Beautiful Strangers escrita por Megan Queen


Capítulo 3
Capítulo 2 - Canção de Ninar


Notas iniciais do capítulo

Oiiiiiii! Sim, sou eu.
Sim, um dia antes do combinado.
Por quê? Porque a Ingret queria capítulo novo e, como essa fic é um presente pra ela, quem sou eu pra dizer não, né? kkkkk
Enfim, espero que curtam mais esse pedacinho dessa história que me divertiu demais enquanto eu escrevia.
Mais tarde, respondo os reviews de vcs, e aliás quero agradecer novamente :)))
Boa leitura!!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/793932/chapter/3

Felicity Smoak 

Oh, estamos dançando na minha sala 
E meus punhos sobem 
E eu digo que estou só jogando, mas 
A verdade é que 
Eu nunca vi uma boca que eu mataria para beijar 
E eu estou morrendo de medo, mas não consigo resistir 

— Finally/Beautiful Stranger  

 

Olho para Oliver e assimilo devagar a informação que meu cérebro acaba de constatar. 

É ele. 

O secretário de Lúcifer no andar de cima. 

Claro que é.  

Penso em como ele me contou essa noite sobre ser músico e em suas apresentações se contentar com um violão ou uma guitarra.  

A maldita guitarra. 

Que jurei quebrar na cabeça dele. 

E então me lembro da garota.  

Abro minha boca, mas ele é mais rápido. 

— Você é a maluca do andar de baixo. — Solto um ofego, indignada, mas ele me olha com a mais profunda exasperação. — O que, em nome de Deus, você arrasta por todo o seu apartamento praticamente todos os dias? — Ele enfia o capacete na curva do cotovelo e põe as mãos na cintura, me encarando como se eu lhe devesse explicações. 

Estufo meu peito e me aproximo dele com o dedo em riste. Me admira que fumaça não escape por minhas narinas. 

— Meus malditos móveis. — Sibilo. — Porque estou sempre cheia de estresse graças ao show particular que você me proporciona todas as malditas noites, quando estou tentando estudar para minhas malditas provas. — Enfio o dedo em seu ombro e ele dá um passo para trás erguendo as mãos. 

— Hey, eu tenho que ensaiar. — Se defende. — Onde e quando você sugere que eu faça isso, que mal lhe pergunte? — Cruza os braços e eu bufo. 

— E eu tenho que estudar e dormir. Não imagino onde mais eu poderia fazer isso além do meu próprio apartamento, mas hey! Seu ensaio é mais importante. — Sarcasmo escorre por meus lábios. 

— Você não parece muito preocupada com o descanso alheio quando começa a arrastar seus malditos móveis em plena madrugada. 

— Eu só começo a faxina às 7 hs. — Ergo uma mão, me defendendo, e ele sopra o ar com irritação. 

— Para mim, isso é a madrugada. — Rebate e, dessa vez, sou eu a cruzar os braços.  

— Ah, claro. Mil desculpas por eu ainda não ter me adequado ao seu fuso-horário, Sr. Queen. — Cuspo e ele estreita os olhos. 

— Gostava mais de você antes de todo esse veneno. — Murmura, e eu arfo, ofendida. 

— Gostava mais de você antes de descobrir que é esse homenzinho egoísta e arrogante. — Devolvo e ele trinca o maxilar, igualmente ofendido. 

— Quer saber? Não tenho que ficar aqui ouvindo isso. — Ele faz um gesto expansivo sobre mim e simplesmente sai andando para o elevador. 

Não consigo mais lembrar porque o achei tão irresistível. 

Sim, tem toda a parte em que ele é estupidamente bonito demais para ser justo, mas agora tudo o que quero é desmontar seu rosto perfeito. Apenas porque sei que quebraria minha mão mais facilmente do que seu queixo, eu a mantenho em seu lugar. 

Observo Oliver apertar o botão do elevador e desperto da minha névoa de ódio assassino, marchando depressa até ele e apertando furiosamente o botão do T. 

— A velocidade não vai mudar pela quantidade de vezes que você aperta. — Ele murmura em tom de deboche e eu quase chego à conclusão de que quebrar a mão pode valer a pena. — E eu já chamei o elevador. — Agora ele está sendo condescendente. 

— Como sua namorada aguenta você? — Estalo e ele vira a cabeça para me olhar, parecendo surpreso por eu saber sobre ela. Oliver abre a boca, mas o corto. — Cruzei com ela algumas vezes no elevador. — Dou de ombros, agindo como se não me importasse que ele flertou comigo e me fez sentir uma mulher mais interessante do que em todos esses anos nenhum cara jamais me fez sentir, mesmo já tendo uma pessoa. Pobre garota. Alguém deveria levá-la para vê-lo “trabalhar”.  

Ele apenas olha para mim e então desiste do que ia dizer, balançando a cabeça como se estivesse repentinamente cansado. 

As portas se abrem e nós dois encaramos o elevador vazio, ambos percebendo que teremos que compartilhá-lo. 

Olhamos juntos para trás e o porteiro se vira para fora depressa, começando a assobiar. 

— Vamos, entre. — Oliver acena bruscamente para dentro da caixa metálica. — Não temos a noite toda.  

Abro a boca para retrucar, mas me seguro. Não somos crianças.  

— Certo. — Sopro através do nariz, controlando meu temperamento, e aperto a bolsa contra meu peito, me encostando na extremidade do elevador. 

Oliver suspira e entra logo após, apertando os botões 4 e 5 antes de se encostar ao meu lado, meio metro entre nós dois. 

As portas se fecham e nossas bocas também. 

Me incomoda que ele simplesmente tenha deixado para lá depois que deixei claro que sei o que ele fez essa noite. 

Me incomoda porque odeio me sentir estúpida. 

Eu caí tão fácil por ele e sua conversa despretensiosa e macia. Parecíamos tão compatíveis. 

E havia toda aquela química insuportável e de tirar o fôlego. 

Eu me pergunto se ele me beijaria caso eu fosse vê-lo no domingo. Eu teria deixado. Como a completa idiota que sou. 

Eu vou matar Helena por isso. 

Estou me perguntando se ela sabia sobre a namorada de Oliver quando um barulho forte e um solavanco me fazem perder o equilíbrio por alguns segundos, Oliver estendendo a mão e me pegando pela cintura para evitar que eu caia. 

Tudo fica escuro. 

E então as luzes de emergência se acendem. 

Só pode ser brincadeira.   

— Isso só pode ser alguma brincadeira de muito mau gosto. — Ele diz em voz alta, me soltando para caminhar até o painel e apertar vários números, mas nada acende. 

— Diga que é uma bobagem e ele vai voltar a subir. — Sussurro, caminhando até ele e eu mesma apertando todos os botões possíveis. 

— Eu já tentei isso, Smoak. — Oliver diz o óbvio. Lanço um olhar mortal para ele. — Estamos presos até a energia voltar. — Diz, calmamente, andando até o outro lado e se encostando novamente, de braços cruzados. A luz azulada reflete nos fios claros do cabelo dele. 

Bato nas portas de metal, me recusando a aceitar que não possamos fazer nada. 

— Não tem ninguém aí? — Grito e Oliver cobre os ouvidos. 

— Que tipo de pergunta é essa? — Ele critica, a testa franzida. 

— Como assim que tipo de pergunta é essa? — Continuo batendo nas portas. 

— Barulhenta como sempre. — Ele revira seus olhos e eu estreito os meus. — “Não tem ninguém aí?” — Ele imita minha voz e eu ponho as mãos na cintura, numa imitação fajuta da Mulher Maravilha. — O que é suposto que respondam? “Não, não estou aqui”? 

— Deus, sua arrogância vai matar você engasgado. — Aperto meus lábios, ponho a mão na testa e então grito. — Tem alguém aí? 

Oliver bufa. 

— Sim, tem sim. — Responde, teatralmente. — E você vai estragar o sono deles com sua barulheira, assim como costuma estragar o meu. — Pisca, com sarcasmo, e eu respiro fundo ou vou pular em cima dele, como a maluca que ele acha que sou. — Alfred sabe que estamos no elevador. — Ele fala do porteiro. — Assim que possível, vão nos tirar daqui. — Diz, prático. 

— Isso pode demorar horas. — Começo a me desesperar.  

Oliver percebe que não estou para bate bocas, agora. 

— Vai ficar tudo bem, Smoak. — Diz, baixinho. — Agora pare de machucar sua mão nessa porta e volte até aqui. Vamos esperar. 

Inspiro profundamente e tento me convencer a me acalmar, decidindo que ansiedade em excesso só vai tornar tudo mais difícil. 

— Certo. — Solto o ar e tiro o casaco, voltando a me encostar na parede dos fundos do elevador. 

— Isso. —  Ele aprova. —  Quando você está tranquila assim, quase posso esquecer que é a maluca do andar de baixo. — Provoca, e dessa vez sei que é só para me distrair. 

— Quando você está gentil, eu quase esqueço o quanto sonho em quebrar sua guitarra em cima de você. — Lhe dou meu sorriso mais angelical e Oliver deixa escapar uma risada incrédula. 

— Pensei que você gostasse de música. — Ele devolve, num tom despretensioso. 

— E eu gosto. — Retruco. — Mas gosto bem mais de poder estudar e dormir em paz.  

Silêncio. 

Não faço ideia de quantos minutos passamos apenas encarando as portas metálicas juntos. 

Então um suspiro. 

— Eu não sabia que incomodava o andar de baixo. — Ele murmura. — Quando aluguei o apartamento, quis o último andar justamente para evitar esse tipo de coisa. E, na época, o seu andar estava vago. — Encolhe os ombros e eu suspiro, odiando começar a entender o homem que foi meu purgatório pessoal nos últimos meses. — Não me ocorreu imaginar que a maluca do andar de baixo estava tão maluca assim por minha causa. — Ele ri baixinho e eu o acompanho. 

— Se eu soubesse que era só bater na sua porta e gritar um pouco com você para chegarmos a um entendimento, eu já teria feito isso. — Provoco de volta e ele meneia a cabeça. Dessa vez o suspiro é meu. — Eu não tinha me dado conta de que você dormia pelas manhãs. — Admito no meio de uma tossidela. — Imagino como deve ser cansativo dar conta de três empregos, sem conseguir dormir. — Minha voz sai baixa e Oliver ri um pouco. 

— Não arrancou pedaço, Smoak. — Brinca e eu lhe dou uma cotovelada, segurando meu sorriso. — E você estava certa. Você não é obrigada a seguir meu fuso-horário maluco. — Ele joga um dos ombros, visivelmente desconfortável.  

— Eu sei. — Murmuro e viro a cabeça para encará-lo. — Mas vou tentar manter os móveis no lugar, a partir de agora. — Cedo, e Oliver abre um pequeno sorriso de agradecimento. 

— Vou ver o que posso fazer para mudar meus ensaios para o telhado. Acho que posso conseguir o que preciso para ensaiar longe dos seus ouvidos. 

Solto um gemido de satisfação. 

— Oh, eu agradeço muito. — Seguro seu braço e ele ri da minha intensidade. 

— Odeia minha música tanto assim? — Brinca, e eu me vejo rindo de verdade, agora. 

— Quando estou tentando estudar ou dormir, não existe música para mim. Só barulho. — Decreto, e Oliver gargalha, assentindo. 

— Entendido. — Faz uma continência brincalhona. — Isso quer dizer que ainda há chance de você ir me ver tocar no domingo? — Seu olhar de menino quase me pega, mas então limpo minha garganta e me afasto outra vez, sua testa se franzindo. 

Lanço a ele meu mais intenso olhar de reprovação e seu cenho fica ainda mais franzido. 

Bufo. 

— Não acho que seja uma boa ideia. — Digo, simplesmente, e Oliver me olha calado por vários segundos. 

Então ele ri. 

Alto. 

A ponto de se curvar e apoiar as mãos nos joelhos. 

— O que é tão engraçado? — Cruzo os braços e olho para ele como se estivesse maluco. 

— Você, Smoak. — Ele responde, arfando pelo acesso de risos. 

— Eu? — Fecho a cara e Oliver abre um sorriso arrasador, que me deixa confusa. 

— Thea. — Diz o nome feminino. 

— A garota com quem cruzei no elevador. — Murmuro, e ele assente. — Sua namorada. — Afirmo, e o sorriso dele fica maior. 

— Minha irmã. — Me corrige, com uma inclinação de cabeça sutil. Agora seu sorriso é completo e eu agradeço pela iluminação baixa, assim ele não pode ver o quão vermelha estou ficando. — Estou vendo você corar, Felicity. — Ele assobia. 

— Os olhos. — Me dou conta, e ele ergue uma sobrancelha. — Seus olhos. São os mesmos olhos.  

Ele concorda com a cabeça e então solta um longo suspiro antes de se abaixar e sentar com as pernas esticadas. Olho para ele por alguns segundos e então me sento ao seu lado.  

Silêncio. 

Apenas aguardo. 

— Thea veio morar comigo há alguns meses. — Ele finalmente diz, mais sério agora. — Nossos pais morreram quando éramos novos. Eu estava na faculdade, tinha 21 anos. Thea só tinha 14. A guarda dela ficou com nossos tios. — Ele balança a cabeça, como se não estivesse acostumado a falar sobre isso. — Eu deveria ter ficado com a guarda dela. — Oliver esfrega a testa e eu olho para ele. — Mas não achei que desse conta. 

— Provavelmente não daria. — Tento tranquilizar sua consciência. — Você ainda estava aprendendo a ser um homem. — Murmuro, sem me importar que de repente estejamos falando sobre algo tão sério. Há algo na forma como nossa conversa flui, que faz com que não pareça estranho nossas mudanças de tópico ou humor. — Seria demais ter que aprender também a ser pai. De uma adolescente, ainda por cima. 

Oliver vira sua cabeça para mim e seus olhos percorrem meu rosto devagar. Um sorriso triste se espalha em sua boca. 

— De qualquer forma, eu consegui me formar antes do tempo. Só queria poder buscá-la. Arranjei esse emprego de professor e um amigo com quem dividir o aluguel do apartamento. — Ele conta. — Roy. O outro barman. — Explica e eu assinto, lembrando. — O plano era buscá-la quando eu já estivesse estabelecido, mas... 

— Problemas. — Lembro da minha primeira impressão sobre o olhar que vi no rosto da irmã de Oliver. 

— Muitos. — Um sopro de ar pesado escapa dele. — Thea se meteu em tantos quantos conseguiu. — Ele cobre o rosto com as mãos, como se o peso do mundo estivesse sobre seus ombros.  

— Drogas? — Sussurro, e ele ri pelo nariz, sem qualquer vestígio de humor. 

— Sim. — Balança a cabeça. — Pequenos furtos. — Ele afasta as mãos do rosto e olha para mim. — Ela não é má. — Explica, com veemência. — Só queria chamar atenção. A minha atenção. — Dá mais uma risada cáustica.  

— Ela foi presa. — Concluo, seguindo as evidências. 

— Mais de uma vez. — Ele admite e ponho a mão em seu joelho. 

— Por isso dois empregos. — Falo devagar. 

— Sim. — Ele assente devagar. — Da última vez, pedi um empréstimo para pagar um advogado melhor e conseguir um acordo para que ela pagasse sua pena com serviços comunitários. Também teve a dívida com a clínica de reabilitação. — Oliver desvia os olhos para a parede, como se só agora se desse conta de tudo que me contou. — E tem a terapia semanal e os remédios. — Um longo suspiro. — Thea foi diagnosticada com transtorno afetivo bipolar pelo psiquiatra da clínica. 

Respiro fundo, assimilando cada informação. 

— Caramba. — Digo, num sopro. 

— Ela está bem, agora. — Oliver se apressa em dizer. — Está limpa desde alguns meses antes de eu trazê-la para morar comigo, após tirá-la da clínica. Ela também está reagindo bem à medicação e à terapia. — Um sorriso verdadeiro finalmente aparece em seu rosto. — Finalmente, ela está levando uma vida normal. — Ele diz, voltando a me encarar. — Eu só queria ter ido buscá-la antes. — Murmura. 

— Não foi sua culpa. — Digo imediatamente.  

Oliver me encara em silêncio e então sorri. 

— Obrigado. — Sopra as sílabas e eu sorrio de volta. — É bom falar sobre isso com alguém. — Diz, ainda baixinho. 

— Disponha. — Imito a continência que ele me fez, alguns minutos atrás. Ele ri e eu suspiro, satisfeita por ter conseguido aliviar o clima. — Ela é linda. — Falo, de repente, e ele ergue uma sobrancelha. — Sua irmã. — Falo e então rio, meio sem graça. — Eu costumava ficar inconformada que o homem odioso do andar de cima estivesse com uma mulher tão bonita. — Confesso, e Oliver ri baixinho, balançando a cabeça. 

— Em um nível de 0 a 10, o quanto você me odiava? — Ele quer saber, após controlar o sorriso em seu rosto. 

— Se me dessem uma arma com duas balas e me colocassem num quarto com você, Trump e Bin Laden, eu atiraria em você duas vezes. — Digo alegremente, e Oliver ri tão alto que as paredes vibram, me contagiando com o som. 

— Em um nível de 0 a 10... — Ele para, tentando voltar a respirar normalmente. — O quanto você ainda me odeia? 

Olho para ele e deixo meus olhos caminharem devagar por seu rosto perfeito. Suas sobrancelhas grossas estão arqueadas pela pergunta e seus olhos faíscam contra a iluminação, sua boca curvada num sorriso matador que faz meu coração disparar assim como fez enquanto ainda estávamos na casa noturna e não fazíamos ideia sobre quem o outro era. 

— Não odeio você. — Mal percebi o quanto nossos rostos estão próximos. 

— Nem um pouquinho? — Ele insiste, seus olhos correndo para minha boca e então voltando a se concentrar nos meus. 

— Agora que você mencionou... — Inclino minha cabeça e meu rabo de cavalo escorrega por meu ombro. — Vou guardar a arma imaginária por precaução. 

Novamente, contemplo sua garganta exposta quando ele joga a cabeça para trás e ri. Eu gosto disso. De fazê-lo rir. 

Justo eu. 

A pessoa mais sem graça num raio de 600km. Eu nunca fui reconhecida por meu humor. Poucas pessoas eram capazes de apreciar meu gosto pela acidez.  

Oliver aparentemente é uma dessas poucas pessoas. 

— Deus, se eu soubesse que você era a maluca do andar de baixo todo esse tempo, eu teria descido há meses e me oferecido para arrastar alguns móveis para você. — Ele brinca e é minha vez de rir. 

— Eu provavelmente teria recebido você com vassouradas. — Atalho, e ele inclina a cabeça com mais um sorriso de menino. 

— Você não teria coragem. — Diz, esticando a mão e tocando a ponta do meu rabo de cavalo. Oliver enrola os dedos nela e puxa suavemente, não a ponto de incomodar, só por brincadeira. Seus olhos já estão pesados de sono. 

— Não me teste. — Aviso e ele sorri, soltando meu cabelo e voltando a se encostar na parede, encarando as portas. — Acha que vão demorar para nos tirar daqui? — Sussurro, voltando a me preocupar. 

Oliver suspira. 

— Realmente não sei dizer, mas não esquente a cabeça com isso. — Ele me encara e coloca uma mão sobre um dos meus joelhos, apertando suavemente. — Logo vamos sair daqui, Smoak. 

Pego o celular da bolsa e, como eu imaginava, estou sem sinal. Eu sempre dependia do wi-fi para usar o Whatsaap. E, desde que estávamos sem energia, eu estava sem wi-fi. Sem contato com ninguém.  

Exceto pelo homem ao meu lado. 

— Nem me dei o trabalho de olhar. — Oliver murmura, espiando sobre meu ombro para ver a tela do meu celular. 

— Somos só nós dois. — Suspiro, desligando a tela e enfiando o celular na bolsa novamente. Encosto a cabeça na parede e encaro o teto. 

Ficamos em silêncio por vários minutos e então o cutuco, ao perceber que ele começou a cochilar. 

— O que foi, agora? — Ele grunhe, esfregando os olhos. 

— Você não pode dormir. — Devolvo, e ele boceja. 

— Voltamos aos velhos tempos. — Estala a língua e eu lhe dou uma cotovelada. — Ai! 

— Eu estou falando sério. — Sussurro furiosamente. 

— Okay. — Ele estica as costas e me encara. — Qual o problema? 

— Se eu ficar acordada sozinha vou começar a ficar ansiosa e claustrofóbica. — Solto as palavras depressa, odiando admitir fraqueza. — Conversar me distrai. — Esfrego meus braços. 

Oliver olha para mim por vários segundos. 

— E se nós dois dormirmos? — Pergunta, cobrindo mais um bocejo com a mão. 

Suspiro. 

— Não acho que vou conseguir dormir nessas condições. — Objeto, e ele respira fundo, pensando. 

— É claro que consegue. — Diz, de repente. Então se estica e pega meu casaco grosso de lã, ajeitando-o na extremidade do elevador até formar um travesseiro comprido. — Venha, vamos deitar juntos. — Ele chama, com a naturalidade de um homem sonolento, chutando seu capacete para o outro lado.  

— Juntos? — Gaguejo, o assistindo deitar contra a parede e bater a mão no espaço à sua frente. 

— Vamos, Smoak. — Ele acena com a mão, impaciente. — Vou cantar um pouco para você. — Ele pisca e eu sorrio, revirando os olhos e cedendo. 

Engatinho sobre o chão frio do elevador e deito no espaço diante Oliver, que muito naturalmente me aconchega contra seu corpo, com a cabeça sobre o travesseiro improvisado com meu casaco. 

— Você vai mesmo cantar para mim? — Sussurro, e a risada dele sopra em minha nuca. 

— Solte o cabelo. — Ele fala, a voz arrastada. — Nenhum ser humano normal consegue dormir com a cabeça presa dessa forma. — Diz, e eu seguro uma risada incrédula, mas estendo a mão e puxo a liga que prendia meu rabo de cavalo, as mechas escorrendo por minhas costas. — Mhm, cerejas outra vez... — Ele respira forte contra meu cabelo e sinto seu nariz em minha nuca. — Isso é muito bom. — Sua voz transborda satisfação. 

— Nem pense em me morder. — Recordo suas palavras do lado de fora da Verdant.  

Oliver ri atrás de mim. 

— Eu jamais ousaria. — Diz e então suspira, seu braço me envolvendo apenas para nos aconchegar melhor, mas não a ponto de me deixar desconfortável. — Sim, eu vou mesmo cantar para você. — Há um sorriso em algum lugar no seu tom. 

— Tudo bem. — Murmuro e então giro em seu abraço, encostando minha cabeça logo abaixo do seu queixo, escutando seu coração bater sob minha bochecha. Oliver limpa a garganta, pego de surpresa. — Estou esperando, Queen. — Chamo, fechando meus olhos e sentindo mais do que ouvindo a pequena risada que ele solta. 

E, quando ele começa a murmurar a melodia de “Rock & Roll Lullaby”, meus olhos repentinamente estão úmidos e pesados. 

Deixo a voz rouca de Oliver encher meus ouvidos e seu timbre grave vibrar do seu peito contra meu rosto, me acalmando aos poucos. Os dedos calejados dele brincam na lateral do meu braço, subindo e descendo devagar no ritmo da música, como se minha pele fosse seu piano. 

Não sei exatamente quanto tempo faz que ele está cantando para mim, mas em algum ponto sua boca está contra minha testa, cantando os versos diretamente contra mim. 

E ainda estamos assim quando eu finalmente deixo o sono me levar, embalada pela voz de Oliver Queen.  


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então, o que acharam do desfecho dessa noite??? kkkk
Me contem tudinho nos comentários :)
Xero ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Beautiful Strangers" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.