Introduce Me a Good Person escrita por violet hood


Capítulo 4
IV


Notas iniciais do capítulo

Olá!! Finalmente cheguei com o penúltimo capítulo!!
Muito obrigada pelos lindos comentários ♥ Vou responder amanhã, porque estou aqui correndo para terminar essa fanfic e a one que tenho que postar quarta *menina chora*
Espero que gostem do capítulo e a gente se fala nas notas finais ;)
Música: 42 - Mumford & Sons



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/793698/chapter/4

IV

What if I need you in my darkest hour? What if it turns out there is no other?

 

Remus acordou sentindo cheiro de comida. Ao sentar-se na cama sentiu o cansaço pesar em seu corpo, como se não tivesse conseguido dormir por muitas horas, o que provavelmente era verdade. Era quase um dejavú, mas Remus se lembrava claramente do que havia acontecido dessa vez.

Não podia nem colocar a culpa na bebida, mas precisava admitir que havia se sentido embriagado, não por álcool e sim por Sirius. Pelos beijos, e os toques em cada parte do corpo de Remus. Além todos aqueles sentimentos que ele não sabia que era capaz de sentir.

Mas, felizmente dessa vez não estava arrependido, tinha aproveitado cada segundo da noite passada. Porém sua cabeça ainda estava confusa, e quanto mais ficava deitado em sua cama mais sua cabeça se enchia de perguntas. Aquilo queria dizer que ele era gay?

Desejava Sirius, tanto seu corpo quanto sua afeição, talvez mais do que já tivesse desejado Emmeline ou qualquer uma das suas ex namoradas. Porém, estaria mentindo se dissesse que nunca sentiu prazer quando transou com mulheres.

Não se sentia gay. Mas se ele não era gay o que explicava o relacionamento entre ele e Sirius?

Remus conseguia escutar sua barriga roncando de fome, o cheiro de comida parecia cada vez mais atraente.

Resolveu deixar esses questionamentos de lado por enquanto. Uma coisa de cada vez, e sua prioridade agora era comer.

Tomou uma ducha rápida, na tentativa de acalmar os sentimentos e também porque sentia que precisa urgentemente de um banho, e não sabia como havia conseguido cair no sono sem um.

Assim que se vestiu encontrou Sirius terminando de arrumar a mesa do café da manhã. Ele tinha feito panquecas, torrada, ovos mexidos e café. Muito mais do que Remus normalmente fazia, que era torrada com manteiga e café, caso estivesse com muita fome nos finais de semana comprava algo na cafeteria mais próxima.

— Bom dia — disse sentindo-se levemente sem graça. Não sabia o que deveria dizer para um homem depois de dormir com ele, “e aí cara? a transa da noite passada foi ótima” não parecia muito apropriado. E um simples “bom dia” nunca era uma escolha ruim.

Sirius sorriu assim que o viu. Um sorriso tão grande e feliz que pegou Remus de surpresa. Pensou naquele momento que Sirius realmente gostava dele, ficava tudo tão claro com aquele sorriso. E tornava tudo o que havia acontecido entre eles ainda mais real.

— Bom dia, Remus — falou parecendo estar tão envergonhado e sem jeito quanto o próprio Remus. Ele gesticulou para a mesa: — Fiz o café da manhã, como você pode ver.

Remus acenou com a cabeça, questionando-se internamente se deveria ou não se aproximar.

— Parece bom — concluiu por fim, sem se mexer.

Eles se encararam por alguns segundos, sem saber o que dizer um para o outro. Remus estava esperando que Sirius fosse falar algo, e Sirius provavelmente estava esperando que ele se aproximasse.

— Vamos comer — disse Sirius quebrando o silêncio, e sentando-se rapidamente e sem olhar mais para Remus. — Vai esfriar.

Remus não conseguiu deixar de sorrir enquanto se aproximava da mesa e se sentava na frente dele.

Nunca havia visto Sirius daquele jeito. Ele sempre era o mais confiante entre os dois, o que não tinha medo de dar o primeiro passo ou iniciar conversar. Pensou no que o outro barman havia dito ontem, de como sempre apareciam outros caras no bar procurando por Sirius, e é claro que eles iriam. Sirius era provavelmente o homem dos sonhos de todos os homens gays de Hogsmeade, só de olha-lo Remus sabia que era impossível resistir, ele mesmo tinha tentado.

Não duvidava que Sirius já havia se envolvido com outros homens, provavelmente tido outros relacionamentos, ele também parecia saber demais para ser alguém que não tinha experiência. Era impossível que ele não tivesse.

Contudo, naquele momento, estava vendo um lado de Sirius que nunca havia visto antes. Como se ele tivesse medo de que Remus fosse acordar e fingir que nada aconteceu. Sentia-se mal por isso, sabia que deveria ter o magoado quando não lembrou do beijo, mas também tinha que admitir que ele era fofo assim.

Sirius encarou Remus, envergonhado.

— Por que está me olhando assim? — perguntou.

Remus deu os ombros.

— Você é fofo.

O outro homem rapidamente corou, arrancando gargalhadas de Remus.

— Eu não sou fofo! — protestou fingindo estar bravo. — E coma logo seu café da manhã, antes que esfrie.

***

Sirius foi embora no domingo, algumas horas depois do almoço. Ele tinha que se encontrar com James e Lily, havia prometido de jantar com eles e precisava passar em casa para se trocar. A blusa de Remus escrito “matemática é divertido” não parecia a mais apropriada para um jantar da casa dos amigos. Com certeza deixaria Lily bem confusa.

Remus não queria mesmo que Sirius fosse embora. Os dois tinham tido um final de semana romântico, que havia envolvido muitos beijos em diversos cômodos do pequeno apartamento de Remus.

Ele estava feliz assim. Ficar com Sirius era fácil e simples e ele gostava disso.

Mas assim que ficou sozinho todas aquelas dúvidas voltaram a surgir. Ele e Sirius estavam namorando? Como contaria aquilo para os pais? Seus pais nunca se mostraram homofóbicos, mas ele sabia que eles nunca tinham considerado a possibilidade dele ser gay. Também sabia que era um homem adulto e que nem morava mais com seus pais, mas mesmo assim não queria que eles o olhassem diferente por ser gay.

E ele era gay? Não sabia. Talvez fosse hétero antes e agora havia se transformado em gay. Isso queria dizer que Remus poderia voltar a ser hétero? Acordar algum dia e não sentir mais o que sentia por Sirius?

Ele estava ficando doido. Essa era a única explicação. Sua cabeça martelava com todas as perguntas e ele sentia que ia explodir.

Foi então que se lembrou de uma antiga namorada, Mary Macdonald. Sua segunda namora, a primeira enquanto estava na faculdade. Eles se conheceram em uma festa de calouros, Remus estava sentado em um canto tomando uma cerveja e se perguntado se já era uma hora aceitável para ir para casa, quando Mary apareceu. Ela era bonita, alta e cabelos escuros e cacheados, também tinha belas curvas. Eles namoraram por dois meses.

Com certeza não foi um dos melhores relacionamentos de Remus, eles logo descobriram que não tinha muito em comum além do amor por matemática. E por mais que Remus amasse sua matéria, não era o assunto mais romântico do mundo.

Contudo, lembrava de uma das conversas que tivera com Mary — ela falava muito; ele raramente ouvia —, ela disse que era normal que as pessoas questionassem a própria orientação sexual em algum momento da vida. Também disse que achou que gostava de homens quando conheceu Remus, e depois de dois meses de namoro tinha certeza de que era lésbica. Eles terminaram depois dessa conversa.

O ponto era que se era normal questionar a orientação sexual, então era normal que Remus achasse agora que talvez fosse gay, e iria sentir atração por Sirius por algum tempo e aquilo logo passaria. Porque era impossível ele ser gay se tinha tanta certeza que sentia atração por mulheres.

Aquela era a única explicação possível.

 E era domingo dez horas da noite, Remus não sabia como dizer para Sirius que provavelmente eles não dariam certo, porque Remus estava passando apenas por uma fase. Talvez com quase trinta anos, aquela fase apenas havia se atrasado um pouco para chegar.

Precisava arranjar um jeito de contar para Sirius, não queria magoá-lo caso acordasse um dia e não gostasse mais dele daquele jeito.

Recebeu uma mensagem de Sirius o desejando boa noite. Remus achou melhor não responder, não antes de decidir como iria acabar com aquele relacionamento.

***

Quarta-feira, semana de provas e trinta mensagens de Sirius sem responder. Remus nem as abria mais.

Precisava falar com Sirius que por uma questão da sua orientação sexual não poderia manter aquilo por muito tempo, mas ele também não queria terminar o pseudo-relacionamento, porque ainda gostava de Sirius. E sentia muita falta dele.

Remus não sabia o que fazer, uma parte egoísta dele queria aproveitar aqueles sentimentos enquanto duravam. Contudo, sua parte racional sabia que aquilo era injusto com Sirius. Mas ignora-lo também era injusto.

Estava apenas adiando os seus problemas. Fingindo estar muito ocupado com a semana de provas, vigiando os alunos. Porém, tinha certeza que viu pelo menos dois alunos colarem, e se sentia tão mentalmente cansado que nem conseguiu chamar a atenção deles.

Ele era um fiasco tanto como professor, quanto como namorado. Se sequer poderia se chamar de namorado.

Aproveitou o intervalo para se isolar em um canto mais escondido que ficava nos fundos da escola. Não estava com paciência para aguentar as fofocas na sala dos professores. Precisava ficar sozinho com seus pensamentos.

Contudo, sua solidão não durou muito. Lily logo apareceu com um croissant de chocolate nas mãos.

— Remus! Não sabia que estaria aqui — disse sentando-se ao seu lado.

Ele sorriu. Não conseguia ficar bravo por ter tido seus pensamentos interrompidos pela outra professora. Não achava que fosse possível ficar bravo com Lily.

— Está se escondendo? — perguntou olhando para o croissant.

— Eu não aguento mais — admitiu soltando um suspiro cansado. — Se pudesse me casaria amanhã, só para acabar com essa idiotice de dieta.

— Pelo menos não falta muito — Remus tentou ser positivo.

— Parece que os dias estão passando tão devagar — disse Lily mordendo seu croissant. Eles ficaram em silêncio até ela terminar de mastigar. — Você não parece muito bem esses dias. Está tudo bem?

— Eu pareço doente? — perguntou nervoso, tinha certeza que estava conseguindo disfarçar na frente dos outros professores.

— Não diria doente — respondeu Lily pensativa. — Cansado talvez? Como se estivesse com algum problema que não consegue resolver.

Lily era boa em ler pessoas, Remus não sabia como ele conseguia, mas ela sempre parecia conhecer ele tão bem, mesmo que a relação dos dois não saísse do ambiente de trabalho.

Era verdade que a vida de Remus estava uma bagunça, e ele sabia muito bem disso. Mas o problema era que não sabia o que fazer, e não tinha ninguém que pudesse pedir ajuda. Ninguém além de Lily.

Ela era o mais próximo de amiga que Remus tinha no momento, não sabia se ela o via da mesma maneira, mas sabia que ela escutaria os seus problemas e daria sua opinião sincera sobre eles.

— Eu ando saindo com alguém — contou.

— Isso é ótimo, Remus! — exclamou Lily. — Aconteceu algo entre vocês? Quando se conheceram?

A reação dela fez com que Remus risse. A professora de literatura era tão fofoqueira quanto os outros, a única diferença é que ela não sairia espalhando para todos os funcionários de Hogwarts. Pelo menos ele esperava que não.

— A gente se conheceu no dia do encontro às cegas — respondeu. — Dorcas não apareceu, e eleapareceu.

— Ele? — questionou ela. — Não sabia que gostava de homens, isso é ótimo Remus, mais opção.

Ela piscou para ele. Remus não entendeu o que ela queria dizer com aquela frase. Tinham mais homens em Hogsmeade que mulheres?

— Eu não gosto de homens — explicou, deixando Lily confusa.

— Então por que estão saindo? Ele está te perseguindo? — perguntou preocupada. — Você precisa ir à polícia!

— Não! — Ele negou rapidamente. — Ele não está me perseguindo. O problema é que eu não gosto de homens, estou só passando por uma fase.

Lily parecia ainda mais confusa, Remus pensou que talvez ela nunca tivesse passado por essa fase de questionar a sua orientação sexual. Até porque namorava James desde sempre.

Então explicou o que estava acontecendo, e como não fazia sentido sentir o que sentia por Sirius — preferiu omitir o nome, aquele não era o melhor momento para revelar que tinha transado com o melhor amigo do noivo de Lily —, não fazia sentido porque ele era hétero. Sabia que gostava de mulheres. Ou pelo menos isso era o que ele continuava repetindo para si mesmo

— Remus — disse Lily calmamente, como se estivesse falando com uma criança. Ele tentou não se sentir ofendido. — Não é assim que funciona, você não precisa gostar só de um gênero.

Remus a encarou como se tivesse falado o maior absurdo do mundo.

— Isso não faz sentido, ou alguém é heterossexual ou homossexual — protestou. — Como faz sentido alguém gostar de mais de um gênero?

— É claro que faz, Remus — disse Lily, ainda mantendo a postura de professora ensinando para os alunos. — Você gosta desse homem, mas também gostou de suas antigas namoradas. Isso é perfeitamente normal, e não uma fase.

— Mas nunca ouvi falar de nada assim!

— Você nunca ouviu falar de bissexualidade?

E foi assim que Remus descobriu o que era bissexualidade. Lily também disse que existia mais além de homossexualidade e heterossexualidade, como por exemplo algo chamado pansexualidade. Mas ela achou melhor eles não entrarem naquele assunto, iria ser muita coisa para a cabeça de Remus lidar em um dia.

Ela provavelmente estava certa. Lily era uma excelente professora, entendia por que os alunos gostavam tanto de suas aulas.

Porém, Remus não podia dizer que entendia a própria sexualidade. Ele ainda estava muito confuso, algumas horas atrás achava que era impossível ele gostar de Sirius, e agora sabia que seus sentimentos por Sirius não passariam porque uma fase da sua sexualidade havia acabado. Caso deixasse de gostar de Sirius seria por outros motivos, assim como os motivos que fizeram seus relacionamentos passados não darem certo.

Pelo menos isso era o que ele continuava repetindo para si mesmo digerir tudo que havia acontecido. Era como se depois de todos aqueles dias, ele houvesse recebido uma validação de que seus sentimentos eram reais.

Precisava saber mais sobre a tal bissexualidade, então confiou no Google para encontras as respostas. Acabou encontrando vídeos de pessoas bem mais novas que Remus falando sobre o assunto. Achou os vídeos muito esclarecedores, e quis imediatamente ligar para Sirius.

Precisava falar o que sentia, contar para ele que era bissexual.

Contudo, Sirius não atendeu o telefone. Remus achou que era por conta do trabalho, já estava tarde e Sirius trabalhava de noite. Mas na quinta, quando aproveitou um intervalo para mandar uma mensagem para Sirius, pedindo para que conversassem, mas não obteve uma resposta.

Sirius não visualizava suas mensagens, ou retornava suas ligações.

Remus pensou em ir até a casa dele, mas notou que não fazia ideia de onde ele morava. Poderia ir ao bar, com certeza encontraria Sirius lá. Contudo, sexta-feira havia acabado e com ela o ano letivo. Remus tinha muitas provas para corrigir.

Passou o final de semana focado nisso. Claro que sentia falta de Sirius e queria desesperadamente entender por que não conseguia falar com ele. Mas precisava cuidar de suas responsabilidades.

Na segunda-feira já tinha corrigido todas as provas e mandando as notas para o sistema dos professores. Precisaria apenas comparecer ao conselho de classe na quarta-feira.

Assim que a noite chegou e deu o horário que Remus sabia que Sirius estaria no trabalho, pegou o seu carro e dirigiu até o Blue Moon.

Ele estava, mais do que nunca, determinado a conversar com Sirius. Explicar por que havia ficado sem responder por quatro dias, e que agora não faria isso de novo. Talvez aproveitar e pedir Sirius em namoro.

Quando entrou no bar não conseguiu avistar Sirius como de costume, porém viu o barman loiro da última vez.

— Olha, olha quem está de volta — comentou o homem, com um sorriso debochado no rosto. — Se veio atrás de Sirius não vai ter muita sorte.

— Por quê? — perguntou nervoso.

— Ele tirou férias — explicou. — Foi visitar a família que está morando na Alemanha.

***

Remus não sabia o que fazer. Saiu do bar se sentindo completamente perdido. Sirius não atendia suas ligações e não conseguiria falar com ele pessoalmente, pois estava em outro país.

Ele estava nervoso, confuso e seu peito doía como se tivesse levado um milhão de facadas. O ar não parecia querer entrar em seus pulmões.

Sirius o odiava. Tinha certeza disso, ele o odiava tanto que tinha tirado férias para ficar longe dele. Recordou de uma conversa que tiveram no sábado, que Sirius admitiu não se dar bem com a família, e agora ele preferia ficar lá do que em Hogsmeade com Remus.

Precisava conversar com alguém, colocar tudo para fora, não iria aguentar ficar sozinho em casa. E ele sabia que só tinha uma pessoa que o escutaria.

Então mandou uma mensagem para Lily, a primeira vez que iniciava uma conversa com ela fora de Hogwarts. Ele disse que precisava conversar e que estava mal. Ela respondeu em menos de um minuto com o endereço de sua casa.

Remus não pensou nem um segundo antes de dirigir até o prédio que a colega de trabalho morava junto com o noivo. Não tinha certeza o que James Potter acharia de ver um homem batendo em sua porta tarde da noite. Esperava que Lily tivesse o avisado.

E para sua sorte foi ela quem abriu a porta.

— Remus, entre — disse abrindo espaço para que ele entrasse no apartamento.

O lugar era quase tão pequeno quanto o dele, mas Remus havia escutado na sala dos professores que o casal planejava se mudar para uma casa depois do casamento.

A maior diferença entre o apartamento de Lily e o de Remus, era que o dela tinha muito mais decoração e era todo colorido. Fotos das famílias e amigos por toda a parte, as cadeiras da sala de jantar eram cada uma de uma cor. Por mais que não fosse o estilo de Remus, achou que combinava perfeitamente com ela.

James Potter estava sentado no sofá, ele logo se levantou para cumprimenta-lo. Não parecia bravo por Remus estar ali, mas também não parecia estar tendo um dia muito feliz. Os seus olhos pareciam cansados como se mal houvesse dormido na noite anterior. Remus torceu para não ter entrado na casa do casal enquanto eles estavam brigados.

— Já jantou? — Lily perguntou o tirando de seus pensamentos.

— Ainda não — respondeu, já deveria estar tarde para o horário que Remus normalmente gostava de jantar, não tinha conseguido pensar em comer de tão ansioso que estava para encontrar Sirius.

— James — Lily se virou para o noivo. — Por que não vai comprar comida chinesa?

James a encarou confuso.

— É só ligar para lá.

Lily lançou um olhar que Remus não vazia ideia do que queria dizer, mas James parecia saber.

— Ok, vou sair — disse ele por fim. Pegou a carteira em cima da mesa que ficava na entrada do apartamento e saiu.

Lily sorriu para Remus como se tivesse tudo bem. Não sabia se ela havia contado para James que Remus já gostava de alguém, ou se o noivo confiava no relacionamento dos dois o bastante para não ligar em deixar Lily sozinha em um apartamento com um homem que ele não conhecia.

— Vamos nos sentar — falou ela guiando Remus até a mesa de jantar de quatro lugares. Eles se sentaram de frente um para o outro. — Desculpa pelo mal humor do James, ele não está tendo uma semana muito boa — contou. — Lembra que te falei daquele amigo dele o Sirius? Então, ele simplesmente tirou férias e foi visitar a família tóxica na Alemanha, o que não faz sentido, porque ele veio almoçar aqui no domingo e parecia mais feliz do que nunca.

Aquilo era tudo que Remus precisava ouvir para se sentir o maior idiota do mundo. Talvez não tivesse sido a melhor escolha ter ido falar com Lily. Quais eram as chances de sair do apartamento depois de levar um soco de James? E provavelmente ele mereceria.

Sabia que não tinha como não contar para Lily sobre o cara que gostava sem que ela não ligasse os pontos. E quem sabe fosse melhor se Lily soubesse, ela conhecia Sirius e poderia ajuda-lo. Ou pedir para Remus nunca mais chegar perto do amigo.

Era um risco que precisava correr.

— É tudo minha culpa — admitiu derrotado.

— Como assim? — perguntou ela.

— O cara que eu estou saindo é, ou melhor, era o Sirius.

Esperou que ela fosse gritar com ele, ou xinga-lo. Mas Lily não parecia brava, parecia mais que estava ligando todos os pontos da história de Remus e do que havia acontecido com Sirius.

— Não sei como não pensei nisso antes — exclamou para si mesma. — Quando mandei mensagem para Dorcas falando sobre você e mandei uma foto sua, Sirius estava aqui sentado do meu lado do sofá. Ele logo disse que você fazia o tipo dele e que estava interessado. E eu disse para ele desencanar, e como sempre ele não me ouviu.

Remus pensou na primeira vez que viu Sirius e em todas as suas atitudes naquele encontro às cegas, era tão obvio que Sirius queria mais que um encontro amigável. Remus não sabia como não havia notado antes.

— Eu fui um idiota com ele — admitiu, relembrando de como tinha contado para Lily, na escola, sobre ter ignorado Sirius por dias. — Você deve estar me odiando agora.

— Você foi um idiota com Sirius — concordou. — Mas eu não te odeio.

— Por quê? — ele não conseguia entender, com toda a certeza se odiava mais do que nunca naquele momento.

— Eu ouvi o seu lado da história, e sei que você também passou por um momento difícil. Claro que não lidou da melhor maneira. Mas acredito que vocês ainda possam se resolver.

— Acredita mesmo? — perguntou Remus se sentindo um pouco melhor. Ele mesmo já estava considerando que talvez fosse melhor se afastar de vez da vida de Sirius, para não causar mais problemas.

— Sim, ele só precisa de um tempo, assim como você precisou — disse Lily. — Por que não espera até o casamento? Assim vocês dois estarão mais calmos.

Remus concordou, poderia pensar melhor sobre como se explicaria para Sirius e pediria desculpas.

Lily continuou:

— Vou tentar falar com ele enquanto isso, sem falar que eu sei sobre você. Talvez ele se abra para mim e eu posso dar um empurrãozinho.

Remus ficou sem palavras, nunca imaginou que ela fosse fazer isso por ele.

— Lily, eu nem sei como te agradecer.

— Não precisa. Eu me importo com vocês, são meus amigos — disse fazendo com que Remus sorrisse, era bom saber que Lily o considerava um amigo. — Mas não vamos falar disso quando James chegar, não quero que ele te de um soco por partir o coração do melhor amigo.

Remus concordou na mesma hora. Não seria agradável aparecer na reunião dos professores com o olho roxo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

ENTÃO
Espero que não estejam odiando o Remus tanto assim (e a Lily fez tudo nesse capítulo amo demais).
Quero falar um pouco do processo do Remus, porque foi inspirado no meu, mas ao invés de uns 5 anos aconteceu em uns dias kkkkk
Assim como Remus eu demorei muito para descobrir que não existia apenas heterossexualidade e homossexualidade, então quando notei que sentia atração também por mulheres não sabia como explicar o que estava acontecendo comigo. Lembro de um dia que estava com umas amigas aqui em casa e uma delas (não lembro por que, já que eu não falava sobre isso para ninguém) falou algo como o que a Mary disse para o Remus. E na hora eu senti que aquilo explicava tudo, que essa atração por garotas iria passar um dia. E então não passou kkkkk e graças a internet descobri que bissexualidade existia, e também passei por uma fase que queria muito ser hétero e não bissexual. Mas aqui estou finalmente me resolvi com isso kkkk
Claro que eu não magoei um Sirius no processo, mas acontece né kkkkk
E ai acham que o Sirius vai perdoar? E se tiverem experiências (parecidas ou não com Remus) para contar adorarei ouvir!!
Quarta vou postar minha one-shot Dominique/Jia(O.C) que vai ter muito menos crises que essa, apenas um fluff, se quiserem passar lá irei amar ♥
Beijossss