Introduce Me a Good Person escrita por violet hood


Capítulo 3
III


Notas iniciais do capítulo

Olá minha gente! Um dia de atraso, eu sei :(( era para postar domingo, mas terminei em cima da hora e a minha faculdade voltou então estou surtada
Quero agradecer Jones, Fanfictioner, prongs, kinsoq, Black e noora pelos favoritos ♥
E também todo mundo que comentou ♥ ♥ vou responder tudo quarta, porque estou ocupada fazendo seminário :((
Espero que gostem!
A música é Agape - Bear's Den (escutem é muito boaaa)



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III

For I'm so scared of losing you, and I don't know what I can do about it

 

Remus acordou pela manhã com a maior dor de cabeça do mundo. Poderia até estar exagerando, mas nunca tinha sentido nada assim antes. Ele mal se recordava do que havia feito depois de terminar de comer o jantar. Lembrava apenas de ter sentado no sofá para conversar com Sirius e o resto era uma página em branco.

Também não se recordava de ver Sirius indo embora, mas ao fazer uma pequena vistoria no apartamento — ir até a cozinha pegar água e depois se jogar no sofá —, constatou que com certeza estava sozinho.

Encontrou seu celular jogado no sofá, e o pegou para conferir a hora. Remus sempre acordava duas horas antes de ter que ir para o trabalho, não conseguia acordar um minuto mais tarde que isso. Então, quando pegou o celular esperou que fossem 6:30 e não 8:10.

Saiu correndo para se arrumar, tropeçou e quase caiu em algumas latas de cervejas vazias no chão. Sua aula começava 8:30 e ele chegaria muito atrasado.

No fim, conseguiu chegar com 15 minutos de atrasado e sua barriga roncava tão alto que até os alunos conseguiam ouvir. Para piorar, um deles ainda o ofereceu uma barra de cereal, que Remus nem teve coragem de recusar.

Assim que a aula acabou, precisou se desculpar com a coordenação. E graças ao histórico de ser um dos primeiros a chegar na escola quase todos os dias, Remus não teve muitos problemas. Porém, não conseguia parar de se culpar. Era culpa dele ter aceitado a cerveja, e também era culpa dele ter bebido muito mais do que um copo.

Estava sentado em uma das mesas na sala dos professores, com a cabeça apoiada sobre as mãos, totalmente derrotado, quando Lily apareceu do seu lado.

— Bom dia — ela o cumprimentou. — Soube que chegou atrasado hoje, está se sentindo bem?

Remus levantou o rosto para encará-la, porém o movimento o deixou um pouco tonto, precisou fechar os olhos por um segundo. Tinha conseguido chegar a tempo de não perder sua aula, mas para fazer isso abriu mão de procurar por algum remédio que curasse a sua ressaca. Pelo olhar que Lily o lançava sabia que para ela, ele provavelmente parecia estar bem doente.

— Acordei me sentindo um pouco mal — admitiu, omitindo a parte de que era tudo culpa de ter enchido a cara na noite anterior. — É só uma dor de cabeça, vai passar.

— Não parece só uma dor de cabeça para mim — retrucou ela, preocupada. — Não é melhor ir embora mais cedo hoje? Tenho certeza que todo mundo vai entender.

Remus negou com a cabeça, devagar para não ficar tonto de novo.

— Não é nada demais, só preciso tomar um remédio — assegurou.

Lily não parecia convencida, mas, para o alívio dele, não falou mais nada.

Remus conseguiu ir até a enfermaria para tomar uma aspirina. Contudo, isso não mudou o fato de que ele passou o dia todo se sentindo um lixo, tanto fisicamente quando mentalmente.

Aquele havia sido o dia mais exaustivo de trabalho do ano, e ele nunca quis tanto que acabasse. 

Assim que chegou em casa tomou uma ducha e foi jantar. Sabia que precisava comer uma refeição de verdade, mas não tinha forças para fazer nada que não fosse macarrão instantâneo. Mas antes abriu a geladeira para pegar um pouco de suco de laranja, quando a encontrou bem mais abastecida do que ele se recordava. Remus lembrou que Sirius tinha saído para fazer compras, mas não tinha visto a quantidade de coisas na noite anterior. Não conseguiu imaginar como ele havia carregado tudo isso do mercado até o apartamento.

Foi então que avistou em uma das prateleiras, uma vasilha transparente tampa azul com um post-it amarelo colado. Remus logo reconheceu que aquele post-it tinha sido tirado do seu escritório. Assim que pegou a vasilha viu que eram sobras da noite anterior. E a mensagem dizia:

não coma mais macarrão instantâneo

— sirius

Remus não pode deixar de sorrir, colou o post-it na geladeira e esquentou sua comida.

Devido a todo o estresse do dia, percebeu que a última vez que havia visto o celular tinha sido pela manhã. Imaginou que Sirius pudesse ter enviado alguma mensagem. E ele mesmo deveria enviar uma para agradecer a comida, e se desculpar por qualquer coisa que tenha feito na noite anterior.

Ligou o aparelho e logo viu uma mensagem que Sirius havia enviado há muitas horas atrás, o que fez Remus se sentir mal por não ter visualizado antes.

Sirius Black:

dormiu bem? (11:02)

 

Remus deixou o prato de comida de lado e foi logo responder.

Remus Lupin:

Desculpa a demora, dia corrido (18:21)

Antes que pudesse enviar mais alguma coisa, Sirius já havia visualizado e mandado mais uma mensagem.

Sirius Black:

haha sem problemas (18:21)

 

Remus Lupin:

Obrigado pela comida (18:22)

 

Sirius Black:

se quiser mais é só chamar (18:22)

posso ser seu chef pessoal ;) (18:22)

 

Remus Lupin:

Nem brinque com isso, posso acabar aceitando (18:23)

E me desculpe se falei algo constrangedor ontem, não lembro de nada (18:24)

Ainda acordei com a maior dor de cabeça (18:25)

 

Sirius Black:

você não lembra de nada? (18:26)

 

Remus foi preenchido por uma preocupação repentina ao ler a última mensagem. Ele devia ter falado ou feito algo vergonhoso. Vasculhou sua memória a procura de um sinal, ou qualquer fragmento da noite anterior. Contudo, não conseguia mesmo se recordar de um segundo quiser.

Torceu muito para que não tivesse acontecido algo tão grave.

Remus Lupin:

Eu fiz algo vergonhoso ontem? (18:27)

Me desculpe mesmo (18:27)

 

Sirius demorou os dois minutos mais longos da vida de Remus para responder:

Sirius Black:

não esquenta (18:29)

não foi nada que você precise se preocupar (18:29)

 

Ele suspirou aliviado. Não sabia o que poderia ter feito, mas também imaginou que era melhor, para sua sanidade mental, não saber. Não prolongou a conversa e logo despediu-se de Sirius, disse que o mandaria uma mensagem mais tarde.

Era estranho estar trocando mensagens, fazia tempo desde a última vez que Remus passou minutos sentado conversando com alguém assim. Tanto que, enquanto estava em Londres, seus colegas diziam que para falar com ele era mais fácil mandar um e-mail. O que não era uma mentira total, ele só não conseguia entender como as pessoas conseguiam passar horas conversando por mensagem de texto, se era algo relevante então era melhor ligar. E se não era, então por que falar sobre?

Mas tinha algo em Sirius, que fazia com que Remus quisesse conversar com ele toda hora, sobre qualquer assunto, seja ele relevante ou não. Mandava mensagens para contar alguma história engraçada da sala de aula, reclamar dos professores fofoqueiros ou até mesmo mostrar o peixe que Remus, orgulhosamente, conseguiu preparar no jantar de quinta.

Sirius sempre respondia, e a conversa dos dois sempre fluía bem. Ele também contava para Remus sobre o seu dia, seu trabalho, como havia pegado James e Lily transando ao invadir o apartamento do casal — uma imagem que Remus, com certeza não queria ter na sua cabeça.

Apesar de mandar mensagens ser divertido — não conseguia acreditar que estava admitindo isso para si mesmo —, sentia falta de conversar com o amigo pessoalmente, de passar tempo com ele. E desde que haviam começado a conversar por celular, Remus não podia tirar o sentimento da cabeça que tinha algo de errado com Sirius.

Sim, ele respondia todas as mensagens e puxava assunto. Porém, na maior parte das vezes Sirius parecia estranhamente vago, como se não quisesse conversar com Remus. Pensou que talvez ele só estivesse ocupado com o trabalho. No final de semana convidou Sirius para sair, mas no sábado recebeu a resposta de que ele que estava cansado do trabalho, e no domingo precisava ajudar James com coisas do casamento.

Duas semanas se passaram. Remus estava mais ocupado do que nunca preparando as últimas provas antes das férias, e ajudando os estudantes com suas dúvidas e desesperos de última hora. Com tanta coisa em mente, foi fácil deixar de lado os pensamentos de que Sirius poderia estar o ignorando, ou tentando se afastar dele aos poucos. Pensar naquilo fazia com que sentisse uma estranha dor no peito, não queria perder a amizade, queria poder olhar Sirius cara a cara para ver se não era tudo coisa da sua mente.

Ficou tão focado no trabalho que sexta-feira à noite já tinha tudo preparado para as provas finais que começariam segunda. Por fim, ele não tinha mais o que fazer e depois de ficar tantos dias extremamente ocupado, parecia estranho ficar em casa fazendo nada.

Checou seu celular e não trocava mensagens com Sirius há dois dias. Pensou no que poderia mandar para tentar começar um assunto, mas ele não tinha nada muito interessante para dizer. Duvidada que Sirius fosse querer saber sobre as questões das suas provas de matemática.

Remus conferiu o horário na tela, eram 20h, Sirius devera estar trabalhando. Poderia passar no trabalho dele e ficar por lá por um tempo, talvez conseguisse conversar um pouco com o amigo — esperava que ainda fossem amigos. Até ponderou sobre , contudo, tinha medo de receber uma resposta pedindo para que ele não fosse.

Ele deixou de lado tal pensamento e resolveu ir mesmo assim. Desceu até a entrada do seu prédio e chamou por um táxi, não sabia se iria beber, mas era melhor não arriscar.

Remus havia esquecido que aparentemente só ele não sabia que Blue Moon era um bar gay, então quis se enterrar dentro do banco com o sorriso malicioso que o taxista fez assim que ele falou o seu destino. Seu impulso era dizer que estava indo para um bar gay, mas ele não era gay. Mas, por fim, achou que não adiantaria muito, então ficou quieto.

Blue Moon estava mais cheio do que da última vez que Remus havia pisado á, provavelmente porque dessa vez era sexta-feira. Felizmente, mesmo com a grande quantidade de homens por toda a parte, logo avistou Sirius trabalhando no bar. Os bancos na frente do balcão estavam todos lotados, o que frustrou Remus. Não queria mesmo ter que se espremer entre as pessoas sentadas para conseguir chamar a atenção do homem. Porém, para a sua sorte, assim que se aproximou, um dos bancos ficou vago e ele logo se sentou.

Esperou que Sirius fosse nota-lo, mas outro barman foi mais rápido.

— Boa noite — cumprimentou um homem loiro, que ele não lembrava de ter visto da última vez que veio ali. — O que você deseja?

Remus se remexeu um pouco em seu acento, sentia-se nervoso de estar nessa situação. Talvez ele devesse ter mandado uma mensagem mesmo, ou insistido mais uma vez em encontrar Sirius no final de semana

— Eu... — começou, mas precisou pigarrear antes de continuar. — Queria falar com Sirius.

O sorriso do barman aumentou, e algo em sua expressão entregava que ele tinha alguma informação que Remus não possuía. Não estava gostando nem um pouco disso.

— Você é um daqueles...

— Daqueles? — perguntou confuso.

— Um daqueles caras que sempre aparecem apaixonados pelo Sirius — concluiu, fazendo com que as bochechas de Remus corassem na hora.

Estava morrendo de vergonha, e ao mesmo tempo indignado que o barman pudesse achar que ele tinha aquele tipo de sentimento por Sirius. Eles eram apenas amigos. O homem havia entendido tudo errado.

— Espera, eu e... — Tentou se defender, mas foi logo interrompido.

— Aparece pelo menos um desses toda semana — suspirou o barman. — Vou chamar o Sirius, mas vou logo te avisando que ele nunca aceita sair com clientes.

Ele antes que Remus pudesse continuar se explicando, provavelmente não iria adiantar muito. Só precisava conversar com Sirius e ter certeza de que ainda eram amigos.

Sirius logo apareceu, com uma expressão surpresa no rosto.

— Remus, o que faz aqui?

Ele tentou encontrar uma maneira de se explicar, sem revelar suas verdadeiras intenções. Estava feliz em poder ver Sirius depois de tantos dias, era um alívio poder finalmente encontra-lo.

— É sexta, não tenho trabalho amanhã — explicou. — Resolvi sair de casa.

— Para um bar gay? — Sirius logo questionou, e Remus pensou que deveria ter inventado uma desculpa melhor.

— Bem, eu queria conversar com você, na verdade — admitiu se sentindo um pouco sem graça. Não era assim que planejava conversar com Sirius, esperava que fossem falar sobre um assunto qualquer até que Remus pudesse sutilmente perguntar a ele se tinha feito algo que o havia magoado.

— Você podia ter me mandado uma mensagem — retrucou, um pouco mais frio do que o esperado. — O bar tá bem cheio.

Remus sentiu-se culpado na mesma hora. Ele estava atrapalhando Sirius no horário de trabalho, o bar estava mesmo cheio e tinham apenas três homens para preparar todas as bebidas. Deveria ter pensando um pouco melhor antes de achar que Blue Moon era o melhor lugar para os dois conversaram.

— Desculpa — disse se sentindo extremamente envergonhado, seus olhos nem conseguiam encarar os de Sirius, portanto, estavam fixados no balcão. — Não queria te incomodar no seu turno.

Sirius suspirou alto, fazendo com que Remus levantasse o olhar.

— Não tem problema — sorriu, um sorriso pequeno, mas o bastante para assegurar de que não estava irritado. — A gente pode conversar amanhã.

Remus quase concordou. Mas lembrou de todas as vezes que Sirius inventou desculpas para não o encontrar, e pensou que ele provavelmente faria o mesmo amanhã.

— Eu espero seu turno acabar — anunciou rapidamente.

Sirius arqueou uma das sobrancelhas.

— Meu turno acaba às 2h.

Remus fez uma expressão assustada, que pelo menos arrancou uma risada sincera de Sirius.

— Tudo bem — disse por fim, determinado. — Vou esperar.

— Boa sorte, então — retrucou. — Vai querer beber algo?

Quando saiu de casa Remus havia pensando que provavelmente iria beber, já que da outra vez que esteve no bar acabou bebendo, e por isso veio de táxi. Contudo, pensando bem, depois da sua última ressaca, a ideia de beber não parecia nem um pouco atraente. Ainda mais que se queria realmente conversar com Sirius.

Era melhor não repetir a experiência de não lembrar de nada com clareza, como na vez anterior que estiveram juntos

— Não — respondeu. — Melhor não.

— Boa escolha.

Sirius se afastou para voltar para o trabalho, e Remus não conseguia entender o que ele quis dizer com aquilo.

***

Duas da manhã. Remus estava morrendo de sono, e praticamente não sentia mais a sua bunda de tanto tempo sentado naqueles bancos desconfortáveis de bar. Provavelmente teria sido melhor se tivesse tentado achar uma mesa vazia, mas a ideia de entrar no meio de toda a multidão de homens o intimidava um pouco. Além disso, temia que Sirius fosse desaparecer e mandar mensagem dizendo que tinha esquecido dele e já tinha ido para casa.

E caso isso acontecesse, Remus não iria receber a mensagem, porque sua bateria havia acabado há uma hora atrás.

Assim que o turno de Sirius acabou, pode finalmente se levantar e seguir o amigo até a saída.

Sirius o levou até uma moto estacionada na rua e o entregou um capacete preto. Remus olhou para o objeto confuso.

— Por que o capacete? — perguntou.

— Meio da rua, de madrugada? Acho que talvez não seja o melhor lugar para conversar — respondeu e Remus teve que concordar. — Vou te levar para casa, aí gente conversa lá.

Encarou a moto e Sirius pareceu logo notar sua expressão assustada.

— Nunca andou de moto?

Remus negou com a cabeça.

— Bom — Sirius piscou. — Tudo tem sua primeira vez.

— É mesmo seguro? — questionou Remus, nervoso. — Quanto tempo você sabe pilotar isso?

— Tempo o suficiente para você poder confiar em mim — assegurou, colocando o capacete e subindo na moto. — Vem logo Remus.

Remus subiu, ainda muito inseguro. E fez questão de segurar Sirius com toda a força que tinha até chegarem no apartamento. Tinha certeza que nunca mais andaria de moto na vida. Sirius não era um piloto ruim, mas não conseguia tirar da cabeça a sensação de que iria morrer a cada curva.

Eles subiram até o apartamento de Remus, e assim que entraram ele se sentiu desconfortável em pensar em como deveria começar aquela conversa. Não queria ser direto demais, mas já que estava ali talvez não fosse uma ideia ruim apenas falar tudo de uma vez.

— Então — começou Sirius depois de alguns segundos de silêncio. — Sobre o que quer conversar?

Remus respirou fundo, reunindo toda a coragem que tinha. Temia a resposta que Sirius fosse dar a pergunta que tanto queria fazer.

— Eu fiz algo de errado? — perguntou. — Por mais que a gente converse quase todos os dias, sinto que desde a última vez que você veio aqui tem algo que não está me contando.

Sirius precisou de um tempo para responder, deixando Remus ainda mais nervoso. Com certeza havia feito algo errado, era por isso que não conseguia fazer amigos. Sempre estragava todos os seus relacionamentos.

Por fim, Sirius respondeu.

— Você não se lembra mesmo o que aconteceu no sofá?

Remus ficou confuso por um tempo. Até notar que ele se referia as memórias que Remus havia esquecido, depois de tanto beber.

Ele lembrava vagamente dos dois no sofá.

— Lembro que conversamos no sofá.

— E depois disso? — questionou e Remus logo negou com a cabeça. Não se lembrava de nada que havia acontecido depois, apenas vultos que não faziam muito sentido.

Sirius suspirou. Ele parecia magoado e Remus queria muito entender por quê.

— O que aconteceu depois? — perguntou tão ansioso quanto estava curioso. Era frustrante não saber o que tinha feito, e o que tinha feito de tão ruim para magoar Sirius.

Demorou um tempo para a resposta chegar, Sirius parecia estar em um conflito interno sobre falar ou não. Mas por fim disse:

— A gente se beijou.

— O que? — perguntou Remus confuso. Ele não podia ter beijado Sirius, não gostava de homens. Aquilo deveria ser uma piada. — Não tem graça, Sirius.

— Eu perguntei se podia te beijar e você disse que sim — continuou, dessa fez parecendo estar irritado. Remus nunca o havia visto assim antes.

Quis logo negar. Era impossível que algo assim pudesse ter acontecido. Não entendia por que Sirius estava dizendo aquilo, mas com certeza, não era verdade.

Tentou abrir a boca para retrucar, porém algo em sua mente começou a fazer sentido, a ligar cada ponto da sua memória confusa. Não conseguia lembrar exatamente o que tinha ocorrido, mas soube que Sirius não estava mentindo.

— Eu... — começou, precisava dizer alguma coisa, mas não sabia o que dizer. Não tinha desculpa que pudesse inventar para isso.

Não precisou pensar muito, Sirius o interrompeu:

— Não posso fazer isso, Remus — disse. — Não deveria ter tentado me aproximar de você. Não sei onde estava com a cabeça, mas eu realmente não posso passar por isso agora.

Sirius foi em direção a porta para sair. Remus ainda não sabia o que dizer, mal tinha tido tempo para pensar no que havia acontecido. Por que quis beijar outro homem? Não entendia.

Mas também não queria que Sirius fosse embora. Se ele saísse por aquela porta, sabia que todo o relacionamento que mal havia construído também iria ir embora. Não sabia o que estava passando pela sua cabeça, seus pensamentos estavam confusos e nublados, ele com certeza precisava parar para pensar melhor, mas também não tinha tempo para isso. E de uma coisa estava certo, não queria perder Sirius.

Segurou um dos braços do homem, antes que ele pudesse abrir a porta.

— Espera — pediu, não sabia o que dizer para fazer Sirius ficar e conversar com ele. Então disse a verdade: — Eu estou confuso.

Sirius relaxou, tirando sua outra mão da maçaneta e se virando para encarar Remus, que também relaxou o aperto em seu braço.

— Eu sei que você está — falou, calmo. — Também não deveria ter te beijando, ou dado em cima de você, sabendo que você tinha tanta certeza que não gostava de homens. — Sirius respirou fundo. — Então acho melhor acabarmos logo com esse relacionamento, eu não quero te magoar e também não quero me magoar. Acho que vai ser melhor para nós dois.

Remus escutou aquelas palavras saírem da boca de Sirius, e sentiu seu peito doer como nunca. Que tipo de relacionamento ele tinha com Sirius? Não sabia explicar, até alguns minutos atrás o chamava de amigo, talvez quisesse convencer a si mesmo de que eram apenas amigos. Sirius nunca o viu como apenas um amigo, e parando para pensar agora Remus conseguia ver as segundas intenções dele com muito mais clareza.

Esperou sentir algum tipo de repulsa ao pensar em Sirius mais do que apenas mais uma amizade, ou ao pensar nos dois se beijando. Mas não conseguia. Só não queria que Sirius fosse embora, não queria perde-lo, não por não ter outras pessoas em Hogsmeade, mas porque havia se acostumado tanto em ter Sirius presente em seu dia a dia que não queria o imaginar sem ele.

Então decidiu que não iria pensar demais sobre o assunto. Não agora pelo menos, quando Sirius estava prestes a sair de sua vida.

— Eu ainda estou muito confuso — começou, ainda segurava o braço de Sirius, mas fraco o bastante que o outro conseguiria se soltar se quisesse. — Mas, por favor, não vá.

Sirius sorriu, um sorriso triste.

— O que você quer que eu faça? — perguntou, parecendo se sentir derrotado.

Os dedos de Remus se afrouxaram do braço de Sirius, percorrendo levemente seu braço, até que estivesse segurando a sua mão, e entrelaçando os dedos com os dele.

— Posso te beijar?

— O quê? — Sirius estava confuso. — Remus, você não precisa...

— Eu quero te beijar — admitiu tanto para Sirius quanto para ele mesmo. Estava sendo sincero, e estava sóbrio dessa vez.

Sirius não disse nada, apenas o encarou sem saber o que dizer. Então, Remus se aproximou devagar. Esperou para ver se outro homem iria se afastar, mas ele não se afastou, encarou Remus nos olhos enquanto o via ficar cada vez mais próximos. Até que estavam se beijando novamente.

Dessa vez Remus conseguia sentir tudo com mais clareza, e sabia que não conseguiria esquecer esses sentimentos com tanta facilidade como antes. Sirius tinha gosto de bala de menta e cigarro, e Remus queria apenas intensificar o beijo cada vez mais.

Quando notou uma de suas mãos estava na cintura de Sirius, o puxando para mais perto de si, e a outra em seus cabelos, aqueles cabelos que o faziam parecer o personagem principal de uma comédia romântica. E por mais que Remus as odiasse, ele sentia que estava vivendo uma agora.

Eles caminharam pelo apartamento, fazendo o máximo para não se separem no processo de chegar até o quarto de Remus, e graças a falta de móveis, não foi tão difícil.

Pararem de se beijar quando Sirius jogou Remus na cama, subindo em cima dele logo em seguida.

Remus só pode observar, enquanto o homem tirava o casaco de couro e o jogava no chão. Não demorou muito para se desfazer da blusa branca também.

Sirius estava agora em cima de Remus e sem camisa.

Ele nunca achou que fosse presenciar uma cena assim, e muito menos, nunca fosse imaginar que sentiria o que estava sentido ao ver Sirius sem camisa em sua cama.

Desejo. Ele sentia desejo e excitação, e queria os lábios de Sirius mais uma vez colados nos seus.

Sirius parecia pensar o mesmo, porque os dois logo voltaram a se beijar. E quando os lábios de Sirius desceram para o pescoço de Remus, ele não conseguia pensar em outra coisa que não fosso o quanto queria aquilo. O quanto queria Sirius Black.


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Notas finais do capítulo

Então galera o Remus deixou o surto meio de lado nesse capítulo, mas ele vem com tudo no próximo então se preparem!!
Faltam dois capítulo para o fim da fanfic, agosto está voando mesmo kkkk e quem ainda não conhece as outras fanfic maravilhosas do pride (tem muito wolfstar tbb) confiram o perfil https://fanfiction.com.br/u/809912/
Não esqueçam de comentar, espero que tenham gostado porque eu tive mais surtos que o remus no próximo cap para escrever esse kkkk
Até!
Beijos ;*