Foi uma noite perfeita. Tasha descansou como há muitos dias não fazia. Estar nos braços dele era tudo o que ela poderia querer. Se permitiu o olhar dormindo por alguns minutos, mas sabia que precisava se levantar e se arrumar, pois em menos de quarenta minutos precisariam sair. Se aproximou dele pelas costas e depositou beijos em suas costas nuas e descobertas. O cheiro dele a inebriava mesmo depois de anos. Ela nunca se cansaria das manhãs que acordava ao lado dele. Seu abraço era o melhor, o melhor beijo que ela já experimentara. Ela fizera sua escolha anos atrás. Escolhera falar sobre seus sentimentos e ambos escolheram envelhecer juntos. Ela jamais se arrependeria das decisões que os levaram até ali.

Natasha às vezes refletia sobre algumas coisas que fizera, algumas decisões que tomara e que ao invés de aproximá-la das pessoas que amava as afastara. A morena sempre escolheu o trabalho acima de tudo. Mas na vida há momentos que precisamos pensar com o coração também, não só com a mente.

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Aquela semana foi dura para Tasha. Ela ofereceu para se infiltrar em uma penitenciária. Precisavam obter informações que não seria possível de outra forma. Ela precisava conhecer e fazer amizade com uma detenta que fazia parte da organização terrorista que eles perseguiam nos últimos meses. Correr esse risco quase lhe custara a vida, mas ela escolheu se arriscar.

Com muito esforço eles conseguiram prender um casal do grupo terrorista. Mas eles não revelariam nada com facilidade.

— Preciso continuar tentando até ele se cansar. – Weller se aproximou dela que assistia o interrogatório através das câmeras.

— Ele nunca vai falar. – Tasha falou desanimada. – Tire as câmeras que arranco tudo dele em menos de um minuto.

— Se fizermos isso estaremos nos igualando a ele. – Weller discordou.

— Eu não me importo.

— Tasha, eu sei que você está com raiva. Você foi ao inferno e voltou hoje...

— Exatamente. Eu coloquei minha vida em risco. Quero que tenha valido a pena. Eu não vou suportar vê-lo sorrindo sabendo que ele tem as respostas.

— Tasha, temos que usar a estratégia.

— Não. Temos que mudar nossa forma de agir. Só assim conseguiremos ficar à frente deles.

— Seguimos nossas regras. Não as deles.

— Não existem regras quando se trata desses terroristas! – Natasha tinha a voz alterada. – Eles tentaram nos matar e nós vamos ficar calados?

— Ainda assim há um jeito certo e um jeito errado, Tasha. – Weller disse decidido.

Tasha sabia que aquela conversa não levaria a nada. A forma como o FBI trabalhava às vezes a irritava. Ver os bandidos rindo na cara deles. Ela não sabia até quando aguentaria trabalhar assim, de mãos atadas.

Irritada ela foi até o apartamento de Reade desabafar. Desde a última vez que o chamou para beber ela quase não o viu. A amizade deles parecia não ter se abalado após tudo o que aconteceu. A vida da morena voltou ao normal depois que sua menstruação se normalizou e ela estava fazendo de tudo para tirar da cabeça o aperto que passara. Natasha tomara a decisão de abafar seu amor por Reade em nome da amizade deles que era preciosa demais para deixar abalar por algo que ela sabia que sentia sozinha.

— Me perdoe por não ter algo mais forte para te oferecer. – Reade falou enchendo dois copos com Bourbon.

— Não. Me desculpe. Você nem precisa ficar me ouvindo reclamar de trabalho. – Ela falou. – Só estava sentindo falta de conversar com alguém.

— Você tem Weller.

— Alguém consegue falar com ele além da Jane?

— Ele não dá muita abertura, mas com certeza nos protege.

— Se quisermos vencer a guerra, temos que mudar as coisas.

— E como está pensando em fazer isso? – Reade perguntou enquanto bebiam.

— Só quero dizer que existe um mundo em que não fazemos tudo certinho. – Tasha falou com raiva.

— Se existe esse mundo, não é o FBI. – Reade foi categórico.

Tasha foi embora com aquelas palavras na cabeça.

Alguns dias depois Reade revelou que não pretendia voltar para o FBI. Se inscrevera para trabalhar em Quantico. Ensinar jovens agentes. Tasha se sentiu traída por ele cogitar a possibilidade de deixar tudo para trás, mesmo depois de tudo o que ele passou e também de tudo o que houve entre eles.

Fazia alguns meses que Weller e Jane finalmente ficaram juntos. Eles se casariam e se mudariam para o Colorado para ficarem mais perto de Bethany, a filha de Kurt que ainda era bebê.

A cerimônia foi linda. Reade viera de Quantico para a cerimônia. Tasha decidiu aproveitar cada momento da companhia dele. Eles beberam e se divertiram, dançaram juntos. A morena cogitou a possibilidade de revelar a ele seus sentimentos, mas se conteve mais uma vez. Enquanto dançavam ela escolheu fechar seus olhos e se deixar levar pelo ritmo da música e pelos passos que ele lhe conduzia. O mundo parecia não existir fora dali. Estar novamente tão perto dele, sentir seu perfume, se deixar levar pelo seu abraço. Tudo foi mágico naquela noite.

Já era tarde e ela estava bêbada demais para agir com consciência, então soube que estava na hora de ir embora. Se despedira dos amigos e de Reade.

— Quer que eu te leve? – Ele se ofereceu.

— Não precisa. Fique e se divirta um pouco mais.

Ele a puxou para ele e a abraçou. A morena deixou se aconchegar nele mais um pouco até que levantou o rosto e o fitou tocando o rosto dele com carinho. Reade se aproximou e depositou um beijo suave em seu rosto e ela se foi.

Esse foi o último contato mais próximo que os dois tiveram. Na semana seguinte Kurt e Jane se foram e Patterson recebera uma proposta de trabalhar com aplicativos de jogos no Vale do Silício. Ela se viu sozinha sem seus amigos no FBI.

Foi quando a nova diretora do FBI chamou Reade para substituir Weller no cargo de diretor assistente e ela se viu trabalhando novamente com Reade. Mas nada parecia como antes. Ele evitava deixa-la ir para campo quando ela estava apenas tentando fazer seu trabalho, mesmo que pra isso fosse um pouco longe demais nos interrogatórios e arrancasse as informações dos suspeitos a qualquer custo.

Em um dia que ela já se encontrava muito irritada e indignada com essa situação a CIA participou de uma investigação junto com o FBI.

— Já pensou naquela proposta? – Há mais de um mês Keaton a chamou para trabalhar com ele na CIA. Tasha não dera crédito no momento, pois pensou que não passasse de uma brincadeira.

— É um convite oficial? – Ela quis saber.

— Estou tornando oficial a partir de agora.

— Preciso pensar, Keaton. – Ela estava tentada, porém confusa sobre o que decidir.

— Ouça, Tasha, eu já vi como você trabalha, o seu perfil se encaixaria perfeitamente nas exigências da agência, e aqui você sabe que estará sempre impedida de mostrar todas suas habilidades.

— Vou pensar e te falo. Juro. – Ela prometeu.

No dia seguinte Rich foi trazido para ajudar em uma investigação e ela se irritou com Reade várias vezes durante o trabalho. Reade fez Tasha permanecer no laboratório trabalhando com Rich e Stuart. Então ela decidiu revelar a ele.

— A CIA me ofereceu um cargo em Langley.

— E você está me falando isso agora? – Ele perguntou com raiva.

— Olha, Reade desde que você se tornou diretor assistente me confinou a esse escritório. Eu sou uma agente de campo, é lá que quero dar o meu melhor.

— Então você vai aceitar a proposta? – Ele perguntou chateado.

— Estou pensando sobre isso.

Mais tarde Tasha foi interrompida por Reade no meio de um interrogatório.

— Ela estava prestes a confessar tudo quando você me interrompeu. – Tasha explodiu quando Reade chegou ao laboratório.

— Quer saber por que não estou te enviando à campo? – Ele disse também irritado. – Você tem sido imprudente o tempo todo. Talvez você se encaixe melhor na CIA.

— Está me demitindo? – Ela alterou o tom de voz claramente irritada.

— Não. Se você quiser ir a decisão é sua. – Mas ambos perceberam que a merda já estava feita.

— Eu tenho motivos para ficar, Reade? – Ela o desafiou.

Reade se calou. Tasha esperava ouvir tantas coisas dele. Queria que ele pedisse pra ela ficar. Dissesse que ficaria tudo bem. Que ambos estavam estranhos porque não estavam acostumados a ser subordinados um do outro. Ela queria que ele dissesse muito mais que isso. Queria que ele dissesse que a amava, que a queria ao seu lado. Mas ele não disse nada. Então Tasha soube. Eles nunca seriam nada além de colegas de trabalho.

— Pego minha demissão assim que esse caso terminar. - Tasha

Tasha ligou para Keaton e deu sua resposta. Depois ligou para Kurt e Jane no Colorado e também para Patterson para lhes dar a notícia de sua saída do FBI para a CIA.

A morena chegou em casa e chorou feito criança. Ela não cogitara a possibilidade de deixar o FBI antes. Parecia que estava deixando uma parte dela para trás. Talvez fosse o melhor a fazer. Ela partiria na semana seguinte. Ela não ligou para Reade, tampouco ele ligou para ela. Natasha estava decidida a deixa-lo para trás retirá-lo de vez da sua cabeça e do seu coração.

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Os dois tomaram café da manhã e entraram no carro. A investigação dessa semana exigiria tudo deles e ambos estavam dispostos a dar tudo de si para resolver aquele caso.

Desde que começaram a trabalhar como investigadores particulares tiveram mudanças radicais em suas vidas, mas fora a melhor decisão e também a melhor maneira que encontraram para criar seus filhos.