Star Ocean: O Mar Onde Encontrei o Amor escrita por Mesprit


Capítulo 15
Bolhas




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/793713/chapter/15

Eduardo estava junto de Hansol no laboratório de informática realizando seu trabalho em grupo. Os últimos dias haviam sido conturbados porém ele devia lembrar que estava lá para estudar e esse deveria sempre ser a sua prioridade: primeiro estudos, homens depois. E o mestiço de coreano com americano estava sendo a melhor parceria que ele poderia ter, lhe ensinando e ajudando no que não sabia e sempre super paciente. Também chegaram até mesmo jogar juntos na noite anterior, onde o brasileiro se impressionou com as habilidades de Vernon (o apelido de Hansol dentro do jogo).
Por outro lado o outro alegava ser bom para ele também ter alguém com quem pudesse praticar o inglês, visto que por mais que tenha aprendido a falar desde pequeno, havia poucas pessoas dispostas a se comunicar com ele nessa língua, fazendo ele perder a habilidade. Isso por si não fazia Eduardo sentir que estava se aproveitando menos do colega, mas ao menos o tranquilizava em saber que podia o ajudar em alguma coisa de forma relevante.
Ficaram trabalhando por mais um tempo até que Hansol parou para se espreguiçar, e Eduardo olhou o relógio no computador e percebeu que já era hora do almoço. Ele olhou de forma discreta para o outro e lembrou que eles teriam aula juntos de novo a tarde. Será que Vernon possuia companhia para o almoço? Ele parecia alguém bem reservado e de poucos amigos, talvez convidá-lo fosse uma boa ideia, seus amigos eram bem receptivos.
— Hansol, você quer almoçar comigo e meus amigos?
— Que? Eu? - Claramente o jovem estava sofrendo um pane no sistema interno dele nesse momento, e o brasileiro teve que se segurar para não rir. - Se não for incomodar.
Os dois desligaram os computadores que estavam utilizando e se levantaram, saindo da sala de laboratório em seguida. Foram andando pelo corredor e Duda podia ver as mãos tremulas do colega segurando a alça da mochila. Seria fofo se não fosse trágico. Ele queria de alguma forma tranquilizar o amigo mas não sabia como fazer isso de forma a não ser estranho ou perguntar demais, então se limitou a puxar algum assunto sobre o jogo que estavam jogando no outro dia, que realmente serviu para acalmar o rapaz.
Logo chegaram ao restaurante universitário e foram para a fila onde se serviram, indo em seguida procurar uma mesa grande pois não sabiam ao certo quantos iriam aparecer. Por sorte acharam ela bem rápido, pelo visto a maioria das pessoas não se sentiam confortáveis em sentar em mesas grandes quando estavam sozinhos. Os dois colegas sentaram no mesmo lado da mesa e Eduardo pegou seu celular para avisar os amigos onde estavam.
Não demorou muito e a dupla de alunos da gastronomia chegou e os dois já foram se sentando eufóricos e jogando conversa fora que nem perceberam de imediato que havia um novo integrante na mesa hoje. O brasileiro precisou interrompê-los para que demonstrassem um pouco de cordialidade para o garoto que já estava morrendo de constrangimento ao seu lado.
— Pessoal, esse é o Chwe Hansol, é meu colega em algumas disciplinas.
— Opa me desculpa - Joochan sorriu envergonhado imediatamente e se apresentou. - Eu sou Hong Joochan.
— Prazer, Seungkwan.
Hansol gentilmente acenou para os dois e seguiu comendo, porém Joochan olhou para seu colega com muita desconfiança. O rapaz tão tagarela quanto ele se apresentou com apenas duas palavras, e ainda estava encarando o tal de Hansol como se fosse a última garrafa de refrigerante no deserto. O rapaz queria rir da cara do amigo agora mesmo, mas sentia que o mais correto seria falar sobre assunto mais tarde.
Começaram a conversar sobre o que haviam feito nos últimos dias e Seungkwan para desviar sua atenção do rapaz novo começou a falar sobre um filme que havia assistido. Para sua sorte ou azar, Hansol respondeu falando que também havia visto esse filme e tinha adorado. Os dois então começaram a falar sobre outros filmes sozinhos deixando Eduardo e Joochan de lado, que apenas riram um para o outro como se fossem cúmplices de um crime.
Não demorou muito e mais pessoas começaram a se aproximar da mesa, podendo avistar Jangjun chegando junto do que parecia ser todo o time de basquete e Luiz. Eduardo ficou se perguntando com um pouco de desconfiança porque eles estavam juntos, mas que logo foi respondido com o coreano de cabelos platinados chegando ao lado do mesmo e passando a mão no seu cabelo.
— Dudayah! Infelizmente não poderei agraciar a refeição de vocês com a minha esplendorosa presença, pois preciso ser um membro responsável da equipe e participar da reunião para discutir nossa inscrição no torneio entre universidades. Apenas vim deixar o Luiz aqui pois ele ainda não sabia chegar em lugar algum. O que seria de vocês brasileiros sem mim não é mesmo?
Eduardo e Luiz riram ao mesmo tempo e se entreolharam, acenando um para o outro, com o que já estava sentado indicando para o outro sentar-se ao seu lado. O grande Jangstar então se despediu e se juntou novamente aos integrantes do time, que foram passando devagar em direção a outra mesa ainda maior. Alguns membros olharam para a mesa de amigos e os cumprimentaram, tendo destaque Bomin e Jaehyun, e um garoto com olhos mais puxados que fez garrinhas de tigre e acenou para eles. Peculiar, para não dizer estranho. Luiz se juntou ao seu colega de nacionalidade e os dois se direcionaram para Joochan e olhava para o além em direção aos jogadores.
— Eu não tenho problemas de visão, mas olhar para esses homens é sempre um colírio para os olhos. - disse colocando as duas mãos sobre o queixo.
— Alguém em especial? - perguntou Luiz tirando de Eduardo o peso de perguntar sobre a fofoca que queriam saber.
— Hmmm não sei dizer ainda, talvez… - Joochan parecia estar analisando cada um dos membros do clube de basquete, como um verdadeiro períto em homens. - Preciso pensar um pouco mais sobre o assunto antes de ter um veredito.
Os três riram e voltaram a comer, enquanto perguntavam ao novo brasileiro como ele estava se adaptando a nova vida. Ele já estava se achando nas redondezas, achando sem problema suas salas de aula e, principalmente, já estava fazendo amizade com os colegas do time de vólei. Joochan perguntou sobre a comida e o garoto fez uma cara feia, essa era uma coisa que ainda não tinha se acostumado.
— Não que eu não consiga comer, mas eu daria tudo por um prato de arroz, feijão, bife e batata frita. - O rapaz fez uma voz chorosa e Eduardo colocou a mão no seu ombro demonstrando entender esse sentimento.
O resto do almoço seguiu tranquilo com os três conversando baixo enquanto ficavam olhando Seungkwan e Hansol conversando sobre sabe-se lá o que a essa altura do campeonato. Depois que todos terminaram de comer viram que já estava na hora das próximas aulas, todos se levantaram e saíram do restaurante, se despedindo e indo para suas respectivas aulas em direções opostas. Eduardo e Hansol foram juntos para sua aula e o brasileiro conseguia enxergar um semblante bem alegre no rosto do outro, ficou feliz que havia sido uma experiência positiva para o outro.
Chegaram juntos na sala e sentaram um ao lado do outro, nessa matéria Eduardo não tinha tantas preocupações pois era uma disciplina mais teórica, e nisso ele conseguia se virar bem. Sentiu seu celular vibrando e resolveu ver o que estava acontecendo antes do professor chegar. Era Seungkwan chamando por ele e Joochan no grupo dos três.

SeungkwanA VERMELHO: Talvez eu tenha um fraco por nerds esquisitos e que se vestem mal T^T.
Joochan: LOL! Nunca iria suspeitar disso depois do que vi no almoço…
Seungkwan: Isso é sério tá bom? Eu não sei o que fazer, nunca flertei com alguém antes…
Eduardo: Que tal convidar ele para sair? ;)
Seungkwan: Em que mundo que você vive que as coisas são simples assim?!! Precisamos bolar um plano de ataque. Festa do Pijama. Hoje. Na minha casa. Presença obrigatória.

O brasileiro abriu um sorriso de orelha a orelha. Nunca havia ido a uma festa do pijama, achava que isso era coisa de séries americanas. Quer dizer que eles iriam colocar pijama, encher a cara de açúcar e álcool e fofocar? Parece o melhor tipo de rolê que se poderia fazer. Imediatamente ele mandou mensagem falando que topava e estava empolgado, Joochan confirmou presença também embora achava um exagero do colega essa situação toda, mas não perderia isso por nada.

Seungkwan: Podem convidar outras pessoas também, mas nada de homens!
Joochan: Mas nós também somos homens…
Seungkwan: Não se faça de sonso pois vocês entenderam muito bem o que eu quis dizer! Agora vão estudar seus universitários sem futuro.

Riu de novo, havia entendido bem o que o amigo estava insinuando, afinal gays tinham sua irmandade onde homens que eles estão afim não eram inclusos. Pensou em quem poderia convidar, quem sabe Luiz gostasse da ideia, e ainda dependendo de como as conversas a noite iriam se desenrolar ele poderia descobrir mais sobre o interesse de Luiz em Jangjun. Eduardo parou por um segundo e insultou a si mesmo, que plano terrível e de índole duvidosa. Porém ele faria mesmo assim, a ânsia por respostas estava o matando por dentro.
A aula ocorreu da mesma forma que toda aula: tediosa até o último minuto. Ao menos era um conteúdo que ele entendia e não precisava buscar ajuda dos outros, em partes se sentia mal de depender de Hansol, mas o garotoa dizia estar tudo bem. Em sua própria defesa o garoto também não tinha interesse em trabalhar com isso, então tudo bem não ser bom, certo? Mas o que ele queria fazer então? Ele ainda não sabia a resposta, entrou nesse curso apenas por gostar de tecnologia e achou que com o tempo iria descobrir o que gostava, mas até agora não havia solucionado esse enigma.
Ele não via problema por si só em não saber o que quer ainda, mas sentia um incomodo sempre que olhava para todos ao seu redor, que pareciam sempre tão certo das suas decisões acadêmicas, como se tivessem nascido para estarem ali naquele curso em específico. Esperava um dia poder se sentir assim também.
Afugentou estes pensamentos da sua mente pois não era hora para tais reflexões. Era hora de ir para casa e arrumar suas coisas para a noite. Se despediu do colega e foi em direção ao ponto de ônibus super empolgado e já imaginando tudo que iria acontecer de noite. Aproveitou o trajeto para mandar mensagem para Luiz o convidando para a noite, que prontamente aceitou e eles combinaram de se encontrar para irem juntos até a casa de Seungkwan. Chegando no ponto de ônibus se deparou com Jangjun que parecia estar lhe esperando.
— Dudayah! Sentiu saudades de mim hoje? - deu uma leve corridinha até chegar perto do brasileiro, abrindo um sorriso bobo que deu uma fraquejada no coração do mesmo.
— Difícil sentir saudade quando a gente se vê todos os dias igual.
— É um argumento sólido então eu vou considerar isso um empate - falou deixando Eduardo sem entender o que havia empatado. - Enfim, quer ir lá em casa hoje a noite? Eu comprei um jogo novo de luta do Naruto que todos sabemos que é o melhor jogo de luta que existe.
O garoto tinha que concordar, de fato os jogos do Naruto eram tudo de bom. Agradeceu o convite mas recusou, explicando que já tinha planos na casa de Seungkwan. O ônibus chegou e os dois subiram, não demorando muito para o coreano começar um interrogatório sobre quem iria e o que iriam fazer lá. Eduardo respondeu todas as perguntas sem entender o porquê da curiosidade do outro, que ficou com um semblante desconfiado depois de saber o que queria, e ainda mais depois que perguntou se podia ir junto e foi imediatamente recusado com o argumento de que “homens estavam proibidos”.
— Mas todos vocês são homens! - perguntou indignado.
— Não é assim que funciona, você não entenderia - Eduardo explicou com um tom de deboche, rindo depois da frustração do amigo.
Um tempo depois conversando com o jogador de basquete e mais um caminho de trem, ambos finalmente chegaram na frente de seus prédios e se despediram. Eduardo ansioso foi voando até seu apartamento e se direcionou ao banheiro para tomar banho e se arrumar. Depois voltou para o quarto e selecionou algumas roupas e claro, seu pijama. Foi na cozinha e separou também alguns lanches para levar. Com sua mochila pronta já saiu do apartamento novamente, combinando com Luiz onde iriam se encontrar.
Os dois se encontraram na plataforma de uma estação da estação de trem onde Eduardo descia para ir para a universidade, visto que Luiz estava alojado nos dormitórios. A partir deste ponto eles pegaram outra condução para ir ao endereço de Seungkwan. Durante o trajeto eles aproveitaram para conhecer os gostos um do outros e descobriram serem ambos fãs de kpop e tinham alguns grupos preferidos em comum como o Thirteen e o Silver Adult.
Depois de um longo percurso onde saíram do trem e andaram mais alguns quarteirões, eles enfim chegaram ao endereço que Seungkwan havia lhes passado e ficaram boquiabertos. Era uma casa enorme, e os dois sabiam que ter uma casa na Coréia do Sul não era para qualquer família, então o rapaz certamente possuía muito dinheiro. Apertaram o interfone e aguardaram alguns segundos para serem atendidos pelo amigo, que logo veio os receber e os levou para dentro.
Ao adentrar a sala ficaram ainda mais impressionado com a decoração do local, simplesmente deslumbrante. Eduardo abriu sua mochila e tirou os lanches que havia trago e entregou para o anfitrião, Luiz também se lembrou que havia trago algumas bebidas. O coreano agradeceu e levou os alimentos para a cozinha, dizendo para os dois se acomodarem. Os dois se sentaram no sofá e ficaram admirando cada detalhe da sala boquiabertos, pensando se estavam vestidos adequadamente para o local.
Não demorou muito para Seungkwan voltar e surpreendeu os dois brasileiros com a presença de outros dois jovens que lhe seguiam, estes dois nunca haviam sido vistos antes. Um tinha cabelos pretos bagunçados e usava um blusão de lã maior grande o suficiente para deslizar pelo seu corpo assim como os óculos desnecessariamente grandes que usava no rosto, mostrando um semblante sério e um pouco tímido. O outro parecia um cachorro que acabou de ver o dono chegar em casa, esboçava um sorriso enorme e parecia mais novo que os demais na sala.
— Duda, Luiz, esse é Jeon Wonwoo, era meu hyung no ensino médio e hoje estuda história e trabalha na biblioteca - Boo apontava para o rapaz de óculos e depois apontou para o rapaz sorridente, fazendo uma cara de ranço. - E esse é meu primo Lee Chan, quando eu cheguei ele já estava aqui e eu não tive como expulsar ele, então ele é um convidado inesperado.
— Que maldade você falar assim de mim! - Chan protestou ofendido, e depois foi em direção aos dois brasileiros que olhavam a cena sem saberem o que fazer, estendendo a mão para eles. - Muito prazer, eu sou calouro no curso de Dança e ainda estou aprendendo a me achar no campus, então acho que nós temos muito em comum! Eu soube que vocês são do Brasil, nossa eu tenho tantas perguntas, vocês saberiam me ensinar a sambar?
Os dois riram de nervoso enquanto o mais novo não para de jogar perguntas para cima deles, Wonwoo apenas acenou para os dois de longe, claramente não queria se aproximar e acabar entrando na mesma cilada que eles se encontravam. Não podia julgá-lo por isso, parecia a melhor escolha. Não demorou muito e o interfone tocou novamente, trazendo dessa vez Joochan e Seungmin, que Eduardo também não esperava ver por aqui.
— Eu fui buscar a Bbogeul no petshop, vi o Seungmin lá e pensei: por quê não? - o de cabelos laranjas explicava rindo.
— Eu só aceitei porque não tinha nada melhor para fazer tá bom? - o mais baixo refutou o outro meio irritado.
— Sim eu já entendi que seu namorado te deu um bolo hoje - o rapaz provocou rindo mas parou quando tomou um soco no ombro do menor.
— Bom chega de enrolação, agora que todos já estão aqui é hora de colocarmos nossos pijamas e começar essa festa, eu preciso encher a cara e reclamar da vida urgentemente - O anfitrião anunciava enquanto suspirava e botava a mão na testa.
Todos concordaram e foram se arrumando no banheiro um de cada vez colocando seus pijamas, enquanto os que já estavam arrumados iam ajudando Seungkwan a colocar colchões na sala e alguns travesseiros. Depois trouxeram as bebidas e guloseimas e arrumaram uma mesa baixa para colocar tudo junto. Quanto todos estavam prontos se sentaram em roda e começaram a se servir empolgados.
— Não se preocupem com barulho pois meus pais estão viajando, então não iremos incomodar ninguém, e os vizinhos que lutem - O dono da casa disse logo antes de virar um copo de bebida garganta abaixo.
Os garotos brindaram e começaram a beber e comer, Seungkwan pegou o controle remoto e o celular e colocou músicas para tocar, o que levou todos a dançarem um pouco também, enquanto conversavam sobre a faculdade e se conheciam mais. Um pouco mais tarde da noite o anfitrião enfim se jogou no colchão e fez uma cara de derrota, sendo acompanhado pelos outros que estavam cansados também.
— Então… quando que a gente vai começar a falar do motivo de estarmos aqui? - Joochan se pronunciou, tocando na ferida de Seungkwan que, revoltado, jogou um chinelo em direção ao rapaz que desviou rindo.
— Droga eu estava esperando que vocês esquecessem disso e tratassem como um surto coletivo apenas - Seungkwan reclamou enquanto se endireitava no colchão. - Enfim, estamos reunidos aqui esta noite para desvendar os mistérios do amor, e a pergunta que não quer calar é: Jeon Wonwoo, qual o segredo para conquistar o homem mais bonito de todo o campus?
Seungkwan apontou um microfone imaginário para o rapaz de óculos, que até então estava quieto e na dele. Ele se espantou com os olhares repentinamente se direcionando a ele e ficou nervoso. Limpou a garganta e riu de forma nervosa.
— Eu tenho absoluta certeza que a minha história não é um bom exemplo de como conquistar alguém. Foi tudo de mal a pior até o momento que magicamente tudo virou flores - explicou enquanto fazia movimentos com as mãos para dar ênfase na parte de que foi tudo mágica.
— Sem graça - o apresentador do programa imaginário respondeu, enquanto olhava para os lados procurando sua próxima vítima. - Seungmin ssi! O seu namorado é tão esquisito quanto o Hansol, alguma dica para esse pobre iniciante nas artes do amor?
O baixinho também se assustou com os holofotes se direcionando a ele, ao mesmo tempo que não sabia se deveria se sentir ofendido com a visão que o rapaz tinha de seu namorado. Como ele sabia sobre a vida amorosa de todo mundo naquela sala? Pelo visto não se podia subestimar o poder de um fofoqueiro profissional.
— Bom… você pode tentar ser grosseiro e xingar ele toda vez que vocês se verem? - respondeu depois de pensar por um tempo e deu um sorriso amarelo. - Eu também não sei explicar como isso aconteceu.
— Uau vocês dois são péssimos, eu achei que receberia material de qualidade aqui hoje! - Seungkwan bufou enquanto voltava a se servir de mais bebida fazendo todos rirem.
— Espera aí - Chan se entrometeu. - Então você organizou isso tudo apenas para pedir ajuda com um cara que você conheceu? Você já foi melhor do que isso.
— Sim, eu era melhor antes de dar errado tantas vezes que eu já perdi a conta. Além disso não sabemos se ele gosta de homens, e mesmo que a resposta fosse sim, por quê ele iria se interessar por mim? Eu sou feio, gordo, e insuportável, não sei nem como eu cheguei até aqui tendo amigos o suficiente para fazer uma festa do pijama para expor minhas fraquezas na frente de todo mundo.
O silêncio pairou na sala por alguns minutos. Todos ficaram sem saber como responder ao garoto, deixando o clima ainda mais desconfortável para todos. Eduardo sentiu na pele as falas do amigo, era exatamente isso que pensava de si mesmo em boa parte do tempo. Pelo visto ele não era a única pessoa que tinha problemas de autoestima, e de certa forma isso era reconfortante. Ele ficou um pouco ofendido por Seungkwan se chamar de gordo sendo que ainda bem mais magro que ele, mas era verdade que, para a sociedade coreana, o corpo de Seungkwan já era fora dos padrões. Até esse momento ele achou que o rapaz não tinha problemas com isso, já que sempre falava que se pudesse comer nada mais lhe importava.
— Vocês pareciam estar se dando tão bem hoje de manhã, acho que você deveria apenas tentar convidar ele para sair, se der errado bola pra frente e parte pro próximo, mas o importante é você fazer o que estiver ao seu alcance para não se arrepender de não ter tentado depois - Luiz quebrou o silêncio dando apoio para o novo amigo.
O rapaz ficou em silêncio refletindo sobre a fala do brasileiro. Eduardo sentiu como se isso valesse para ele também, lembrando na mesma hora de Seokmin. Ele não tinha confiança alguma em si mesmo, mas se fosse para as coisas darem erradas, ele gostaria que não fosse por sua culpa de não ter agido quando teve oportunidade. Num impulso ele se arrastou até a frente de Seungkwan e pegou nas suas mãos, todos ficaram olhando curiosos.
— Vamos nos esforçar juntos e superar nossos medos! Você com o Hansol e eu com o Seokmin. Se algo der errado, nós ainda temos um ao outro para nos consolar, mas não vamos apenas sentar e já assumir derrota antes de tentar!
Todos ficaram analisando a fala do brasileiro, processando a informação que haviam ouvido. Seungkwan e Joochan deram um berro que poderia ter acordado a vizinhança, ignorando totalmente a fala do amigo e focando apenas no que lhes interessava: a fofoca.
— Então aconteceu alguma coisa e você não nos contou?! Como você ousa? Desembucha agora mesmo! - Seungkwan pareceu esquecer totalmente sua tristeza e começou a pedir por respostas.
Eduardo não havia se ligado no que iria se meter quando agiu por impulso. Suspirou e acabou tendo que contar tudo que havia acontecido naquela noite, sem deixar passar um único detalhe pois eles não deixariam isso acontecer. Seungkwan e Joochan começaram a pular de alegria e dar gritinhos estéricos com a história, Chan, Wonwoo e Luiz se esbaldaram com a história mesmo sem nem saber o que estava acontecendo. Seungmin estava adorando ouvir, mas ficou confuso.
— Achei que você estava junto do Jangjun.
— É complicado… - o brasileiro se limitou a responder isso, que o outro aceitou como suficiente.
— Tudo bem está decidido! - Seungkwan se levantou e começou a dar dedilhadas no seu copo para chamar a atenção de todos. - Todos aqui nessa sala tem a obrigação de arrumar um namorado até o final do ano, ou ao menos tentar porque a gente sabe que pro Dino vai ser difícil porque ele é mais azarado que eu.
— Ei, não menciona meu apelido de infância assim do nada! E eu não sou azarado, apenas tenho dedo podre - o mais novo se defendeu, fazendo todos rirem.
A festa se animou novamente, com os garotos voltando a beber e comer e falar sobre todos os garotos que conheciam e o que achavam de cada um: Soonyoung era maluco, Seungcheol era um cafajeste e que todos queriam saber se ele realmente tinha dois namorados, Jibeom certamente tinha vindo do interior e parecia mais um estudante de agronomia do que de arquitetura.
— Eu acho ele charmoso… - Joochan se pronunciou, fazendo todos debocharem e rirem do rapaz, que ficou constrangido mas riu junto devido já estar bêbado, tentando desviar de assunto logo em seguida. - E você Luiz? Tenho certeza que se interessou por alguém já, desembucha.
— Ai eu não sei se devo contar, é amigo de vocês… - o rapaz ficou envergonhado e abaixou a cabeça.
— Você sabe que falar isso só vai nos deixar ainda mais curiosos não é? - Wonwoo respondeu, fazendo todos concordarem.
Aquele era o momento decisivo que Eduardo esperou a noite inteira. Seus ombros ficaram tensos e seu coração começou a bater mais forte. Parecia ridículo se importar com isso logo depois de ter prometido junto de Seungkwan que iria tentar com Dokyeom, mas o garoto já havia jogado a lógica no lixo a muitos copos de bebida atrás. Ele precisava de respostas, e as teria exatamente agora.
— Bom… é o Bomin.
Ao responder com a voz baixa, seu corpo foi escondido com o corpo de todos se erguendo sob ele e começando uma vaia junto de risadas. Estavam comemorando as revelações da noite, e Eduardo só ria enquanto agradecia aos céus por essa resposta. Sentia como se uma bigorna tivesse saído de suas costas. Agora não precisava mais se sentir ameaçado por Luiz, algo que o fazia se sentir mal por ter pensamentos assim de um amigo que havia acabado de fazer mas já o considerava importante na sua vida.
Não demorou mais muito tempo da festa e alguns começaram a demonstrar sinais de cansaço, então decidiram que era hora de encerrar e ir dormir. Arrumaram a bagunça que haviam feito apenas o suficiente para deixar o espaço mais confortável para se deitar e apagaram as luzes. Todos se deitaram num colchão gigante formado por vários colchões, e em poucos minutos já era possível notar que alguns estavam dormindo. Eduardo ficou refletindo um pouco sobre as coisas que haviam acontecido até que sentiu uma cutucada no seu ombro, e se virou para encontrar o rosto escurecido de Seungkwan.
— Obrigado pelo que disse mais cedo, foi importante para mim. Vamos nos esforçar juntos!
O coreano estendeu o mindinho para o amigo, que sorriu e juntou seu mindinho junto do dele. Depois se ajeitaram e fecharam os olhos, pegando no sono não muito depois. Havia sido uma noite cheia de descobertas e reflexões para Eduardo, mas acima de tudo ele estava feliz de ter encontrando amigos tão incríveis nesse novo país.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Star Ocean: O Mar Onde Encontrei o Amor" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.