O garoto olhava incrédulo para o que estava acontecendo sem saber ao certo como reagir. Após se apresentar com toda aquela confiança, Lee Jangjun começou a sorrir e fazer caretas fofas e corações com as mãos, sendo interrompido apenas por conta de Seungcheol ter o chamado para começar o treino, o que fez o rapaz de cabelos platinados se despedir do estrangeiro e ir correndo de volta para a quadra, deixando o rapaz apenas de boca aberta e rindo de nervosismo.
Eduardo então balançou a cabeça para tentar afastar todos os pensamentos que estava tendo por conta disso e tentou se concentrar em ver o treino. No momento eles estavam fazendo o que parecia ser alguns exercícios de aquecimento e treinando passes com a bola, ou seja lá o que se faz no basquete. Por questões de amizade, ele tentava olhar mais para Bomin, mas inconscientemente seus olhos migravam em busca do famigerado Jangstar, que não deixou de continuar gritando e sendo exagerado e barulhento só porque estava treinando.
Também prestou um pouco de atenção nos outros meninos. Eles todos jogavam muito bem, diferente do rapaz que era péssimo em qualquer esporte que envolvia bolas. Era mais fácil uma bola acertar a sua cara do que seus pés ou mãos acertarem a bola. Pelo menos seus óculos nunca quebraram por conta disso nas aulas de educação física na escola. Um integrante do time de basquete que se destacou aos olhos do garoto também foi Jaehyun, que diferente dos outros era menos encorpado e mais magro, não aparentando ter grandes músculos. No entanto ela parecia ser o melhor quando se tratava de manusear a bola e arremessá-la.
Com o passar do treino, Duda foi reparando em como os rapazes estavam suados, o que por algum motivo deixava eles exponencialmente mais sexys. Pegou seu celular e resolveu tirar uma foto para mandar para seu amigo Lucas, adicionando na mensagem “estou no paraíso” seguido e um emoji com calor. Aproveitando que estava com seu celular na mão, resolveu tentar sorrateiramente tirar uma foto apenas de Jangjun, para fins de estudo. Foi dando zoom na câmera até conseguir focar apenas no rapaz, que estava parado recuperando o fôlego depois de correr pela quadra jogando. O coreano olhou em direção a Eduardo e posou como se soubesse que era dele quem o rapaz estava tirando fotos, o que deixou o brasileiro extremamente envergonhado, guardando o celular logo em seguida e pegando um caderno para tentar disfarçar o acontecido.
Olhando de relance, ele pôde perceber que Jangjun começou a rir depois que o garoto fez isso, mas para manter seu disfarce ele precisava ficar calmo. Aproveitou que havia pego justamente seu caderno das suas aulas de coreano, que ainda fazia todas as semanas na faculdade, para revisar enquanto o treino ainda não acabava. Já estava ficando meio entediado de apenas ficar observando.
Passou-se mais algum tempo e o treino finalmente acabou, foi possível enxergar o cansaço de todos, que se jogaram no chão e ficaram lá respirando ofegantes. Seungcheol foi o único que se manteve de pé como um bom capitão e começou a bater palmas e gritar para que eles todos se levantassem para seguir com a vida.
— Vão logo tomar um banho seus fedidos, eu tenho que fechar o ginásio ainda depois.
Aos poucos os membros do time foram se levantando e indo em direção novamente ao vestiário. Bomin pediu para que Eduardo esperasse só uns minutos a mais e este concordou com tranquilidade. Quando virou seu olhar se deparou com Jangjun se abanando com a mão enquanto se levantava, depois de balbuciar algo que provavelmente era um xingamento ao calor ele de forma inusitada tirou sua camiseta.
Eduardo sentiu seu queixo ir ao chão. O que já estava lindo tinha acabado de ficar ainda melhor a níveis tectônicos. O corpo de Lee Jangjun era uma verdadeira escultura, uma obra prima do cosmos que fazia seu apelido de Jangstar ser extremamente apropriado. Duda só percebeu que estava até ficando com água na boca quando se deu conta de que o rapaz havia percebido seu olhar fumegante ao seu corpo, o fazendo rir e ir em direção ao vestiário com a camisa sob o ombro enquanto o brasileiro estava ocupado morrendo de vergonha de si mesmo e tentando acalmar o coração.
Pegou seu celular e tentou se distrair vendo as redes sociais, talvez alguns memes o ajudassem a não surtar. Ficou deslizando o dedo sob a tela por vários minutos, e o fato de mal estar prestando atenção nas imagens e textos que via só deixava mais evidente o quanto sua mente ainda estava focando no deus grego (ou coreano) que tinha acabado de presenciar com seus olhos.
Logo mais os rapazes começaram a sair pela porta do vestiário. Um de cada vez iam passando por Eduardo e saindo do ginásio enquanto conversavam entre si, alguns acenaram com a cabeça para o garoto de cabelos roxos que acenava de volta com um sorriso de nervosismo. Bomin e Jaehyun finalmente deram as caras e o rapaz agradeceu mentalmente que finalmente iria sair desse local que lhe causava calor em mais de um sentido. Eles se juntaram na porta da saída e começaram a andar em direção ao restaurante universitário.
— Esperem aí!
Ouviram o grito de alguém e se todos se viraram para trás para ver quem era. Jaehyun revirou os olhos ao ver que era Jangjun correndo em direção a eles. O rapaz de cabelos platinados ao chegar perto o suficiente se jogou em cima de Jangjun, o agarrando com um dos braços pelos ombros pequenos do outro e começou a rir.
— Credo, você nem secou o cabelo, está me molhado todo - Protestou Jaehyun.
—Não ia dar tempo de alcançar vocês se eu fizesse isso.
Os dois ficaram discutindo um pouco e o brasileiro apenas riu enquanto apreciava como o outro ficava bonito com os cabelos molhados também.
— Vou almoçar com vocês - Ao dizer isso Jangjun direcionou seu olhar para Duda que ficou levemente corado - Posso?
Bomin e Jaehyun não deram a mínima e seguiram andando, como se dissessem que o outro podia fazer o que bem entendesse. Jangjun então satisfeito e sorrindo deu uns passinhos para o lado para ficar próximo de Eduardo, que automaticamente ficou nervoso. Nesse momento ele também percebeu que era um pouco mais alto que a estrela do clube de basquete.
— Então, Duda não é? - Perguntou para o rapaz que apenas concordou - O que você estuda?
Começou então um interrogatório sobre a vida do brasileiro, que já sentia que seria algo recorrente sempre que ele conhecesse alguém novo. No entanto ele respondia com prazer pois isso significava estar fazendo novas amizades. Jangjun ainda fazia algumas perguntas bem diferentes do normal, como qual era o preço da carne no Brasil. Algumas perguntas eram tão complexas que o garoto não sabia como responder em coreano, mas felizmente Jaehyun era muito bom em inglês fazia a tradução para todos. Ele se mostrava bem empolgado com a conversa o que tornou o momento bem prazeroso.
Ao chegarem no restaurante no refeitório, todos pegaram suas refeições e encontraram uma mesa onde todos poderiam se sentar. Eduardo se espantou com a quantidade imensa de comida que Jangjun havia pego, enquanto os outros se serviram de quantidades mais moderadas como o brasileiro. Ficou se perguntando como alguém que come tanto ainda assim consegue manter aquele corpo espetacular, o que fez se sentir chateado com sua própria genética que não perde peso nem se apenas beber água. Mas mais surpreendente do atleta ter pego toda aquela quantidade de comida, é o fato de que ele estava tão entretido comendo que nem falava mais tanto quanto estava falando no resto do dia, não parecia que ele estava tendo dificuldades com tanta comida, o que foi engraçado para todos na mesa, mesmo com os outros dois já estando acostumados com a visão.
— Então, Jaehyun e Jangjun, o que vocês estudam? - Perguntou o brasileiro.
— Eu faço Jornalismo - Respondeu Jaehyun.
— Fisioterapia - Jangjun respondeu entre mastigadas pois não havia terminado de comer ainda.
O rapaz ficou um pouco surpreso com a resposta do de cabelos platinados, embora também não soubesse o que esperar dele igual. Jangjun se mostrava bem imprevisível. Continuaram conversando um pouco mais enquanto ele terminava de comer e logo depois se retiraram do refeitório. Daqui a pouco iriam começar as aulas da tarde e todos precisavam ir até seus respectivos blocos.
Eduardo se despediu dos três coreanos e se virou em direção ao seu destino, enquanto Bomin e Jaehyun seguiam juntos. O estrangeiro não havia percebido para que lado Jangjun havia ido, mas ficou pensando em tudo que havia acontecido nesta manhã, que foi muito mais intensa do que ele esperava que seria. Só de lembrar da visão do paraíso que teve ficou nervoso o que ocasionou em seus passos acelerarem.
— Nossa, você está atrasado pra andar tão depressa assim?
Só então Eduardo percebeu que o jogador de basquete estava do seu lado o tempo todo.
— Por que você veio junto comigo?
— Minha aula é pra esse lado também - Jangjun respondeu meio confuso com a pergunta, mas depois abriu um sorriso - Achou que eu estava te seguindo? Não se preocupe, estrelas são seguidas e não o contrário.
Duda ficou extremamente envergonhado com a resposta do outro, então só virou o rosto e seguiu em frente, podendo ouvir a risada do seu lado. Andando mais um pouco sentiu uma mão em cima do seu ombro e virou para o lado vendo Jangjun com a mão estendida na sua direção.
— Minha aula é aqui. Me empresta seu telefone rápido.
— Para que? - Eduardo ficou confuso.
— Como para que? Vou te dar meu número, são poucas as pessoas que tem essa sorte sabia? Conseguir o telefone do grande Jangstar no primeiro dia que conhece ele - Disse se vangloriando.
— Nossa sua mãe deve ser muito sortuda então - Respondeu o brasileiro dando o telefone para o outro meio nervoso, mas ficou mais calmo pela sua piada ter sido bem recebida pelo “astro” que riu.
Se despediram com Jangjun entrando na sua sala e Eduardo voltando para seu caminho. Ao chegar na sua sala de aula sentou e pegou o celular para ver o contato do outro no seu celular e mandou uma mensagem para que ele salvasse seu número também. Reparou que até sua foto era cômica, em que ele estava com uma bandana na cabeça, mas a puxava de um lado com os dedos tapando um olho enquanto sorria. Jangjun logo o respondeu com figurinhas fofas que agradaram o outro e eles logo estavam numa comunicação por troca de figurinhas que se estendeu durante a aula dos dois.
No fim da aula Eduardo pegou seus pertences e foi em direção ao ponto de Ônibus que o levaria até a estação de trem para voltar para casa. E lá deu de cara com o Jangstar novamente que estava sentado olhando o celular. Duda foi até ele silenciosamente e então o cutucou, acenando para ele quando o mesmo virou seu rosto para ver quem era, abrindo um sorriso.
— Você sempre pega ônibus aqui? Como nunca nos vimos? - Perguntou o brasileiro.
— Você que nunca me viu - Frisou o coreano - É meio difícil não reparar num estrangeiro de cabelos roxos, eu te vejo todo dia.
— Mas como que eu nunca vi você? - Eduardo respondeu chocado - Cabelos platinados são chamativos também.
— Eu pintei esse final de semana só, ele estava preto como a maioria das pessoas.
O estrangeiro ficou constrangido por saber que o outro já havia reparado nele antes. Como ele não havia prestado atenção em um homem bonito assim antes? Logo mais o ônibus chegou e os dois sentaram juntos, e conversavam sobre as aulas que tiveram de tarde. Mais pra frente os dois desceram juntos na estação de trem, o que Eduardo estranhou mas achou normal visto que muitos alunos precisam pegar dois transportes para chegar na universidade. Mas então eles também pegaram o mesmo trem e as coisas ficaram ainda mais estranhas, foi quando o garoto resolveu perguntar.
— Aonde você mora Jangjun?
— No prédio do lado do seu.
Curto e direto. Duda não sabia como reagir, o outro reparava na existência dele esse tempo todo? E ele nunca havia notado? Estava confuso e envergonhado ao mesmo tempo, com um milhão de pensamentos correndo pela sua cabeça. Ele se desculpou por nunca ter reparado, e o outro disse que estava tudo bem, não é como se eles fossem amigos antes.
Os dois saíram então na sua parada e foram andando juntos até sua rua em silêncio, enquanto Eduardo tentava investigar suas memórias atrás de ver Jangjun nelas, mas não conseguindo lembrar de nada. Ao chegar na frente do prédio do estrangeiro, o mesmo ficou encarando o prédio ao lado. Jangjun percebeu o olhar vago do outro e resolveu quebrar o gelo para se despedir.
— Algum dia você pode ir lá me visitar, mas em segredo para os paparazzi não te pegarem no flagra - Disse rindo enquanto o outro saía de seus devaneios ficando com vergonha - Mas falando sério, vamos começar a ir juntos para a universidade. Será divertido, mas agora eu tenho que ir fazer o jantar.
Eduardo apenas concordou e com isso Jangjun botou a mão no seu ombro e abriu um grande sorriso antes de sumir de vista entrando pela porta do seu prédio. O outro fez o mesmo voltando para casa, estava tão em choque que nem cumprimentou o porteiro como normalmente faria. Ao entrar dentro do seu apartamento apenas se jogou no seu sofá, esparramando seu corpo sobre ele.
O dia foi intenso, mas ele sentia que tinha chegado ao paraíso.