Alvorecer escrita por Mermaid Queen


Capítulo 1
Casamento




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Alisei o vestido branco com pouca paciência. O dia mais feliz da vida de uma mulher, de novo e de novo.

Alice parecia nunca se cansar dos meus casamentos. Na verdade, os preparativos desse último a apaixonaram de forma a querer planejar o dela próprio. Boa sorte com isso.

— Droga, Alice! – gritei, quando ela puxou meu cabelo para trás.

Não tinha doído de verdade, mas era bem irritante quando ela ficava puxando.

— Sinto muito – disse ela, sorrindo para mim através do espelho e encolhendo os ombros. – Bella, pode pegar a presilha de topázio, por favor?

Pelo espelho, vi que Bella olhou para os lados. Ergui as sobrancelhas para ela.

— Eu… não sei qual é a de topázio – admitiu ela, sorrindo de lado.

Revirei os olhos.

— É a azul – explicou Alice com gentileza. Ainda segurava meu cabelo.

O rosto de Bella clareou e, como um borrão, ela saiu do lugar e voltou com a bela presilha em mãos. Nós temos que agradecer à imortalidade dela. Se ainda fosse humana, teria derrubado aquela presilha. Ou furado o próprio olho.

Um dos presentes do vampirismo para Bella foi ter deixado de ser desastrada.

— Muito obrigada! – exclamou Alice, sorrindo.

Me irritava o quanto que ela sorria, mas aprendi a não fazer mais tantos comentários. Alice se chateava com facilidade e eu não gostava de vê-la chateada. Bella se chateava com ainda mais facilidade, mas eu não me importava tanto assim.

Alice afundou a presilha em meu cabelo e me dirigiu um sorriso afetuoso. Era sinal de que tinha terminado e estava satisfeita. Sorri de volta, agradecida.

— Maquiagem agora!

Assenti e meus olhos se desviaram para a porta quando senti o cheiro de Renesmee se aproximando. A porta foi aberta e ela revelou sua presença, carregando algumas flores e sorrindo de orelha a orelha.

Renesmee era o meu ponto fraco.

Todo mundo na casa sabia disso, e costumavam usá-la contra mim.  Como quando Edward faz alguma coisa estúpida e sabe que eu vou gritar com ele, alguém empurra Renesmee fazendo alguma coisa fofinha para me distrair. E sempre funciona.

— Oi, tia Rosie.

Minha postura de irritação com a coisa toda do casamento desmoronou. Sorri e puxei uma mecha do cabelo ruivo dela.

— Oi, querida – cumprimentei, sorrindo. – Como vai?

— Está animada para o casamento? – perguntou ela, os grandes olhos piscando para mim com entusiasmo.

— É claro que sim! – exclamei, mentindo.

Ela sorriu animada, e então estendeu os braços na minha direção com uma cesta cheia de flores.

— Eu estava pensando em que flor colocar no meu vestido, pode me ajudar?

Pelo canto do olho, vi Bella e Alice olharem uma para a outra e sorrirem com carinho, como se não acreditassem naquela fofura toda. Nem eu acreditava.

Na verdade, todo o clã estranhava o fato de Renesmee ter, de certa forma, me escolhido. Eu nunca fui a pessoa mais gentil, pode-se dizer. E também odiava crianças antes de Renesmee aparecer. Mas eu era a preferida dela, e ela com certeza ela era a minha preferida.

— Quais são as opções, querida?

A pequena mão remexeu as flores.

— Bom, tem essa rosa vermelha. E a rosa branca também. E a vovó sugeriu esse lírio aqui. Acho que minha preferida é a violeta. E então?

Fechei os olhos com a menção da palavra. Senti a mão de Alice no meu ombro imediatamente, e tive vontade de pegar a violeta e destruí-la ali mesmo, na frente de Renesmee. Mas suspirei e puxei a mão de Alice, querendo mostrar que estava tudo bem.

Não era uma coisa muito comum essa de suspirar, mas eu tentava fazer para me acalmar. Quando abri os olhos, Bella olhava para mim com as sobrancelhas juntas e a testa franzida, querendo entender o que acontecera. Talvez com medo de que eu atacasse a filha dela.

Renesmee me olhava apenas com curiosidade.

— Eu estava pensando – falei, querendo explicar o pequeno momento de surto. – Se você gosta mais das violetas, querida… vá com as violetas então.

Ela abriu a boca para responder, mas a porta do quarto se abriu e Emmett colocou a cabeça para dentro do quarto. Ele não teve chance de dizer o que queria, porque Renesmee começou a gritar e bater nele.

— Não! Tio Emmett, saia daqui! Você não pode ver a noiva antes do casamento! Dá azar. Você quer ter azar?

Emmett começou a rir e cobriu os olhos.

— Tudo bem, Nessie, não quero ter azar – cedeu ele, sorrindo. – Falo com vocês depois.

Com isso, ele saiu do quarto e Renesmee o seguiu, saltitante e satisfeita.

— O que foi aquilo? – perguntou Bella imediatamente.

Revirei os olhos e me virei para ela de má vontade, ignorando a cara de Alice.

— Você se lembra do meu noivo mortal? – falei, cerrando os dentes. – Aquele me deixou para morrer depois de tudo?

Bella assentiu timidamente.

— Era assim que ele me chamava. De violeta. Ele gostava de dizer que meus olhos eram violetas.

— E por quê... por que você a deixou usar justo a violeta então?

Meu deus, Edward. Como você conseguiu?

— Não preciso passar os meus traumas para a sua filha – respondi, já de saco cheio daquela conversa. – Se ela disse que gosta mais das violetas, que as violetas adquiram um novo significado então.

Finalmente, Bella ficou calada. Voltei a me sentar na droga da cadeira e encarei meu próprio reflexo com irritação.

Alice sacudiu um pincel no ar.

— Maquiagem, então?


Dei o primeiro passo na direção de Emmett como já fizera algumas vezes. Nada parecia diferente.

As pessoas sempre mudavam, claro. Pude ver Charlie e Renée e até Phil, o jogador de beisebol. Aqueles amigos chatos de Bella, do colégio, também estavam lá. Inclusive Lauren, a garota que odiava Bella, e ela olhava para Emmett como se ele fosse um pedaço de carne. Que coincidência. Ele olharia para ela assim também.

O clã Denali estava lá também. Não dava para acreditar que aquelas irmãs chatas tinham vindo do Alasca para repetir aquele casamento mais uma vez. Será que elas não enjoavam?

Claro que não. Se eu morasse naquele vim de mundo, também iria querer passear de vez em quando. Mesmo que fosse para Forks, que é outro fim de mundo.

Finalmente cheguei ao altar, onde Emmett estava parado como uma estátua. Senti um frio na barriga ao olhar para ele. Não sei se vampiros ainda sentem frio na barriga, mas eu senti.

— Você está linda, Rose – disse ele, me olhando fundo nos olhos.

— Eu sei, macaquinho – respondi, arrancando-lhe um sorriso. – Você está lindo também.

O padre deu a deixa para que Renesmee entrasse com as alianças, e de repente lá vinha ela. Era a primeira vez que nós nos casávamos com uma daminha de honra, e Renesmee era uma escolha muito especial.

Conforme ela se aproximava, comecei a sentir uma agitação dentro de mim. Talvez o equivalente pós-morte do que seria um coração batendo acelerado. Talvez uma ansiedade para que aquilo acabasse logo. Mas cada passo de Renesmee retumbava em meu corpo todo, um impacto quase que palpável.

— Você está bem, querida? – Emmett sussurrou.

Hesitante, fiz que sim com a cabeça, sem conseguir tirar os olhos dela. Quando ela chegou até mim e estendeu as alianças, abriu um sorriso.

— Amo vocês, tio Emmett e tia Rosie.

Em seguida ela sorriu e saiu, indo se postar ao lado de Bella.

Olhei para Emmett e percebi que minha visão estava embaçada pelas lágrimas. Ele sorriu com carinho, mas pude perceber que havia preocupação em seus olhos.

Emmett baixou a cabeça para colocar a aliança em meu dedo, e fiz o mesmo com ele.

— Amo você, Rose – disse ele, olhando nos meus olhos. – Para sempre.

— Também amo você, Emmett, para sempre – respondi, contendo o impulso de chorar mais.

E, com a autorização do padre, Emmett se inclinou para me beijar.

Quando seus lábios tocaram os meus, tudo pareceu ficar distante. E nós tínhamos o mundo todo.

Eu já tinha uma vida. Já tinha uma história minha, uma história com Emmett. Eu tinha uma família. Mas, quando Renesmee entrou, eu entendi. Eu entendi por que eu me sentia incompleta mesmo quando possuía tudo.

E eu soube imediatamente que eu só seria feliz quando fosse mãe.


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Notas finais do capítulo

:)



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