Vontades do Destino escrita por MayDearden


Capítulo 12
Revelação




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POV ESPECIAL Robert 

Eventos beneficentes não estava na minha lista de afazeres favoritos. Não que eu não goste de ajudar quem precisa, mas ter que sorrir forçado para a elite de Starling City não estava na minha… Como Thea falava? Ah! Top 10 coisas favoritas.

As pessoas são fúteis, egocêntricas… Me xingo toda vez que me lembro de como eu era no passado, antes de Felicity nascer. Fútil, egocêntrico, machista e infiel. Continuei sedo infiel por muitos longos anos, mas tentei me redimir nas outras “qualidades”. Não queria que minha filha me odiasse, e quando Thea chegou so serviu pra reforçar minha necessidade de ser alguém melhor. E depois do seu acidente e quase morte, eu prometi que mudaria. E mudei. Pena que foi tão tardia essa mudança.

⁃ Querido, não torça o nariz para os convidados - Moira sussurrou abraçando meu braço enquanto eu revirava os olhos para um ministro de alguma coisa que acabara de sair de perto da gente

⁃ Eu não aguentava mais ouvir sobre a maravilhosa ilha que Adam havia comprado - falei baixinho observando as costas do homem que se distanciava e ela riu

⁃ Vocês vão comprar uma ilha? - Thea se aproximou saltitando com Roy em seu encalço

⁃ Não - fui rápido em responder - Na verdade não seria uma má ideia…

⁃ Nem pensar, Robert - Moira se distanciou olhando sugestivamente para mim - Vou reler meu discurso - e saiu

⁃ E a ilha?

⁃ Aniversário - sussurrei e minha filha começou a pular de alegria. Eu sabia que comprar uma ilha não seria nada fácil, Felicity nunca ia deixar. Mas se eu falasse que Connor ia amar, ela toparia. E por falar em Felicity… - Onde está sua irmã?

⁃ Transando. - arqueei a sobrancelha

⁃ Thea! - Roy repreendeu

⁃ O que? - ela usou uma voz angelical - Com o Oliver - deu de ombros

⁃ Não quero saber das intimidades da sua irmã - falei fazendo careta

⁃ Suas filhas transam, papai - piscou - Aceite isso - e rebocou o namorado para o meio das pessoas.

Bufei em irritação, eu não gostava desses assuntos.

Eu gostava dos relacionamentos atuais das minha filhas, mas eu também adorava o Billy. Ele era uma pessoa excepcional, boa e caridosa. Trabalhador e de boa índole. Mas eu sabia que Felicity não o amava, não como ela ama Oliver. Minha filha mais velha havia se acostumado com Billy, ama o que tinham. A estabilidade, os planos, a caradagem. Foi por isso que me casei com Moira, era o que tínhamos no início. Ela não era o amor da minha vida, mas se tornou. Hoje em dia eu não me vejo sem ela, depois de muitos anos de casado eu permiti amá-la e enxerguei a mulher e mãe maravilhosa que ela era. Ela merecia que eu beijasse o chão que ela pisasse, apenas pelos sapos que engoliu por todos esses anos.

E com aquele pensamento no passado, relembrando os meus erros, assustei com o fantasma que vi adentrando no salão.

Isabel Rochev trajava um vestido vermelho cor sangue, os anos não apagaram a sua beleza e sensualidade. Antigamente eu cairia feito um cachorro aos seus pés. Hoje, ao vê-la, meu único instinto fora pensar e procurar Moira. Isabel estando aqui, boa coisa não significava.

A quase 30 anos eu não via essa mulher.

E eu não ia deixar ela fazer inferno depois quase 30 anos.

Andei rápido até pequeno palanque e encontrei minha esposa sentada em uma poltrona lendo seu discurso. Ela estava linda com aquele vestido, a deixava ainda mais jovem. Como se os anos não tivessem passado para ela.

⁃ Querida - falei puxando o papel de sua mãos, a mesma franziu o cenho

⁃ Robert - reclamou - Eu sei que odeia esses eventos, parece Felicity, mas eu preciso falar lá na frente. Então me deixe gravar - pegou o papel de volta

⁃ Moira, Isabel está aqui… - falei por vez e vi o rosto de minha esposa ficar pálido

⁃ O que? - olhou ao redor da multidão, mas Isabel parecia ter sumido. Nos olhamos em silêncio por alguns minutos, minha esposa parecia que ia explodir de raiva, até que escutamos uma voz ecoar pelo recinto.

⁃ Boa noite a todos! - olhamos para o palco e lá estava o meu inferno pessoal - Sou uma ex-aman…amiga de Robert Queen e tenho um recado para todos vocês…

⁃ Robert - Moira rosnou - Tira essa mulher la de cima, antes que eu cometa uma loucura.

Sem pensar duas vezes, corri para o palco.

⁃ … Eu passei por momentos traumáticos junto de Robert e Moira e hoje eu gostaria de retribuir esses momentos. Quero presentea-los em agradecimento a tudo que fizeram no passado… - subi no palanque acenando e segurei no braço de Isabel com certa força, mas sorrindo forçado paga a plateia que nos olhavam intrigados - Ah, Robert - sorriu

⁃ O que você pensa que está fazendo? - sussurrei com ódio baixo o suficiente apenas para ela ouvir. Ela apenas mantinha um sorriso aterrorizante no rosto. Peguei e o microfone de sua mão - Isabel é uma ex-funcionária da empresa, e está muito emocionada com os avanços que temos tendo. Em agradecimento ela doou uma grande quantia paga os postos de saúde dos Glades - menti - Façam o mesmo! Palmas para ela! - e todos aplaudiram parecendo satisfeitos com a minha explicação. Isabel apenas continua sorrindo.

A puxei pelo braço até a parte de trás do palanque, Moira não fazia nenhuma esforço para esconder a raiva que sentia. Thea e Roy estavam lá com ela e minha filha mais nova também não fazia muito esforço para esconder seu desgosto. Isabel apenas ria, algo me dizia que o seu show ainda não tinha acabado.

⁃ O que você está fazendo aqui? - a peguei pelo braço com força

⁃ Ah, meu amor, como senti sua falta - riu jogando um beijo no ar para mim

⁃ Ah! Sua vaga… - Moira avançou com a mão estendida pronta para um tapa, mas foi impedida por Thea

⁃ Mãe, é isso que ela quer, um show - segou a mãe - Não dê isso a ela

⁃ Thea está certa, Senhora Queen - foi a vez de Roy se manifestar - As pessoas estão olhando pra cá

⁃ Acho que todos aqui devem ouvir o que tenho a dizer - Isabel começou elevando o tom de voz - Onde está Felicity, afinal? A sua amada filhinha.

⁃ O que você quer com ela? - rosnei forçando o aperto em braço, ao mesmo tempo em que minha esposa dizia:

⁃ O que quer com minha filha?

⁃ Vocês querm que eu diga em público?

Arrastei Isabel pelo salão sem me importar com os olhares questionadores que eram lançados para a gente. Eu sabia que Moira e Thea estavam em meu encalço e minha filha carregando o namorado junto.

Adentrei em uma sala privada, uma espécie de camarim improvisado - porque tinha isso na empresa? Enfim… -, soltei Isabel e percebi Roy fazendo menção em ficar do lado de fora, mas Thea o puxou para dentro trancando a porta. Ela se sentia segura com ele por perto.

⁃ Diz o que quer e vai embora, por favor - Moira começou entredentes - É dinheiro? Robert faça um cheque…

⁃ Eu não quero dinheiro - riu - Por incrível que pareça, eu não quero - cruzou os braços - Eu vim aqui fazer um grande pronunciamento, mas à família não está completa, não é mesmo? Na verdade ela nunca esteve.

⁃ Do que você está falando? - Thea perguntou

⁃ O menino - respondeu como se fosse óbvio - Falta o menino que Moira e Robert tiveram

⁃ Isabel faça sentido - falei sem paciência - Nós nunca tivemos um menino, e Felicity não está aqui. Ela não vem, que bom que não veio.

⁃ Felicity, Felicity, Felicity… - bufou - Ela é a personificação da felicidade de vocês, não é? Amável, inteligente, uma titã para os negócios, o orgulho do papai. Robert a empresa cresceu tanto depois que ela assumiu, não é mesmo? Um legado passado de geração em geração dessa família… - eu estava começando a perder a pouca paciência que eu ainda tinha

⁃ O que você quer, Isabel? - Moira estava a ponto de partir pra cima dela

⁃ … Todos os CEOs dessa empresa tiveram sangue Queen, é até engraçado dizer isso - riu de novo - Mas a única pessoa que conseguiu em tão pouco tempo trazer tanto lucro pra QC não carrega o precioso sangue azul dos Queen.

⁃ Do que você está falando? - Thea repetiu a pergunta

⁃ Ah! Você carrega… Mas o máximo que conseguiu fazer foi fundar uma boate. Mas Felicity não, eu nem sei de onde ela veio e é um verdadeiro prodígio.

⁃ Felicity é minha filha - Moira praticamente gritou - Pare se falar merda e vai embora daqui. Você já fez muitos estragos, Isabel.

⁃ Será que fiz mesmo? Eu peguei um bebê qualquer e coloquei no lugar do precioso herdeiro de vocês… Ou seja, eu ajudei Felicity a crescer em berço de ouro. Sim, crescer… Poque nascer, ela não nasceu de você, Moira.

Um silêncio castigador pairou pelo ambiente. Observei todos os rostos ali presente antes de tomar qualquer atitude. Thea estava com os olhos arregalados e a boca em um perfeito O. Roy também tinha os olhos arregalados, mas tapava a boca em surpresa pelo impacto da informação. Moira respirava fundo se segurando para não partir pra cima da morena em sua frente que tinha um sorriso no rosto.

E eu?

Eu esperava Isabel negar tudo que acabara de dizer.

Ela não havia trocado bebê nenhum. Não é? Felicity era minha. Nossa. Minha e de Moira. Como a própria Isabel disse, Felicity era a personificação de nossa felicidade. Eu sempre sonhei em ter um menino, um pensamento extremamente machista, mas quando eu cheguei no berçário e me foi apresentado uma linda menina loirinha e de olhos azuis vibrantes, eu me apaixonei. Me vi de joelhos e entorpecido por um amor que eu não sabia que era possível sentir.

Eu me lembro da primeira vez que ela veio para os meus braços, a primeira vez que toquei em sua pele de bebê, me lembro do seu cheirinho. Felicity era tão minha quanto 2 + 2 eram 4. Felicity era o meu maior orgulho. Eu amava Thea, forte e enlouquecedoramente. Mas Felicity… Felicity tinha… Não sei, meu amor por minha filha mais velha era diferente.

Ela era minha filha.

Isabel só queria causar inferno.

Como se lesse meus pensamentos, Moira falou:

⁃ Isabel, vai embora, você só quer nos desestabilizar. Como você sempre gostou de fazer…

⁃ Não, minha querida, eu realmente quero um fazer inferno. Na verdade eu ja causei… Eu invadi a maternidade e troquei o seu bebê homem por uma bebezinha linda de olhos azuis. O seu filho biológico foi criado pelos pais biológicos da sua adorada filhinha e… - como um raio Moira partiu pra cima de Isabel

Minha esposa gritava, berrava, exigindo que Isabel dissesse que aquilo era mentira. Thea e Roy tentávam a todo custo apartar a briga. Mas Moira havia agarrado com força nos cabelos de Isabel.

Meu coração estava apertado e sangrando naquele momento. Uma parte de mim não queria acreditar mas palavras de Isabel. Quem acreditaria em uma mulher que, do nada, aparece e diz que sua filha não era sua filha de verdade? Ninguém! Pelo menos não sem constatar, provar. Mas eu sabia que ela não estava mentindo. Eu sabia que ela não falaria esses coisas se realmente não tivesse o feito.

Hoje em dia um teste de DNA resolveria a questão, ela não blefaria sabendo que poderíamos tirar a prova a qualquer momento.

Uma ida ao laboratório e pronto.

Isabel não estava mentindo.

É essa constatação me deixou tonto.

Eu sabia que Moira pensava a mesma coisa que eu, por isso estava tão descontrolada. E eu? Eu não conseguia me mexer. Me senti um idiota, estagnado. Assistindo minha esposa atacar minha ex-amante.

Meu mundo girou e aquele cheirinho, o cheirinho que invadiu minhas narinas quando peguei Felicity no colo pela primeira vez, tomou conta de meus pensamentos.

Minha menina.

Minha menininha.

Não era minha?

Não podia ser!

Não era justo com a gente, não era justo com ela.


Mas não importa… Não importa!

Não importa de onde ela vem, não importa… Ela sempre seria minha. Minha garotinha prodígio.

Nada importava.

Apenas meu amor por ela.

Felicity não precisa saber de nada. Não poderíamos acabar com o mundo dela assim.

Segurei as lágrimas que queriam sair a todo custo e me dirigi a Roy que tentava acalmar Moira junto de Thea. Minha filha chorava abraçada a mãe.

Tudo culpa minha.


⁃ Roy, - falei com firmeza - Chama um segurança para para tirar essa mulher daqui.

⁃ Não precisa - Isabel respondeu arrumando o vestido e o cabelo - Já fiz o que vim fazer. - e andou passando por mim, segurei com braço com uma força exagerada - Você está me machucando.

⁃ Nenhuma palavra - rosnei - Não quero que diga nenhuma palavra do que disse aqui, para ninguém!

⁃ Me obrigue - gritou puxando o bravo

⁃ Te mandamos para a cadeia - Thea se pronunciou secando suas lágrimas - Uma vadia que faz esse tipo de atrocidade deve pegar muitos anos na cadeia - falou raivosa

⁃ E como vão provar?

⁃ Temos câmeras - Roy apontou para o pequeno aparelho na parede

⁃ Sua esposa me atacou - apontou para os arranhões no corpo

⁃ Eu tenho certeza - Moira chorou tentando se controlar - Eu tenho certeza que um juiz irá entender o surto de uma mãe ao descobrir o que você fez, sua vagabunda! - e tentou novamente voar para cima de Isabel, mas Roy a segurou

⁃ Sai daqui - falei e assim ela fez

O silêncio pairou pelo pequeno espaço em que estávamos. Moira soluçava, agora em meus braços e Thea, que estava agarrada a Roy, também chorava.

A culpa era minha.

Eu havia trazido esse inferno a nossa família. A vingança de Isabel não afetara apenas a mim, mas sim todas as pessoas que eu mais amava nessa vida.

E tudo por minha culpa.

⁃ Vamos para sua casa, amor - Roy falou beijando a cabeça de minha filha. Ele fazia bem a ela, e isso era muito importante. - Acredito que a festa tenha acabado - minha filha assentiu - Para todos - me olhou e eu assenti

Discretamente avisei a um dos organizadores que Moira havia passado mal e todos entenderam, as doações seriam feitas e festa continuaria sem a gente. Um segurança, a pedido meu, verificou de Isabel havia saído do prédio e ela realmente havia.

Entramos em limousine, fiz questão de John dirigisse - ao confiava nele para algo tão sério -, pedi licença e desculpas fechando a janela que ligava o motorista aos passageiros. Depois eu daria instruções a ele sobre esse assunto.

⁃ E agora? - Thea perguntou se aconchegando no abraço do namorado

⁃ Não podemos contar nada para sua irmã - decidi

⁃ Felicity merece saber - Moira fungou, ela passou muito tempo olhando para a rua, provavelmente pensando no que fazer - Eu conheço a minha filha - disse com firmeza - Ela é minha filha - chorou - Minha menina

⁃ Por isso precisamos poupa-la - garanti

⁃ Desculpe o assunto não diz respeito a mim - meu genro começou - Mas o pouco que conheço de Felicity, é melhor ela saber por vocês do que por outros.

⁃ Aquela mulher já abordou ela na rua uma vez - Thea disse - Vocês sabem - assenti - Ela pode fazer de novo - respirou fundo - Papai pode por um segurança escondido, sempre seguindo Felicity e garantindo que Isabel não se aproxime. Felicity não pode saber - chorou - Devastaria a minha irmã

⁃ Eu não posso carregar isso, Robert - disse minha esposa - Essa dor, essa culpa, essa angústia. Ela merece saber, é a vida dela, é a história dela. A culpa disso tudo é minha - enterrou o rosto nas duas mãos e chorou

⁃ Está decidido: Felicity não saberá. - decretei

Assim que entregamos na Mansão o inferno começou. Moira e eu discutimos feio, gritamos um com o outro para decidir se Felicity saberia ou não.

E não final… Eu perdi.

Ver a devastação no rosto dela foi pior do que qualquer facada. Eu morreria mil mortes apenas para devolver o brilho que ela tinha nos olhos antes de Moira lhe contar tudo.

Eu queria abraçar ela, consolar ela. Queria que ela me perdoasse. Eu imploraria.

Sabia que não seria fácil, sabia que ela precisaria de um tempo. E então Oliver a tirou de lá, como ela pedira.

(…)


POV Oliver

Acenei para Laurel quando sai do setor dela e me dirigi para o elevador. Ela me deu um sorriso tristonho e acenou de volta.

Faziam duas semanas que todos estavam assim, com semblantes tristonhos.

A família Queen pareciam zumbis. Robert vinha para a empresa porque era obrigado, Thea e Moira apareceram lá cinco vezes durante essas duas semanas e eu sempre era convocado para a sala da presidência. Eles me perguntavam com estava Felicity e eu passava o relatório completo.

Laurel e Tommy estavam a par de toda a situação. Rebecca, mãe de Tommy, pediatra do plantão quando Felicity nasceu, confirmou ter visto Isabel no berçário. Ela disse que achava que era apenas uma enfermeira nova. Todos a entenderam. Moira ficou devastado, mais do que já estava. O sofrimento dela mexeu comigo, até demais.

Eu nunca imaginei que, após ter tido um momento tão mágico ao lado da mulher que eu estava apaixonado, uma bomba como essa estouraria. Felicity não era uma Queen de sangue. Eu não consiguia imaginar o que se passava na cabeça de todos eles. Tantos “e se” possíveis. Tudo por uma vingança de uma amante rejeitada.

Eu não sei o que faria se fosse eu naquela situação. Não conseguia imaginar outra mãe para mim, se não Donna, e nem outra mãe para Felicity, se não Moira.

Bom… Felicity não havia fugido para nenhuma boate, não havia bebido, não havia tentado fazer strip. Mas isso não significava que ela estava bem. Por dois dias ela não saiu do meu quarto, mas os pedidos e carinhos de Connor a fizeram reagir. Ele implorou que ela o levasse para a escola, e assim ela fez, implorou que ela o buscasse na escola, e assim ela o fez. Esses eram os únicos momentos que Felicity saia. Ah! Houveram as idas ao parquinho. Apenas.

⁃ Cheguei! - anunciei assim que coloquei os pés em casa

⁃ Papai! - um Flash loiro veio como um rojão e se jogou em meus braços, o apertei fortemente e o peguei no colo - A Licity fez um lanche, que ficou bem ruim, aí ela jogou fora e comprou na “confiria”

⁃ Confeitaria - corrigi adentrando não cozinha e encontrei Felicity abrindo as embalagens da única confeitaria dos Glades - Você saiu sozinha para comprar? - cheguei perto dela e beijei sua testa - Oi!

⁃ Oi - sorriu fraquinho - Eu pedi no delivery, eu não sei onde a confeitaria fica. - suspirei um pouco aliviado. Eu sabia o quanto esse bairro poderia ser perigoso, se a reconhecessem então… - Tem croissant de queijo e presunto, brioche e bolo - se sentou e eu coloquei Connor ao seu lado e fui lavar minhas mãos.

⁃ Licity tentou fazer um bolo, papai - meu filho disse rindo e Felicity o seguiu tampando a boca que estava cheia de croissant

⁃ E que fim levou o bolo? - perguntei me sentando ao lado deles

⁃ Ficou horrível - falaram juntos e riram novamente

⁃ Você já havia feito um bolo antes, Felicity? - perguntei brincalhão e ela parou para pensar fazendo uma careta

⁃ Não - negou - Mas pra tudo tem uma primeira vez

⁃ Que não deu muito certo

⁃ Não vou desistir - garantiu - Uma hora eu consigo

⁃ E depois você vai embora? - Connor perguntou inocente e o sorriso de Felicity se desfez

Ela não havia tocado no assunto “voltar para casa “ e nem eu. Eu estava amando tê-la comigo. Só reforçava todo sentimento que já estava crescendo dentro de mim. Era ela, ela havia sido feita para mim.

Depois de ter ficado dois dias trancada no quarto, ela mudou. Connor fez ela mudar, como eu já disse. Ele fazia questão de tê-la na sala para ver TV, na cozinha para as refeições… E todo o resto foi acontecendo naturalmente. Eu acordava - após dormir no sofá - fazia o café e minutos depois Felicity aparecia. Nos dois primeiros dias nós não nos tocamos, até que na manhã do quarto dia ela me surpreendeu com um beijo - e passamos a nos beijar quando Connor não estava por perto - e no décimo dia nós transamos novamente. Eu sempre dormia na sala, não havíamos conversado com o The Flash ainda - por mais que ele tivesse presenciado o beijo na casa de Dig.

Antes eu levava Connor para a casa da minha mãe e ela o mandava para a escola, até que Felicity fez questão de ficar com ele. Disse que não queria se sentir sozinha, isso foi no terceiro dia, logo após ele pedir que ela o levasse para a escola. De início eu não deixei, mas eu não tinha moral mesmo. Não queria abusar da boa vontade dela, e ela retrucava dizendo que ela quem estava abusando da minha boa vontade ao ficar na minha casa. Minha mãe, quando não tinha trabalho, ficava um tempo com Felicity, acompanhava ela e Connor na pracinha e as vezes ficava para o jantar. Mamãe não sabia o que estava acontecendo, só sabia que algo tinha acontecido. 

Ela nunca conversava ou tocava no assunto. Eu até tentava, mas ela nunca queria e eu não insistia. Não queria que ela pensasse que estava sendo enxerido, mas o fato dela não por pra fora estava acabando comigo. Eu queria que ela desabasse em meus braços, e não sozinha trancada no quarto. Eu queria amparar ela, cuidar dela.

⁃ Connor - repreendi - Não fale…

⁃ Tudo bem, Oliver - ela suspirou - Connor deve estar estranhando eu estar tanto tempo aqui

⁃ Não - ele protestou - Eu não quero que você vá embora - ela assentiu e o puxou para o seu colo - É só que eu quero que você faça o bolo e fique e não que faça o bolo e vá

Felicity me olhou nós rimos entendendo o ponto de Connor. Ela o abraçou forte e cheiro seus cabelos loiros.

Ele estava com medo que Felicity finalmente conseguisse fazer o bolo e fosse embora. Na cebeça dele, se ela não conseguisse, ela ficaria.

É, filho, eu também não quero que ela vá embora.

⁃ Eu só vou embora quando você e seu pai me expulsarem

⁃ Então se prepare para morar aqui de vez - falei rindo - Não é, campeão? - ele assentiu enchendo a boca de pão.

Após nosso lanche eu lavei a louça enquanto Felicity ajudava Connor no dever de casa de matemática. Fui tomar um banho e aproveitei para por algumas roupas para lavar na máquina, percebi que o cesto estava vazio e bufei de raiva.

Eu já tinha falado que não queria que ela fizesse os afazeres daqui de casa. Lavar, limpar, cozinhar. Não precisava.

⁃ Você fica sexy quando está puto - falou encostada de braços cruzados na soleira da área de serviço

⁃ Não precisava lavar as roupas - reclamei balançando o cesto que estava em minhas mãos - Eu não…

⁃ Eu não sou nenhuma invalida - pegou o cesto de mim e colou no lugar, jogando a roupa suja do Connor lá dentro - Eu me sinto inútil aqui o dia todo, mas ao mesmo tempo eu não tenho coragem de encarar ninguém - assenti e a abracei - Eu prefiro encarar um monte de roupa suja do que as pessoas. Isso é normal?

⁃ Mais normal do que você pensa, princesa - beijei seus cabelos e a apertei contra mim - Me admira não ter manchado nenhuma roupa - a provoquei

⁃ Oliver! - deu um tapa em meu braço e fingi uma careta de dor - Eu pesquisei na internet - riu e enterrou o rosto no meu peito

⁃ Você pesquisou na internet como se lava roupa? - gargalhei

⁃ Tem tutorial no youtube - falou contra meu peito e sua voz saiu abafado

⁃ Não sei o que eu faço com você, princesa - ri

⁃ Eu sei - falou agora olhando em meus olhos e eu não resisti, selei nossos lábios

Eu não me cansava de sentir o gosto da boca dela contra a minha. Nossas línguas dançavam em uma perfeita sincronia e a cada minuto o beijo ia ficando mais erótico e sensual. Eu passava as minhas mãos por todo o corpo dela, apertando seus seios e logo depois suas nadegas. Ela enfiou às mãos por dentro da minha blusa arranhando minhas costas. Eu amava quando ela arranhava minhas costas, ainda mais quando estávamos pelados na cama.

⁃ Licity? - a voz infantil seguida de passos que vinha do corredor fez com que nos separássemos no susto. Cada um foi para um lado se recompor, parecíamos crianças fazendo merda e sendo pegas no flagra pelos pais.

⁃ Precisamos conversa com ele - falei e ela assentiu concordando

⁃ Oi, querido - Felicity sorriu quando Connor apareceu na área de serviço

⁃ Já terminei de me arrumar - falou sorridente e ela o pegou no colo - Podemos ver Homem-Aranha e pedir pizza?

⁃ Pizza não - protestei

⁃ Hoje é sexta-feira, Oliver - ela falou ajeitando o cabelo de Connor com os dedos - Sexta-feira é dia de pizza

⁃ Todos os dias é dia de comer besteira para você, Felicity - ela me deu língua e saiu da área de serviço carregando meu filho consigo

Eu até tive uma pitada de ciúmes no início. Assim que Connor percebeu que Felicity iria dormir aqui por um tempo, ele só queria que ela o colocasse para dormir, queria que ela o desse banho, ajudasse na comida, nos afazeres e atividades de casa. Era sempre eu que fazia isso tudo com ele, e sim, eu senti ciúmes. E Felicity percebeu, chateada disse que no dia seguinte iria para um hotel, já que, segundo ela, ela estava atrapalhando na nossa rotina. Eu não deixei e expliquei que sempre tive Connor apenas para mim, e que querendo ou não ela estava ocupando uma lacuna se figura materna na vida dele. Ela disse que se eu não tivesse problemas com isso, ela também não tinha.

E aqui estávamos nós brincando de família feliz. Como se não tivesse um problemão forra das portas de casa.

Mas se Felicity estava bem assim, eu não iria contestar.

Mas ela precisava reagir, precisava conversar com os pais e com a irmã. Se acertar com eles. Eu sabia e sentia que ela morria de saudades. Ela sempre falada deles para Connor, principalmente de Thea. Connor dizia que estava com saudades e Felicity prometia que logo o levaria para ver a sua irmã. Eu esperava ansiosamente por esse dia, pois ela tiraria um peso das costas.

Assim que Felicity veio aqui pra casa, na mesma madrugada, Diggle bateu em minha porta com uma pequena mala. Ele disse que Thea havia arrumado tudo com as roupas que Felicity mais gostava de usar e seus produtos de higiene pessoal, assim como seus eletrônicos (computador, celular, kindle…).

Quando viu a bolsa, a primeira coisa que Felicity fez foi chorar e dizer “Por isso que eu amo a baixinha” para logo depois fechar a postar do quarto na minha cara.

⁃ Você não quer conversar? - perguntei quando Connor desmaiou de sono no meu colo na metade do filme, Felicity suspirou e encheu a boca de pizza - Tudo bem, então - levantei e fui por meu filho na caminha dele. Ajeitei o edredom, liguei o abajur e beijei sua testinha - Boa noite, campeão! - sussurrei e sai

Felicity estava encolhida no sofá prestando atenção na parte em que a tia May morria. Seus olhos estavam cheia de lágrimas, eu só não consegui decifrar se era por causa da cena triste ou por causa do caos interno que eu sabia que ela estava vivendo.

Sentei na outra ponta do sofá tentando lhe dar espaço, eu não queria ser invasivo. Ela sabia que eu estava ali por ela e a hora que ela quisesse fala, eu ouviria.

Ela me olhou e eu abri os braços, ela veio e se encaixou perfeitamente em meu peito. Passei meus braços em volta dela e limpei a lágrima que escorria.

⁃ Eu só… - soluçou e enterrou o rosto em meu peito, se sentia a minha blusa molhar e seu corpo balançar de leve pelo choro. Acariciei seus cabelos em uma tentativa falha de acalmá-la

Passaram-se alguns minutos e nós ficamos em silêncio. Apenas o som de seus soluços e o barulho do filme tomavam conta da sala. Até que sessou e ela respirou fundo se sentando.

⁃ Você quer água? - perguntei ao ver seu rosto inchado, eu odiava vê-la assim.

⁃ Não - sussurrou limpando as lágrimas

⁃ Você quer conversar? - perguntei novamente - Eu vou estar aqui a qualquer hora que você precisar

⁃ Eu sei - acariciou meu rosto - E eu te amo ainda mais por isso - e seus olhos se arregalaram após perceber o que disse. Meu mundo parou por um momento. Ela me amava? Isso mesmo que ouvi? Eu fiquei sem palavras mediante a sua declaração e ela entendeu de outra forma - Oliver, me desculpa eu…

⁃ Eu também te amo, Felicity - falei rápido cortando sua fala e ela sorriu - Demais! Eu te amo demais!

E então nos beijamos, depositamos todo o nosso amor naquele beijos. E minutos depois estávamos depositando todo o nosso amor dentro do quarto.


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Notas finais do capítulo

Primeiro: MIL DESCULPAS PELA DEMORA!!

Segundo: Oi, gente! Como vocês estão???

Tô aqui mantendo a promessa de não abandonar a fic. Não tem sido fácil conciliar o dia a dia com a escrita. Mas eu tento!!! Tá aí a prova.

Comentem me dizendo o que acharam, os comentários de vocês é motivação para eu continuar.

Uma revelação foi feita. Falta outra… Mas primeiro Donna vai fazer uma revelação, será que vocês adivinham qual é?

Beijo!!!



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