Natasha - Minha História escrita por blindrepata


Capítulo 8
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Vamos de mais um drama



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— Ei, Luca! – Ela chamou o garoto que assistia TV. – Vamos brincar no parque?
— Vamos! – O menino concordou se levantando. – E depois podemos tomar um sorvete?
— É claro! Você se comportou bem esses dias e merece um sorvete de duas bolas. – A morena disse afagando os cabelos do menino. – E seu pai vem te buscar hoje à tarde.
— Eba! – O menino disse pulando de alegria.
— Ah, quer dizer que não está gostando de ficar aqui comigo? – Natasha brincou.
— Eu gosto sim. – Luca mostrou arrependimento pelo que falara.
— Olha, meu amor. Eu estou brincado. – Natasha se abaixou ficando da altura do menino. – É claro que você está com saudades de seus pais, e de sua irmãzinha. – Ela tocou o rosto do neto e depositou um beijo em sua bochecha.

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Fazia duas semanas que Tasha não via Reade. Ela não sabia o que pensar sobre os dois desde que ele a beijou e ela disse que eram apenas amigos. Ainda assim ela achava que fizera o certo, pois não seria um momento de confusão que estragaria o que eles tinham.
Todos esses dias ela sentiu falta de Reade, falta da companhia dele na mesa ao lado dela, falta dele em campo lhe dando cobertura, falta dele criticando seu mal humor pela manhã. Deus, como ele fazia falta.
Tasha não teve coragem de ligar ou de ir vê-lo nessas duas semanas, se sentia mal pelo que acontecera. Ela tinha ciência de que o incentivara quando ele a beijou. Ela gostou do beijo, não podia negar, mas também não admitiria pra ele. Não sabia se algum dia estaria pronta pra isso. Se estaria pronta para admitir o que sentia. Reade era seu amigo há muito tempo e dentro dela era bem mais que isso e ela não o perderia jamais. Ela não deixaria que seus sentimentos estragassem o que eles tinham.
Naquela manhã estava Reade em sua mesa quando ela o viu. Ele a olhou e o coração dela disparou e a morena não pode conter o sorriso de satisfação que se formou em seu rosto. Como ela sentira saudades de seu parceiro!
— Oi! – Ela disse se aproximando.
— Oi.
— Está tudo bem? – Tasha perguntou sem graça.
— Tudo bem. Estou bem melhor. – Reade se referia à perna. – O que eu perdi enquanto estive fora?
— Nada demais. – Tasha o informou. – Borden é um espião. E, pegaram aquele rato do armário.
— Pegaram meu garoto, o Whitey Bulger?
Reade tentou brincar, mas ele também estava desoncertado depois de tudo o que aconteceu.
— Tasha... eu estava medicado e confuso... – Ele explicou.
— Então é isso. – A morena ficou claramente decepcionada ao ouvir isso, mas talvez fosse melhor assim. – Eu sei. Estamos de boa ,então?
— Cem por cento. – Ele disse lhe dirigindo um sorriso. – Vou ver a Patterson.
— E eu vou olhar esses arquivos.

Era bom ter Reade novamente no SIOC. Eles trabalharam o dia todo, foram a campo e no final do dia estavam no elevador indo embora.
— Vamos beber algo. – Tasha queria quebrar o clima chato que se instalara entre eles.
— É o meu primeiro dia, estou cansado.
— Vamos beber algo. – Ela repetiu.
— Está bem. Só uma cerveja. – Reade sempre cedia aos pedidos de Tasha. Ela tinha esse dom sobre ele e aparentemente isso não mudara.
— Só não dê em cima de mim depois. – A morena brincou e recebeu um olhar de repreensão diante de seu comentário.

— Me desculpe. – Tasha disse depois de se acomodarem no bar e pedirem a primeira cerveja. – Eu não queria te envergonhar. Você só me pegou desprevenida. Seu rosto se aproximando...
— Eu estava lá. Não precisamos entrar em detalhes. – Reade brincava tentando disfarçar o embaraço. – Não precisamos mesmo.
Tasha gargalhava enquanto bebia. Eles estavam se divertindo, apesar de tudo.
— Você se acha a única engraçada, não é mesmo? – Reade sorria entre um gole e outro. – Você nem faz meu tipo mesmo.
— Muito inteligente ou muita classe? – A morena fingiu seriedade.
— Muita classe? Sério? – Realmente Tasha não achava que tinha muita classe. Gritava assistindo jogos, bebia uísque puro, tomava cerveja direto da garrafa, dentre outras coisas que era possível enumerar. – Me traga um duplo, por favor. – Reade se dirigiu ao atendente. – Tasha, tudo o que aconteceu recentemente. Jones, Akkadian, a caçada a terroristas... minha cabeça ficou... é que...
— Desculpas aceitas. – Ela ergueu as mãos mostrando que estava tudo bem.
Tasha sabia que o que queria ouvir não era isso. Ela queria que ele dissese que não foi culpa dos remédios ou pela confusão de acontecimentos. A latina queria que ele dissesse que a beijou porque quis, porque tinha sentimentos por ela. E ela também quis dizer que gostara do beijo e que queria experimentar de novo. Mas sabia que jamais seria assim. Ela era pra ele apenas uma amiga e que nem fazia seu tipo.
— De verdade. Agora, não vamos falar sobre isso de novo. – A morena pediu.
— Concordo. – Reade disse sem tirar os olhos da morena à sua frente.
— Certo. – Os dois se olhavam enquanto esvaziavam o conteúdo de seus copos. – Acho que tem alguém de olho em você. – Tasha mostrou uma mulher loura sentada mais à frente.
— E você não está mentindo. – Reade concordou olhando pra trás.
— Ora, você já está encerrando? – Ele falou ao ver Tasha se levantar e pegar suas coisas para ir embora.
— Sim, perdi o costume de ter você por perto. Dá o dobro de trabalho. – A morena brincou tentando parecer séria. – Você vai ficar bem?
— Sim, Tasha. Eu sou forte e posso cuidar de mim mesmo.
Natasha se levantou e passou por onde a mulher loura estava sentada. – Ele é todo seu. – Se dirigiu à ela e foi para a porta de saída do bar.
Enquanto vestia seu casaco ela se permitiu olhar para onde estava antes e a mulher já ocupava o assento ao lado de Reade. Tasha foi embora se odiando pelo que acabara de fazer, mas sabia que já era tarde e com certeza era melhor assim. Afogar seus sentimentos era o que ela estava acostumada a fazer desde que era bem jovem.

Os dias se passavam e Tasha mergulhou no trabalho se afastando um pouco de seus sentimentos sobre Reade. Alguns dias depois o rapaz lhe contou que a ex-namorada de Freddy o procurara e Tasha percebeu que Reade se sentia culpado pelo que acontecera ao amigo e tentou tranquilizá-lo dizendo que nada disso era sua culpa e que ele deveria esquecer isso.
Natasha começou a perceber alguns atrasos de Reade, outros dias ele não aparecia na academia antes do trabalho, e era algo que eles sempre faziam juntos. Algo estava acontecendo, mas ainda não sabia o que. Ela tentou aconselhar o amigo a procurar ajuda profissional, pois tudo o que havia acontecido mexera demais com ele e não seria apagado da noite para o dia. A morena sabia bem como era tentar sair de algo assim sozinho. Enquanto não procurou ajuda para seu vício em jogos não conseguiu se libertar.
— Reade. - Tasha se dirigiu a ele quando o viu pegando as coisas para ir embora do trabalho. – Me desculpe se estou pegando no seu pé. Eu só quero ter certeza de que você está bem.
— Eu agradeço pela sua preocupação. Sério mesmo. – O rapaz disse com sinceridade. – Pela primeira vez eu sinto que posso respirar, me divertir.
— Quem é ela? – Tasha sorriu imaginando que havia uma mulher na jogada.
— Não tem nada disso, Tasha.
— É bom não ferrar com essa também. – Seu coração doía ao dizer isso a ele, mas de verdade ela queria vê-lo feliz. – Estou falando sério. Você merece ser feliz. Não deixe que nada te atrapalhe.
— Está bem. – Ele sorriu em agradecimento.
— Te vejo amanhã. – A morena se despediu e saiu.

A cada dia Reade parecia mais estranho para Tasha, sempre aéreo, distraído mesmo em campo, mentindo algumas vezes também. Deixou ela e o team em perigo várias vezes. Depois do dia que o aconselhou a ser feliz ela resolveu não falar mais nada e deixar esse assunto de lado.
Eles conversavam banalidades em uma manhã após saírem da academia.
— Agentes Reade e Zapata! – Briana surgiu atrás deles os chamando. – É seu dia de sorte.
— Tem água quente no chuveiro? – Reade fez uma brincadeira.
— Teremos self-service na lanchonete? – Tasha também entrou na brincadeira.
— Quase. – A mulher falou. – Foram escolhidos para o exame toxicológico aleatório.
— Acho que não sabe o significado de sorte. – Tasha reclamou.
— Vai levar apenas alguns minutos. – Briana voltou a falar.
— Não pode nos avisar sobre isso? – A morena falou com ironia.
— Acho que não sabe o significado de aleatório. – A mulher foi saindo com Tasha em seu encalço quando percebeu que Reade não vinha atrás deles. – Agente Reade.
— Estou sentindo algo estranho. Uma dor de barriga. – O agente mentiu.
— Não pode sair de vista até concluir a coleta. – Briana o alertou.
— É sério. Preciso ir pra casa... – Ele voltou a falar.
— Desculpa. É a política do FBI. – A mulher explicou.
Reade cedeu sob o olhar confuso de Tasha que não sabia explicar precisamente o que acabara de acontecer ali.
— Que negócio foi aquele de dizer que tinha que ir pra casa? – Tasha perguntou enquanto esperavam ser chamados para coleta do exame
— Eu não estou mesmo me sentindo bem. – Reade afirmou.
— Te falei pra não tomar aquele último uísque ontem. – Ela se referia sobre a noite de bebidas que tiveram na casa do Weller no dia anterior. – Você bebe como um pré-adolescente. – Tasha o viu ficar cabisbaixo. – Está preocupado em ser pego? Sei que você curte aqueles bolinhos de erva.
— Sim. – Ele confirmou tentando colocar fim àquela conversa.
— Agente Edgar Reade! Você é o próximo. – A enfermeira chamou.
Tasha o viu se dirigir à sala de coleta e ainda muito confusa com toda aquela conversa.
— O que é? Maconha, anfetamina? – Ela o pressionou assim que saíram da sala de exames.
— Não. Cocaína. – Reade confessou.
— Cocaína, Reade? – Ela perguntou desapontada.
— Foram só algumas vezes, Tasha. Eu estava só relaxando. – O rapaz tentou se justificar.
— Relaxar é tomar uma cerveja. Isso é coisa pesada. – A amiga o repreendeu.
— Não é tão sério assim!
— Não e sério? Está prestes a ser pego no antidoping do FBI! – Ela falava alto. – E acha que não é sério?
— Você quer falar mais alto? – Ele disse falando baixo.
— Deve dize ao Weller. Tô falando sério. – Reade negou com a cabeça. – É melhor ele ouvir de você do que de alguém do RH.
— Ele vai ficar louco. – Reade falava sobre a reação de Weller.
— Não. Ele sabe o que você passou. Ele não vai pegar pesado. – Tasha tentou enconrajá-lo. – Somos uma família.
— É o que as pessoas dizem. Ele é meu chefe e terá de dizer ao chefe dele.
— E qual a outra opção? – A morena o conforntou.
— Ela sai do corpo entre vinte e quatro e quarenta e oito horas. – Reade explicou.
— Quando foi a última vez que usou? – Tasha perguntou.
— Ontem de manhã.
— De manhã? – Tasha levou a mão ao rosto claramente preocupada com ele. – Então você ainda está no prazo.
— Sim.
Eles foram interrompidos por uma chamada de Patterson
— Vamos nos trocar. E fale com o Weller, por favor!

— Recebi meus resultados, e você? – Tasha perguntou a Reade antes de irem embora.
— Negativo. Acho que tive sorte. – Ele disse aliviado.
— Sorte? Isso foi algo grave. – Ela o repreendeu. – Não importa o resultado, deve resolver esse problema.
— Foi uma farra de dois dias. Já acabou. – Ele afirmou.
— Pode ter acabado a droga, mas não a razão de tê-la usado.
— Jones está morto. Freddy sumiu. Posso jogar a droga fora.
— Reade...
— Agradeço por tudo que fez por mim. De verdade, você sabe. Isso foi um alerta, eu vou ficar bem.
— Fale com Weller e tire uma folga. Procure ajuda.
— Não preciso de ajuda, Tasha. – Reade se negava a admitit que estava com problema.
— Falo isso do fundo do coração. – Ela falou claramente irritada. – Vai pedir licença ao Weller ou eu farei isso por você.
— Você não vai fazer isso! – Pela sua expressão Tasha mostrou a ele que faria se fosse preciso. – Você é minha melhor amiga.
— É exatamente por isso que eu farei.
Tasha saiu de lá com os olhos ardendo de vontade de chorar. Ela odiava estar nessa situação, mas Reade não aceitava ajuda a deixando sem opções.
Naquela noite a morena foi até a casa de Weller e lhe contou sobre Reade. Seu coração doía por ter que fazer isso, mas ela queria ajudá-lo. A morena sabia que se ele continuasse nessa e não procurasse ajuda se afundaria cada vez.
No dia seguinte Weller o chamou para conversar e Tasha viu quando Reade saiu irritado da sala do chefe. Ela soube que a conversa não havia corrido bem. Provavelmente Weller disse algo que Reade não gostou.
— Reade... – Ela tentou conversar com ele assim que saiu da sala do chefe.
— Vá para o inferno! – Ele deu as costas pra ela e saiu do SIOC.
Natasha não sabia se se arrependia do que fez, pois acabou afastando mais o amigo e não era essa sua intenção. Ela só quis ajudá-lo, mas mais uma vez metera os pés pelas mãos.
Quando estava indo embora ela chegou a pegar o celular para tentar falar com ele, mas não sabia o que dizer e também não sabia como seria recebida, por isso desistiu e foi embora resolvendo lhe dar um tempo.

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O passado dos dois tinha essas partes sombrias que traziam muita dor em seu peito. Ver Edgar naquela situação e tentar ajudá-lo em vão foram momentos que a fizeram se sentir inútil, impotente.
— Vovó! Você está chorando? – Luca perguntou se aproximando dela que estava sentada no banco do parque enquanto o garoto brincava com as outras crianças.
— Não, meu amor. – Ela negou. – Acho que foi um cisco que veio até meu olho com o vento.


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Notas finais do capítulo

Obrigada pela leitura!!!



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