— A minha irmã finalmente desencalhou, amo!!
A voz saia do celular de Eduardo, que estava em uma chamada de vídeo com seu melhor amigo no Brasil, Lucas. O rapaz era dois anos mais velho, mas os dois compartilhavam de uma amizade tão forte que já se tratavam como irmãos, ou melhor, irmãs que é como gostavam de se referir um ao outro.
Por causa da diferença de horário, era bem difícil conseguir fazer ligações, nesse momento Duda estava sentado numa área de lazer dentro da universidade, repleto de árvores e flores ao redor, enquanto seu amigo já estava fazendo o jantar na sua casa.
— Você está exagerando, a gente só saiu pra ver um filme. Nunca que ele vai estar interessado em mim - Rebateu o garoto de cabelos roxos.
— Eu não dou a mínima pra o que você acha Eduardo, vocês vão namorar sim e só minha opinião importa. Aproveita e já arruma um amigo dele pra mim fazendo favor.
O rapaz riu e concordou com o pedido, embora não tivesse muita fé de dar certo para ela, quem dirá arrumar alguém para o outro. Duda nunca teve muita confiança em si mesmo com relação a vida amorosa, especialmente pelo fato de que ela nunca existiu, sendo apenas algumas decepções que não levaram a nada a não ser ficar em casa triste, tomando sorvete enquanto assistia filmes românticos e chorava pelo leite derramado.
Em partes, o garoto sempre botou a culpa em sua aparência, especialmente seu porte físico. Agora vivendo em outro país, em que seu corpo estava ainda mais fora dos padrões de beleza, ele sinceramente não tinha a mínima expectativa de alguém se interessar por ele, era mais provável um meteoro cair em cima dele do que alguém achá-lo atraente. Ele acreditava que um relacionamento não se resume à apenas atração física, mas querendo ou não esse era um dos aspectos que costuma dar início a um namoro. Então ele não tentava pensar muito nisso, ele estava satisfeito com ele mesmo, e já havia aceitado que iria ficar sozinho, então não se incomodava mais com esse problema.
Ao menos até ontem. Por mais que ele diga que não está se importando, não conseguia parar de pensar nos acontecimentos do último dia, do sorriso e da voz de Lee Seokmin inundando seus ouvidos e adocicando seu coração como se fosse mel. Sua mente traiçoeira o fazia imaginar mil e uma situações e isso só servia para fazê-lo se iludir e criar falsas esperanças. A verdade é que ele está tão certo de que não irá acontecer nada, que mesmo que acontecesse ele provavelmente não iria acreditar.
Após conversar mais um pouco com Lucas o mesmo desligou para focar na sua janta. O estrangeiro então olhou para os lados e ficou pensando o que fazer agora. Ele não tinha nenhum compromisso na universidade até a tarde, e na verdade apenas foi para o campus pois também não tinha nada para fazer em casa e sentia que se ficasse lá ele iria enlouquecer. Decidiu então ir dar uma caminhada e explorar outros lados do campus, quem sabe encontrasse algum dos seus amigos.
Foi andando com calma e apreciando a paisagem, o campus era repleto de verde, com árvores e flores das mais variadas espécies, o que dava uma sensação muito boa da mistura da natureza com o lado urbano dos prédios da faculdade. As aulas dele se concentravam todas em um mesmo edifício então ele não conhecia nada muito além do percurso que ele fazia entre ele e restaurante universitário. Ele chegou em uma área que parecia ser um centro esportivo, grandes construções que pareciam ser ginásios com quadras de esportes, um campo aberto com arquibancadas e havia algumas bandeiras que pareciam ser emblemas dos times da universidade. Eduardo achou legal pois o espaço era bem maior do que o que havia na sua universidade no Brasil, mas não deu muita bola pois nunca foi um fã de esportes.
— Ei Duda!
O garoto estranhou ouvir seu nome e virou para o lado para ver de onde a voz vinha. Se surpreendeu positivamente ao ver Bomin indo até sua direção acompanhado de alguém que deveria ser um amigo. Ele era magro e em comparação ao corpo do outro parecia minúsculo, tinha os cabelos pretos e um rosto que lembrava um cachorrinho.
— Oi! Como vai? - Cumprimentou os rapazes e olhou para o que ainda não conhecia - Prazer, sou o Eduardo.
— Olá, sou o Jaehyun - respondeu o garoto revelando seu nome.
— A gente chama ele de Duda porque é mais fácil - Bomin explicou para Jaehyun que acenou em entendimento e logo em seguida se virou para o estrangeiro - O que está fazendo aqui?
— Estou só matando tempo na verdade - explicou.
— Você quer ir conosco? Temos treino do clube de basquete, você pode ficar assistindo e depois podemos ir almoçar juntos.
Eduardo ficou inicialmente chocado pois não havia passado pela sua cabeça a possibilidade de Bomin fazer parte de um clube de esportes, mas depois prontamente aceitou o convite pois achou que seria uma experiência nova interessante, além de que ele não havia nada para fazer mesmo. Então os três foram em direção ao ginásio em que eles iriam treinar, com os dois coreanos guiando o caminho.
Ao chegarem lá, adentraram o ambiente e já haviam alguns rapazes lá, todos com uniformes do time de basquete, que era branco com detalhes em vermelho. Todos olharam na direção em que eles estavam chegando e estranharam quando viram o estrangeiro de cabelos roxos. Bomin disse que iriam no vestiário se trocar e o garoto concordou e foi em direção a uns bancos que haviam na entrada para se sentar. Viu Bomin e Jaehyun indo falar com um dos integrantes do time e olharem em sua direção, provavelmente explicando quem o garoto era e que só estava lá para olhar.
Em seguida eles sumiram da vista entrando por uma porta, e o garoto resolveu então prestar mais atenção nos outros que estavam já na quadra. Os nomes deles apareciam nos seus uniforme: Seungcheol, Soonyoung, Mingyu, Jibeom. Eduardo se permitiu engolir seco e ficar com a respiração levemente descompassada com a visão que tinha pois com exceção de Jaehyun os outros membros eram, em mais de um sentido, grandes.
Não demorou muito e Bomin e Jaehyun saíram do vestiário com seus uniformes também e se juntaram ao círculo onde estavam todos os outros membros do clube. Seungcheol começou a liderar uma sessão de alongamento, ele possuía uma faixa no braço que indicava que ele era o capitão do time, então provavelmente ele que cuidava dos treinos nos dias que o treinador do time não estava. Enquanto eles se alongavam aproveitavam para manter a conversa em dia, e o brasileiro apenas se limitava a ouvir a conversa alheia de longe.
— Aquele filme foi muito bom, só achei o final bem podre - Contava Mingyu.
— Você só achou isso porque só gosta de finais felizes - Argumentou Soonyoung enquanto ria.
— Se eu quisesse um final triste eu olhava para as minhas notas do semestre passado ao invés de olhar um filme - Respondeu o rapaz fazendo todos rirem.
— Agora olhado bem, ele ainda não chegou não é? Por isso que está tão calmo tudo aqui ainda - Disse Jibeom.
Eduardo viu todos concordarem enquanto sorriam e ficou curioso. Deveriam estar falando de um membro do grupo mas não entendeu o que havia demais nele. Não demorou muito e foi possível ouvir um forte som de algo batendo numa superfície metálica e foi ao olhar na direção do som viu-se uma bola de basquete entrando pela cesta e caindo no chão, sendo seguida de um grito de comemoração.
— Foi só mencionar ele - Disse Soonyoung rindo.
Da porta do ginásio estava um garoto de cabelos platinados e roupas para atividade física, gritando e posando para comemorar a cesta que fez de surpresa, logo em seguida saiu correndo pela quadra rindo e se jogou em cima de Jibeom, fingindo morder sua cabeça enquanto o outro gritava e se revirava tentando se soltar das garras do que acabou de chegar. O coreano de cabelos platinados não parava de rir até que virou para o lado e seus olhos se cruzaram com os de Eduardo, que o olhava enquanto se controlava para não rir da situação.
— Como assim nós temos platéia hoje e ninguém me avisou? Deixei meus fãs esperando - Disse e se soltou de Jibeom e começou a andar em direção do estrangeiro enquanto cerrava seus olhos para enxergar melhor - Platéia internacional ainda, francamente vocês pecam muito em profissionalismo, nós não somos jogadores de basquete nós somos astros, precisamos agir e pensar como tais.
— Duda apenas ignore ele, ele é doido assim mesmo - Gritou Bomin para tentar ajudar o amigo.
— Ele veio aqui por você então? E eu achando que era um fã meu - Disse o rapaz fingindo indignação em direção à Bomin - Não tem problema até o final do treino ele vai ter trocado seu preferido.
Ao falar isso com um tom de muita confiança, ele pegou nas mãos de Eduardo com força e olhou bem nos seus olhos, o que fez o coração do de cabelo roxo quase saltar para fora da boca. Era evidente que ele não fazia ideia do que estava acontecendo, o que fez o outro abrir um sorriso enorme e para a desgraça do brasileiro, era um sorriso extremamente lindo.
— Eu sou Lee Jangjun, também conhecido como a estrela do clube de basquete Jangstar! Conto com o seu apoio a partir de hoje!