Star Ocean: O Mar Onde Encontrei o Amor escrita por Mesprit


Capítulo 7
Ebulição


Notas iniciais do capítulo

Hoje temos um especial Meanie, espero que gostem!



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Silêncio. Era tudo que havia naquele local com exceção de breves momentos onde se podiam ouvir passos ou livros sendo retirados das prateleiras. Silêncio, paz e tranquilidade para ler seus livros era tudo que um estudante de história poderia pedir. O coreano de cabelos lisos e pretos, com grandes óculos redondos, estava sentado em uma poltrona na biblioteca da universidade, virada em direção à janela de onde os raios de sol entravam e traziam um calor e aconchego para aquele dia friozinho.
Mesmo sendo um funcionário de meio período da biblioteca, sempre que ele tinha tempo livre ele escolhia passar lá dentro ao invés de ir fazer outra coisa, rodeado dos mais diversos livros, com aquele cheiro de páginas velhas mas que continham tantas histórias, sejam elas reais ou fictícias. Sentado naquela poltrona apenas uma coisa poderia deixar sua manhã ainda melhor: uma garrafa de café, porém não era permitido trazer líquidos para dentro da biblioteca. Mas estava tudo certo contanto que a única coisa que pudesse estragar sua manhã não acontecesse, ou melhor, aparecesse.
Ao ter esse pensamento, o rapaz um par de mãos em cima de seus ombros e automaticamente bufou e julgou sua própria mente, pois havia acabado de invocar quem ele menos queria.
— Wonwoo!! Surpreso em me ver? - O estraga prazeres falou em voz alta com um tom de empolgação e esbanjando um sorriso.
— Aqui é uma biblioteca, se for falar faça isso em voz baixa por favor - O estudante de história o cortou de forma ríspida.
Já emburrado, Wonwoo fechou seu livro e levantou da poltrona, indo em direção a estante de onde retirou o livro para devolvê-lo ao seu lugar. O outro, que era bem mais alto, encorpado e moreno, contrastando com o rapaz magro e com pele pálida, o seguiu sem perder a empolgação.
— Desculpe, é que eu estava ansioso pra te ver. Vamos almoçar juntos? Tenho algo para te contar.
O rapaz de óculos direcionou seu olhar para o outro de forma julgadora e amedrontadora. Ele já sabia que o que iria acontecer, porém quando olhava para os olhos brilhantes de Kim Mingyu era muito difícil recusar, embora ele nunca fosse admitir isso para o outro. Suspirou e foi para os armários buscar sua mochila, enquanto o moreno o acompanhava contente.
Ao saírem da biblioteca, Mingyu deu uns passos mais rápidos para ficar ao lado de Wonwoo e, subitamente, colocou seu braço sobre os ombros do menor, que ficou extremamente sem graça ao mesmo tempo que irritado, pegando a mão do outro e saindo de seu abraço, deixando o moreno claramente chateado, porém logo ele já havia deixado passar.
Wonwoo olhou fixamente para a mochila do maior. O cheiro de suor que saía dela denunciava que o rapaz havia acabado de sair do treino de basquete. Antigamente, o garoto ia assistir alguns treinos e principalmente não perdia uma partida oficial da equipe, mas começou a se incomodar com o fã-clube que o rapaz tinha, e como ele dava mais atenção para aquelas garotas que ele nem conhecia do que para seu amigo de infância.
Na verdade, eles eram até mais do que simples amigos de infância, ao menos era isso que o rapaz pensava. Ambos cresceram juntos, amadureceram juntos, tiveram seu primeiro beijo e até sua primeira vez um com o outro. Wonwoo realmente acreditava que eles eram almas gêmeas e que iriam ficar juntos para sempre, porém ao entrar na faculdade, o seu mundo perfeito começou lentamente a desabar.
Chegaram a uma lancheria que ficava mais afastada dos prédios principais da universidade. Quando estavam juntos gostavam de comer hamburgeres e outros lanches ao invés de uma refeição tradicional. Fizeram seu pedido que logo ficou pronto e eles se direcionaram a uma mesa afastada, embora o local não estivesse lotado. Wonwoo pegou e foi ao ataque no seu hamburger, dando uma mordida grande e enchendo sua boca de sabores. Nesse momento um flash na sua direção o atrapalhou e ele pode perceber que Mingyu estava com sua câmera direcionada ao rapaz.
— Eu vou jogar sua câmera no lixo se você tirar fotos de mim enquanto como de novo - Alertou o menor.
— Eu não estava tirando fotos, eu estava filmando todo o processo desde que você pegou o hamburger até você morder. A foto foi só no final. Eu juro, ainda vou fazer um filme só sobre você e apresentar na aula - brincou o moreno rindo e fazendo o outro suspirar.
— Então, o que você queria me contar?
— Verdade, havia esquecido já. Vamos num baile de gala! Meu pai vai estar organizando em parceria com uma outra empresa que ele está se aliando, vai ser muito chique, com comida boa, e uma festa com vários convidados. - Mingyu explicou enquanto procurava alguma coisa no seu celular, quando achou direcionou o celular para o outro - Ele quer que eu seja acompanhante da filha do CEO da outra empresa, olha só para ela, muito gata não é? Vai ser uma ótima noite.
Wonwoo sentiu uma faca cortando seu coração. Embora era algo que ele já estava esperando que iria acontecer, isso não impediu de doer menos quando presenciou o acontecimento. O estudante de cinema adorava mostrar para o amigo as garotas com quem iria sair, o que na cabeça do outro além de ser totalmente sem sentido, parecia que era feito só para o magoar e o lembrar de que ele nunca seria o único. Sinceramente era uma cena que ele não estava nem um pouco afim de presenciar com seus próprios olhos, mas sabia que se recusasse o convite iria ser ainda mais irritante depois lidar com o garoto o enchendo de perguntas.

===

Alguns dias se passaram e era o dia da festa. Wonwoo havia terminado seu banho e agora vestia seu terno, que era preto e simples, um clássico que combinava com a discrição que o rapaz gosta de ter. Ao se olhar no espelho enquanto abotoava sua camisa, sua pele pálida denunciou uma marca roxa na sua clavícula, ela era uma lembrança da última vez que Mingyu havia o visitado de madrugada. Ao terminar de vestir seu terno, o rapaz deu uma volta para se olhar no espelho, enquanto passava as mãos pelo seu corpo magro e sem nenhuma curvatura, que o fazia lembrar que ele era um homem.
Por mais bobo que deveria parecer, esse pensamento abalava o historiador. A verdade é que Mingyu era sim bissexual, e não apenas um heterossexual confuso. No entanto, era claro para Wonwoo que por mais que o moreno gostasse dos dois gêneros, ele tinha uma preferência pelo sexo feminino, e ele sempre iria escolher uma mulher ao invés do garoto se ele tivesse a opção.
Por um todo, Wonwoo também não direcionava toda a culpa e responsabilidade para cima do jogador de basquete. Pela pressão da sociedade e também da família, deveria ser muito mais fácil se relacionar com o sexo oposto do que com outro homem. Por mais que o jovem quisesse, ele entendia que era um fardo que ele não podia obrigar o outro a carregar apenas para lhe agradar. Porém esse processo de empatia não era o suficiente para extinguir a dor que ele sentia no seu coração toda vez que via seu amado trocar carícias com outra pessoa sem ser ele.
Foi tirado dos seus devaneios quando o telefone tocou. Era Mingyu o esperando na entrada do prédio. Endireitou sua gravata e saiu porta afora, enquanto descia as escadas já podia ver o moreno lá embaixo lhe olhando e acenando. Quando chegou na sua frente, decidiu simplesmente passar reto pelo outro e entrar no carro, porém ao abrir a porta da frente ao lado do motorista, a acompanhante do outro estava sentada lá. Wonwoo sorriu sem jeito, cumprimentou a garota e se sentou no banco de trás.
O caminho até a festa foi barulhento na parte da frente do carro, com Mingyu e a garota conversando o tempo inteiro, enquanto Wonwoo apenas ficou em silêncio olhando para a rua e as luzes da cidade. Ao chegarem no local, o moreno estacionou o carro e os três se direcionaram até a entrada, onde a garota puxou Mingyu pelo braço o querendo levar para a pista de dança. O maior apenas acenou para o outro e desejou que ele se divertisse antes de sumir de vista.
O garoto não sabia exatamente o que fazer para passar o tempo, então decidiu ir para a mesa de petiscos, ao menos iria comer até a raiva passar. Enquanto se deliciava com lanchinhos um garçom lhe ofereceu um drink, que aceitou mesmo não sendo uma pessoa que costuma beber.
Foi enchendo a barriga e a cara ao mesmo tempo, um, dois, cinco taças de champagne e o rapaz já estava sentado numa mesa entediado. De repente um homem que devia ser alguns anos mais velho que o rapaz surgiu na sua frente e se sentou ao seu lado, perguntando seu nome com um sorriso. Wonwoo sorriu de volta e começaram a conversar apesar do volume da música atrapalhar a comunicação.
Mingyu estava na pista de dança, segurando e conduzindo a menina pelo salão enquanto ela se segurava pelo pescoço do maior com seus braços. Ele estava se divertindo mas ao mesmo tempo seus olhos não paravam de varrer o salão em busca do seu amigo. Ao levar seus olhos em direção a saída, se deparou justamente com o garoto indo embora com um homem que ele não conhecia. Imediatamente ele se desvencilhou da sua acompanhante e saiu correndo para a saída, pedindo licença para todos que estavam no caminho e deixando a garota na pista sozinha e sem reação.
O moreno saiu do local e avistou os dois longe e acelerou o passo para alcançá-los. Não demorou muito e ele gritou pelo nome de Wonwoo que se virou junto do homem para ver o que estava acontecendo. O rapaz, já alcoolizado, estava segurando uma taça ainda cheia.
— O que você está fazendo aqui Mingyu?
— Quem é esse cara? - Perguntou enquanto recuperava o fôlego.
— A ele? Ele é bem engraçado, eu estou indo para a casa dele, ele vai me mostrar a coleção de livros que ele tem - Respondeu o menor entusiasmado.
— Você não pode ir com ele. Você acabou de conhecer ele.
— Isso não é muito diferente do que você sempre faz. Além disso, você que disse para eu me divertir.
— É diferente! Você não pode ir com ele, vamos voltar.
Nesse momento Mingyu estendeu seu braço para puxar o de Wonwoo, que o afastou com sua mão e, num gesto de raiva, pegou a taça que estava segurando e a jogou contra o chão, a estilhaçando em vários fragmentos e molhando a bainha das calças de todos. O silêncio se instaurou e o moreno olhou na direção do menor espantado enquanto via os olhos dele marejarem.
— Mas que porra é essa? Você me traz aqui só para ver você flertando com aquela mulher e eu preciso ficar sentado assistindo? Não só ela, mas você pode sair e se divertir com quantas pessoas quiser e eu tenho que ficar em casa esperando você chegar bêbado e me usar porque não conseguiu achar outra pessoa para transar? Eu cansei de ser seu prêmio de consolação Kim Mingyu. Você não tem a obrigação de me assumir, mas se não vai, deixe eu ser livre para fazer o que eu bem quiser.
Ao terminar de falar, Wonwoo pediu para seu parceiro que fossem embora, e assim o fizeram deixando o outro sozinho no meio da calçada e de queixo caído.

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Uma semana depois, Wonwoo estava fazendo seu turno da biblioteca, registrando a entrada e a saída de livros que os alunos retiravam do local. De repente um livro foi estendido em sua direção e em sua capa se encontrava o título “Como Pedir Desculpas”. Olhou para cima e quem segurava o livro era Mingyu com uma cara de cachorro molhado.
— Eu realmente estava sendo um imbecil.
— Que bom que percebeu - Respondeu ríspido para o moreno.
— Você e aquele cara… Fizeram?
— Não, como eu disse ele queria me mostrar a coleção dele. Eu não minto.
Mingyu ficou sem graça ao ouvir a resposta, mas também suspirou aliviado.
— Eu prometo, a partir de agora você será o único, e eu vou deixar isso claro para todo mundo saber. Não vou mais fugir de te assumir como meu namorado. Eu realmente te amo.
— Só acredito vendo, agora vai embora e deixa eu trabalhar.
— Certo, mas nos vemos depois? - Perguntou para o menor sem jeito.
— Se isso vai fazer você se mandar agora, sim.
O maior sorriu e então foi embora. Alguns minutos depois Wonwoo caiu da cadeira ao pegar seu celular e ver uma notificação das redes sociais, onde dizia que “Kim Mingyu está em um relacionamento sério com Jeon Wonwoo”.


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