Cecília escrita por Vanda da Cunha


Capítulo 3
Uma confissão e as intenções mudam




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Ao fim das aulas, professor e aluna esqueciam o abismo intelectual que os separava. Abraçados dentro do carro, permitiam-se mutualmente.

 

— Eu não sei viver sem você, Cecília! Isso está me consumindo. ― Murmurou o professor a beijando.

 

Ela o afastou um pouco, e docilmente falou.

 

— Eu gosto muito de você, Miguel, e estou pronta para ir mais longe. Se você quiser podemos ir a sua casa.

 

— Você tem certeza?

 

― Sim, eu tenho certeza. Quero que você seja o primeiro.

 

― O primeiro? ― Ele perguntou espantado. ― Está me dizendo que nunca…?

 

― Como não percebestes? Estamos juntos a cinco meses, Miguel!

 

― Desculpa, eu… Eu devia ter imaginado. Fui um insensível. ― Disse a abraçando.

 

― Então… Podemos ir para sua casa? ― Ela lhe perguntou ao ouvido.

 

— O fato de você ser virgem muda tudo, Cecília. ― Ele disse a afastando.

 

― Como assim… Muda tudo? Isso é um problema?

 

― Não, não é um problema, mas agora mais do que nunca, quero fazer a coisa certa.

 

― Fazer a coisa certa? Não estou entendendo. ― Ela reagiu intrigada.

 

― Cecília! Eu quero conhecer sua família! Assumir que estamos namorando, entendeu?

 

― Quer fazer isso porque eu disse que sou virgem? Quer dizer que se eu não fosse, você transaria comigo, e tudo bem? ― Perguntou com certa indignação.

 

Ao perceber que falara indevidamente, o professor assumiu outra postura.

 

― Não é nada disso, Cecília. Eu estou com quase quarenta anos, está na hora de ter minha família, e você é a moça certa. — Ele garantiu.

 

— Você está falando sério, Miguel? Quer mesmo se casar comigo?

 

— Claro que sim, meu amor! Eu já estava planejando isso há um tempo, mas sua revelação tirou todas as dúvidas. Vamos nos casar Cecília! Você vai ser minha mulher.

 

Ela riu satisfeita, ele a acariciou no rosto.

 

— Minha mãe vai gostar de você. Ela também é professora. ― Ela falou com voz melodiosa. Ele deu um meio riso, notou que controlara a situação.

 

— Você nunca me disse que sua mãe era professora. ― Disse fingindo-se desapontado.

 

— Para de reclamar e me beija. ― Pediu ela oferecendo-lhe os lábios.

 

— Acho que está na hora de você ir para casa, eu vou deixar você no ponto de ônibus.

 

― Só um beijo, Miguel. ― Ela implorou.

 

Ele tocou os lábios dela de leve e não prolongou o beijo. Depois ligou o carro e levou-a até o ponto de ônibus. Viu-a correr e entrar no coletivo, riu satisfeito.

 

Quando chegou em seu apartamento, foi até o armário e serviu-se de um whisky puro, sentia-se incrivelmente satisfeito, como se tivesse conquistado um prêmio ou um troféu. Ha tempos que ele não experimentava uma sensação tão prazerosa. Sem pressa, tirou a camisa e jogou-a sobre o sofá, depois foi até o retrato dependurado na parede e com voz mansa falou.

 

― Queria que a senhora estivesse aqui, mamãe. Queria que a senhora a conhecesse, tenho certeza que a aprovaria.

 

Miguel era órfão de pai e mãe, se bem que não conheceu o pai, a mãe foi sua única referência de família. Depois que esta faleceu, ele experimentou a liberdade, conheceu muitas mulheres, mas nunca se apaixonou, com Cecília foi diferente, amou-a desde o primeiro instante, amou-a quando a viu pulando as poças de água e correndo para pegar o ônibus. Fez tudo para descobrir quem era aquela moça de gestos suaves e sorriso contagiante. Perseguiu-a pelo campos, conseguiu descobrir o curso que ela fazia, tornou-se amante da biblioteca, e “sem querer” esbarrou na jovem derrubando os livros que ela carregava. Como um cavalheiro pediu desculpas e ofereceu-se para ajudá-la, ela um tanto nervosa aceitou a ajuda de tão ilustre figura. Então começaram os elogios, os convites, até que a convenceu a ir ao primeiro encontro. Depois não pararam mais de se ver.

 

Agora ele estava ali, jogado no sofá, bebendo whisky e comemorando sua conquista.

 

 

 

 

 


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