A Herdeira escrita por Sofia Castella


Capítulo 3
Capítulo 03 - Money, Money, Money


Notas iniciais do capítulo

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Capítulo novo ^^ Espero que gostem.

Playlist: Money, Money, Money – ABBA



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Capítulo 03 – Money, Money, Money

 

— E então? Como está sendo a reunião de família?

— Na verdade, ela ainda não começou. – Bella respondeu Alice pelo telefone – Aparentemente, o irmão de Marie, tio Aro, segundo Esme, e os filhos dele, estão atrasados.

— E o Grinch? Já deu o ar de sua graça?

Bella riu do apelido que Alice dera a Edward. Naquela manhã, no trabalho, mesmo em meio às pilhas de trabalho acumulado e que ela tivera que adiantar para manter seu banco de horas estável e não se prejudicar por ter que sair mais cedo naquele dia, Bella conseguiu lhe contar todos os detalhes de como tinha sido conhecer Esme, desde os ótimos, como a própria Esme, até os extremamente desagradáveis, como Edward.

— Não, felizmente. – Bella comemorou internamente – Por mais que eu queira esfregar o teste de DNA na cara arrogante dele, não quero voltar a ter que aturá-lo tão cedo. Eu ia acabar achando um jeito de partir ele em dois e isso ia decepcionar Esme. – Bella suspirou – Ela realmente o considera um filho.

— Por falar nisso, onde ela está agora? – Alice questionou – Eu gostaria de conhecê-la oficialmente.

— Bem... – Bella sorriu, voltando seu olhar para onde suas mães estavam debruçadas sobre um dos vários álbuns de fotos que Isabelle trouxera e que Esme olhava encantada – Eu não quero interrompê-la agora. Ela está vendo os álbuns de fotos da família e vendo fotos minhas usando maria-chiquinha e chorando no berço.

— Oh, agora sim eu queria estar aí. – Alice gargalhou. – Eu poderia contar para ela sobre como você armou para Alex Cordroy ser suspenso no 6º ano por ativar o alarme de incêndio, depois que ele acertou o joelho machucado de Emmett com uma bolada no jogo de queimada.

— Você vai ter tempo para isso daqui a dois dias, no almoço de domingo. Minhas mães a convidaram. – Bella sorriu – E agora eu estou convidando você.

— Isso é um insulto. Eu não preciso ser convidada, eu já sou da família. – Alice bufou – E por causa disso eu só vou te perdoar se você e sua mãe me fizerem cannellonis.

— Claro, claro... – Bella rolou os olhos e riu, mas então lembrou-se de algo que a fez voltar a ficar séria – Você ouviu alguma coisa da Leah?

— Bem...  – Alice suspirou – Eu tenho uma boa e uma má notícia, qual você quer primeiro?

Bella grunhiu baixinho de frustração – Me dê a ruim. Talvez a boa me anime um pouco, no final.

— Está bem. – ela quase podia ver Alice dando de ombros do outro lado da linha – Sam a convenceu a falar com ele de novo porque o celular dele tinha ficado no apartamento dela.

— Oh, não. – Bella encostou a testa na parede fria do escritório chique do advogado em que estava.

— Mas então, antes dele chegar lá, um dos “contatos” dele ligou e bem... Digamos que Leah não ficou feliz com o que a garota tinha a contar sobre a relação dela com Sam-Calça-Frouxa. O que terminou com Leah jogando um balde de água fria nele da janela do apartamento dela quando ele deu as caras. Tipo, literalmente. Essa é a boa notícia.

— Bem... – Bella parou por um minuto – Isso é... Um avanço, eu acho. Pelo menos ele não entrou, certo?

— Nada como regras feitas por Bella Swan para concertar sua vida. – Alice zombou.

Bella estava pronta para zombar de volta quando o barulho abafado de vozes surgiu no andar de baixo e começou a aumentar. Já imaginando quem era, Bella suspirou.

— Tenho que ir Allie, parece que eles chegaram. Te ligo assim que puder.

— Está bem. Boa sorte com a família Riquinho Rico. – desejou Alice antes de desligar.

Suspirando, enquanto voltava para onde suas mães estavam, Bella pensou que aquela era uma boa forma de descrever os Volturi. Em seu trabalho, ela já havia ouvido falar deles algumas vezes, uma família com dinheiro antigo que fazia investimentos diversificados. Até aquele dia, ela sempre se mantivera à margem no que dizia respeito à informações mais apuradas sobre eles, já que sempre estivera ciente da relação sanguínea que tinham, mas que ela nunca estivera nem um pouco disposta a explorar. Na época, eles eram simplesmente pessoas que renegaram Edythe e a abandonaram sem dó. Contudo, ela estava brutalmente errada sobre o que pensava de Esme. Por isso, esperava ter também gratas surpresas com os demais Volturi e chegara até ali naquele dia tentando ser otimista sobre tudo aquilo.

Exceto ver Edward, claro.

Ela havia acabado de se sentar no sofá quando eles entraram. Infelizmente, Edward estava entre eles, novamente vestido com um terno chique e com uma postura fria e imponente, além de uma expressão dura e contrariada na face, que Bella não podia negar que ficou muito satisfeita ao ver. Apoiada ao redor do braço dele estava uma jovem mulher de cabelos loiros-avermelhados levemente ondulados e olhos muito azuis, de uma cor tão intensa que Bella se perguntou se ela estava usando lentes de contato. Seu rosto, muito bonito, estava ressaltado por maquiagem, enquanto suas orelhas e pescoço ostentavam jóias cintilantes que combinavam perfeitamente com o longo vestido acetinado que ela usava. Ela tinha uma expressão sedutora direcionada para Edward, mas ele não parecia estar prestando atenção nisso, muito perdido em seus próprios pensamentos.

Ao lado deles, estavam dois homens loiros, ambos altos e esguios, vestidos com ternos chiques muito semelhantes ao do próprio Edward. O primeiro deles tinha uma beleza impressionante, o tipo de beleza padrão que qualquer revista mataria para ter em sua capa. Assim como a mulher, ele tinha cabelos loiros, só que lisos, que estavam cortados curtos e olhos azuis-claros gélidos e mais reais que os da moça, que compunham uma expressão desdenhosa em seu rosto bonito. Já o segundo homem não era tão bonito. Ele tinha o cabelo loiro longo preso em um rabo de cavalo e seus olhos azuis eram levemente erguidos nas pontas, de maneira que seu olhar a lembrou um pouco o de um gato. Combinado com o pequeno sorriso malicioso e a maneira como ele observava toda a sala atentamente por cima dos cílios, sua expressão dava arrepios em Bella.

O último homem que subiu a escada era muito mais velho. Seu cabelo castanho estava penteado para trás e algo em sua expressão séria, mas ainda sim astuta, a lembrou imediatamente do quadro de Marie e ela soube que aquele não poderia ser ninguém mais além de Aro Volturi, o irmão mais velho de Edythe e mais novo de Marie. Apoiando-se em uma bengala cujas batidas no chão reverberavam por todo o escritório, ele se aproximou de onde elas estavam sentadas, com todos os outros jovens seguindo atrás dele.

Bella percebeu que a primeira pessoa que ele percebeu e avaliou foi ela. Os olhos marrons da mesma tonalidade dos dela a observaram devagar, desde a ponta de suas sapatilhas, passando pelas calças jeans, a blusa de linho e a jaqueta escura até seu longo cabelo solto e seu rosto inexpressivo, enquanto ela o aguardava falar primeiro. Por um segundo, ela viu um lampejo de desgosto piscar no rosto já um pouco enrugado, mas no mesmo instante ele já estava sorrindo brilhantemente e estendendo a mão para ela.

— Prazer em conhecê-la, Isabella. A semelhança é realmente impressionante. – Aro gargalhou e se voltou para todos que vieram com ele – Quando Edward me disse que você se parecia com Marie, eu tinha minhas dúvidas...  – ele se apoiou na bengala com as duas mãos e sorriu para ela abertamente. Abertamente demais, na opinião dela. A expressão de Edward pareceu escurecer ainda mais, enquanto a moça em seu braço julgava as roupas de Bella descaradamente – Mas confesso que é como ver minha irmã mais velha na minha frente novamente. Oh, minha pobre irmã... – ele suspirou.

Bella levantou-se do sofá e o encarou, decidida a tentar ser pelo menos educada, apesar de como todas aquelas pessoas lhe pareciam plásticas e falsas, como bonecos de ventrículo. Ela aceitou sua mão e sorriu um pouco, acenando com a cabeça.

— Prazer em conhecê-lo, Sr. Volturi.

— Oh, por favor. – Aro balançou sua mão algumas vezes e então, inesperadamente, a virou e beijou seu dorso – Pode me chamar de Aro. Eu sou seu tio-avô, afinal. Quem poderia dizer que Marie seria capaz de algo tão grotesco quanto o que ela lhes fez? – ele chorou um pouco – Espero que ela tenha sido correta o suficiente para pelo menos lembrar-se de você no testamento.

— Sinceramente, senhor... Aro... – Bella respondeu com sobriedade – Eu espero que não. Não tenho interesse nesse testamento. Estou aqui porque Esme me pediu. – ela ignorou solenemente o virar de olhos que Edward deu à sua declaração.

— Oh, é mesmo, que descuido o meu. – ele finalmente se virou para o sofá e sorriu – Olá, Esme, minha querida sobrinha. Como você está?

— Ótima, tio Aro. – ela sorriu timidamente – Na verdade, apesar de tudo o que tem acontecido, acho que nunca estive melhor. Eu tenho a minha filha de volta. – Esme se levantou e abraçou Bella pelos ombros e elas sorriam uma para a outra - Nunca estive tão feliz.

— Oh, que lindo. – Aro colocou a mão no peito, mais uma vez com aquele sorriso plástico, a um passo de se tornar falso. Então, seus olhos pousaram em Edythe e Isabelle e o sorriso vacilou – Oh, Edythe... Que... Bom, rever você. – agora seu sorriso realmente não podia ser descrito como nada além de forçado. – Vejo que você não mudou nada. – seus olhos desviaram para Isabelle e Bella sentiu um arrepio correr por sua espinha ao notar o brilho lascivo neles – Como vai, Isabelle?

— Bem, Aro. – ela o respondeu secamente, apertando forte a mão de Edythe, que parecia pronta para socar o irmão.

— Excelente. – Aro sorriu, parecendo satisfeito, e se voltou novamente para Bella – Minha querida Isabella, permita-me lhe apresentar minha família. Estes são meus filhos, James, Felix e Tanya. – ele apontou respectivamente para o homem assustador, o loiro bonito e a moça. O primeiro lhe lançou um pequeno sorriso arrepiante, enquanto que Felix não escondia que não ligava a mínima para o que estava acontecendo ali e Tanya a avaliava duvidosamente – Nosso querido Edward você já conheceu. – ele sorriu calorosamente para este e, é claro, não foi retribuído. – Edward não é apenas um filho para Esme, mas para mim também.

— Não exagere, Aro. – Edward rosnou e se livrou do aperto de Tanya, cruzando os braços – Onde está o Dr. Jenks?

— Ele estava aguardando que todos nós chegássemos. – explicou Esme – E agora que estamos aqui, tenho certeza que a secretária dele já deve ter avisado. Certamente ele nos chamará em breve.

— Bom. Assim haverá tempo para... – a fala de Edward foi interrompida pelo som de passos rápidos na escada de madeira, precedendo a entrada de mais um homem loiro no recinto.

Bella se perguntou se aquilo era a leitura de um testamento ou um dos desfiles de moda que Alice gostava. O recém-chegado tinha o cabelo loiro arenoso e os olhos cor de mel, contudo, nada em seu rosto anguloso apresentava qualquer semelhança com os Volturi. Além disso, ele tinha duas cicatrizes no rosto, uma cortando sua sobrancelha e outra lhe cortando a boca, além do fato de que seu nariz tinha uma leve e peculiar curvatura, o que fez Bella pensar que ele devia tê-lo quebrado há muito tempo atrás. Mas, é claro, ele era absurdamente bonito como todos ali. Provavelmente era necessário enviar currículos com foto para se poder entrar no convívio com os Volturi.

— Jasper. Ótimo. – Edward o cumprimentou, indo até ele e apertando sua mão.

— Perdão pelo atraso. – o homem disse, polidamente – Infelizmente o trânsito me manteve preso por mais tempo do que eu esperava.

— Não se preocupe. O advogado ainda não começou a leitura.

— Que bom revê-lo, Jasper. – Esme foi até lá cumprimentá-lo com um beijo na bochecha e Jasper pareceu um pouco menos frio quando a cumprimentou de volta – Bella, querida, este é Jasper Whitlock, amigo e advogado de Edward.

— E seu também, mãe. – Edward relembrou, enquanto Jasper voltava seu olhar para Bella. Ela esperou que ele a observasse com tanto desgosto quanto o amigo, mas ele apenas a fitou rapidamente e a cumprimentou silenciosamente com a cabeça.

— Aliás, Aro... – Edward voltou-se para o tio de sua mãe – Onde estão os seus advogados?

— Oh, isso não é necessário agora. – Aro riu, sentando-se em um dos sofás – Eu estou aqui apenas para saber quais são os últimos desejos da minha querida irmã. – ele deu de ombros, parecendo emocionado, mas sempre daquela maneira fingida que estava dando nos nervos de Bella – Hoje será apenas a leitura. Poderemos iniciar mais tarde os trâmites para que eu receba o que ela me deixou . Não é importante agora.

Bella se perguntou se aquela expressão de desgosto e desdém que Edward dirigiu ao homem era o estado natural de seu rosto, mas, quando Esme aproximou-se dele e tocou seu ombro, ela viu que não, pois a dureza derreteu-se um pouco e ele a olhou com certo carinho no olhar.

— Edward... Tem um minuto? – Esme falou baixinho e puxou Edward e Bella para fora da sala, onde os colocou frente a frente, apesar da clara irritação dos dois – Você não tem nada a dizer para Bella?

— Não, não tenho. – o carinho se dissolveu e a frieza voltou quando ele a respondeu.

— Oh, vamos lá, Edward. – Esme sorriu gentilmente – Você sabe do que estou falando.

— Ela já sabe qual foi o resultado do exame, mãe. – ele revirou os olhos e olhou diretamente para Bella, com os olhos semi-serrados de raiva – Ela não é ingênua...— ele disse a palavra com a voz pingando de sarcasmo – A ponto de achar que eu ainda permitiria que ela estivesse perto de você se o resultado do exame não fosse positivo.

— Você sabe que eu não estava falando sobre isso, Edward. – Esme suspirou, triste e frustrada – Eu quero que você se desculpe com ela.

— O que?! – Edward virou-se para ela, irritado e perplexo - Eu não tenho nada pelo que me desculpar.

— Você a ofendeu e não finja que não! – Esme se impôs, sua postura maternal imperando enquanto ela o olhava contrariada, exatamente como uma mãe que pegou o filho fazendo algo errado – Se desculpe! Agora! – ela exigiu, sem aberturas para reclamações.

Edward rosnou no fundo de sua garganta e encarou Bella com nojo. Ela o fitou desafiadoramente por um minuto, até que os ombros dele, até então tensos como pedras, se curvaram um pouco e sua expressão mudou de ódio profundo para desdenhosa indiferença.

— Muito bem. – ele suspirou e fez uma mesura com a cabeça – Peço perdão, Srta. Swan. – ele rosnou a última parte e rapidamente voltou para dentro da sala, ignorando inclusive o rosto decepcionado de Esme enquanto passava por ela.

— Eu sinto muito, Bella. – Esme disse, suplicante – Edward passou por algumas experiências ruins e não confia muito facilmente nos outros. Mas, uma vez que você o conheça direito, verá o homem maravilhoso que ele é...

— Esme. – Bella a interrompeu, procurando acalmá-la – Está tudo bem. Edward não quer ser meu amigo e eu não quero ser amiga dele. O melhor é deixar assim...

— Mas... – Esme fungou, entristecida, mas foi interrompida.

— Sra. Masen. – Jasper apareceu na porta da sala – Desculpe interrompê-las, mas o Dr. Jenks acaba de nos chamar. A leitura do testamento vai começar.

— Já disse que pode me chamar de Esme.  – ela sorriu um pouco para ele e se voltou novamente para a filha, ainda com a expressão triste. Passado um momento, ela respirou fundo e pareceu deixar aquilo passar. Com um sorriso triste, ela passou o braço pelos ombros de Bella e elas caminharam juntas até a sala – Bem, chegou a hora.

Bella sorriu para ela, tentando tranquilizá-la enquanto as duas seguiam com os outros para uma pequena sala adjacente à sala de espera, onde um senhor de idade avançada os esperava, em uma mesa de madeira escura cercada por papéis. Ela sentou-se em um dos pequenos sofás que estavam bem na frente da mesa, rodeada por suas mães, enquanto que o resto da família Volturi e seus agregados se distribuíram entre os outros sofás e cadeiras de forro de veludo que estavam na sala.

Ela percebeu que o senhor, - o advogado: Dr. Jenks - a olhou chocado por um momento, antes de se recompor e reorganizar os papéis que estavam à sua frente.

— Bem... – começou o  advogado com voz rouca, parecendo incerto – Primeiramente, eu gostaria de dizer que o testamento da Sra. Volturi foi de fato algo ímpar na minha carreira. Sua família tem sido cliente desse escritório desde a época do meu avô e é com grande pesar que eu tomei conhecimento da situação dela recentemente...

— Sim, sim, muito triste. – Aro o interrompeu, tentando não parecer impaciente, mas fracassando – E eu tenho certeza de que ela gostaria que todos nós estivéssemos aqui para cumprir com seus últimos desejos. Então, talvez devêssemos avançar...

— Sim, certamente. – enquanto ajeitava os óculos em seu rosto e trazia o conjunto de papéis até a altura de seu rosto, o Dr. Jenks acrescentou – Foi um pouco desafiador modificá-lo recentemente, tenho que admitir, mas fico grato em ter conseguido organizar tudo o que ela solicitou nesse novo testamento, que ficou tão breve... – o advogado riu um pouco, antes de finalmente iniciar – Muito bem, vamos iniciar.

“Eu, Marie Helene Volturi Newton, em pleno gozo de minhas faculdades metais, venho, por meio deste, apresentar minhas derradeiras vontades no que tange aos meus bens materiais e demais propriedades que tenho em meu nome e que tenho acumulado mediante heranças vindas de minha família. No que diz respeito especificamente aos motivos que me levaram a tais decisões, esclareço, para entendimento completo dos meus entes familiares, que diante da recente piora no meu estado de saúde, voltei minhas atenções para minha neta, unigênita de minha própria unigênita, Isabella Renée Swan. Inicialmente, tais atenções foram motivadas por pura curiosidade de minha parte, visto que eu mesma, por motivos que aqui não cabe descrever, a apartei do convívio com minha filha, Esme Anne Volturi Newton Masen, e desde então também não procurei saber em que estado se encontrava, apesar de que sempre tive perfeita ideia de qual era seu paradeiro. Em primeira instância, a jovem não me pareceu digna de minhas atenções. E teria permanecido fora delas caso não fossem dois elementos cruciais: Em primeiro lugar, nenhum dos membros da minha família jamais demonstraram qualquer interesse ou capacidade em gerir os bens e perpetuar adequadamente o nome dos Volturi, em especial meus irmãos, que, com suas atitudes egoístas, sempre se mostraram irresponsáveis; já meus sobrinhos nunca se demonstraram nada além de jovens mimados e preguiçosos; ou seja, todos os anteriores acabariam por levar o nome da família e nossa fortuna para a lama. Em segundo lugar, surpreendentemente, ao investigar mais a fundo a vida da neta com a qual eu havia abdicado contato há mais de duas décadas, descobri que a mesma apresentava dons de administração bastante relevantes, estando empregada em um dos maiores escritórios de administração financeira do país e tendo participado ativamente de diversos projetos de estabilização de finanças. Ter conhecimento de tais habilidades me levou a centrar minhas atenções nela e aprofundar minha pesquisa, o que, por sua vez, me levou a tomar a decisão que venho apresentar. Nesse sentido, venho por meio deste documento declarar que, após muito analisar a situação da família Volturi, estou resoluta de que nem meus irmãos, Aro Stefano Volturi e Edythe Juliet Volturi Swan, nem nenhum de meus três sobrinhos biológicos, James Gabriel Volturi, Felix Andrew Volturi e Tanya Margareth Volturi, ou até mesmo minha própria filha Esme Anne Volturi Newton Masen, estão aptos à receber ou administrar qualquer um dos meus bens e, como tal, não receberão nenhuma herança. Mediante tal situação, declaro como herdeira de todas as minhas posses, físicas e em escrituras, minha neta biológica, Isabella Renée Swan. Em caso de recusa da mesma em receber a herança, os bens deverão ser paralisados e nenhum dos membros da família Volturi estarão autorizados a ter acesso a eles e, depois de três meses congelados, eles serão doados, em sua totalidade, àsa instituições de caridade descritas em documentos em anexo. Caso a herança seja aceita, os bens deverão ser passados para o nome de Isabella no prazo máximo de 01 mês após a leitura do testamento, (deixando claro que, caso a herança não seja aceita dentro desse prazo, será colocado em prática o mesmo procedimento a ser seguido na recusa, descrito acima) com a condição de que também serão retiradas do nome dela e doadas totalmente para a caridade caso, ao final de seis meses, a mesma tenha tido um prejuízo de no mínimo 5% do total líquido da fortuna. Passados esses seis meses, Isabella Renée Swan estará totalmente autorizada a fazer as transações que julgar adequadas para a manutenção de suas poses,  desde que isso não envolva tirar os bens de seu nome.

Consciente, tenho redigido acima como meus bens devem ser repartidos,

Marie Helene Volturi Newton.”

— O quê? – o choque na sala foi uníssono.

— Como assim? Isso deve estar errado! – a explosão de Aro fez Bella pular em seu acento, enquanto ele avançava furioso até o pobre advogado – Você, seu velho estúpido! Foi você que forjou isso, não é?

— Eu lhe asseguro que não, Sr. Volturi. – Dr. Jenks se ajeitou em sua cadeira – E peço que modere seu tom. Se for de seu agrado, eu ficaria muito feliz em lhe mostrar os documentos que atestam a veracidade do testamento da Sra. Volturi e inclusive o vídeo que esta fez questão de gravar, aqui mesmo em meu escritório, em que se mostrava escrevendo isto de próprio punho.

— Isso é impossível! Impossível! – Aro rugiu, com uma veia saltando em sua testa – E isso não vai ficar assim! Ouviram? – ele apontou diretamente para Bella, mas Esme colocou-se em frente a ela, com a expressão sombria – Não a defenda, sua menina estúpida! Graças a ela agora estamos na miséria!

— Não fale assim com a minha filha! – Esme gritou, furiosa.

— Ora, sua... – Aro avançou para Esme, mas trombou com o peito de Edward, que rapidamente pôs-se na frente de sua mãe, com a expressão perigosa, elevando-se sobre Aro como um muro.

— E se eu fosse você... – ele falou baixa e friamente – Eu prestaria atenção em como fala com a minha mãe.

Aro engoliu em seco e olhou ao redor para seus filhos perplexos e para Bella e suas mães, parecendo desnorteado. Por fim, ele rugiu novamente, caminhando rapidamente até a porta, andando com a bengala na mão, como se fosse uma arma.

— Isso não vai ficar assim! Não vai! – ele vociferou enquanto saia rapidamente pela porta, sendo seguido por seus filhos, cujos olhos também disparavam flechas de ódio em direção a Bella.

Ainda completamente em choque pelo que tinha acabado de acontecer, Bella observou, paralisada, enquanto Jasper se aproximava de Edward, que suspirou.

— O que podemos fazer para reverter isso?

— Bem, eu posso analisar o caso mais a fundo. – Jasper suspirou – Mas, levando em consideração que aparentemente a Sra. Volturi cuidou de todos os detalhes para que não houvesse reversão... Não sei se realmente teremos como fazer isso.

Edward grunhiu e voltou-se para Esme. – Não se preocupe, mãe. Prometo que vamos resolver isso e você vai receber o que é seu.

— O que? – Esme pareceu ser despertada do estupor de sua surpresa – Edward... Está tudo bem. Eu já esperava por isso. Bem, não exatamente por isso... – ela riu sem fôlego – Mas eu já esperava que minha mãe me esquecesse completamente. Ela fez isso muitas vezes ao longo dos anos. – a voz de Esme tornou-se melancólica – Está tudo bem.

— Não, não está! – Edward rugiu, mais contido do que Aro, mas ainda assim muito ameaçador – Isso não é justo! Você é a filha dela e essa garota apareceu literalmente ontem! – ele apontou o dedo para Bella – Eu não vou permitir que isso aconteça!

— Edward, calma. – Esme pediu-lhe, parecendo assustada – Não é como se eu precisasse do dinheiro.

— Não é sobre precisar, mãe! – Edward rosnou, frustrado – É sobre não deixar ela se aproveitar dessa situação.

— Agora escute aqui, rapaz... – Esme começou, enquanto Edythe se aproximava, furiosa também, mas Edward apenas balançou a cabeça, furioso, e rapidamente saiu da sala, com Jasper em seu encalço.

— Ligue para o advogado do Aro. – ele disse ao amigo – Se queremos resolver isso, unir forças com ele é a melhor opção... – sua voz foi sumindo conforme ele saia pelo corredor.

— Bem... – o Dr. Jenks ajeitou seu colarinho e se levantou de sua cadeira, parecendo nervoso – Eu acho que devo deixá-las a sós agora.

Enquanto o advogado saia da sala, Esme, Edythe e Isabelle se reuniram ao redor de Bella, que continuava sentada e congelada em seu lugar.

— Querida... – Isabelle acariciou sua cabeça suavemente – Você está bem...?

Com a mente em branco como no dia anterior, Bella apenas balançou a cabeça, completamente incrédula, e olhou diretamente para Esme.

— Por favor... – ela pediu, com a voz exausta – Eu não quero isso. Me diga que podemos dar um jeito nisso.

— Oh, meu amor... – Esme se ajoelhou em frente a ela – Me perdoe. Eu juro que jamais teria trazido você aqui se sequer achasse que minha mãe faria isso... Ou que minha família teria essa reação...

— Não acredito que Marie fez isso! – Edythe suspirou consigo mesma – Mesmo quando não está aqui, ela ainda consegue deixar todos em um beco sem saída.

— Por que ela fez isso? – Bella perguntou a ninguém especificamente, mergulhada em confusão – Por que deixar tudo para mim? Ela nem me conhecia. Nunca falou comigo. Ela me queria longe de você e da família Volturi. Qual o sentido em me dar tudo agora?

— Minha mãe sempre foi uma mulher objetiva – Esme suspirou com pesar – Ela fazia apenas o que era mais adequado. E ela não mentiu no que escreveu. Ninguém da nossa família de sangue está apto a administrar todos esses bens. Eu tentei convencê-la a fazer de Edward um dos herdeiros, mas os dois teimosos se recusaram. – ela rolou os olhos – Ela disse que seria uma desonra dar tanto a alguém que não tem o nome da família.

— Bem, eu também não tenho, então isso não significa nada. - Bella argumentou, agora começando a ficar irritada.

 - Marie seguia muitas regras idiotas que ela se auto-impôs. – Edythe grunhiu, desgostosa – E ela era capaz de tudo para segui-las.

— O que... – Bella balançou a cabeça para tentar clarear seus pensamentos e pensar objetivamente no que poderia ser feito – O que aconteceria com você se eu recusasse a herança, Esme?

— Não se preocupe comigo, querida. Eu tenho a pensão do meu falecido marido e Edward dirige a empresa dele. – ela deu um sorriso gentil - Nada vai mudar para mim. Contudo... – ela engoliu em seco – Eu não posso dizer o mesmo do resto da família... Mas saiba... – ela tomou suas mãos entre as dela e as apertou - Que eu vou apoiar qualquer decisão que você tomar.

— Eu... – Bella ofegou – Eu... Não sei o que fazer... Eu não posso decidir agora.

— É claro que não, meu bem. – Edythe a acalmou – Escute. Fique aqui e respire um pouco enquanto eu e sua mãe vamos buscar um copo com água, está bem? Você pode ficar aqui com ela, por favor, Esme?

— Mas é claro.

— Está tudo bem, mãe. – Bella respirou fundo e finalmente se levantou – Eu tenho muito o que fazer agora. Temos que analisar essa situação e começar a pensar qual a melhor saída para...

— Nada disso, mocinha. – Isabelle avançou e a fez sentar-se novamente – Pode tirar isso da cabeça. Eu e sua mãe vamos lhe trazer água e então vamos para casa e conversaremos sobre... Tudo isso. – Isabelle balançou a cabeça, desnorteada.

Bella olhou para suas mães e percebeu que elas também estavam muito afetadas pelas novidades e provavelmente precisavam de um pouco de ar fresco e um momento a sós para absorverem tudo o que havia acontecido.

— Está bem, mãe. – ela cedeu e se recostou na cabeceira do sofá – Eu gostaria de um copo com água e com açúcar e talvez algo para comer... Acho que a minha pressão caiu um pouco. – ela mentiu, querendo que elas pudessem sair da sala e se permitir entender as coisas, ao invés de ficarem ali fingindo que não haviam sido afetadas por toda aquela cena.

— Você está mal? – Isabelle falou, parecendo desesperada – Seu coração está bem? Você está sem ar?

— Não, não, mãe, calma... – Bella a acalmou rapidamente, imediatamente arrependida de sua mentira. – É apenas o choque, só isso.

— Oh, sim... Sim... – Isabelle respirou fundo – Tem razão, algo para comer vai colocar algum açúcar no seu sangue e te fazer sentir melhor. Vamos Edythe, vamos tomar um pouco de ar e falar com a secretária para encontrarmos alguma comida.

— Sim, por favor. – Bella lhes pediu com a voz calma – E tomem água e se acalmem também, por favor.

— Você não é a mãe aqui, Isabella. – Edythe grunhiu – Agora fique aqui e descanse um pouco. Isso é uma ordem! – ela exigiu enquanto saia pela porta com a esposa.

— Vou ficar aqui com ela. – Esme afirmou enquanto as duas saíam e segurou a mão de Bella. – Como você se sente querida? Está tonta? Com frio?

— Não se preocupe. – Bella balançou a cabeça e suspirou pesarosamente – Eu só estou começando a entender as proporções do que aconteceu aqui. Realmente precisamos ter um conversa séria com o Dr. Jenks para saber o que podemos fazer. Meu irmão está quase se formando em direito, então vou falar com ele também e nós vamos fazer de tudo para achar uma maneira de corrigir isso. Eu não posso herdar uma fortuna como essa! Isso é loucura e...

 - Calma, Bella. – Esme lhe implorou, tirando-a de seu devaneio ansioso. Além disso, para sua surpresa, ela também deu uma risada divertida – Você planeja demais, querida, alguém já lhe disse isso?

— Bem, já. – Bella deu uma risada sem graça e então voltou a ficar séria – Eu só... Eu não posso aceitar essa herança. Tem que haver outro jeito.

— Tenho certeza de que deve haver, querida. – o tom da voz de Esme a fez saber que talvez nem ela mesma acreditasse no que estava dizendo, mas ainda assim estava se esforçando para acalmá-la. – Mas, ainda não sabemos de nada, então não adianta você fazer tantos planos. Procure se tranquilizar.

— Sim. – Bella exalou, derrotada – Esme, eu... Eu sinto muito. Por isso ter acontecido.

— Se alguém aqui deveria estar se desculpando sou eu... – Esme suspirou tristemente – Você não teria tido que presenciar aquela cena do meu tio, se eu não tivesse pedido para você estar aqui.

— Não, não. – Bella apressou-se em consolá-la – Você não teve culpa pela maneira como ele agiu... Ou por toda essa insanidade. – suspirou – Deve ter um jeito de reverter isso...

— E eu tenho certeza que você vai achar.  – Esme sorriu e a abraçou pelos ombros – Você é brilhante querida e não apenas “apropriada” como a minha mãe descreveu. Você é especial. Eu soube disso quando você estava na minha barriga e só tive mais certeza nesses últimos dois dias. Nunca vai ter ideia do quanto eu fui abençoada por você voltar para mim.

Bella corou para sua linda declaração e as duas se abraçaram por um longo momento. – Independente de qualquer coisa, eu também estou feliz por estar aqui com você, Esme. – ela confessou e ouviu Esme fungar um pouco e acariciar seu cabelo.

— Sra. Masen. – a voz do Dr. Jenks fez com que elas se separassem – Sinto interromper, madame... – o advogado enxugou a testa suada – Mas seu tio quebrou dois dos meus vasos mais caros e eu gostaria de falar sobre os prejuízos...

— Oh, não. – Esme suspirou – Se o senhor puder entrar...

— Não, não Esme. – Bella suspirou – Pode ir conversar com ele a sós. Eu vou ficar bem aqui.

— Mas... Eu não quero deixar você sozinha...

— Está tudo bem. Eu... Acho que eu preciso ficar um pouco sozinha, na verdade... – Bella admitiu com um sussurro – Para tentar absorver tudo.

— Oh... Claro. – Esme disse, balançando a cabeça – Você me lembra tanto... – ela começou a divagar, mas então parou abruptamente.

— Quem? – Bella questionou, confusa.

— Ninguém, querida. – Esme balançou a cabeça como se quisesse esclarecer seus pensamentos – Vamos conversar em uma das salas ao lado, então não hesite em me chamar se estiver precisando de alguma coisa, está bem? Tia Edythe e Isabelle já devem estar quase voltando de qualquer maneira...

— Eu ficarei bem, não se preocupe. – Bella lhe garantiu enquanto ela saia, hesitante.

Uma vez sozinha, Bella se levantou e começou a andar de um lado para o lado, nervosa. Andar geralmente a ajudava a pensar, mas naquele momento, parecia que cada passo que dava era uma nova ideia perturbadora que brotava e cada vez mais o peso do que acontecera recaia sobre ela. Ela não conhecia aquela família. Ela não se importava com aquele dinheiro. Não podia levá-lo e assumir aquela responsabilidade só porque uma mulher louca queria. De que importava se ela assumisse a empresa se havia um período em que ela poderia falhar e perder tudo? Qual o ponto daquilo? Uma desculpa de Marie Volturi para não deixar nada para a família e ainda brincar com eles no processo?

— Mãe...? – seus pensamentos foram interrompidos quando Edward entrou repentinamente na sala, posicionando-se perto de onde ela havia parado de pé.

Ao vê-la, a máscara de desprezo e fúria caiu novamente sobre seu rosto e ele rosnou.

— Deve estar muito satisfeita, não é?

Bella grunhiu – Eu não tenho tempo para isso agora!

— Oh, claro que não. – ele deu uma risada de escárnio – Aposto que já deve ter comprado um palácio há essa hora, certo?

— O quê? – ela rugiu, incrédula.

— Certamente vai ajudar a pagar a dívida da sua casa, certo? – ele revirou os olhos - Ou talvez ajude a pagar as dívidas da faculdade do seu irmão?

— Você está espionando minha família? – ela avançou, furiosa, ficando frente a frente com ele.

— Você nega que tem essas dívidas? – ele a desafiou.

— Não, mas são questões que dizem apenas respeito à privacidade da minha família e não tem nada a ver com você ou com essa situação! – Bella grunhiu, furiosa.

— Oh, claro que não. – Edward riu, desdenhoso – É claro que a pura e perfeita filha desaparecida nunca usaria esse dinheiro para si mesma. Claro que não.

— O que eu fiz a você? – Bella questionou, furiosa – Em momento nenhum eu dei a entender que queria algo de vocês e realmente não quero, então me deixe em paz!

— Você apareceu, foi isso o que você fez. – ele grunhiu baixa e perigosamente – Acha que eu acredito na sua inocência? A filha perdida que reaparece quando a mãe rica está prestes a ganhar ainda mais dinheiro? Tão conveniente... A própria Esme disse que você sempre soube sobre ela, então porque procurá-la só agora?

— Você acha que essa sua hipótese doentia é justificativa para alguma coisa? Especialmente essa atitude insuportável? – Bella esbravejou – Eu achava que Esme tinha me abandonado! Por isso eu não a procurei!

— E você foi magicamente convencida pela força do amor, certo? Obviamente a perspectiva de ter uma mãe milionária não te animou em nada, não é?

— Escute aqui, seu...

— Escute aqui você. – ele avançou para ela, mas Bella manteve-se firme em seu lugar, encarando aqueles olhos verdes repletos de ódio – Não importa se você é filha biológica de Esme ou não... Não vou permitir que você se aproveite dela ou dessa situação que Marie criou. Você não me engana e eu não vou deixar que fique com o dinheiro que é da minha mãe!

— Você pode pensar o que quiser. – Bella cuspiu as palavras – Eu não quero esse dinheiro e vou tentar resolver essa situação.

— É claro. – ele riu sem humor – Eu também vou resolver essa situação, o que envolve colocar você e sua família de aproveitadores de volta onde pertencem!

— O quê? – Bella grunhiu, irada. – Quem você pensa que é para me acusar dessa maneira? Acha que me assusta falando assim? Me ameaçando? Eu não tenho medo de você e não vou deixar que me insulte ou a minha família. – ela falou baixa e perigosamente – E se acha que de alguma maneira está certo sobre mim, então esteja pronto para engolir suas palavras!

— E você esteja pronta para o tribunal. – ele rosnou, encarando-a perigosamente antes de se afastar devagar – Porque eu vou ter a certeza de que receba o que pessoas como você merecem.

Ela o observou ir embora enquanto a raiva borbulhava em seu interior. Irada, ela chegou a avançar alguns passos para realmente iniciar algo mais agressivo e físico, mas acabou dando de cara com suas mães assim que passou pela porta.

— Oh, querida. Vimos aquele homem horrível saindo. – Isabelle disse preocupada, enquanto lhe entregava o copo com água e algumas bolachas – Você está bem?

Bella olhou para a mãe e deu um suspiro cansado. Aquele era o começo de um processo que Edward Masen havia deixado claro que tornaria um inferno. E, a julgar pelas reações dos demais Volturi, ele não era o único inimigo que ela conseguira. Estava na hora de analisar a situação, avaliar os danos e planejar uma estratégia.

***

— Sinto muito, Bella. A velha não deixou margem para conversas. – Emmett suspirou depois ao colocar na mesa a papelada que estava lendo. – Ou você embolsa a grana e mostra que dá conta do recado ou todo mundo na história fica sem um centavo.

Bella grunhiu e encostou a cabeça na mesa, enquanto sentia a mão de Alice no seu ombro, tentando consolá-la. Era domingo e ela tinha tido dois dias para analisar com calma tudo que havia acontecido com a leitura daquele testamento. O único problema é que ela ainda não tinha encontrado uma solução viável.

— Então quer dizer que nenhum dos Volturi tem sequer onde cair morto se perder o dinheiro da família?  - questionou Alice, impressionada.

— Pelo que dizem os documentos do Dr. Jenks, sim. – Emmett explicou – Nenhum deles tem muito dinheiro e muito menos propriedades pessoais que não esteja oficialmente no nome de Marie Volturi. Ficariam praticamente com menos dinheiro que nós e, ao que tudo indica, também sem um lugar para morar. 

— Os Volturi podem não ter sido exatamente pessoas amáveis... – ela refletiu em voz alta – Mas eu também não quero deixá-los sem teto. – grunhiu Bella – Mas também não quero essa porcaria de dinheiro.

— Sério, Bella? – Emmett disse, sorrindo – Eu acho que você deveria pelo menos considerar. Quer dizer, é uma oportunidade e tanto... É muito dinheiro! Você nunca mais teria que trabalhar.

— Esse dinheiro não me interessa, Emmett! – Bella rugiu, levantando da cadeira.

— Vamos lá, calma. – Emmett defendeu-se - Eu só estava querendo dizer que não é como se você pudesse ganhar essa grana nos cassinos de Vegas.

— Ou achar um marido tão rico assim. – Alice desdenhou.

— É claro que esse dinheiro resolveria muitas coisas... – ela admitiu, massageando as têmporas – Mas, no final, apenas traria mais problemas. Acredite em mim, vejo isso no trabalho todos os dias. Nessa família, sempre vivemos bem como o que temos. Não precisamos de mais nada e especialmente não de alguém que rouba o bebê da própria filha. E outra: Eu não vou dar a Edward Masen o gostinho de me ver ficar com esse dinheiro!

— E o que importa o que esse idiota pensa? – Alice perguntou, dando de ombros.

— O que ele pensa não importa, mas eu sei que não sou uma aproveitadora. – Bella esclareceu, irritada – Esse dinheiro é dos Volturi e é com eles que vai ficar!

— Então é melhor pensar como vai fazer isso, maninha, porque essa tal de Marie preparou uma bela de uma armadilha.

Bella grunhiu e saiu do quarto do irmão esfregando o rosto, mas parou na ponta do corredor, ao ver Esme e os gêmeos de mãos dadas descendo as escadas, enquanto as crianças lhe contavam tudo sobre sua família, seu dia e o que gostavam de fazer. Esme havia se encantado pelas crianças à primeira vista e todo o resto da família Swan a havia acolhido com facilidade, mesmo que ela tivesse chegado escoltada por um carro dirigido por Edward e ele tivesse deixado claro que chamaria a polícia caso ela não saísse de lá no horário que ele estipulara, o que seria logo, já que todos já estavam quase terminando os pratos principais e partindo para a sobremesa.

Não querendo que alguém a vise espumando de raiva enquanto sua cabeça continuava lutando para resolver o grande problema, mas sem sucesso, Bella colou-se na parede, suspirando. Aparentemente, Marie Volturi só lhe deixara aquelas duas alternativas: ficar com a herança ou ser a responsável por deixar várias pessoas sem nada. O que ela supostamente deveria fazer se todo aquele dinheiro se tornasse dela para sempre? Enlouquecer tentando administrar uma fortuna que era dela à força? Marie nunca pensou que ela poderia simplesmente esbanjar tudo depois dos seis meses?

Depois dos seis meses...

Bella congelou no meio de seu caminho, na sala de estar, enquanto uma luz se acendia em sua cabeça. Ela poderia...?

A campanha interrompeu seus pensamentos, fazendo-a pular.

— Deve ser a pizza que eu pedi. – Edythe gritou de dentro da cozinha.

— Não teríamos que pedir pizza se você não tivesse tido a ideia de colocar mais sal no molho do meu macarrão.  – Isabelle riu.

— Eu atendo, mãe. – Bella gritou para as duas, ainda um pouco eufórica com a ideia que tivera. É claro que fugia dos planos, muitas coisas poderiam dar errado e seu inimigo jurado, vulgo, Edward, ficaria furioso, assim como os Volturi, mas se ela fosse capaz de...

Bella continuava mergulhada em pensamentos quando atendeu a porta, mas ao invés do entregador de pizza, se viu diante de um belo homem loiro, que a encarou impressionado. Ele parecia ter perto de 40 anos e seu rosto era lindo, com olhos azuis como o céu e um belíssimo sorriso carinhoso e emocionado que se espalhou por seu rosto enquanto ele a olhava.

— Hã... Posso ajudar? – ela perguntou, incerta.

— Você é Bella Swan, não é?  - o homem perguntou, parecendo esperançoso.

— Quem gostaria de saber? – ela o avaliou com cuidado, especialmente porque havia algo sobre o sorriso dele e a maneira como suas bochechas levantavam os cantos de seus olhos que lhe parecia muito familiar...

— Eu sei que isso pode parecer loucura. – ele riu e ela percebeu que os olhos dele estavam cheio de lágrimas não derramadas – Mas eu acho que sou seu pai.

— O quê?! – ela engasgou, ao mesmo tempo em que uma voz atrás dela surgiu.

— Bella, querida...  – Bella se virou para ver Esme se aproximar, sorridente – Isabelle pediu para... – ela parou abruptamente ao ver o homem parado na porta e congelou, parecendo horrorizada.

— Esme?! – disse o homem, chocado.

— Carlisle?!


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