A Marca da Borboleta escrita por JiyuNoSakura


Capítulo 4
2044, 19 de Setembro. 17:00 a 20:00


Notas iniciais do capítulo

ALÔ, MEUS MIRACULERS

Voltei quase pontualmente. Eu ia postar ontem, mas na última revisão do capítulo 4 percebi alguns erros e detalhes que tive que mudar. Agora está perfeito, completamente coerente com o que aconteceu e vai acontecer.
Enquanto o capítulo 3 teve mais ação, esse é mais calmo e um pouco pesado intelectualmente. É o momento de explorarmos o que aconteceu depois da batalha e as consequências da revelação de identidades e ameaças de Biston. Esse é o maior capítulo que já escrevi EM TODA MINHA TRAJETÓRIA de escritora. Eu ainda estou de cara com a quantidade de palavras. JESUS
Agradeço àqueles que leem e estão acompanhando, mesmo que nunca apareçam aqui nos comentários, essa audiência me estimula a continuar postando frequentemente.

Enfim, boa leitura ♥ Glossário nas notas finais!



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Na casa dos Dupain-Agreste, Adam mantinha os olhos fixos na televisão. Estava um pouco aéreo, como se ele estivesse assistindo um filme e as cenas na tela fossem uma história de ficção muito reais e bem elaboradas. Ele queria acreditar piamente que sua tia Mari não havia sido pega em uma armadilha e que tia Kagami e tia Alya não haviam tido suas identidades expostas dessa maneira.

O que o mantinha ligado à realidade era Emma. Ela ainda estava em seus braços e o abraçava de volta, com firmeza. Parecia mais calma, especialmente depois de assistir suas tias e mãe saírem da situação com vida. Ele conseguia identificar que a jovem ativa e determinada estava de volta, mesmo que aos pouquinhos. Para os dois, era um alívio os danos físicos depois da luta serem mínimos, porém igualmente frustrante o fato de os vilões terem fugido e os problemas não terem sido solucionados.

Nas mãos de Emma estavam os miraculous da raposa e do dragão. Os segurava e os protegia como se fossem pedras preciosas. Ela havia acolhido Longg e Trixx quando eles chegaram pela janela, cansados pela batalha e pela velocidade alta que voaram até lá. Alix imediatamente pegou frutas e doces para eles recarregarem as energias e descansarem. Desde então, ambos acompanharam as notícias pelo jornal, a luta sendo transmitida até o fim quando as heroínas fugiram das câmeras e civis.

Naquele momento, Nadja Chamack fazia um resumo da luta contra os akumatizados, tecendo hipóteses sobre a aparição do novo Hawkmoth: Biston. Fez comparações entre os dois vilões, indicando o novo como superior na escolha e desenvolvimento dos poderes malignos das vítimas de akuma. Também colocou Paris em alerta alegando que os akumatizados ainda estavam à solta e poderiam atacar a qualquer minuto. O prefeito Roy também disse algumas palavras, claramente tentando tranquilizar os civis, e pediu para que eles evitassem sair de casa e tomassem cuidado nas ruas, até que o esquadrão de heróis resolvesse a situação.

Quando a jornalista começou a falar sobre a revelação das identidades e em como parecia muito óbvio que Adrien Agreste era Chat Noir por todos os quase trinta anos, Bunnix desligou a televisão.

“Não acho que vai nos fazer nenhum bem ouvir essa mulher espalhar seu veneno sobre quem sejamos ou não na vida real”, ela disse, a boca retorcida pela raiva.

Emma a olhou, assentindo em concordância. Plagg, que ainda estava escondido em seus cabelos e incrivelmente quieto, resmungou: “essa mulher sempre me cheirou a queijo podre”.

“Eu realmente pensei que tia Mari, tia Kagami e tia Alya iriam libertar os akumatizados e consertar tudo”, Adam revelou, a frustração se arrastando com a voz baixa.

Viperion soltou um suspiro e disse o comando que libertava Sass. O brilho verde-água envolveu seu corpo à medida que o traje se desfazia mostrando um Luka muito preocupado. “Eles tinham a gente nas mãos. A prova de que era uma armadilha foram os akumatizados baterem em retirada logo após a revelação das identidades”, comentou, “Nem se eu e Alix fôssemos, qualquer um do esquadrão... ninguém teria ajudado ou revertido a situação. Esse cara é perigoso”.

“Sim”, Sass concordou pegando um par de ovos cozidos que Luka lhe entregava, “Nem nosso poder da segunda chance conseguiria reverter a situação e buscar alternativas. Biston foi inteligente ao revelar as identidades sem usar magia”.

“Inteligente até demais”, Luka retomou, a face agora dividida em preocupação e concentração, “Tem muitas lacunas nesse quebra-cabeça. Não consigo compreender como ele roubou o miraculous no mesmo dia e agiu tão rápido, nos pegando de surpresa com um plano bem-pensado”.

“Sim, isso é muito suspeito”, Bunnix concordou franzindo o cenho, também concentrada, “Com esse cara, teremos que compreender primeiro e depois contra-atacar, talvez entrar fundo em uma investigação. Dessa vez, nossa segurança e vidas privadas se sobrepõem ao bem-estar de Paris”.

Luka assentiu, passando as mãos no rosto por cansaço.

Emma o observava. Em todos os anos como Viperion, ele nunca havia enfrentado situação semelhante. A frustração e o cansaço da falta de alternativas eram palpáveis, ela mesma estava sentindo. Todos eles estavam. Alix era a única no esquadrão que tinha onisciência do que aconteceu, acontece e aconteceria. No entanto, nem ela poderia revelar informações importantes para ajuda-los sem correr o risco de interferir negativamente na linha do tempo.

Tudo tinha um tempo e espaço para acontecer, Emma sabia.

Esperava que Bunnix fosse aquela que viria com um plano em um futuro próximo.

No momento, ela seria aquela a cuidar de seus convidados. “Eu vou preparar algo para comermos. Precisamos reabastecer nossas energias e relaxar um pouco”, comentou olhando Luka, Alix e Adam por uns instantes. Seus tios assentiram com a cabeça e a agradeceram. O futuro-quase-próximo namorado desfez o abraço que a mantinha junto a ele e a beijou carinhosamente no rosto.

“Isso, minette, camembert para mim”, Plagg disse, manhoso, “Toda essa tensão me deixou morrendo de fome!”.

Emma revirou os olhos e se afastou de Adam, que ria baixinho. “Você sabe muito bem onde está seu suprimento de queijo, Plagg. É tão preguiçoso que não pode voar até lá?”, provocou, sem conseguir estar brava de verdade.

Era Plagg. E Plagg nunca iria mudar.

“Ele é desse jeito desde que o conheço. E isso faz bilhões de anos”, Trixx comentou com uma expressão faceira, metade de um maccaron em suas patinhas.

A jovem soltou algumas risadas quando Plagg começou a rebater Trixx com palavras piores que “queijo brie passado do ponto”. Com os miraculous da raposa e dragão ainda em mãos, ela os levou ao pescoço, colocando a gargantilha e o colar enquanto não havia lugar para guarda-los.

Três miraculous no mesmo portador. Esperava que não desmaiasse ou algo assim.

Em direção à cozinha, passou por tio Luka e tia Alix que estavam mexendo em seus celulares. A mulher já havia liberado Fluff e se destransformado, o kwami devorando algumas cenourinhas enquanto movimentava os glóbulos oculares para variadas direções.

E ela achava Plagg complicado de lidar! Não conseguia nem compreender Fluff.

Na cozinha, tirou dos armários e da geladeira os ingredientes necessários para alguns sanduíches. Era uma comida fácil e que satisfazia, muito apropriada para o estado de espírito lento e monótono em que ela se encontrava, depois de tudo que aconteceu. Quando começou a combinar as fatias de presunto e queijo, porém, ela ouviu seu telefone tocar. Retirou-o do bolso e instantaneamente deixou o lanche de lado ao visualizar o número de sua mãe na tela.

Já era sem tempo!

“Mamãe!”, atendeu, sentindo o alívio de ouvir a voz familiar a chamando de volta, “Onde você está? Você está bem? E tia Alya? Tia Kagami?”.

“Estamos todos bem, pequena. Deixei Alya e Kagami em suas casas e discutimos sobre algumas medidas de segurança. Eu mandei mensagens para Luka e Alix também aplicarem-nas na nossa casa e na deles”, Marinette respondeu, parecendo agitada e proferindo as palavras rapidamente como se estivesse com muita pressa, “Acabei de pegar seus irmãos na casa dos avós Dupain-Cheng e estamos esperando o uber chegar para irmos para casa. Quando chegarmos aí, vamos conversar todos juntos”.

Emma soltou sons de concordância.

Do outro lado da ligação, ela escutou a voz baixa e abafada de Hugo: “Mamãe, pra onde você está olhando? Por que fica olhando para todos os lados? Tem alguma coisa errada?”. E escutou Louis, de modo igualmente baixo e distante, no entanto mais irritado: “Por que fica protelando essa conversa, mamãe? Já sabemos que papai sofreu um acidente e está no hospital”. Sua mãe tentou tranquilizá-los, dizendo que não tinha muitas condições no momento de prestar atenção no que diziam, mas que conversariam mais tarde.

“Pequena, chegaremos em breve. Mas preciso que me faça um favor e que preste muita atenção nas minhas instruções”, Marinette se voltou para Emma de novo, abaixando o tom de voz, “Preciso que verifique a caixa, observar se está tudo em ordem, se somente uma certa coisa sumiu. Também guarde as coisas que estão aí com vocês. E mande certo gato conversar com os outros para obter informações. Entende o que eu estou te dizendo?”.

Emma arregalou os olhos ao compreender.

Disse “sim”, assentindo como se estivesse em um transe.

Marinette continuou ainda sussurrando: “Ótimo. Isso agora é bem importante: para acessar essa coisa especial, você vai achar uma caixinha no meu local favorito e depois de verificar se tudo está em ordem, vai mudar esse acesso. Quando eu chegar em casa, você me repassa. Entendeu, querida?”. Quando Emma confirmou novamente, ela concluiu: “Agora eu quero que você repita as instruções do jeito que você entendeu, por favor”.

A jovem respirou fundo antes de fazer o que a mãe pediu: “A senhora quer que eu abra o fundo falso do armário da cozinha ao lado do pote de cookies e pegue sua caixinha de recordações. Depois vou pegar a senha para o cofre e abrir a Miracle Box. Vou verificar se todos os miraculous estão a salvo e guardar o da raposa e o do dragão. Vou mandar Plagg para dentro da caixa para conversar com os outros kwamis e obter informações sobre o roubo do miraculous do Nooroo. E depois vou mudar a senha do cofre e passar para você quando chegar aqui”, disse tudo de uma vez, soltando o ar preso logo depois.

“Perfeito. Essa é a minha garota”, Marinette disse, parecendo orgulhosa. Emma abriu um sorriso. “Conto com você. Nos vemos em breve”, ela disse, desligando a chamada.

Concentrada, Emma guardou seu celular e se afastou rapidamente do balcão onde montava os sanduíches. Atravessou aquela parte da cozinha e quando se aproximou do armário específico, se abaixou. Dentro do armário, ela tirou o pote de cookies e começou a desferir batidinhas contra a madeira da base para achar o fundo falso.

“Minette, o que você está fazendo?”, Plagg questionou com um bocejo, o tom incomodado porque provavelmente ela o acordou, “Pensei que fôssemos pegar camembert pra mim!”.

 “Você vai ter que esperar um pouco, Plagg”, Emma respondeu com um pouco de dificuldade devido sua posição, “Eu e você temos que fazer algo para mamãe”.

O kwami soltou sons manhosos de reclamação, porém não disse mais nada. Do alto da cabeça de sua portadora, ele observou o que ela estava fazendo. Quando ela retirou uma parte da madeira e revelou um fundo falso dentro do armário, ele soube o que ela estava procurando e o porquê de eles estarem a serviço de Marinette.

Plagg sentiu preguiça. Preferia estar dormindo.

No entanto, isso ele não diria a Emma, a menos que quisesse levar bronca.

“Beleza, minette. Já sei o que estamos fazendo”, disse ao invés, o tom monótono, “Qual é a minha parte nisso?”.

Emma retirou a caixinha de recordações do fundo falso. Era um recipiente de tamanho médio, cor clara e decorado com flores e arranjos entalhados. Uma das coisas mais preciosas de sua mãe. Não era à toa que a guardava em um local secreto, que ela considerava seu favorito.

A jovem nunca tinha aberto ou tocado a caixinha, até aquele momento.

Claro que por anos alimentava a curiosidade de verificar o que havia dentro, porém nunca havia a saciado, de fato. Tinha respeito pela privacidade de sua mãe o suficiente para nunca a questionar sobre a importância de seus pertences dentro da caixa.

“Você irá entrar dentro da Miracle Box e conversar com os outros kwamis”, ela respondeu já se levantando e indo em direção à porta da cozinha que a separava da sala de estar, “Pegar informações sobre quem roubou o broche e Nooroo”.

“Eu tenho mesmo?”, Plagg reclamou.

“Sim, você tem. Não é como se eu pudesse entrar lá dentro, não é?”, ela rebateu.

Ele reclamou um pouco mais com pequenos miados. Emma revirou os olhos.

Com a caixinha em mãos, ela adentrou a sala de estar e foi em direção a Adam de imediato, ouvindo por alto o que Luka e Alix estavam conversando. Algo sobre a revelação das identidades estar por todo Twitter e Instagram e as pessoas não pararem de falar sobre isso, levantando hipóteses sobre a identidade dos demais heróis, especialmente de Ladybug. Ela não deu muita importância, mesmo o assunto parecendo ser sério. Notou, porém, a movimentação dos dois. Estavam fechando as cortinas e as janelas, desligando o telefone central da casa na tomada e também a televisão. Ela franziu o cenho, decidindo que questionaria depois. Chamou Longg e Trixx para a acompanharem e quando chegou ao lado de Adam, pediu a ele que cuidasse dos sanduíches na cozinha e informou que estaria no quarto dos pais dela.

Lá Emma e os kwamis adentraram o closet dos pais. Era um cômodo grande, porém organizado e aconchegante. O cofre que guardava a Miracle Box ficava junto às roupas de sua mãe. Sentando-se no chão, ela abriu a caixinha de recordações e começou a vasculha-la, retirando os objetos e procurando um papel com a senha.

Depois de muitas fotos, frascos com dentes de leite, sapatinhos de bebê, cartas, flores secas, sketches de roupas e cartões de aniversário, ela achou um papel dobrado em que estava escrito: “o dia em que fomos libertos”.

Ao abrir, tinha uma 11/04/2021.

Ela usou a combinação de números para abrir o cofre e conseguiu. Porém o que não conseguiu foi deixar de pensar em como Biston descobriu todo o caminho até a caixa de recordações e ao cofre sem ninguém perceber ou se ele foi capaz de deduzir a senha.

Ao lado da caixa oval vermelha com bolinhas pretas, no entanto, estava faltando o livro que continha informações sobre os miraculous. Emma arregalou os olhos e soltou um arquejo. Retirou a caixa do cofre e tateou o lugar, inutilmente procurando o livro ou qualquer pista deixada.

“Santo queijo! Essa não é uma boa notícia!”, Plagg se pronunciou do alto da cabeça dela, também atônito.

“É, isso significa que Biston pode ir mais longe do que pensávamos”, ela sussurrou, o desânimo lhe preenchendo de repente.

Plagg ficou calado. Voltando à sua pequena missão, Emma colocou a caixa em seu colo. Pressionou o círculo preto específico do de Nooroo para abri-lo e encontrou-o vazio, como o esperado. Depois foi abrindo os dos demais, um por um, até ter certeza de que os miraculous inutilizados estavam dentro da caixa e seguros. Uma notícia boa, pelo menos. Biston realmente havia roubado só o da borboleta... e o livro. Ela aproveitou para guardar os do dragão e da raposa, depois de assistir Trixx e Longg retornarem às joias. Por fim, abriu o de Plagg e sem pedir duas vezes, ele flutuou para dentro da caixa, fechando-o em seguida.

Emma soltou um longo suspiro.

Não tinha mais o que fazer a não ser esperar seu kwami sair da Miracle Box com as informações. E tentar não pensar nas sérias consequências que era o vilão ter posse do livro. Ela pegou, então, a caixa de recordações e recolocou os objetos que havia retirado dela, dessa vez de fato prestando atenção neles. Sabia que estava invadindo a privacidade de sua mãe. Porém também sabia que Marinette deduziria que Emma vasculharia entre suas coisas. E se ela tivesse algo contra, teria pedido para que ela focasse somente na senha do cofre.

Não havia nada de errado em espiar uma coisa ou outra. E além do mais, vasculhar entre as recordações de fato estava tirando a cabeça de Emma do roubo do livro.

As pilhas de fotos foram as recordações de Marinette que ela mais estudou.

Tinham fotos dela enquanto crescia, dos seus irmãos. Dava para perceber que eram muito importantes para sua mãe, visto que ela havia decidido imprimi-las e guarda-las. Junto a elas, fotos dela sozinha com seu pai, em diversos lugares e em poses e cenários diferentes, os momentos particulares deles eternizados. Emma soltou um suspiro, boba. Eles eram lindos juntos. Ela amava a história de seus pais, em como eles passaram de parceiros e amigos a namorados e companheiros de vida.

Continuou olhando: tinha também um compilado grande de fotos de seu pai quando era adolescente. Ela quis rir alto, mas se conteve com risadinhas. Sua mãe guardava fotos de seu pai quando ele era modelo!

Isso era tão ela!

A próxima leva era de fotos do esquadrão transformados em super-heróis, por vezes eles sozinhos, em outras acompanhados de outros membros, uma com todos juntos.

As últimas que ela guardou a surpreenderam de verdade. Revelavam algo sobre o passado de sua mãe que ela nunca havia imaginado. Eram fotos dela com tio Luka. Imagens simples, algumas dentro de um barco e outras em parques junto a um violão, mas que refletiam a proximidade dos dois, a intensidade do relacionamento de ambos.

Emma franziu o cenho ao estuda-las, confusa.

Sua mãe namorou tio Luka na adolescência?

Uma das que viu confirmou a suspeita: ambos se beijando, a Torre Eiffel de paisagem ao fundo, em um dia lindo de sol. No verso escrito “fevereiro de 2019”.

Datava antes de seus pais se casarem em 2027.

Junto à data estava o que parecia ser um poema: “Você é a garota mais extraordinária, Marinette. Tão claro como uma nota musical, tão sincero quanto uma melodia. Você é a música que tem tocado na minha cabeça desde o dia em que a gente se conheceu”.

O coração dela pulou algumas batidas ao ler. Era tão intenso quanto seu tio Luka conseguia ser, assim como poético e esperado de um compositor apaixonado por música.

Ela ficou encarando a foto. Sempre soube que eles eram amigos muito íntimos e que ele havia sido suporte para ela praticamente desde o dia em que se conheceram. E isso era lindo, Emma admirava muito o laço que os uniam. No entanto, ali de supetão, ela descobriu que eles já foram apaixonados um pelo outro, que dedicaram uma parte de suas vidas a um relacionamento amoroso.

Estava estática com a foto em mãos, sentindo dificuldades em normalizar uma situação que na teoria era muito normal.

Ela só... nunca havia imaginado sua mãe com outro homem a não ser seu pai. Cresceu com todos os amigos deles os tratando como um só, como duas pessoas que eram destinadas uma a outra, como as duas partes de um todo que eram Ladybug e Chat Noir. Tio Luka incluso! Era difícil se acostumar com a ideia de que sua mãe namorou um de seus amigos mais próximos antes de seu pai.

“Ei, Agreste”, a voz de Adam preencheu o silêncio.

Emma soltou um gritinho, voltando-se rapidamente para trás. Seu futuro-quase-próximo namorado, filho do mesmo homem cujas fotos estudava, estava na porta do closet com um prato em mãos, um sanduíche e algumas fatias de queijo em cima. Ela respirou fundo, tentando se acalmar depois do susto.

Estava tão compenetrada com a foto que não havia ouvido Adam chegar.

Ela olhou para o cofre aberto e a Miracle Box ao seu lado no chão. Se o jovem os havia percebido e ficado no mínimo curioso, ele não perguntou sobre. Ela suspirou de alívio. Sua mãe também não havia mencionado, porém ela tinha uma leve inclinação a pensar que sua pequena missão era confidencial.

Bom, Adam era praticamente da família. Totalmente confiável.

“Eita, você estava mesmo em outro planeta”, ele comentou se aproximando, “Desculpa te assustar. Trouxe seu sanduíche e camembert pro Plagg”.

A leveza dos comentários de Adam a fez se sentir melhor rapidamente. Ela sorriu. “Ele vai gostar mais de você por ter se lembrado dele”, respondeu pegando o prato das mãos dele.

O rapaz se sentou ao lado dela no chão. “Tudo que sai da boca daquele kwami é camembert, difícil eu não me lembrar”, comentou em um tom de ironia.

“Obrigada mesmo assim”, Emma disse se inclinando e dando-lhe um selinho rápido nos lábios. Ele colocou uma mecha dos cabelos dela atrás da orelha em resposta, fazendo um carinho ali.

“O que está fazendo?”, perguntou suavemente quando ela se afastou.

A jovem olhou a foto novamente e suspirou. Que mal havia mostrar a ele se ficasse somente entre eles? Poderia abusar da sorte e confiança de sua mãe mais um pouco.

“Cá entre nós e somente entre nós”, ela disse voltando seu olhar para ele e sustentando-o com firmeza. Adam assentiu, entendendo o pedido de confidencialidade. Ela entregou-o a foto, continuando: “Você sabia sobre isso?”.

Adam franziu o cenho, encarando o casal estagnado na imagem do mesmo jeito que ela havia feito minutos atrás. “Não, eu não sabia”, respondeu calmamente, a olhando de novo, “Onde achou isso?”.

“Na caixinha de recordações da minha mãe”, Emma respondeu de imediato, “Estranho, não?”.

Ele ergueu uma das sobrancelhas. “Estranho que eles namoraram ou estranho que eles namoraram e nós, os filhos deles, estamos nos envolvendo?”, perguntou.

A pergunta dele a pegou de guarda baixa. Ela levou alguns segundos para observar seus próprios pensamentos e sentimentos, porém essa possibilidade não havia passado pela cabeça dela.

“Sinceramente, não sei”, deu de ombros.

No entanto, Adam parecia ter as respostas.

“Sabe o que eu acho?”, ele começou e ela inclinou a cabeça, convidando-o a continuar, os olhos verde claros curiosos, “Ainda bem que não deu certo, porque se não seríamos irmãos e eu seria induzido a cometer incesto. Muito drama de família”.

Dessa vez, Emma riu alto, incapaz de rebater à gracinha dele. Ele a acompanhou com risos mais contidos, a imagem da futura-quase-próxima namorada se acabando na risada o agradando.

“Falando sério agora”, ele recomeçou, a expressão em seu rosto de fato mais séria. Ela assentiu, parando as risadas aos poucos. “Eu sei que tio Adrien e tia Mari são perfeitos um para o outro. Às vezes não deu certo entre meu pai e sua mãe porque é para dar certo entre eu e você”, disse.

A jovem o encarou. Não havia hesitação alguma nas palavras de Adam, os olhos azuis dele nos dela demonstrando a segurança que tinha naquilo que dizia. Ela já estava acostumada com o caráter direto e confiante das revelações dele, no entanto naquela vez havia algo de especial. Era ele revelando que enxergava um futuro para os dois, que queria investir no relacionamento e encarar as consequências disso, indiretamente pedindo que eles avançassem um pouco mais.

De repente, ela se sentiu sem ar.

Sem resposta verbal, ela colocou o prato com o sanduíche e as fatias de queijo de lado. E calmamente se aproximou e colocou as mãos no rosto dele, o puxando para si. Ele completou o caminho, fechando os olhos e tocando os lábios dela com os seus. Seu coração batia muito rápido. Esse ato era ela concordando com o pedido dele, mesmo que indiretamente, como ele fez, mesmo que também estivesse um pouco nervosa com a decisão. Emma embrenhou os dedos nos cabelos dourados dele, desfazendo o rabo de cavalo que ele costumava usar, e aprofundou o beijo. Adam correspondeu imediatamente enquanto a puxava mais para ele, enlaçando a cintura dela com as mãos. Se beijavam apaixonada e ardentemente, porém de maneira calma, como se eles tivessem todo o tempo do mundo. E naquele momento, de fato tinham.

A situação havia se tornado uma bagunça bonita de cabelos desarrumados, de respirações ofegantes e de sorrisos entre o beijo.

Quando se separaram, mantiveram-se próximos, testas coladas e olhos azuis em verdes. Emma foi aquela a quebrar o silêncio com sussurros: “Isso foi um pedido de namoro?”, perguntou, em um tom provocativo. Ela tinha que ter certeza das intenções dele.

Adam soltou risinhos. “Na verdade, não”, respondeu, calmo, “Eu só quis deixar claro que vejo um futuro para nós e talvez saber sua opinião a respeito”.

A fala dele a surpreendeu. Esperava um “sim” para sua pergunta. No fim, ela quis suspirar de alívio. “Bom... eu também acho que nós dois damos certo”, confirmou.

O sorriso que ele abriu a fez se sentir mais quente por dentro.

“Eu sei que você tem muito na sua cabeça agora, Agreste”, ele continuou em um tom gentil, “Nós dois temos o resto das nossas vidas para conversarmos e decidirmos sobre essas coisas. Podemos esperar”.

“Sim, podemos”, ela respondeu em um fio de voz, surpresa e maravilhada demais para sustentar um tom mais firme.

Adam respondeu com um beijo na ponta do nariz dela. E sorriu.

“Eu acho que você deveria comer. Não é porque eu quem fiz, mas está uma delícia. Palavras do meu pai e da tia Alix”, sugeriu, o sorriso agora puxado para o canto e uma piscadela.

Emma deu-lhe mais um selinho para depois se afastar. Antes de pegar novamente o prato, guardou o restante das fotos na caixinha de recordações de sua mãe, a fechando. Depois, com o sanduíche em mãos, sentou-se próximo a ele novamente e observou-o se reorganizar no chão para acomoda-la no meio de suas pernas, seus braços em volta de sua cintura e a cabeça em seu ombro. Ela suspirou, muito confortável, e se pôs a comer seu sanduíche.

Nos minutos que se seguiram, Adam a esperou terminar seu lanche entre piadas e assuntos sérios, conversando sobre banalidades e a situação atual. Ele contou a ela que sua mãe havia ligado e instruído tio Luka e tia Alix a fecharem as cortinas e deixarem quaisquer aparelhos eletrônicos ligados somente se necessário. Explicou que eram medidas de proteção e prevenção contra os akumatizados que ainda estavam livres, visto que eles estavam a serviço de Biston e poderiam espioná-los.

Ela o ouvia, por vezes assentindo com a cabeça.

Estava concentrada. E preocupada com essa avalanche de acontecimentos.

O jovem prosseguiu dizendo o mesmo que ela havia escutado por alto da conversa dos dois heróis: o assunto do Twitter e Instagram, até no Tik Tok, era a revelação das identidades. Ele apontou essas discussões como perigosas, visto que colocavam tia Alya, tia Kagami e o pai dela no centro das atenções e deixavam os parisienses suspeitos sobre quais seriam as identidades dos demais heróis. Esse tipo de movimento dos civis criava alvos e distraía os heróis dos reais problemas que enfrentavam.

Contou também que, até o momento, uma porção de pessoas havia ligado e mandado mensagem para tia Alix e tio Luka perguntando sobre as novidades, se eles sabiam que seus amigos eram heróis. Nas redes sociais dos dois também haviam mensagens, marcações em posts de pessoas que eles nem conheciam. Eles comentaram que Marinette poderia muito bem estar sofrendo com o duplo e até triplo disso, visto que seu marido era Chat Noir e seu sogro, anos atrás, foi revelado como Hawkmoth.

Biston havia, de fato, prometido o inferno para eles. E estava cumprindo.

Ambos concordaram que todos deveriam tomar cuidado daquele momento em diante, permanecendo discretos sobre a vida dupla de seus pais, até que o problema fosse resolvido e eles ficassem mais seguros.

E essa medida incluía o grupo de amigos deles que, por acaso, também eram filhos de portadores de miraculous ou pessoas muito próximas a eles.

O tempo que Emma terminou de comer foi o tempo que Plagg saiu da Miracle Box, uma expressão irritada em seu rosto e as patas cruzadas. Sem falar nada, a jovem somente apontou para o prato com as três fatias de camembert intocadas, enviando uma piscadela ao kwami. Ele rapidamente agarrou-as e permaneceu flutuando ao lado dela e de Adam enquanto comia uma por uma aos pouquinhos, de fato apreciando e murmurando coisas ininteligíveis.

Ela quase agradeceu quando Adam disse que ia levar o prato de volta para a cozinha, se despedindo dela com um beijo na bochecha. O que ela faria em seguir tinha de ser sem testemunhas. Pegando o papel com a senha de novo, ela riscou a data que havia ali e a substituiu por outra aleatória: 25/09/2044. E com a nova combinação na cabeça, Emma guardou a Miracle Box de volta no cofre e o fechou, redefinindo a senha com a nova data.

Então, se levantou e guardou o papel no bolso da frente de sua calça. Saindo do closet com a caixinha de sua mãe em mãos, foi seguida por um Plagg murmurante e manhoso, ainda calado sobre o que havia conversado com os kwamis. Mais tarde com sua mãe ela saberia de qualquer forma, portanto deu de ombros e saiu do quarto, indo até a cozinha para preencher o fundo falso do armário com a caixa de recordações novamente.

 

Em casa, Marinette se jogou na poltrona da sala de estar, seus três filhos sentados à sua frente no sofá. Luka, Alix e Adam haviam ido para suas casas no momento em que ela havia chegado, dizendo a ela que ligasse se precisasse de qualquer coisa. Ela sorriu para eles, recomendando que eles também descansassem – coisa que ela não conseguiria fazer no momento.

Plagg apareceu logo depois, entregando-lhe o papel com a nova senha do cofre. Ele cruzou suas patas e evitou-a olhar nos olhos enquanto contava que o livro com as informações sobre os miraculous também havia sido roubado. Marinette passou a mão no rosto, deixando o desânimo e o cansaço estamparem seu rosto. Fracamente, ela acenou a mão para que ele continuasse. Plagg, então, lhe contou o que conversou com os kwamis da Miracle Box. Na verdade, não havia informação nova vinda deles. Ele parecia mais frustrado ainda ao contar enquanto a mulher o olhava, o vazio ainda em seu peito. Os kwamis só puderam assinalar que quem roubou Nooroo foi o akumatizado da invisibilidade e que ele o fez tão rapidamente que parecia que ele tinha domínio dos exatos passos necessários para acessar a caixa. Eles não viram ou ouviram mais nada.

No atual momento, sua cabeça estava estourando de dor, a tensão acumulada em seus ombros, um aperto dentro dela que parecia esmagar suas entranhas. Aquele havia sido um dos dias mais cheios e estressantes de sua vida e estava um pouco longe de acabar. Parecia que a lista de problemas que Biston havia lhe dado se aumentava a cada segundo, cada um deles tendo de ser trabalhado com cuidado e delicadeza. A começar pela falha em prever as ações do inimigo e ter caído na armadilha dele, deixando suas amigas e companheiras expostas e vulneráveis.

Marinette estava fazendo de tudo para proteger o restante do esquadrão e remediar seus erros com as duas heroínas. Ela tinha de ser uma líder melhor, uma amiga melhor.

O problema mais recente era a quantidade gigantesca de comentários, marcações e mensagens que recebia em suas redes sociais, desde a batalha contra os akumatizados. Familiares, colegas de trabalho, desconhecidos tentavam contata-la a fim de saber mais sobre a vida de Adrien como Chat Noir e a suspeita de todos de que ela sabia as identidades dos demais. Havia ignorado a maior parte, exceto das pessoas que de fato eram importantes e das mensagens que valiam a pena serem lidas.

Estava exausta. Queria tomar um longo banho e ir dormir, talvez chorar um pouco na cama para expressar a dor que sentia, sem seu marido para reconforta-la.

No entanto, ela não podia. Tinha de aguentar um pouco mais.

E a razão para isso eram os gatinhos que a encaravam no momento e os companheiros de esquadrão com quem conversaria mais tarde.

Passou os próximos minutos explicando para eles, especialmente a Hugo, que Adrien estava no hospital e que havia sofrido um acidente. Contou também que a extensão de seus machucados fazia com que eles tivessem de ajuda-lo quando recebesse alta. O mais novo não aceitou muito bem, suas lágrimas partindo o coração dela em dois e envolvendo Emma e Louis no choro. Tikki imediatamente flutuou até o pequeno para confortá-lo, o mesmo a abraçando de volta já acostumado com a grande segunda mãe que era a kwami. A primeira mãe se contentou em ficar na poltrona, sua própria dor e tensão aumentando as fisgadas em sua cabeça.

Marinette sentia sua família à beira de um colapso emocional.

Ela sabia ser o esperado, dado a atual conjuntura.

Só não era mais fácil de lidar sabendo que era normal.

A mãe deu espaço para que eles expressassem a tristeza, sem saber muito bem como retomar o assunto e abordar o risco que eles estavam correndo. Porém ela sabia que hora ou outra teria de conversar e alertar, bem como apelar para o companheirismo que durante toda sua trajetória como mãe havia os tentado ensinar a ter com seus pais. Desejou ter Adrien do seu lado, com suas piadas sem graça que suavizavam a tensão e as palavras gentis que ele sempre tinha.

Observando as lágrimas se secarem um pouco, ela retomou contando por alto sobre a ameaça que estavam vivenciando, mencionando que a vida dupla do pai deles como Chat Noir havia sido descoberta junto com Alya e Kagami. Ela abusou do fato de seus filhos acompanharem de perto todo o seu trabalho como Ladybug e da ciência deles sobre as identidades dos heróis do esquadrão para pedir confidencialidade. Usando palavras que Hugo entendia, pediu a todos que evitassem utilizar as redes sociais e falar do assunto com colegas da escola e estranhos na rua. Sobre os estranhos, reiterou que não conversassem com absolutamente ninguém porque no momento ninguém era amigável. Disse que somente a família gigante deles era confiável e que buscassem a companhia dos deles, até o problema ser resolvido e pudessem estar seguros.

Os três concordaram e aceitaram as exigências sem hesitação, a confiança clara e cega que seus filhos tinham nela. Marinette sorriu. Ela sabia que eles iam ficar bem, mesmo passando por situações tão difíceis.

Então, uma vez dado o assunto por encerrado e as perguntas estarem resolvidas, os lembrou da hora do banho e do jantar. Os gatinhos se levantaram do sofá ainda preocupados e tristes, porém dispostos a seguir suas rotinas normalmente.

Ela se permitiu ficar jogada na poltrona por mais alguns minutos.

Tikki permaneceu com ela, a perturbação e ansiedade estampadas no rostinho.

O celular de Marinette tocou pela milionésima vez, dessa vez uma ligação e não mensagens. Ela o sacou e olhou o nome de Gabriel Agreste no visor, atendendo imediatamente.

Ele havia recebido sua mensagem e retornado, no final das contas. Ainda bem!

“Marinette”, ele a cumprimentou polidamente do outro lado da linha. Ela fez o mesmo, há anos se referindo a ele pelo primeiro nome e deixando o “monsieur Agreste” para trás. “Retornei do hospital agora há pouco. Adrien ainda está dormindo, porém eles disseram que é por efeito dos medicamentos. Deram a estimativa de ele acordar amanhã. E, então, poderemos visita-lo e em breve, leva-lo para casa. Garantiram que está fora de perigo”, concluiu.

“É, eles me falaram a mesma coisa. Provavelmente só teremos notícias novas amanhã, quando eles o observarem pela noite”, Marinette comentou, a respiração pesada.

Gabriel ficou em silêncio por alguns segundos, antes de abordar o que de fato queria conversar: “Como você está?”, perguntou, o mesmo tom impassível de sempre, “Eu acompanhei tudo o que aconteceu, até mesmo as notas nos sites de fofoca e os especiais que eles estão fazendo a cada cinco minutos”.

“É como se eu estivesse passando pelo inferno”, ela respondeu, sentindo-se vazia por dentro, “Biston me avisou que ele me faria viver o inferno. Caramba, nem você me fez passar por isso, Gabriel”.

Ela ouviu sons divertidos em resposta. Ele estava rindo. Gabriel Agreste... ou melhor: Hawkmoth estava rindo da situação que a acometia. Aparentemente, ele tinha uma leve inclinação ao humor negro. E Marinette não estava para trás. Por incrível que pareça, ela se sentia maravilhada. Não era ruim ou estranho conversar com seu antigo inimigo a respeito do seu novo inimigo e os infortúnios que ele estava fazendo-a passar.

“Acredito que pedir perdão pelos meus atos mais uma vez não será suficiente”, ele constatou, ainda utilizando-se do humor. Ela sussurrou um “não, não vai” em concordância. Gabriel mudou de assunto: “eu assumo que você esteja tomando quaisquer medidas de segurança que achar convenientes”.

“Sim, eu estou”, confirmou, agitada e de repente agressivamente determinada, “Eu não quero aqueles akumatizados ou Biston chegando perto dos meus filhos ou dos meus amigos. Adrien, Kagami e Alya sendo expostos é o suficiente. Não deixarei que ninguém mais tenha suas identidades reveladas ou suas famílias ameaçadas”.

“Acredito em você, Ladybug”, assinalou, o humor voltando novamente por segundos, “Eu já senti essa determinação agir contra mim. Como você pretende assegurar a segurança de todos?”.

Marinette, então, explicou as medidas de segurança que repassou aos heróis e a conversa que teve com seus filhos. Gabriel escutou tudo com paciência, fazendo comentários quando achava pertinente.

“Acredito que seja suficiente por agora. É eficiente para prevenir quaisquer ataques ou espionagens e discreto o suficiente para que não levante suspeitas”, ele assinalou, “Confesso que não esperava menos de você. Porém, Marinette... eu quero que saiba que você tem todo o suporte que eu posso fornecer: meus funcionários, meus seguranças. Todos possuem contrato assinado de sigilo e confidencialidade. Se você quiser, eu te ofereço minha casa como refúgio. Eu sei que não é um local... aconchegante... e que Adrien não tem boas recordações daqui, mas é seguro e estável. Minha casa é uma fortaleza, sua família estará intocável aqui, assim como seus amigos”.

A mulher ergueu as sobrancelhas, tão surpresa que não conseguia o responder.

Gabriel Agreste e ela haviam construído uma relação amigável como sogro e nora no primeiro ano de casamento dela e uma relação profissional nos anos subsequentes. Ela o acompanhou em sua superação do homem louco e obsessivo pela falecida esposa que Hawkmoth representava; e o assistiu reconstruir sua vida casando-se com Nathalie e eventualmente se aposentando de CEO de sua empresa.

Ele havia se desenvolvido ao ponto de ser um avô coruja de seus filhos e um pai mais presente na vida de Adrien. E ao ponto de montar sociedade com ela.

Marinette era, no momento, dona de setenta por cento da antiga marca “Gabriel” cujo nome atualizado era simples e puramente “Agreste”. E ele chefiava os demais trinta por cento, fazendo dos dois sócios e responsáveis pelas tomadas de decisão, bem como ótimos parceiros de fashion design, quando lhe convinham.

No entanto, Gabriel nunca havia insinuado ser de seu interesse abrir mão de seu conforto e privacidade, simbolizados pela mansão que ele chamava de lar, para acolhê-los. O fato de que ele estava abrindo as portas de sua casa para eles era uma surpresa.

“Gabriel, eu...”, ela finalmente disse algo, ainda estupefata, “Muito obrigada. Mas no momento, acho que é inviável. Atrairia muita atenção da mídia e esse é o oposto do que queremos agora. Te peço para manter a opção em aberto, porém. Saber que temos possibilidades ajudaria muito”.

“Eu entendo”, ele disse, calmo, “A proposta está de pé, não a retirarei”.

“Mas... eu quero ainda sim usar da sua proposta para pedir Gorilla emprestado até a situação for resolvida”, Marinette continuou mordendo levemente o lábio inferior, “Ele foi o motorista do Adrien e é uma cara familiar para os meus filhos. Não posso deixa-los andando sozinhos pelas ruas de Paris com esses akumatizados à solta. Na verdade, nem os civis são confiáveis, no momento. Emma tem o Plagg, eu dei o miraculous do Adrien para ela. E embora eu queira mesmo que ela nunca precise usá-lo, o traje é uma segurança a mais. No entanto, Louis e Hugo... eles são muito vulneráveis por eles mesmos”.

Gabriel soltou sons de concordância. “Está feito”, disse, “Acabei de contatá-lo e ele ficará a seu serviço a partir de amanhã. Pedirei a Patricia que te mande o número de telefone dele para que você possa manter comunicação direta com ele”.

“Muito obrigada”, ela agradeceu, um sorriso se abrindo no rosto, “Em algumas tardes dessa semana também enviarei os gatinhos para passarem um tempo com você, assim podem usufruir da segurança da mansão e da companhia do vovô”.

“Você sabe que eu os receberei com todo prazer. Aprecio a companhia dos meus netos”, respondeu e como se tivesse acabado de se lembrar de algo, continuou: “Com relação ao seu pedido de folga para amanhã, está tudo certo. Pode deixar que eu te cubro pelo tempo que precisar, Marinette”.

Ela quase soltou um suspiro de alívio. Ele estava se mostrando um ser humano mais do que atencioso. Nada como o Gabriel Agreste que ela estava acostumada. “Muito obrigada, Gabriel, de verdade”, repetiu.

“Você é a esposa do meu filho, Marinette, e minha sócia”, ele disse, firme e seguro de suas palavras, “Eu tenho aprendido a valorizar esses laços”.


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Notas finais do capítulo

Então, eu só quero dizer que eu sou muito apaixonada pelo Adam e por esse casal incrível que criei e que inclusive fiz o nome de ship: Agraine, com os sobrenomes dos dois Agreste e Couffaine. Me digam o que acham sobre o casal, das críticas positivas às negativas, sempre construtivas por favor.
Aos coraçõezinhos Adrinette ansiosos e agitados, logo logo tem momentos fluffy dos dois também. Temos só que esperar coisas relevantes acontecerem para podermos prosseguir.
UM GRANDE BEIJO!

Glossário:
Minette significa “gatinha” em francês.
Miracle Box é a caixa que contém os miraculous.
Brie é um tipo de queijo francês, assim como camembert.
Kagami é o nome da Kyoko na versão francesa e americana.



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