta soneca e já recomeçou a chorar. Emmett andou até ela e a pegou no colo, embalando-a.

— Perdeu de novo – disse ele, rindo.

Emmett vinha fazendo piada sobre isso nos últimos dias e estava verdadeiramente se divertindo. Eu ainda não havia entendido completamente, e estava ouvindo enquanto ele explicava para Jasper no outro dia:

— Daí, ela começa a chorar, e os pais demoram um tempo para acordar e entender o que está acontecendo, sabe?

Jasper assentiu com a cabeça lentamente, com as sobrancelhas juntas e os olhos semicerrados. Não fazia muita ideia de aonde Emmett estava querendo chegar.

— E nessa hora o bebê ganha, porque ele consegue fazer o quanto de escândalo quiser. Mas ela não pode ganhar de mim. Porque eu nunca estou dormindo – concluiu ele, orgulhoso de si mesmo.

— E ela ganha o quê? – perguntou Jasper, ainda confuso.

— Ela ganha se consegue me pegar de surpresa – disse Emmett, como se fosse óbvio. – Mas ela nunca consegue. Eu nunca a deixo fazer escândalo. Então ela sempre perde.

Para finalizar, ele sorriu. Jasper abriu um sorriso de resposta devagar, depois de claramente não ter entendido nada.

E o ponto a que eu queria chegar é: eu subestimei as mães humanas. Os bebês sempre ganham delas, e mesmo assim elas não desistem.

Droga, acho que acabei entrando na brincadeira de Emmett também.

As manhãs com Grace eram bem agradáveis. Geralmente, ela não chorava e parecia gostar de olhar através do vidro. Eu queria perguntar a Edward se ele podia ouvir o que ela estava pensando, mas sinceramente preferia comer o estofado do sofá a pedir ajuda a ele.

Então apenas aceitei essa limitação e continuei a apreciá-la, enquanto seus olhinhos escuros admiravam as árvores e o céu nublado.

Bella vinha me ajudando também, e preciso admitir que boa parte da minha antipatia em relação a ela já havia ido embora. Talvez toda a minha antipatia já houvesse ido embora, mas eu ainda não conseguia admitir isso nem para mim mesma. Ainda tinha uma reputação a manter.

— Você coloca esses alarmes no celular – explicou ela. – E aí nunca vai se esquecer de alimentá-la.

— Ela também não me deixa esquecer – respondi, brincando. – Se estiver com fome, começa a chorar tão alto que talvez o seu pai consiga ouvir da casa dele.

Esfreguei a ponta do meu nariz no nariz de Grace, sentindo o calor da pele dela. Afastei-me rapidamente, não querendo que ela sentisse o frio da minha. O cheiro dela se amainava cada vez mais para mim. Era um alívio que eu estivesse ficando mais tolerante, porque me perturbava profundamente a possibilidade de perder o controle e atacá-la.

— E aí é só aquecer – continuou Bella, ligando o fogão.

Percebi que eu não estava prestando atenção no que ela falava antes e me senti um pouco culpada.

— Quanto tempo pode ficar no freezer? – perguntei, torcendo pra que ela já não tivesse dito aquilo.

— Ãhn… - murmurou ela, descendo pela página na internet enquanto procurava.

— Três meses, Rosalie – disse Edward, chegando na cozinha de repente. – E só 12 horas na geladeira depois de descongelar.

Estreitei os olhos para ele. Até Bella olhou, meio desconfiada.

Edward mantinha uma expressão neutra. Desviei os olhos dele. Imaginei que estivesse querendo se exibir, porque adorava falar que tinha dois diplomas de medicina. Principalmente agora que eu estava prestes a entrar na minha primeira graduação de medicina.

— Obrigada, Edward – falei, contida.

Despejei o leite na panela que Bella colocara sobre o fogo.

— Tem alguém aqui que quer vê-las – disse ele.

Olhei em volta imediatamente, querendo ouvir Emmett para descobrir onde ele estava. Edward não disse nada sobre quem estava na porta, e eu não apareceria lá com a minha filha. Também não a deixaria com Edward.

— Não precisa disso, Rosalie – murmurou Edward, erguendo as mãos em rendição.

— Não vou fazer nenhum mal – disse outra voz, e o dono dela imediatamente surgiu no topo das escadas. — Afinal, quem tem o maior potencial de machucar um bebê aqui são…

— Não começa, Jacob – Bella cortou, cruzando os braços.

Apertei Grace nos meus braços, virando-me de lado para colocá-la o mais longe possível dele.

— É sério, Rosalie, eu vim em paz – Jacob insistiu, e abriu um sorriso.

— E veio em paz para quê? – perguntei, ainda na defensiva.

Jacob ergueu as mãos no ar, em sinal de rendição.

— Só quero conhecer o bebê, é claro.

Bella olhou para ele, e depois lentamente para mim. Mantive meus olhos em Jacob por um tempo, tentando detectar qualquer outra intenção em seu tom de voz, mas não havia nada de estranho. Grace puxou uma mecha do meu cabelo, distraindo-me.

— Espera, Grace – sussurrei, ainda com os olhos em Jacob. – Mamãe vai brincar com você daqui a pouco.

Jacob ergueu as sobrancelhas e sorriu.

— É outra garota? – exclamou. – Nessie deve ter ficado feliz. Onde ela está?

A postura de Bella relaxou, e senti a minha também perder a tensão devagar. Os batimentos de Jacob estavam normais. Quando as pessoas estavam prestes a entrar em um conflito, o coração se acelerava. Mas nada disso parecia acontecer. O rosto dele também não tinha muitas mudanças estranhas, e a curiosidade e surpresa pareciam genuínas.

Suspirei e coloquei Grace no chão. Ela ainda não engatinhava perfeitamente, mas já estava indo muito bem. Eu havia me agitado quanto a isso. Achava que todos os bebês sabiam engatinhar, e o meu não conseguia. Mas aparentemente Grace só desenvolveria essa habilidade por volta dos nove meses, que era onde nos encontrávamos agora.

Observei enquanto meu neném com seus oito lindos meses engatinhava penosamente até Jacob, que sorria de volta para ela.

 Jacob esperou até que Grace chegasse até ele, e então a pegou no colo. Eu me encolhi, mas nada aconteceu além de uma risada agradável da minha filha para ele.

Percebi, de repente, que entendia uma parte do sentimento de Edward em relação a Jacob quando vi Grace relaxar nos braços dele. Nós nunca poderíamos… produzir calor. Aquele simples fenômeno aproximava as pessoas de uma forma impressionante, quase magnética e alguém como nós jamais seria capaz de reproduzir isso.

Olhei para Edward de soslaio, e o encontrei me encarando de volta com um sorriso triste no rosto. Ele devia ainda se sentir assim com Renesmee, essa limitação que nós tínhamos enquanto vampiros.

— Ela é muito bonita – disse Jacob, acariciando o topo da cabeça dela. – Estou orgulhoso de você, Rosalie. As crianças racializadas costumam ser preteridas nas adoções e crescem em orfanatos.

Engoli em seco. Primeiro, porque Jacob estava sendo legal comigo, apesar de manter o tom distante. Segundo, porque algo na voz dele demonstrava que ele conhecia crianças como aquela.

Encolhi os ombros.

— Acho que foi ela quem me escolheu – falei, sem graça. – Que bom que ela não tem nada contra vampiros.

A expressão de Jacob vacilou, mas voltou ao semblante simpático rapidamente. Ele olhou para Grace, e depois para mim.

— E o que vocês vão fazer com ela? Você vai nas reuniões de pais com essa cara de sanguessuga?

Edward e Bella riram, e sorri involuntariamente.

— Vamos educá-la em casa, junto com Renesmee – expliquei.

Enquanto falava, tirei o leite do fogo e coloquei um termômetro nele. As mães humanas haviam me superado dessa vez. Eu podia nunca estar cansada, mas minha pele simplesmente não seria capaz de pedir a temperatura adequada do leite como elas faziam.

— Quando Grace tiver idade suficiente, vamos explicar tudo a ela – continuei. – E, se quiser, pode ir para o Ensino Médio como qualquer outro adolescente.

— Só não sei por que ela iria querer isso – resmungou Edward.

— Ei, meu ensino médio não foi tão ruim – disse Bella, e eu e Edward rimos. O silêncio de Jacob também tinha um significado.

Levei a mamadeira até Jacob. Fiz menção de oferecer direto para Grace, mas parei.

— Quer dar a mamadeira para ela? – perguntei, meio hesitante.

Jacob também se surpreendeu, mas pegou a mamadeira silenciosamente.

Eu voltei ao lugar de antes sem dizer mais nada.

— E de onde vem esse leite? – perguntou Jacob, enquanto alimentava Grace.

— O banco de leite – expliquei. – Pessoas doam o leite para outras pessoas que não podem amamentar. E eu definitivamente não posso.

Jacob assentiu.

Enquanto ele brincava com Grace, Renesmee apareceu.

— Tia Alice já acabou a lição? – Bella perguntou, quando Nessie a abraçou.

Imediatamente, Jacob ergueu o olhar para Nessie. Bella o olhou com uma expressão que eu não pude identificar, mas não era necessariamente negativa. A raiva que ela sentira pelo imprinting de Jacob com Renesmee já passara havia um tempo. Agora, parecia que ela tentava entender os sentimentos dele em vez de querer chutá-lo até a morte.

Eu achava isso louvável. Porque eu o teria chutado até a morte.

— Já – disse Alice, aparecendo na cozinha. – Ah.

Ela pousou rapidamente o olhar em Jacob, mas desviou o olhar com gentileza. Pela cara dela, imaginei que não tivesse conseguido notá-lo em suas visões, já que os lobisomens nunca apareciam visíveis, e aquilo a frustrava.

— Oi, Jake – disse Renesmee, abraçando-o também.

Jacob a abraçou de volta desajeitadamente, com Grace no colo. O olhar dele sobre ela não era mais algo que me irritava de alguma forma. Era puramente carinho. Como se ele estivesse disposto a matar para protegê-la.

Aliás, como se, não. Ele estava.

— O que você aprendeu hoje com Alice? – Jacob perguntou, enquanto balançava Grace.

Renesmee revirou os olhos de um jeito engraçado, e eu não contive o sorriso.

— Geografia – resmungou ela.

— Olha só – disse Jacob, com deboche. – Os estadunidenses aprendem geografia?

Foi a vez de Bella e Edward rirem.

— Nem sempre – completou Edward.

— É uma coisa sobre a Ásia – Renesmee começou a contar para Jacob, prendendo a atenção dele. – Os países lá têm…

Jacob entregou Grace de volta para mim com delicadeza, e foi com Renesmee ouvir tudo o que ela tinha a dizer sobre a Ásia no sofá da sala.

— Tirando as vezes em que eu tenho vontade de arrancar a cabeça dele, acho que ele é até legal – murmurei, dando de ombros.

— Acho que eu não poderia definir melhor – concordou Bella.


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Notas finais do capítulo

é isso! espero que estejam curtindo ♥ se tiverem alguma sugestão ou alguma coisa (personagem) que queiram ver, deixa aí nos comentários!



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