Star Ocean: O Mar Onde Encontrei o Amor escrita por Mesprit


Capítulo 12
Lua Crescente




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A agitação era grande esta noite na universidade, mais especificamente ao redor do anfiteatro onde ocorreria o tão esperado musical do clube de teatro. Muitas pessoas chegavam e iam adentrando na fila para entregar seu ingresso e poderem adentrarem no recinto. Era quase como se fosse um evento de gala, visto que as pessoas estavam todas muito bem vestidas para prestigiar esse evento. Não era diferente de Eduardo que estava um pouco ao lado do local esperando seus amigos. Olhou para baixo e conferiu se sua camisa de tom rosa pastel com pequenas flores de renda estava devidamente passada e sem nenhum amasso.
— Já é a quarta vez em dez minutos que você faz isso. Por que está tão preocupado com a sua roupa?
Ele olhou para o lado onde Jangjun se encontrava o encarando com estranheza. O rapaz também estava muito mais elegante que o normal, visto que era raro ele se preocupar em estar arrumado. Era um estilo simples, mas a jaqueta de couro dava um charme bem másculo para o coreano, que estava com os cabelos penteados e com pomada para cabelo, além do cheiro de perfume que exalava do seu pescoço. Ele realmente havia caprichado no banho hoje.
— Eu só estou ansioso, o problema não é exatamente a roupa. Mas é meio difícil não me comparar com os outros - o brasileiro explicou dando um sorriso amarelo.
— Bobagem se importar com isso, você está muito fofo - O Jangstar respondeu dando um sorriso bobo e fazendo um joinha com a mão.
Duda riu envergonhado com o elogio mas isso ajudou a tranquilizar um pouco seu coração. Olhou atentamente para o outro e percebeu que ele realmente estava muito bonito. Isso acabou por lembrá-lo do seu último encontro desastroso, e daquele momento na casa do jogador de basquete. Ficou constrangido só de imaginar a cena de novo em sua cabeça. Olhava para o outro e não sabia o que ele havia pensado da situação, se é que ele lembrava do acontecido dado a quantidade de álcool que havia consumido no dia.
— Oppa, eu…
— Será que estamos atrapalhando o casalzinho aí?
O rapaz de cabelos roxos teve sua fala interrompida por uma voz que vinha se aproximando. Os dois olharam para a direção da voz e viram Seungkwan, Joochan e Bomin chegando. Os três também estavam muito bem vestidos e pareciam bem felizes e empolgados para o musical. Seungkwan claramente não conseguia esconder que estava se segurando para não rir enquanto olhava para Eduardo e Jangjun próximos um do outro. Joochan nem tentava esconder a risada.
— É uma honra finalmente poder conhecer o famoso Jangstar! - o estudante de gastronomia falava entusiasmado direcionado para o jogador, que sorriu meio constrangido.
— Obrigado mas hoje não estou aqui como atleta, apenas como acompanhante, não é Duda? - respondeu enquanto passava seu braço pelos ombros do brasileiro que corou instantaneamente.
— Opa nesse caso podemos deixar os dois a sós também não é? - Joochan olhou para os dois amigos rindo como se estivesse sugerindo algo.
— Deixem os dois em paz, não viemos para isso. - Bomin cortou a brincadeira dos dois amigos enquanto revirava os olhos.
O aluno da computação ria nervoso enquanto sentia a mão do mais velho em seu ombro, que parecia não se importar muito com as piadinhas dos outros três. Ele não sabia nem como ele mesmo deveria estar se sentindo com isso, quem dirá outra pessoa. Apenas tentou pensar em como desviar o assunto de vez.
— Será que conseguiremos ver o Dokyeom antes de começar a peça? - perguntou na esperança de que os outros mordessem a isca.
— Acredito que não, deve estar uma confusão nos bastidores - Respondeu Joochan.
— Então vamos entrando antes que fiquemos sem um lugar bom - Bomin sugeriu e todos concordaram.
O quinteto se dirigiu para a recepção do anfiteatro e adentraram a fila que agora já estava menor. Não demorou muito até chegarem no início dela e entregaram seus ingressos. Foram descendo as escadas do local e encontraram cinco lugares bem no centro, porém sendo dois lugares em uma fileira e três uma fileira acima. Jangjun não esperou ninguém decidir nada e já foi para a fileira com dois assentos, puxando Eduardo junto com ele. Até Bomin foi forçado a rir da cena junto dos outros dois, que se deslocaram para a fileira de cima e se ajeitaram nos três lugares restantes.
Não demorou muito e as luzes começaram a se apagar na platéia e começar a se acender holofotes no palco, indicando que a peça finalmente iria começar. Todas as pessoas que estavam conversando automaticamente ficaram em silêncio e aguardaram atentamente para o que viria a acontecer. Uma melodia começou a tocar e as cortinas se abriram, revelando um cenário que representava uma pequena vila medieval e vários atores começaram a aparecer no palco, com roupas de camponeses que dançavam e cantavam criando uma ambientação muito alegre. E então finalmente surge um homem com trajes de camponês, vestindo uma camisa com gola de cordinhas e botas longas. A voz poderosa já já revelava antes mesmo de seu rosto aparecer que se tratava de Dokyeom.
Era possível perceber pela atmosfera que todos no local estavam maravilhados com a voz de Lee Seokmin. Ele era alguém que certamente tinha muita presença, o que fazia Eduardo questiona como que esse era o primeiro papel importante do rapaz em uma peça. Porém tentou não pensar nestas questões aleatórias para poder se concentrar em apreciar o que estava diante dos seus olhos. Ele estava deslumbrante, mais lindo do que todas as outras vezes que havia o visto. Se já não estivesse apaixonado, certamente iria se apaixonar agora.
A história do musical então foi se desenvolvendo. Arthur vai em busca da espada sagrada Excalibur e consegue remover ela da pedra, se tornando então o escolhido e futuro rei de Camelot. Vai sendo desenvolvido a relação dele com seu amigo Lancelot como também o seu mestre Merlin. Até que então surge uma moça chamada Guinerve, por quem então Arthur se apaixona.
No primeiro momento em que Guinerve aparece e começa a ser desenvolvido a relação dela com Arthur, o brasileiro começou a sentir um certo incomodo no seu coração. Não precisava de muitas reflexões para entender que se tratava de uma mistura de ciúmes com inveja e medo. Tentou despistar esses pensamentos da sua cabeça pois sabia que tudo que acontecia naquele palco era apenas atuação. Eram Arthur e Guinerve, e não Seokmin e seja lá qual for o nome daquela garota. Porém, por mais irracional que podia ser os pensamentos, o garoto não conseguia tirar mais os olhos das cenas de romance que estavam se desenrolando, o que o deixava notavelmente aflito.
E então aconteceu a cena que iria impactar não só Eduardo como toda plateia: um beijo. Arthur e Guinerve estavam se beijando no palco, mas para o rapaz aquilo já era impossível de fazer a separação. Não eram dois personagens, era o cara que ele estava apaixonado beijando alguém na sua frente. Ele nunca poderia imaginar que isso aconteceria em uma obra coreana, mas se ele soubesse que veria essa cena provavelmente teria pensado duas vezes antes de sair de casa. Inventaria uma desculpa para não ir e depois ignoraria qualquer comentário sobre isso na mesa dos amigos.
Tomou um susto e foi tirado para fora do mundo dos delírios quanto sentiu uma mão nem um pouco macia, mas confortável e gentil se depositando em cima da sua e a envolvendo com ternura. Era a mão de Jangjun, que fez isso porém não virou o rosto ou falou qualquer coisa, mas Eduardo acreditou que talvez o rapaz estivesse constrangido de fazer tal atitude. Olhou para as suas mãos juntas e só então ele percebeu que sua própria mão estava fechada com tanta força que parecia que os dedos iriam entrar para dentro da carne. Era esse o nível de tensão que ele estava passando, e o jogador de basquete percebeu e tentou da sua forma lhe tranquilizar. Se permitiu então relaxar a mão e abrir ela suavemente, e na mesma hora os dedos de Jangjun se movimentaram e se entrelaçaram aos seus, firmando a união das duas mãos.
Neste momento o rapaz de cabelos roxos até esqueceu que estava sofrendo por outro homem um minuto atrás, de tão fofo que havia sido este gesto. Porém sabia que não era nada demais e que ele estava vendo coisas onde não havia. Afinal por quê a estrela do basquete sentiria algo por ele? Certamente era apenas um gesto de carinho comum entre homens coreanos, assim como os que o garoto já vira outras vezes na internet quando pesquisava sobre alguns cantores coreanos que ele gostava.
Voltou a se concentrar no musical, pela terceira vez na noite, e agora Arthur e Guinerve estavam se casando. A cena era linda e certamente despertava muita inveja no brasileiro. No entanto depois do choque do primeiro beijo, os outros beijos que aconteceram depois já iam machucando cada vez menos, apesar de serem ainda frustrantes. Talvez o apoio não verbal do amigo ao lado também ajudasse muito a lidar com esse inconveniente. Agora se perguntava também o que seus outros três amigos sentados atrás dele estavam achando, porém não queria virar o rosto para conferir e acabar distraindo as outras pessoas.
Surgiu então uma nova personagem, a bruxa Morgana, que viria a ser a personagem favorita de Eduardo. Ela era má, coisa que o brasileiro não era muito chegado, porém era uma mulher poderosa e determinada, carismática a sua maneira, além de utilizar magia que era algo que sempre chamava a atenção do jovem nerd. Particularmente, Eduardo também achou a atriz que fazia Morgana muito mais bonita que Guiverne, que tinha uma beleza bem típica dos padrões coreanos, que em sua opinião fazia ela ser bem sem graça já que não tinha características marcantes ao contrário da sua colega de palco que definitivamente se destacava. Talvez fosse um pensamento podre, mas o rapaz preferia que o par romântico de Seokmin fosse ela ao invés da atriz que interpretava a sua esposa de fato, uma vez que Guinerve parecia muito sem graça para ser namorada de Dokyeom, embora era preciso reforçar na sua mente que naquele momento Dokyeom era Arthur.
A aparição de Morgana levou a história a um rumo inesperado, onde ela enganou todos os personagens, fazendo Lancelot e Guinerve terem um caso, que foi descoberto por Arthur e este então sucumbiu aos poderes das trevas. De repente, todo o cenário bonito e florido se transformou em algo sombrio e amedrontador. E então uma guerra entre Camelot e outro reino começa, tudo arquitetado pela bruxa, e Arthur se vê no meio do campo de batalha sem saber mais que lado apoiar. Ao cruzar espadas com Lancelot, ele acaba descobrindo toda a verdade, mas ao custo da vida de seu amigo. A batalha então continua e Arthur derrota todos os seus oponentes um por um, porém ao fim da guerra, ele descobre ser o único sobrevivente, onde até mesmo Guinerve já estava morta. A história então acaba com Arthur chorando e sofrendo, afundando na solidão. As cortinas se fecham.
O anfiteatro permanece em silêncio por alguns segundos. Pelo visto ninguém imaginava que a história teria este desfecho. Um pouco depois uma salva de palmas começa a repercutir, as cortinas se abrem e todos os atores e atrizes estão no palco agradecendo e acenando, se retirando um tempo depois. Eduardo prestou atenção especial em Seokmin, que estava com um sorriso de orelha a orelha, mas ao mesmo tempo nitidamente constrangido. Era uma verdadeira graça que aqueceu o coração do brasileiro que até esqueceu o final trágico que havia acabado de presenciar. Estava ansioso para ir falar com ele e parabenizar o rapaz pelo trabalho espetacular.
Os cinco amigos finalmente trocaram olhares entre si e começaram a falar sobre o que acharam da experiência. Seungkwan estava chorando sem parar dizendo estar orgulhoso do amigo, Joochan ria nervoso tentando acalmar o colega, e Bomin apenas achava fofo a reação dos dois, porém havia achado a história muito boa. Jangjun disse que gostou de uma forma meio seca que causou estranhamento em Eduardo, já que não era comum o amigo agir de forma tão sem animação. Só então o estudante de computação percebeu que suas mãos não estavam mais juntas. O grupo começou a sair das fileiras extensas de assentos e foram para o corredor, se direcionando para a saída, onde depois iriam para os fundos do anfiteatro esperar a saída da equipe para encontrar a estrela da noite.
Quando já se encontravam no fundo do local, Seungkwan já estava se recuperando da crise de choro enquanto comentavam sobre as partes que mais gostaram, e Eduardo estava torcendo para que não tocassem na parte do beijo. Felizmente Joochan também estava empolgado falando de Morgana, que fez Seungkwan voltar ao normal e o brasileiro também entrou na conversa para falar bem da bruxa.
— Ela era poderosa, tinha presença e fechava o tempo. Entregou tu-do - Exaltava Seungkwan.
— Eu achei uma patifaria aquela cena do Lancelot e da Guinerve na floresta. Não vou mentir adorei - Comentou Joochan.
— Aquele final na guerra foi bem pesado, eu não achava que teria esse tipo de reviravolta - Disse Bomin.
— Eu achei as músicas todas tão bonitas e marcantes, queria que tivessem gravado pra poder ouvir de novo - Falou Duda lembrando especialmente das músicas em que Seokmin cantava.
Os quatro garotos olharam então para Jangjun, que estava distraído chutando a grama. Ficaram o encarando esperando que ele comentasse também o que tinha gostado, mas não veio nada. O estudante de fisioterapia levantou o olhar e se assustou com os olhos lhe encarando e ficou sem jeito, tentando improvisar alguma resposta rápida.
— Eu errr… Gostei dos cenários! Estavam muito bem feitos.
Se olharam entre si e aceitaram a resposta, continuando a conversa falando justamente dos cenários e figurinos que realmente estavam muito bem feitos. Porém Eduardo já havia reparado que tinha algo errado com o grande Jangstar, que não estava com o mesmo brilho de sempre, mas não sabia como e se devia falar com ele sobre isso agora.
Neste momento as portas dos fundos do anfiteatro se abriram e a equipe começou a sair. Foi espantoso ver a quantidade de pessoas que trabalharam na peça por de trás do palco, era uma equipe realmente grande. Enquanto passavam o grupo cumprimentou as pessoas e as parabenizaram pelo excelente trabalho, que a equipe agradeceu com sorrisos honestos. Logo começaram a sair os atores também e eles puderam ver mais de perto a beleza de todos eles, mesmo sem maquiagem e em suas vestimentas comuns. Eduardo sentiu um calafrio quando a atriz que fez Guinerve saiu pela porta, mas um alívio de ver que ela não havia saído junto de Seokmin, que deu as caras um pouco tempo depois.
— Vocês estão ai! - Dokyeom disse surpreso ao ver os amigos lhe esperando, saindo correndo em direção a eles.
Seungkwan voltou a chorar na mesma hora que viu o rosto do amigo, correndo em direção a ele e o abraçando. Seokmin ficou rindo pois achou fofo a reação do outro, mas retribuiu o abraço com muito carinho. Joochan e Bomin também cumprimentaram o rapaz o parabenizando pelo trabalho. O ator olhou então para o lado e viu Eduardo tímido lhe olhando e, na mesma hora, soltou o amigo estudante de gastronomia e foi correndo em sua direção sorrindo.
— Duda! Você veio também! O que achou? - Seokmin perguntava com um sorriso bobo.
— Você estava muito lindo! Quer dizer, tudo estava muito lindo. E eu fiquei arrepiado com o final! - o brasileiro respondia envergonhado e querendo bater em si mesmo pelo deslize, porém esqueceu dos problemas quando o ator sorriu fofo com o elogio.
— Eu também achei muito legal, nunca havia assistido uma peça de teatro mas fiquei maravilhado - Jangjun falou chamando a atenção o outro coreano, que ainda não tinha percebido a presença do outro.
— Oh! Lee Jangjun não é mesmo? Que bom que você veio também e se divertiu! - Seokmin cumprimentou o outro com um sorriso simpático.
— É que eu precisava tomar conta do Duda, e parecia uma ideia legal de encontro - O atleta falou botando a mão no ombro do mais novo, enquanto acenava concordando com sabe-se lá o que.
Dokyeom ficou confuso com a resposta mas apenas sorriu de novo, ele realmente estava de muito bom humor. Então o grupo se reuniu e eles decidiram que deveriam ir comemorar. Joochan trouxe a ideia de ir no bar karaokê de Daeyol, e todos concordaram achando a ideia ótima, mas combinaram que não iriam no karaokê pois Seokmin já havia cantado o suficiente para uma noite, e não teria graça se todos não pudessem cantar.
Então todos foram juntos para o ponto de ônibus, que não demorou muito para chegar. O bar era mais perto da universidade do que das casas deles, então eles não precisariam pegar o metrô. Ficaram uns quinze minutos conversando dentro do veículo contando para Dokyeom o que eles haviam gostado da peça, e Joochan, Seungkwan e Eduardo mencionaram que queriam conhecer a atriz que interpretou a Morgana e o colega de trabalho dela disse que iria providenciar enquanto ria do entusiasmo dos três.
Logo desceram do ônibus e precisaram andar apenas alguns minutos para chegar no bar, como já era um pouco tarde o local estava mais sossegado do que a última vez, tornando o ambiente ótimo para relaxar. Eles encontraram uma mesa que teria espaço para todos os seis rapazes e se sentaram, Joochan e Seungkwan foram logo pegando os cardápios para escolher o que iriam comer, enquanto Jangjun mirou no cardápio das bebidas alcoólicas e Bomin apenas revirava os olhos com o jeito dos amigos. Não demorou muito para Daeyol aparecer na frente da mesa para cumprimentar os clientes e pegar os pedidos.
— Boa noite, que bom ver vocês aqui, estão comemorando algo? - o mais velho falou sorrindo.
— Estamos comemorando a primeira apresentação do futuro grande ator da televisão coreana! - Joochan falou batendo palmas leves em direção a Dokyeom que riu constrangido.
— É mesmo? Parabéns, vou preparar uns bolinhos doces por conta da casa para vocês! - Parabenizou o ator que se curvou agradecendo.
— Ei! Você não me deu nada quando eu ganhei o campeonato de basquete! - Jangjun se pronunciou indignado.
— Eu não acredito, vocês trouxeram o Lee Jangjun? - Daeyol, que havia percebido apenas agora a presença do outro, falou espantado e com certo desgosto. - Acho bom você não incomodar todos os outros clientes gritando no karaokê dessa vez.
— Para o seu azar hoje as pessoas não serão agraciadas com a minha voz angelical - o atleta falou se exibindo, e o dono do bar agradeceu aos céus por não receber essa benção.
Todos na mesa riram da situação e depois fizeram seus pedidos de comida e bebidas, que não demoraram para chegar visto que não estava muito movimentado. Brindaram em comemoração ao ator e começaram a beber, comer e jogar conversa fora sobre a faculdade, família, e outras baboseiras que iam pensando com suas cabeças já afetadas pelo álcool. Eduardo havia ficado bem no meio entre Jangjun e Seokmin, o que lhe deixava um pouco nervoso e sem coragem de olhar para qualquer um dos lados, porém percebia que a bebida havia ajudado o jogador de basquete a ficar mais solto e alegre como ele geralmente é, o que fez o brasileiro ficar mais aliviado, talvez não tivesse acontecido nada demais.
Depois de um tempo jogando conversa fora, Eduardo já conseguia sentir os efeitos do álcool no seu corpo, estava meio tonto e com calor. E então ele sentiu uma mão sobre a sua novamente, e não precisou olhar para baixo para saber que era a mão do estudante de fisioterapia. A mão áspera porém carinhosa do rapaz era muito confortável, e lhe trazia uma sensação de segurança, porém naquele momento também lhe trouxe apreensão e nervosismo, por conta de estar ao redor dos outros e também principalmente ao lado de Dokyeom. Então ele tirou sua mão de baixo da mão do outro e se levantou, falando que iria no banheiro e depois tomar um ar do lado de fora.
Foi até os banheiros e após fazer suas necessidades e lavar as mãos jogou um pouco de água no seu rosto e secou com papel toalha. Se encarou no espelho e seu rosto estavam rosado, e ele não sabia dizer se era por conta do calor que sentia ou do nervosismo. Saiu do local e viu que havia uma porta no local que levava para um pátio onde também haviam algumas mesas vazias, e optou por ir lá ao invés de ir para a saída do estabelecimento. Ao chegar no lado de fora, foi até um canto que era fechado por uma cerca e havia alguns vasos de flores ao redor, foi até lá e se escorou na cerca, olhando para o céu.
Hoje era noite de lua crescente, e se fosse contar as estrelas no céu deveriam ter umas seis. O rapaz fechou os olhos e respirou fundo, podia sentir a luz da lua pairando sobre sua pele e lhe acalmando, colocando seus sentimentos no lugar. Sentimentos que cresciam mais e mais a cada dia que se passava e ele interagia com os garotos a ponto que parecia que seu coração poderia explodir a qualquer momento. Ele estava apaixonado por Lee Seokmin, mas também estava apaixonado por Lee Jangjun. Não sabia dizer se amava um mais que o outro, sentia algo diferente por cada um, ao mesmo tempo que era um sentimento igual e ele sabia que se tratava de amor.
Não sabia o que fazer com os sentimentos, nem se ele deveria escolher um dos rapazes. Não sabia se tinha o direito de escolher um, até porque não sabia os sentimentos dos dois para com ele, mas não acreditava que o que sentia era recíproco de qualquer uma das partes. Ele era apenas um garoto estrangeiro que estava descobrindo uma nova vida em um novo lugar, enquanto sofria com a dificuldade da faculdade que nem sabia dizer se havia escolhido certo. Enquanto isso os dois eram grandes nomes dentro da universidade, um era um atleta surpreendente e o outro um ator que certamente iria ascender muito a partir de agora na sua carreira. Sem mencionar que os dois eram estonteantemente lindos e ele se questionava da sua aparência mesmo no seu próprio país.
Suspirou e deu leves batidinhas no seu rosto para espantas os pensamentos tristes, que eram comum virem até sua mente quando estava sob efeito do álcool. Era uma noite de comemorações e não de angústias e pensamentos nebulosos. Quando se virou para voltar para a mesa se assustou com a presença de Seokmin lhe olhando tímido e lhe estendendo uma garrafa de água. O garoto ficou constrangido mas pegou a garrafa e agradeceu, abrindo para tomar um gole.
— A quanto tempo você está aqui? - perguntou antes de tomar a água.
— A pouco. Fiquei preocupado com você e saí de fininho da mesa enquanto Joochan e Seungkwan enchiam o Jangjun de perguntas - o coreano respondeu dando uma risadinha. - Você está bem?
— Estou melhor, obrigado - agradeceu meio sem jeito.
Dokyeom se direcionou até a grade e se apoiou nela da mesma forma que o outro estava antes, olhou para o céu e abriu a boca surpreso com a lua provavelmente. Depois olhou para o chão e deu uma suspirada também.
— Sabe, eu estava morrendo de medo hoje. Achei que iria cometer algum erro e passar vergonha. Mas meu medo nem era comigo em si, eu só não queria prejudicar o trabalho de toda a equipe que deu o melhor de si para que hoje fosse perfeito. Eu tinha medo do papel que eu estava assumindo, onde qualquer erro básico poderia comprometer tudo. Não sabia se eu estava pronto para tamanha responsabilidade. Mas no fim deu tudo certo!
Então o coreano se virou e seus olhos encontraram os do brasileiro, e neste breve momento Eduardo pôde entender que Seokmin era, assim como ele, um ser humano falho. Que mesmo em sua deslumbrante presença e habilidades que cativam todos que presenciam, ele também possuía seus medos e incertezas, e nos seus gestos de superar suas incertezas e agir contra elas, trazendo resultados que superavam até mesmos as suas próprias expectativas, ele se tornava um ser humano completo, cuja coragem inspirava não só o brasileiro, mas à todos os outros a tentarem serem melhores a cada dia.
Os cabelos roxos balançavam com o vento assim como os castanhos do outro, que abria mais um dos seus belos sorrisos que traziam um conforto para o menor. Eduardo não sabia se Dokyeom havia contado sua história apenas porque queria desabafar, ou porque ele sabia o que o outro também passava. O brasileiro apenas sorriu tímido e buscou palavras para acabar com aquele silêncio.
— Obrigado por compartilhar isto comigo, significou muito para mim também.
— Acredito que todos nós temos as nossas batalhas, mas podemos superar elas juntos e se apoiando como bons amigos, certo? Fighting!
Seokmin pegou as mãos do outro com as duas mãos e as ergueu até a altura do peito, segurando com serenidade e sorrindo. Eduardo sorriu de volta e corou, enquanto o olhar dos dois se mantinha fixo um no outro. Ele estava sempre sendo apoiado e tranquilizado pelo coreano, mas quando o outro precisou de apoio ele não estava lá por ele. Ele queria poder ajudar Dokyeom também, queria expressar seus sentimentos, queria superar seus medos e ser corajoso assim como Lee Seokmin era. E então ele deu um passo à frente e sem hesitar levou seu rosto ao encontro do rosto do coreano que ao perceber o movimento foi recíproco, e os lábios dos dois se uniram naquele cantinho florido que era iluminado pela luz da lua crescente.


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