Vontades do Destino escrita por MayDearden


Capítulo 5
Pequena Calmaria


Notas iniciais do capítulo

Surpresa!!
Nós vemos lá embaixo…



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POV Felicity

Uma semana havia se passado desde o meu retorno a empresa. A família do Billy havia mandado rezar uma missa em sua homenagem quando completou 7 dias da sua morte. Eu não fui. Que Deus é esse que tira a vida de forma tão trágica de alguém inocente? Alguém que nunca fizera mau a ninguém e que tinha um grande futuro pela frente. Minha família não concordou com a minha falta, mas aceitaram. Ficar aquelas horas sozinha fora horrível, eu chorei o tempo todo. Chorei por mim, chorei por ele, por nosso amor, por nosso futuro tirado de nós tão bruscamente.

A semana se arrastou, porém o trabalho encheu tanto a minha cabeça que cada minuto arrastado valeu a pena. A fusão de um dos projetos que cresceria ainda mais com a Queen Consolidated deu problema, a Star Labs não tinha todos os equipamentos para por em prática a produção, algo que eles asseguraram que teria. E isso fez com que tivéssemos diversas reuniões para mudar o contrato, por em pauta os pós e os contras da continuidade dessa fusão e principalmente onde conseguiríamos o equipamento que faltava. No fim de tudo não resolvemos nada, pois o único lugar que conseguiríamos o equipamento era nas Indústrias Wayne e eu não estava no clima de lidar com Bruce e sua cantadas descaradas. Se eu comprasse a peça ou o equipamento com o Wayne, a QC seria a única provedora do projeto cortando laços com a Star, e isso não estava agradando Harrison Wells.

⁃ Isso pode mudar o mundo da tecnologia, Lissy - Curtis tentou me convencer de ir até Bruce - A Queen Consolidated pode ser a mãe da tecnologia, e quando eu digo “mãe” é porque você está de frente da empresa e…

⁃ Curtis, - falei - eu posso mandar você falar com o Sr. Wayne - sorri sendo irônica

⁃ E-eu, chefinha?

⁃ Sim.

⁃ Mas ele gosta do que tem entre suas pernas - apontou para mim - e não do que tem entre as minhas - devagou suspirando

⁃ Eu já decidi - me levantei - Se a Star Labs quiser, ela pode ir atrás deles.

⁃ Mas eu escrevi o projeto - falou e eu levantei as sobrancelhas - Nós dois - sorriu amarelo - Eles só forneceriam os equipamentos, que por sinal eles não tem… O mérito não pode ser dele - fez careta

⁃ E o que precisamos para fabricar?

⁃ A peça que Wayne vende ou o próprio equipamento - sorriu amarelo

⁃ Precisamos do maldito - bufei

⁃ Precisamos.

Curtis era o xodó do meu pai, tudo que papai precisava na empresa - inclusive fazer _coisas_ por minhas costas - ele corria para Curtis e tudo que papi pedia, o Holts fazia. Mas meu amigo era uma pessoa muito inteligente, junto com ele eu projetei um chip que poderia fazer uma espinha óssea voltar a funcionar, possibilitando um paraplégico a andar novamente, ou um braço imobilizado voltar com suas funções. Como Curtis disse, isso mudaria a tecnologia. Isso colocaria e manteria a QC no topo. Eu não podia deixar isso passar só por causa de um canalha feito o Wayne. Estávamos na sala de reuniões da empresa, era cedo, e eu não conseguia sossegar até resolver essa pendência.

⁃ Pede para a minha secretária marcar uma reunião para mim e para Bruce na próxima segunda-feira. - suspirei me dando por vencida - Por favor

⁃ Boa garota - sorriu se levantando - Espero que de tudo certo

⁃ Eu também- sorri - Obrigada, Curtis

⁃ Obrigada você por dar ideia as minhas maluquices.

⁃ A sua maluquice vai mudar o mundo - pisquei e ele saiu da sala

Não sei quanto tempo passou, eu estava revisando e assinando umas papeladas que acabaram ficando pendentes devido ao tempo que eu perdi tentando resolver a questão do projeto. Trabalhar era um alívio, era reconfortante e me fazia pensar pouco na dor que eu sentia. Eu não saia, era trabalho e casa, casa e trabalho. Thea tentava me arrastar para um shopping, mamãe para um salão de beleza ou spa, papai para um passeio de barco… Mas eu não aceitava nenhum, eu não me dava ao luxo de relaxar, eu não me dava ao luxo de pensar algo além de burocracia e reuniões. Se não tudo voltava, inclusive os sonhos. Aqueles sonhos. Com a pessoa que eu não ousava dizer o nome. Se não tudo desmoronava novamente.
Meus sonos tem sido tão pesados que não havia tempo de sonhar ou se eu sonhava, eu não lembrava. Então se cansar de tanta trabalhar era a solução, era isso que eu faria.

Depois que papai me convenceu de não surtar por ele trabalhar na empresa prometendo que eu não o veria, eu aceitei e realmente eu não o vi. Escutei pelos corredores suspiros sobre como o novo funcionário era um Deus. Eu bufava toda vez que ouvia tal comentário. Eu não entendia que efeito era esse que aquele homem causava nas pessoas.

Não entendia que efeito era esse que ele causava em mim.

Olhei a hora em meu celular quando a minha barriga começou a dar sinais de fome. Suspirei. A hora havia voado. Contradizendo os outros dias que passaram arrastado. Mandei uma mensagem para a minha secretária pedindo que providenciasse algo para eu comer onde estava, quando encerrei o áudio ouvi a porta da sala de reuniões rangendo e me deparei com um pequeno ser de cabeleira loira adentrando no recinto. Franzi a sobrancelha e ri para o garotinho que que olhava assustado.

⁃ Você não é o papai - ele falou chegando mais perto de mim e franzindo o senho

Ri lembrando do desenho em que o pequeno dinossauro dizia “Não é a mamãe!”

⁃ Com certeza eu não sou o seu pai.

⁃ Mas você é uma princesa? - falou me encarando - Eu estava com medo, mas aqui não estou mais com medo não - o menininho loirinho de olhos azuis se embolou com as palavras e eu sorri ainda mais.

Ele me parecia tão familiar…

Ser criança era tão bom, a inocência, as brincadeiras… Quando eu era criança eu costumava correr pelos corredores desse prédio, todos deixavam eu fazer o que eu queria. Achavam fofo. E por ser filha do dono, ninguém ousava reclamar. Mas eu não era uma criança arteira, gostava de ficar onde tinha tecnologia, robótica e computadores. Thea sim, Thea bagunçava tudo. Bagunça até hoje.

⁃ Eu não sou uma princesa, meu nome é Felicity - falei largando a caneta e colocando as papeladas de lado - Mas e você?

⁃ Eu sou o Connor - falou se sentando na cadeira ao meu lado - Eu não sei falar o outro nome direito - ri com a dicção daquela pequena criança - Eu só tenho 4 - fez com os dedinhos - aninhos.

⁃ Já é um rapazinho então - sorri. Para falar a verdade eu estava um pouco nervosa. Eu nunca tive contato com crianças, quando Thea nasceu eu também era criança. - Gosta de desenhar, Connor? - ele assentiu - Quer? - ele assentiu novamente. Lhe dei uma folha em branco e uma caneta. Eu esqueci completamente de perguntar a aquela criança de onde ela veio. Provavelmente fugiu da ala Pais e Filhos que havia no 5º andar ao lado da lanchonete. Ele estava seguro no prédio. O observei por um tempo, ele desenhou umas coisas desconexas e eu ri. Eu não tinha jeito nenhum com crianças mesmo. - Que lindo! - falei

⁃ Mas você nem sabe o que é - ri com o que ele disse, uma criança de 4 anos estava me dando um fora.

⁃ O que desenhou? - acariciei seus cabelos loirinhos e macios

⁃ Você, Licity - olhei terna para ele sentindo meu coração se aquecer

⁃ Eu?

⁃ Sim - sorriu mostrando seus dentes branquinhos e pequenos. Analisei o desenho, e realmente ele havia me desenhado. Fez meus óculos, com o marca texto amarelo fez o meu cabelo, e com a caneta azul pintou meus olhos. Sorri encantada.

⁃ Está lindo, campeão! Obrigada! - ele sorriu abertamente satisfeito com o elogio - Então eu vou colocar essa obra de arte presa na parede do meu escritório. Você bem comigo?

⁃ Meu pai vai me achar depois?

⁃ Vai sim! Eu te levo até ele - garanti e ele assentiu pegando a minha mão

Quando entramos na minha sala eu escrevi o nome de Connor no papel e com um durex colei na parede atrás da minha mesa. Não havia combinado nada com a decoração, mas ali parecia o lugar certo para aquele desenho.

E quem reclamasse seria demitido, pensei brincando

⁃ Gostei - Connor falou admirando sua obra de arte presa na parede

⁃ Eu também - olhei para o desenho - Abstrato

⁃ O que é isso?

⁃ Despois você pergunta para o seu pai - sorri amarelo e ele aceitou a resposta

Duas batidas foram ouvidas na porta e uma Alena sorridente apareceu com uma embalagem de comida. Por mais que estivesse sorrindo, nos olhava sem entender para a cena a sua frente.

⁃ Oi chefinha - falou colocando a embalagem na mesa - Oi loirinho

⁃ Eu não sou loirinho - Connor falou se ofendendo - Eu sou Connor

⁃ Ouviu não é, Alena? - falei séria segurando o riso - Ele não é loirinho

⁃ Oh! Desculpe, Sr. Connor - Alena fez uma reverência engraçada e o menor riu

⁃ Eu também não sou senhor - mexeu as mãozinhas para cima e para baixo - Eu sou só Connor - e riu

⁃ Tudo bem você dois - peguei o pequeno no colo não resistindo ao contato, e ele se encaixou ali perfeitamente - Você já almoçou? - ele negou com a cabeça - Então, Alena trouxe macarrão e almôndegas para mim com suco de laranja, você gosta? - ele assentiu - Ótimo! Então vamos almoçar.

Alena foi correndo atrás de um talher, um pratinho e um copo para que meu pequeno visitante pudesse se alimentar também. Coloquei nossa refeição na mesinha de centro e sentamos no chão. Era engraçado ver alguém tão pequeno comendo sozinho e se sujando todo. Alena foi almoçar também, mas com a missão de que quando voltasse teria que encontrar o pai de Connor.

Poucas coisas me mantinham sorrindo o tempo todo, me mantinham calma sem pensar demais em trabalho ou nas minhas dores. E o pouco tempo que eu passei com aquela criança, pareceu que não existia mais nada. Apenas eu e o pequeno Connor em uma bolha de desenhos, risadas e sujeira de macarrão.

⁃ Eu sou o The Flash - ele gritou enquanto corria de um lado para o outro na minha sala

⁃ Eu sou o Arrow - falei fingindo lançar uma flecha em sua direção, e o mesmo tratou de correr se desviando. - Você falhou com essa cidade… - tentei aceitar mais uma flecha imaginária, porém ele correu ainda mais - Cuidado para não cair - adotei uma postura mais séria ficando preocupada com a velocidade que ele corria

Depois do almoço ele me pediu para brincar de super heróis, eu como uma boa nerd do mundo comics rapidamente adotei a ideia. Perguntei seu herói favorito e ele admitiu ser o The Flash, pois segundo ele era mais engraçado, já o Arqueiro era sério e lembrava o pai brigando com ele. Com isso eu tive que assumir o manto verde e tentar acertar flechas no Flash loiro que corria em volta da minha sala.

⁃ Eu não vou cair, Licity. - falou correndo - Heróis não… - e caiu

Congelei ao olhar o menino no chão, que batera a cabeça com força e chorava. O seu rostinho extremamente branco agora estava vermelho, seu olhar que era extensão do seu sorriso agora estava marejado com grossas lágrimas. Eu não sabia o que fazer, eu estava com medo de algo pior ter acontecido ao meu pequeno amiguinho.
Corri até ele desesperada e o levantei do chão. Olhei todo seu corpinho e reparei um corte em sua testa, o seu cabelinho loiro estava grudado no corte e sujo de sangue. Arrastei o cabelo para trás e observei que o corte começava a escorrer mais sangue. Eu não sabia o que fazer, não sabia mesmo. O menino chorava ainda mais me olhando com os olhinhos suplicantes. Tirei o blaser rosa que eu vestia e coloquei no seu ferimento.

⁃ Segura aqui, tá bom? - ele assentiu. Peguei ele em meu coloco, peguei minha bolsa e as chaves do carro. - Não chora - sussurrei correndo para o elevador - Sei que está doendo, vou te levar para fazer um curativo - dei um beijo em sua bochecha apertando impaciente o botão do elevador, quando as portas se abriram uma Alena apareceu nos olhando assustada - Ache o pai dele - falei entrando no elevador enquanto ela saia assentindo, apertei o botão do estacionamento - Starling General - gritei e as portas se fecharam.

⁃ Licity, tá doendo - fungou - Eu quero o meu papai

⁃ Eu sei querido, eu também quero - suspirei nervosa. O pai dele saberia o que fazer, eu estava desesperada. - Mas prometo que a dor vai passar e seu papai vai nos encontrar. - o abracei e ele parou de chorar encostou sua cabeça na minha, senti seu corpo ficando mole e a respiração mais leve. Eu podia não ser mãe, mas eu sabia que quando se batia com a cabeça não era recomendado dormir - Ei, campeão, não dorme - supliquei e ele me olhou sem entender - Vamos fazer uma aposta?

⁃ Sim - falou fraquinho

⁃ Se você não dormir, eu vou comprar um sorvete para você - ele sorriu gostando da ideia - Eu aposto que você dorme

⁃ Não vou dormir não - riu - Rir dói

⁃ Eu sei, amorzinho - cheirei seus cabelinhos, tinha cheiro de morango. Um cheiro infantil. Tão bom. Tão calmante. - Vai ficar tudo bem - as portas do elevador se abriram e eu corri para o meu carro. Prendi Connor com o sinto de segurança e pedi para que ele não tirasse o pano da cabeça e também que não dormisse, pois perderia a nossa aposta. Ele foi um bom garoto, ele se comportou o caminho todo, já havia parado de chorar, mas seu rostinho inchado denunciava. Estacionei em uma vaga qualquer e rezei para que fôssemos atendidos logo.

Corri com ele para a emergência e logo uma enfermeira veio ao meu alcance perguntando o aconteceu, expliquei e ela tirou ele do meu colo. Connor começou a chorar de novo e eu não gostei daquilo, eu queria segura-lo, eu queria dar apoio a ele, carinho, queria que soubesse que eu estava ali e que ele não precisava chorar. Então sem saber se podia ou não, corri até o local onde a enfermeira havia entrado com ele. O mesmo chorava me olhando suplicante, aquilo acabou comigo.

⁃ Qual o nome dele? - a enfermeira mau humorada perguntou

⁃ Connor - falei

⁃ Connor o que?

⁃ Eu não sei - suspirei

⁃ Ele não é seu filho? Como esse menino foi parar com você? Cadê os documentos dele? Acha que só porque é rica está a cima da lei? Você está com uma criança e não sabe o sobrenome dela?

⁃ É Smoak - a voz soou atrás de mim me fazendo congelar - O nome dele é Connor Smoak

⁃ Papai - os olhos de Connor brilharam ao olhar o homem atrás de mim, eu sabia quem era, mas eu não podia acreditar.

O destino colocou no meu caminho logo o filho dele? Eu estava completamente apaixonada por aquela criança, e a criança era dele… Não que isso fizesse meu encantamento por Connor diminuir. Nunca! Mas isso com certeza era algum jogo de mal gosto do destino. Eu imaginaria qualquer pai para aquela criança, menos aquele pai. Reparei bem em Connor e sim, ele era a cara daquele pai.

Ele era um mini Oliver.

A enfermeira pareceu contente com a resposta de Oliver e analisou Connor por inteiro. Me perguntou o que aconteceu e eu contei, disse que ele estava correndo e Connor de corrigiu dizendo “Eu não estava só correndo, Licity, eu estava correndo como o Flash” arrancando risadas minha e de seu pai, até a enfermeira carrasco deu uma risada. Ela disse que o ferimento não pedia pontos, porém era mais seguro dar pontos, pois cicatrizaria mais rápido e não correria risco de impactos que pudessem piorar a situação. Nessa hora eu me atrevi olhar para Oliver. Seu rosto estava tenso olhando para a enfermeira dando pontos no filho. Me permiti olhá-lo um pouco mais. Ele era tão lindo e…

⁃ Obrigado - suspirou ainda olhando para o filho

⁃ O que? - perguntei séria sem entender construindo a típica barreira quando se tratava dele

⁃ Pelo elogio - falou sério com os olhos caindo em mim - Não e todo dia que dizem que sou tão lindo

⁃ Eu não disse isso - disse ríspida ficando encabulada e ele riu, olhei para Connor que sorria para mim, retribui relaxando a minha postura e me aproximando dele quando a enfermeira terminou o procedimento, pelo canto dos olhos eu reparei que Oliver encarava nós dois com um olhar sério. Provavelmente com medo do que eu iria fazer com o filho dele - Você foi forte, e não dormiu - sorri para o menino

⁃ Eu falei - riu - E o meu sorvete?

⁃ Connor… - Oliver começou cruzando os braços. Não pude deixar de reparar o quão seus músculos eram evidentes naquela blusa social branca.

⁃ Não, Oliver - falei o olhando do Smoak menor para o Smoak maior - Eu prometi - olhei novamente para o pequeno - Disse que se ele não dormisse até chegar aqui, ele ganharia um sorvete - Connor me olhou cúmplice - E ele ganhou a aposta - sorri paga o pequeno que me abraçou me pegando de surpresa. Fechei os olhos sentindo novamente seu cheirinho e retribui o abraço. - Que bom que está bem, The Flash, você me deu um susto. - relutantemente me desvencilhei dos braços de Connor e beijei sua testa - Eu prometi também que seu pai viria - Connor assentiu - E ele já está aqui. Então eu já vou indo.

⁃ E o sorvete?

⁃ Seu pai vai te levar, não vai Oliver? - olhei para o Smoak maior que nos encarava intrigado. Tão intrigado e perdido em pensamentos que demorou a perceber que falávamos com ele. - Oliver? - me olhou sem entender - Você leva o Connor para tomar sorvete, não leva?

⁃ Assim que sairmos daqui. - o Smoak menor se deu por satisfeito e eu dei um beijo em sua testa em despedida. Mas a minha real vontade era ficar ali agarra naquele pequeno ser de testa rasgada e entupi-lo de sorvete. Caminhei até a porta dando um olhar frio para Oliver que me surpreendeu segurando a minha mão. Aquele toque novamente, aquele toque que formigava. Rapidamente a minha cabeça me levou ao episódio do cemitério, quando ele encostou em mim e em choque passou por todo meu corpo me deixando extremamente nervosa com aquela sensação. De novo. De novo sei toque me fazia ficar arrepiada e nervosa. Sem ar. Olhei para ele sem entender - Obrigado - abri a boca para retrucar, dizer que eu não havia chamado ele de lindo e nem nada do tipo, mas Oliver foi mais rápido - Obrigado por ter socorrido ele, cuidado ele.

⁃ Eu fiz o que devia ser feito - sorri, acho que aquela era a primeira vez que eu lançava um sorriso para aquele homem - E é fácil se apaixonar por ele - Oliver sorriu de volta, um sorriso lindo. Que me fez suspirar e sair de perto dele o mais rápido possível. Puxei a minha mão e ainda até a recepção do hospital, eu sabia que Oliver havia entrado a pouco tempo na empresa, porém eu queria assegurar que a QC arcasse com qualquer gasto que Connor tenha devido ao seu pequeno acidente. A recepcionista me levou ao setor financeiro e lá eu expliquei a uma simpática moça o motivo de eu estar ali - Quando custou os procedimentos realizados em Connor?

⁃ Senhorita Queen, vejo que Connor contém mais uma dívida com o hospital - ela era esperta, sabia que eu tinha dinheiro, sabia que essa divida nada tinha haver com o acidente que ocorrerá hoje na empresa. Mas mesmo assim colocou em pauta, provavelmente na esperança de que eu arcasse. Suspirei. Depois de hoje eu faria de tudo pelo pequeno.

⁃ Quanto e qual motivo?

⁃ O mesmo de hoje, ele levou pontos na cabeça por estar correndo na escola - sorri, aquele carinha realmente pensava que era o The Flash. - Porém a queda na escola foi mais grave, ele precisou fazer mais exames, incluindo ressonância e…

⁃ Tudo bem, minha querida - estendi o meu cartão - Débito.

POV Oliver

Aceitar o emprego na empresa dos Queen fora realmente uma das melhoras coisas que aconteceram nos últimos meses. O meu cargo era de extrema importância para o setor e fora fácil a adaptação, com dois dias de treinamento eu já consegui me adaptar as minhas funções e parei de precisar de alguém me orientando. Eu devia administrar todo o funcionamento do RH, reclamações, necessidades de contratação para os outros setores e denúncias - algo que eu levaria diretamente a advogada da empresa, Laurel Lance Merlyn, simpática e receptiva. Acima de mim estava o supervisor do setor, Alex Davis, ele que tratava de questões que seriam necessárias passar para a CEO da empresa. Felicity. Fiquei feliz por não ser eu a fazer isso. Ela não ficou muito contente em saber que eu tratabalharia na empresa dela. Mas eu não ligava. Eu tinha um emprego, eu tinha até a minha própria sala. Eu podia juntar o dinheiro para poder finalmente pagar a dívida de Connor no hospital, e todas as outras que atrasaram com o meu tempo desempregado.

A agonia e a culpa daquela noite ainda estava constantemente comigo. Porém isso não interferiu no meu emprego e isso foi um alívio. Robert Queen queria realmente me ajudar no fim das contas. Eu soube que a empresa costuma pegar pessoas na mesma situação que eu e dar oportunidades. Robert vira algo em mim, e eu queria fazer com que ele não se decepcionasse.

Mamãe ficara feliz com a minha conquista, mas disse que não admitiria se eu fosse destratado pela “patricinha mimada” - segundo ela - que comandava a empresa. Donna ficou mais aliviada ao saber que eu não precisaria ter contato com a presidente. Connor ficou extremamente impressionado quando eu disse que tinha a minha própria sala, e que na empresa havia a ala Pais e Filhos, uma espécie de creche onde as crianças poderiam ficar para os pais trabalharem despreocupados. E após uma semana de trabalho, Connor ficara de férias da escola, férias de verão. E ele estava em cólicas por poder ir finalmente conhecer o trabalho do papai.

Naquela manhã eu preparei tudo, um lanche para ele, mudar de roupa e brinquedos na mochila. Conversei que ele deveria obedecer as monitores da creche e não sair de lá por nada. Mesmo protestando dizendo que queria conhecer todos os andares. Se aquietou quando eu disse na hora do meu almoço levaria ele para um tour. Fiz o cadastro de Connor na creche dando o meu número e o da minha mãe, dei o andar em que eu estava e o ramal do telefone da minha sala. Olhei pelo vidro e vi meu pequeno campeão se enturmando com as outras crianças. Trabalhei em paz, sabendo que estava fazendo o que gostava e finalmente minha vida entraria nos eixos. Meu principal foco era nunca deixar nada faltar para meu filho. Ele era prioridade.

Um pouco antes da hora do almoço eu senti o meu mundo desabar. Um segurança havia me avisado que Connor havia fugido da creche. Mas tentou me acalmar dizendo que não havia perigo, pois do prédio ele não sairia. Aquele cara com certeza não era pai, como não havia perigo uma criança de 4 anos sozinha em um prédio enorme? O elevador em si já era um enorme perigo, e as escadas…? Eu me desesperei pensando no pior. Perdemos um grande tempo vasculhando todo o andar da creche, até que o chefe de segurança John Diggle, apareceu. Ele disse que comandava toda a segurança desde o prédio até o guarda costas pessoal da família. Eu o reconheci… Ele estava lá, naquela noite…
John me levou até a sala das câmeras e olhamos todas, até que não deparamos com a sala da presidência e John riu alto ao ver a cena. Eu estava tão nervoso que demorei para entender o que estava acontecendo. Foi então que eu vi, e um sorriso besta apareceu em meus lábios.

Felicity fingia soltar flechas na direção de um Connor serelepe que corria em volta dela. Eu nunca a vi rir tanto daquela forma, um sorriso verdadeiro, um sorriso sem mágoas e sem ressentimentos. Ela parecia uma verdadeira criança junto ao meu filho. Eles conversavam algo que não dava para entender e logo ela assumiu uma postura mais séria, provavelmente mandando ele parar de correr tanto, e o mesmo corria ainda mais . Ri com isso, Connor se sentia a vontade com ela e vise versa. Até que ele caiu e começou a chorar, deixando Felicity paralisada e com o olhar tenso.

⁃ Ele caiu - falei

⁃ Vai lá, cara - John falou observando a chefe dele em choque e sai correndo até o vigésimo andar. O elevador demorou muito para chegar e eu decidi ir de escadas. Corri como se a minha vida dependesse disso. E dependia. Ao chegar lá eu vi a secretária de Felicity falando estressada com alguém no telefone.

⁃ Eu preciso achar o pai do garotinho - suspirou irritada - Um menino some da creche e vocês não avisam a chefe? - se calou assentindo - E quem é o pai dele?

⁃ Sou eu - falei tirando o telefone das mãos dela e desligando - Cadê eles? - perguntei olhando atrasáves da enorme parede de vidro para o escritório todo bagunçado de papel e caneta e macarrão derramado na mesinha de centro

⁃ Ela levou o Connor para o Starling General - falou e eu assenti indo para o elevador - Se correr encontra com eles no estacionamento - gritou quando as portas se fecharam. Eu estava nervoso, meu filho havia caído, e para precisar ter ido para o hospital, deveria ser algo bem grave. Suspirei passando minhas mais no rosto, exausto. O dia começou tão animado e já havia se tornado um furacão. E nem era 14:00 da tarde ainda. Quando as portas se abriram eu corri para a vaga de Felicity e vi o carro saindo do estacionamento. Corri para o meu carro e dei a partida rápido. Dirigi feito um louco pelas ruas até que acabei estacionando ao lado do carro do dela. Sim, eu sabia qual era o carro dela, eu sabia qual era a vaga dela, eu sabia a hora que eu chama na empresa. E sabia que era a última a ir embora… Ela causava isso em mim, essa curiosidade de saber sobre ela. Eu só evitava o vigésimo andar, pois eu sabia que ela não queria me ver nem pintado de ouro. E o destino colocou o meu filho na sala dela.

⁃ … menino foi parar com você? Cadê os documentos dele? Acha que só porque é rica está a cima da lei? Você está com uma criança e não sabe o sobrenome dela? - cheguei na hora que uma enfermeira falava rispidamente com Felicity que estava assustada olhando dela para a feriada na testa do meu filho.

⁃ É Smoak - falei paras atrás dela e sentindo ela ficar rígida - O nome dele é Connor Smoak

⁃ Papai - os olhos de Connor brilharam ao me olhar, e sorri aliviado vendo que o ferimento não era motivos de ponto. Sorri ainda mais ao notar o cuida que ela tivera com meu filho, a preocupação de trazê-lo no hospital mesmo não sendo algo que necessitasse a vinda na emergência.

A enfermeira explicou o que eu já sabia, Connor não precisava de pontos, mas mesmo assim ela deu. Eu sabia que quanto mais procedimentos fossem feitos, mais cara seria a conta do hospital. E isso me fez ficar sério, já havia um débito no nome do meu filho naquele mesmo hospital. Agora seria mais uma. Mais uma preocupação. Mas pelos menos meu filho está bem.

⁃ Tão lindo - ouvi um suspiro vindo de Felicity e olhei de rabo de olho que ela me encarava. Prendi o riso. Isso era novo. Ela não me odiava afinal? Suspirei.

⁃ Obrigado - pedi olhando para Connor. Agradeci não só pelo elogio, que com certeza ela não tinha noção de que tinha proferido as palavras, mas também agradeci pela preocupação com Connor.

Como eu havia imaginado. O singelo elogia fora um pensando involuntário que escapou de seus lábios rosados. Ela desconversou voltando a atenção para o meu filho, eles começaram uma conversa e eu fiquei intrigado em como Felicity tratava Connor. Dava para ver a devoção com que ela olhava para o menino, e eles haviam passado apenas algumas horas juntos. O sorriso que ela lançava para ele, o carinho que ela demostrava ter. Eu nunca havia presenciado um momento assim entre Connor e a mãe dele, Samantha. Nunca. Ela sempre deixava claro que ter tido o bebê era uma burrada. E Felicity ali, com um sorriso bobo encantada com o meu garotinho. E eu era grato por isso. Eu sabia que ela me odiava, sabia que sentia rancor por mim. E mesmo sabendo que aquela pessoinha era meu filho, mesmo assim ela não deixava esconder o carinho que sentia. Talvez, talvez ela realmente não fosse aquela pessoa má e rancorosa que deixa transparecer, talvez todas as palavras referidas a mim fossem realmente o luto falando, o desespero, a dor. Me permiti acreditar que aquela mulher que sorria abobalhada para Connor não seria capaz de fazer mal a ninguém. A peguei dando um longo cheiro em seus cabelos, e após esse feito seu semblante mais tenso se esvairou.

Connor era calmaria.

Eu sabia disso muito bem.

Prometi que levaria Connor para tomar sorvete, mas eu tinha consciência que ele merecia era um castigo por ter fugido da creche. Pelo desespero que me fez passar. Ela se despediu do meu filho e o mesmo cercou ela com seus bracinhos, eu sabia que ele não queria deixar ela ir. E ela parecia não querer ir também. Quando Felicity passou por mim eu não resisti, segurei uma de suas mãos e senti um choque percorrer todo meu corpo. Ela também sentiu, como no cemitério, ela sentiu. Felicity me olhou assustada.

⁃ Obrigado - falei simples e ela corou levemente fazendo menção de falar, mas fui mais rápido, eu não queria discutir ou ouvir quaisquer desaforo. Apesar de achar que ela não seri ríspida na frente de Connor - Obrigado por ter socorrido ele, cuidado ele.

⁃ Eu fiz o que devia ser feito - sorriu lindamente, acho que aquela era a primeira vez que ela lançava um sorriso daqueles para mim - E é fácil se apaixonar por ele - sorri de volta. Sustentando o sorriso dela, que tão breve puxou a mão me dando as costas e sumindo pelo corredor.

Respirei fundo indo até meu filho, quando ela saiu pareceu que ali ficou vazio demais. Joguei esse pensamento para longe e olhei sério para o pequeno arteiro.

⁃ Você sabe que o que fez foi errado, não sabe? - falei sério e ele assentiu abaixando a cabeça - Você não pode sair sozinho sem a supervisão de um adulto

⁃ Eu estava com a Licity, papai

⁃ Licity? - perguntei tentando segurar o riso

⁃ Sim, é o nome dela - sorriu

⁃ O nome dela é FElicity, Connor

⁃ Ah - disse pensativo - Desculpa, papai

⁃ Promete que não fará isso de novo?

⁃ Eu posso ver a Licity de novo?

⁃ Conversaremos sobre isso depois - ele assentiu quando a enfermeira voltava para o quarto. Eu particularmente nem percebi quando ela saiu.

⁃ Sr. Smoak - falou estendendo uns papéis para mim - Aqui está a receita, ele deve tomar esse remédio para dor por 3 dias, de 8 em 8 horas. Se as dores persistirem, dê de 6 em 6. Se não melhorar, volte para uma consulta. - mostrou o nome no remédio na receita eu assenti - Preciso que assine alguns papéis, burocracias - me entregou - Leia e assine, voltarei para buscar. - os papéis eu já conhecia, era minha autorização para os pontos e arcando com a dívida que o procedimento acarretava. Mas um papel ali entre tantos me chamou atenção.

QUITADO” estava escrito “Declaramos que Connor Clayton Smoak quitou com este estabelecimento quaisquer dividas existentes

Olhei incrédulo para aquele papel. Como? Ou melhor… Quem? Eu sabia quem, mas não queria acreditar.

Olhei as assinaturas em um outro papel, um recibo. Com todos os valores. Do dia em que ele caiu na escola e hoje. Valor pago a vista, no débito.

Assinatura do pagante: Felicity Megan Queen”

Ela não podia ter feito isso.


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Notas finais do capítulo

Gente eu queria agradecer ao retorno que tenho tido. Eu continuei a fic achando que ninguém ia ler rsrs
Amo ler os comentários de vocês.
Por favor não parem de comentar… E você que NUNCA comentou, não se acanhe!!!

O que acharam? Acho que vem treta aí ein!?

Ahhh!! Gente toda vez que eu escrevo o Connor me vem na mente o Dylan Thomas Sprouse quando criança no filme “O Paizão”.

Link da foto pra quem tiver curiosidade: https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcQS0zvWz1_gtxn3eCqWE-MBVkWrnPRh44GXsQ&usqp=CAU



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