Vontades do Destino escrita por MayDearden


Capítulo 11
A Verdade




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POV Felicity 

Todas aquelas papeladas e burocracias pela primeira vez estavam me dando nos nervos. Desde quando cheguei na empresa estava soterrada no meio daqueles papéis e pastas. Eu não havia conseguido almoçar, e nem parei para ir ao banheiro e nem havia bebido água. Minha barriga roncava e minha garganta estava seca. Por mais que eu tenha ingerido litros de café que Alena gentilmente me trouxe, eu precisava de água.

Estava perto de fechar um grande contrato com o Wayne e eu precisava que tudo estivesse perfeito. Eu precisava que nada desse errado e que a QC subisse no ranking de empreses que mais faturaram nos últimos 10 anos. Estávamos em segundo lugar - atrás da Palmer Tech - e eu estava mais que empenhada em mudar isso. A fusão com Bruce ia ser o nosso salto para o primeiro lugar, e de quebra puxaríamos a Wayne Enterprises para o segundo lugar. Então eu precisava que tudo desse certo e que nossos acionistas aceitassem a fusão.

⁃ Felicity? - Alena chamou mais não a olhei. Eu estava na última pilhas de papéis e não queria ser interrompida, eu queria ir embora. Eu estava doida pelo meu chuveiro e minha cama. - Chefinha?

⁃ Hmm?

⁃ Eu posso ir embora? - a frase dela me fez parar e olhar a janela. Era noite. Coitada da Alena.

⁃ Que horas são? - perguntei largando os papéis a procurando o meu celular no meu da bagunça que era a minha mesa.

⁃ Vinte para as nove - sorriu amarelo e eu encontrei o aparelho. Haviam ligações de Thea, mamãe, papai, John e Oliver. Sorri com o último.

⁃ Alena, pode ir - suspirei - Me desculpa - cocei a testa e sorri - Amanhã, após a reunião para fecharmos a fusão, tire o dia de folga. Eu me perdi na hora.

⁃ Sério? - os olhos dela brilharam.

⁃ Sim.

⁃ Vai dar tudo certo amanhã, chefinha - piscou e saiu

⁃ Assim eu espero - suspirei baixinho

Dei graças a Deus por realmente estar acabando, haviam papéis desde o setor financeiro até a ala de Ciências Aplicadas. Custos, funcionários envolvidos, detalhes do projeto… Eu ainda devia trabalhar nos argumentos sobre as vantagens de tudo isso. Era a primeira vez que eu lidava com algo tão grande na empresa, e eu queria dar orgulho ao papai. Queria que ele visse que eu conseguia, que ele havia me ensinado certo, apesar de tudo.

Não sei quanto tempo passou quando eu finalmente terminei a última pilha de contratos, meu punho doía de tantas assinaturas que dei. Meu corpo realmente pedia, implorava, por comida e água. Já estava ficando com aversão ao café, e eu amo café.

⁃ Sabe que inventaram algo muito útil chamado ajuda? - a voz de Oliver tomou conta do recinto e eu me assustei abafando um grito

⁃ Que susto, Oliver - sorri o absorvendo parado na porta do escritório, ele tinha um olhar divertido e reparei que usava roupas despojadas, calça jeans e uma blusa preta que realçava cada músculo do seu peito e braço. Ele havia ido embora e voltado? Não estava com roupas de trabalho - O que está fazendo aqui?

⁃ Você não apareceu para almoçar comigo e John, não atendeu nossas ligações - falou andando até a minha mesa e sentando na cadeira a minha frente - Vim checar se estava viva, mas vejo que estou na frente de um zumbi - fiz careta - Você comeu hoje?

⁃ Café? - apontei para os quatro copos ao lado do notebook e ele meneou com a cabeça em desaprovação.

⁃ Vai dar tudo certo amanhã - garantiu - Você trabalhou duro para isso.

⁃ Espero que sim - sorri franquinho desligando o computador e juntando as minha coisas quando a minha barriga roncou alto

⁃ Vamos comer em algum lugar.

⁃ Eu realmente preciso de comida - ele assentiu me ajudando a arrumar a mesa, pegou minha bolsa jogando no ombro enquanto eu pegava a pasta com alguns papéis para revisar antes de dormir. Me deixei ser puxada porta a fora até o elevador privado, eu precisava de lipídio, carboidrato e proteína.

Quando as portas de aço se fecharam eu segurei a vontade de me jogar nos braços dele e dar um beijo como no último domingo. Mas eu era covarde demais para isso. Usei toda a coragem que havia em mim para praticamente pedir um beijo dele. Eu não aguentava mais, eu precisava dele. Eu precisava sentir os lábios dele nos meus, eu precisava ver se eram iguais aos dos sonhos que eu tinha. Sonhos esse que eu atormentavam. Mas quando nos beijamos eu percebi que era melhor. Algo que eu nunca havia vivido. Algo que fez meu coração querer pular para fora do peito. E eu precisava de mais, eu queria mais. Meu corpo gritava por mais. Mas eu era covarde demais para pedir de novo ou tomar qualquer iniciativa.

Ainda não havíamos ficado sozinhos depois do nosso primeiro beijo. Essa era a primeira vez. No domingo eu praticamente fugi quando Connor nos flagrou e desde então, nesses últimos três dias que se passaram, só nos vimos no horário de almoço, e sempre com John, que não disfarçava o sorriso malicioso, mas também não tocava no assunto. E eu agradeci por isso.

Talvez Oliver só tivesse me beijado porque eu pedi, talvez ele nem estivesse interessado, talvez ele pensasse que eu era uma espécie de vadia que se atirava nos braços do primeiro que aparecia pouco mais de um mês da morte do namorado.

E talvez eu fosse.

A senhora Malone dizia que eu era. Mas eu não estava nem aí pra ela.

Eu sentia falta do Billy todos os dias. Ele não era só meu companheiro, ele era uma espécie de confidente, era meu melhor amigo - não como Tommy, ninguém pegava o lugar de Tommy - mas Billy era alguém que me conhecia de ponta a cabeça e por isso nosso relacionamento avançou tanto. Eu contava tudo pra ele. Mas depois do beijo com o Oliver eu coloquei na balança os sentimentos do que eu sentia por Billy e o que eu sinto por Oliver. Por que eu sinto algo por Oliver, algo puro, um sentimento que cresceu no meio do caos. Um sentimento tão forte que as vezes me faz esquecer o que eu realmente sentia por Billy. E isso me fazia voltar do tópico vadia.

Thea dizia que eu estava apaixonada pelo Oliver. Que nos apaixonamos a primeira vista e que o destino sempre dava um jeito de nos encontrarmos, até que formássemos um tipo de relação. E firmamos uma amizade. Mas talvez, para Oliver, fosse apenas isso, amizade e eu me apaixonei sozinha.

Apaixonada. Nada descreve melhor o que eu sinto por ele. Segundo Thea, se eu jogasse no Google os sintomas de estar apaixonada, eu encontraria a definição de cada reação do meu corpo ao estar perto de Oliver. E eu, como a besta que sou, pesquisei os sintomas de se estar apaixonada e percebi que Thea estava certa.

Eu estava incondicional e irrevogavelmente apaixonada por Oliver.

Mas e se ele me visse apenas como uma amiga? Mas ele ficou com ciúmes do Tommy, não ficou? Ele retribuiu o beijo de uma forma tão singela que se fosse apenas amizade não teria sido tão intenso. Tão único. E que havia me deixado sedenta por mais. Ele veio me buscar no trabalho, não foi? Alguém que me visse apenas como amiga não se deslocaria dos Glades e viria para o Centro depois do expediente apenas para me ver. Não é?

Oliver apertou o botão do estacionamento e eu me lembrei que estava sem carro. Eu estive tão cansada esses dias pela fusão que pedi que John me trouxesse hoje para o trabalho e o meu querido amigo com certeza esqueceu de mim.

⁃ Oliver, eu estou sem carro - falei esticando a mão para apertar o botão do térreo, eu pegaria um táxi.

⁃ Eu sei - segurou meu braço me impedindo de apertar

⁃ Como?… John - ele assentiu e riu

⁃ Ele, aparentemente, esqueceu que te trouxe e foi embora. Me ligou perguntando se eu poderia checar se estava viva.

⁃ E você veio porque ele pediu? - acho que não consegui esconder a frustração no tom da minha voz. Era apenas um favor então? Oliver não havia vindo por mim?

⁃ Não - meneou com a cabeça segurando a minha mão e entrelaçando nossos dedos - Eu já estava vindo te tirar daqui, princesa - e com um sorriso ele me beijou e meu corpo inteiro agradeceu.

Acho que se ele não tivesse me segurado pela cintura com força, eu teria caído. O choque que nossos corpos davam quando se juntavam me deixou totalmente amolecida em seus braços. A sensação maravilhosa dos lábios dele nos meus me fazia ir no céu e voltar. Dei passagem com a língua e era incrível como nossas bocas de encaixavam com sincronia e muito, muito prazer. Soltei minha pasta no chão passando meus braços em volta de seu pescoço, puxei seus cabelos o trazendo para mais perto de mim. Ouvi ele jogar minha bolsa no chão e o apertei com mais força.

Não percebi quando Oliver me prensou contra as paredes de metal e me ergueu segurando a minha bunda, não me importei quando a minha saia subiu até a cintura no ato e enlacei minhas pernas em volta de seu quadril. Os beijos de Oliver desceram para o meus pescoço e busto quando o ar foi necessário e eu reprimi um gemido sentindo a barba roçar na minha pele. Era nítida a ereção dele contra a minha intimidade, mesmo com o tecido da roupa entre nós. E eu tenho certeza que a excitação dele não era diferente da minha.

Me apertei mais contra ele que voltou com os lábios para os meus. E esse beijo foi diferente, foi um beijo totalmente erótico para quem visse de fora. O nosso prazer e excitação estavam explodindo naquele cubículo. Eu estava louca por ele, e algo lá no fundo dizia que ele sentia o mesmo por mim. Ninguém pararia a gente naquele elevador. Ninguém. A mão dele apertou minha bunda com força, roçando sua intimidade na minha, soltei um gemido que fez com que Oliver aprofundasse ainda mais o beijo, a mão dele subiu para a barra da minha calcinha a puxando para o lado. Oliver gemeu de prazer mordendo meu lábio inferior quando sentiu a minha excitação molhar a ponta de seus dedos. A expectativa tomou conta de todo o meu corpo. Eu sabia o que viria após isso. E eu queria. Não importa onde estivéssemos. Eu queria. Mas tão logo a expectativa veio, ele se foi. A minha barriga roncou, roncou tão alto que nos assustamos, Oliver deu um pulo como se tivesse sido pego no flagra por alguém e depois riu, eu o olhei corando. Minha dignidade indo para o buraco.

— Você realmente precisa comer alguma coisa, Felicity - me colocou no chão devagar e eu tratei de ajeitar minhas roupas

Eu quase transei com Oliver no elevador, se não fosse a minha barriga.

Maldita barriga!

Reparei as portas de metal abrindo e fechando sozinha várias vezes no andar do estacionamento. Não sei quanto tempo ficamos ali. O que deu em mim? Olhei rápido para a câmera do elevador e corei fodidamente imaginando o show que demos aos seguranças de plantão.

⁃ Eu sei - suspirei pegando a minha bolsa do chão e saindo da caixa de aço e andando até o carro dele. A vergonha começou a tomar conta de mim e eu queria um buraco para me enfiar.

⁃ Hey - ele chamou atrás de mim e eu continuei andando. - Hey - Do que eu estou fugindo afinal? Provavelmente da culpa. Da vergonha de me sentir uma vadia por me entregar tão facilmente a alguém tendo um quase noivo que nem esfriou no caixão ainda. - Felicity? - Oliver puxou minha mão me parando e me virando para ele - O que foi? - acariciou meu rosto - Se arrependeu do que acabou de acontecer?

⁃ Não - me apressei em responder - É só que… - suspirei olhando para o chão. Eu precisava ser sincera com ele - Eu te quero tanto que me assusta - o encarei e vi um resquício de um sorriso, mas seu semblante mudou para preocupado quando viu que eu estava séria - Eu sinto uma necessidade de te ver, de estar com você. Isso me assusta. Eu nunca senti isso por ninguém e nem pelo…

⁃ Nem pelo Billy - não era uma pergunta, mas eu assenti em resposta.

⁃ E eu me sinto culpada, Oliver - cocei o queixo por puro nervosismo - Eu me sinto uma vadia, meu noivo morreu a pouco mais de um mês e eu já estou apaixonada por outro. - soltei tudo de um vez fechando os olhos com força. - Isso me torna a pior pessoa do mundo. Alguém que não presta. Eu não estou me vitimizando, mas é como me sinto.

⁃ Apaixonada? - o tom de voz dele me fez abrir os olhos e eu sorri com a imagem a minha frente. Oliver sorria feito uma criança que tinha acabado de realizar seu maior sonho. - Por mim? - depois de tudo que eu falei, ele só focou na parte do “apaixonada”?

⁃ Sim. Apaixonada por você e isso… - não consegui terminar, os lábios dele estavam nos meus novamente. E dessa vez não era um beijo carnal, era algo leve, cheio de sentimento e significado. Calmo, mas não me impedia de ir as nuvens. Todos os toques de Oliver me faziam ir às nuvens.

Me prendi mais a ele aproveitando cada momento do beijo. Passei meus braços por seu pescoço e ele enlaçou minha cintura com os dois braços em um abraço apertado. Nossas línguas dançavam em perfeita sincronia como se tivessem sido feitas uma para a outra. A muito tempo eu não me sentia tão leve como naquele momento.

Nos separamos quando o ar foi necessário e Oliver sorria. Um sorriso que ele só lançava a Connor, e agora reparei que lançava para mim também. Um sorriso de menino.

⁃ Eu tenho certeza do que eu sinto por você - falou me olhando nos olhos - Desde a primeira vez que eu te vi, tudo que eu queria era te embalar nos meus braços e te proteger de toda dor que eu sabia que estava sentindo. A ideia de você me odiar acabou comigo junto com a culpa. - acariciou meu rosto - Eu estou apaixonado por você desde a primeira vez que eu te olhei. - me deu um selinho e eu sorri - Não quero que se sinta culpada de nada, não quero que se xingue ou se martirize, Felicity, tudo que aconteceu entre nós foi natural. Você não é uma vadia. Merece ser feliz. Você viveu seu luto, mas precisa viver sua vida também.

⁃ Thea me disse a mesma coisa - suspirei segurando o choro

⁃ A baixinha é muito sabia… - ele ia continuar sua frase, mas novamente minha barriga deu o ar da graça e roncou descontroladamente - Você precisa comer antes ser qualquer coisa. Está pálida.

⁃ Por favor - praticamente supliquei. Eu já estava começando a me sentir fraca e tonta. Não sei se era pelo tópico da nossa conversa ou se a glicose no meu sangue estava começando a baixar.

Oliver me deu a mão e fomos para o carro em silêncio. Dirigiu para o Drive Thru do Big Belly Burguer que era próximo a estrada que dava para a mansão. Ele alegou ser melhor comer no caminho para que eu chegasse em casa apenas para dormir. E meu corpo gritava por cama.

Incrível como podíamos desejar várias coisas ao mesmo tempo e em circunstâncias diferentes. Ao mesmo tempo em que eu desejava passar o resto da noite com Oliver, meu corpo queria que eu chegasse o mais rápido possível em casa e dormisse. E meu racional desejava sentar no escritório e revisar os últimos detalhes da fusão. Eu sabia o lado que ia vencer. E já me imaginava deitada nos meus lençóis egípcios - presente de mamãe para todos os quartos da casa.

Pedi meu habitual cheeseburger duplo sem picles e queijo extra, refri e batatinhas. Oliver fez questão de pagar e eu não estava no clima de discutir. Ele não pediu nada para si, torcendo o nariz para o meu excesso de lipídio naquela hora da noite. Alegou já ter jantado. Não discuti. Eu realmente estava cansada.

Belisquei as batatinhas no silêncio agradável que pairou dentro do carro, apenas Lewis Capaldi cantando Someone You Loved pelo rádio. Mesmo a música sendo extremamente melosa e trágica, eu amava. Um par de músicas depois já estávamos na estrada de cascalho que levava para a mansão. O portão abriu sozinho e eu acenei para a câmera onde normalmente ficava John monitorando tudo, mas sabia que não era ele naquele horário.

Oliver e eu nos despedimos com um beijo. Ele pediu que eu descansasse e me acalmasse com tudo que estava acontecendo entre nós e prometeu que resolveríamos tudo depois que a fusão acontecesse. Eu sabia que não podia ficar me martirizando pelo que sentia por ele, nada entre nós foi proposital. Acho que tudo aconteceu como devia acontecer, não escolhemos. Mas eu me sentia culpada, parecia que eu estava traindo Billy. E esse sentimento era horrível.

Eu odiava traições.

Como previsto, todos em casa estavam dormindo. Subi as escadas em silêncio e fui rápido para o meu quarto. Fiz minha higiene e sentei na cama para comer o sanduíche e beber o refrigerante. Peguei meu celular e respondi as mensagens de mamãe, Thea e Dig. Coloquei o aparelho pra carregar e corri pra escovar os dentes. Encarei minha pasta na escrivaninha e suspirei.

Eu não ia trabalhar mais hoje. Não mesmo.

Deitei na cama e quando estava fechando os olhos meu celular vibrou. Meu corpo acendeu em expectativa. Oliver.

Oliver S.: Cheguei em casa, princesa. Terminou seu hambúrguer? Bebeu água? Connor não gostou de saber que fui te encontrar e não o levei.

Felicity Q.: Sim e Não. Cansada demais para ir até a cozinha. Estou morrendo de saudade dele.

Em resposta Oliver mandou um áudio, que quando dei play meu sorriso se ampliou ao escutar Connor. “Tia, vamos ao shopping gastar os “mils” que você me deu.” Ao fundo do mesmo áudio pude ouvir Oliver dizendo “Connor, não”. Gargalhei e gravei dizendo que amanhã buscaria ele na escola para que pudéssemos gastar o dinheiro dele com o que ele quisesse.

Oliver S.: Você não vai estragar o meu filho.

Felicity Q.: Eu já estraguei hahaha

Oliver S.: Estou perdido com vocês dois. Boa noite, amor.

Como uma palavra mexe tanto com a gente? Como podemos ficar tão derretida ao escutar - ou melhor, ler - um simples apelido que pode significar várias coisas? Qualquer um pode chamar a gente de amor. Uma mulher no caixa da loja de conveniência do posto já me chamou de amor, “Aqui seu troco, amor” ela disse mascando um chiclete. E nem por isso eu me derreti toda como agora. Um cara - vários na verdade - já me chamou de amor na balada, “Está uma gata, amor”. E nem por isso eu abri um sorriso de orelha a orelha e meu coração falhou uma batida. Mas Oliver me chamando assim, fazia eu me sentir uma adolescente de 15 anos escutando sua primeira declaração de amor.

Felicity Q.: Boa noite!

(…)

Digamos que a minha manhã fora uma correria completa. Tive a péssima ideia de servir um lanche para todos que assistissem a reunião da fusão, todos os acionista e envolvidos no projeto. Porém, onde Alena poderia arrumar um café da manhã ao nível executivo as 8:00 da manhã? Quer dizer. Lógico que existem padarias e cafeterias abertas essa hora, o problema era a quantidade. Além dos dez acionistas da Queen Consolidated, haviam os acionista da Wayne Enterprises, e os envolvidos no projeto, como o pessoal da Ciências Aplicadas e uma galera da administração. A reunião começaria às 9:30, faltavam 20 min e a Alena ainda não tinha voltado com toda a comida.

Respirei fundo e olhei mais uma vez os papéis, eu já havia os gravado de trás pra gente e mesmo assim não parava de lê-los. A sala de conferências ainda estava vazia, algumas pessoas chegavam aos poucos e sentavam nos lugares estratégicos que Alena havia arrumado.

Alena W.: Chefinha, comidas arrumadas na sala de reuniões. Você deve 30 combos de brunch no Donna Brunch no fim da rua. Abri uma conta para você lá, não me despede.

Ri com a mensagem e carreguei a foto da notinha do local que Alena havia mandado junto com a foto do café da manhã arrumado na sala de reuniões. Um perfeito brunch. Eu amo a Alena! Havia café, pães, frios, croissants doces e salgados e também algumas coisas que comemos no almoço, como massas, saladas, carnes, batata, entre outras coisas.

Quando mal percebi a sala de conferência encheu e vi mamãe e papai logo na primeira fileira, eu estava escondida atrás de um telão torcendo para ninguém me achar até a reunião começar. Vi Bruce chegar com vários de seus acionistas e alguns funcionários. Sócios da QC, setor de Ciências Aplicadas e pessoal do RH chegaram e todos os lugares marcados foram preenchidos. Respirei fundo. Era a hora. Subi no pequeno palco cumprimentando a todos e comecei um pequeno discurso que havia ensaiado e revisado diversas vezes.

⁃ O mercado de fusões de grandes empresas têm crescido muito nos últimos anos. - inicei e todos assentiram - Grandes consolidações criaram e uniram empresas gigantes pelo mundo, todas com o mesmo objetivo. Lucro e avanços. Mas a Queen Consolidated e a Wayne Enterprises não está visando apenas o dinheiro - apontei para o telão e logo apareceram gráficos que mostravam matematicamente as vantagens de nos unirmos - Queremos melhorar nossa cidade, quero ajudar os hospitais de Gothan e Starling City, queremos energia limpa e renovável e de graça para quem não pode pagar. É o minimo que as áreas menos favorecidas merecem do governo, mas sabemos do descaso - suspirei em decepção e todos da pequena plateia assentiram - A equipe de Ciências Aplicadas da QC, junto com as mentes da WE, criaram a Renewed Light - apontei para o projeto do equipamento em 3D que apreceu no telão. - Uma centrífuga feita especialmente para que a água dos esgotos vire energia. - corri meus olhos por todos os rostos naquela sala de conferências e encontrei Oliver sentado no fundo ao lado de Laurel e Dig. Ele sorria para mim em expectativa e eu me senti um pouco mais aliviada.

⁃ E o que ganharíamos com isso? - alguém perguntou

⁃ Conta de luz grátis - Bruce respondeu da plateia e eu segurei o riso

⁃ A RL poderá ser vendida para qualquer prefeito que tenha o objetivo de ajudar os menos favorecidos de sua cidade.

⁃ Esse não era o projeto inicial? Era? - Papai perguntou e eu respirei fundo

⁃ Não - sorri forçado - Estávamos criando um micro chip de nanotecnologia para substituir os nervos de qualquer lesão, ajudando na paralisia da coluna vertebral

⁃ E o que aconteceu com esse projeto?

⁃ Só os ricos comprariam - Bruce se levantou fechando um botão do seu terno e parando eu meu lado. Perto demais. Ele tinha um cheio amadeirado e sua barba um pouco grisalha e por fazer o deixava incrivelmente sexy. Não mais sexy que um certo loiro de carranca que me olhava da plateia - Não quero ajudar os ricos inicialmente, Gothan e os Glades são prioridade para ambas as empresas. O nano chip será o próximo projeto que a fusão dessas duas empresas concluirá. Felicity e eu - ao falar meu nome ele colocou uma mão na base da minha coluna, perigosamente perto do meu bumbum. Fugi de seu toque fingindo que ia pegar uma água. Papai também estava com uma carranca agora. Ótimo. Robert e Oliver e carranca. - queremos revolucionar a tecnologia. A Queen Consolidated está em segundo lugar entre as empresas que mais faturaram nos últimos 10 anos, WE está em terceiro. Com esse projeto aprovado, desbancaríamos o Palmer. - com essa última fala de Bruce, papai mudou seu semblante para um sorriso de vitória.

⁃ Por mim, podem dar andamento. Vamos desbancar o Palmer. - Robert piscou para mim. Ele estava orgulhoso e eu completamente feliz.

Deixamos que o chefe do meu setor de Ciências Aplicadas, Curtis Holt, explicasse melhor como a funcionaria a máquina e como e onde exatamente ela seria instalada. Eu sabia que havíamos convencido todos os envolvidos em ambas as empresas e não via a hora de ver a RL funcionando e levando luz a cada canto dos Glades.

Sai da sala de conferências sem que ninguém me visse e corri para a minha. Eu estava exausta demais para sorrir e acenar. Bruce e Alena que se virassem sozinhos. Tirei meu terninho e meus óculos e joguei na mesa. Sentei esparramada na minha cadeira e fechei os olhos.

Minha mente voou para ontem dentro do elevador. Os toques de Oliver, os beijos de Oliver, a voz de Oliver… Tudo me fazia hiperventilar apenas com a lembrança. Eu queria mais, precisava de mais dele. Ou eu ia ficar louca. Mordi o lábio ao sentir o perfume invadir todo o recinto. Eu sabia que ele estava ali, mas fingi não ter percebido.

Meu corpo se arrepiou por completo quando lábios molhados tocaram os meus e eu sorri continuando o beijo. Era apenas um beijo de cumprimento, mas lógico que eu queria que fosse muito além.

⁃ Oi - falei abrindo os olhos e sorrindo feito uma adolescente

⁃ Oi, princesa - encostou na mesa cruzando os braços - Fugiu?

⁃ Sim - suspirei - Acho que vou tirar férias.

⁃ Você não conseguiria viver longe disso tudo por um dia, Felicity - arqueou as sobrancelhas e eu alarguei meu sorriso. Ele tinha razão.

⁃ Vamos embora? - ele assentiu - Connor?

⁃ Ainda não está na hora de buscá-lo na escola. - olhou para o relógio, ainda não eram nem 10:30 da manhã.

⁃ Dei folga para a Alena o resto do dia, e decreto folga para mim e para você e…

⁃ Felicity - me interrompeu - Eu não quero nenhum tipo de regalia por estar envolvido com você. Eu sou um funcionário como outro qualquer e não… - ele começou um discurso que parei de prestar atenção quando minha mente começou a trabalhar rápido, eu era a chefe ali… Eu entendia o lado de Oliver, se eu fosse uma mera funcionária me envolvendo com o CEO, não iria gostar de um tratamento especial nos meus afazeres com a empresa.

Mas eu era a chefe ali. Peguei meu celular e Oliver franziu o cenho por ter sido interrompido pela minha ação, procurei o número da minha secretária na discagem rápida e esperei ela atender.

⁃ Alena? - falei

⁃ Oi, Chefinha

⁃ Liga para o RH ante de ir embora e pede para o supervisor dar folga para todos os funcionários da empresa - Oliver me olhou boquiaberto pronto para iniciar outro discurso, coloquei meu dedo indicador em seus lábios e ele fechou a cara.

⁃ Sério?

⁃ Sim, diga para todos comemorarem e descansarem. A partir de amanhã trabalharemos pesado nessa fusão.

⁃ Você é demais! Pode deixar! Tchauzinho!

⁃ Tchau, Alena - ri e desliguei - Pronto, Oliver - me dirigi a ele tirando o dedo de seus lábios.

⁃ Felicity, não é assim que se resolve as coisas e eu preciso trabalhar para … - ele foi interrompi novamente, mas desse vez era seu celular apitando uma nova mensagem, o olhei atenta. Ele leu o conteúdo e suspirou - Estou de folga pelo resto do dia, por ordens da CEO. - me olhou fingindo uma carranca e eu lhe joguei um beijo.

(…)

E contrariando tudo que uma quinta-feira poderia trazer, Oliver e eu fomos ao cinema. Não apenas nos dois, levamos o The Flash loirinho e animado junto.

Convenci Oliver de pegar Connor mais cedo na escola e o Smoak mais velho me cadastrou como um dos contatos de emergência caso algo acontecesse ao pequeno, além de me autorizar buscá-lo sem ter que ligar para ele ou Donna para pedir permissão. Fiquei muito feliz por Oliver ter confiado isso a mim. Eu amava tanto o meu pequeno Connor. Ele já era uma parte de mim, uma parte que me acalmava com tão pouco e me fazia querer transformar esse mundo em um lugar melhor, pois eu sabia que Connor cresceria nele. O futuro era todo dele.

Almoçamos em um bistrô italiano no shopping e fomos assistir um filme de herói. Era incrível como o vilão sempre cismava com a garota que era a paixão do herói mesmo sem saber que ela era a paixão do herói. Enfim. Após o filme Connor pediu para gastar o dinheiro que eu havia dado a ele e Oliver negou. Eu apenas disse que ele não precisava gastar seu dinheirinho, pois eu compraria tudo que ele quisesse, e Oliver negou. Mas Oliver não tinha moral quando eu e Connor estávamos juntos, então cá estávamos nós três em uma loja Lego enorme. O Smoak pai empurrava de cara feia o carrinho cheio de novas edições do Lego de brinquedo e vídeo game para o Smoak filho que saltitava pelos corredores.

⁃ Esse fim de semana mamãe dará um baile beneficente para arrecadar remédios e equipamentos pro posto de saúde dos Glades - falei enquanto andávamos pela loja - Quereria que fosse comigo.

⁃ Eu sei do evento. - falou descrente - A minha mãe irá servir vocês.

⁃ Oliver…

⁃ Isso - apontou para o carrinho cheio de coisas - É errado, não é a minha realidade e muito menos a realidade dele, Felicity. A sua mãe é uma socialite, uma pessoa maravilhosa, mas é uma socialite. A minha - apontou para o próprio peito - vai servir a sua nesse evento.

⁃ E você tem vergonha? - sussurrei

⁃ Não - negou - Tenho orgulho da minha mãe, mas a sua família vai achar viável a princesa Queen acompanhada do filho da cozinheira?

⁃ Minha família gosta de você.

⁃ Como seu amigo, não como algo mais. - trincou os dentes.

⁃ Você não tem como saber - indaguei - Papai te venera e ele ama o Connor como um neto. E Thea ama ter perturbar, as únicas pessoas que ele ama perturbar somos eu e Tommy, e você entrou no trupe a pouco tempo. Mamãe só falta te por em um pedestal por ter me tirado da boate e cuidado de mim. Eles sabem, Oliver - suspirei irritada apontando para nós dois  - Eu amo o seu filho - apontei para o garoto serelepe que olhava as prateleiras - E eu sei que essa não é a realidade dele, mas eu quero que ele sabia que agora tem a mim. Para o que ele precisar, eu sempre vou estar aqui. E ele sabe disso. - Oliver me olhava meio surpreso e meio preocupado, mas eu estava extremamente chateada pela conversa que ele abordou. Eu não ligava para status, e nem minha família. Mamãe pode não ter apoiado o novo namorado de Thea, mas não era devido a sua classe social. Ela apenas estava preocupada por a filha namorar um rapaz que conheceu a três dias. - Você que parece não saber, Oliver. Ou não acredita. Mas a culpa não é minha. Eu não sou mesquinha, eu não ligo para onde você veio, eu ligo pra quem você é - deixei ele estático me olhando e puxei o carrinho de suas mãos indo até Connor.

Peguei o loirinho e fomos para o caixa pagar seus presentes. Eu disse que era por todos os aniversários e natais dele que eu não compareci e Connor pareceu extremamente feliz e grato com seus oito embrulhos. Isso para mim bastava. O sorriso dele e a felicidade dele bastavam acima de qualquer coisa.

Será que Oliver deixava eu roubar aquele garotinho para mim?

Sem dizer nada eu entreguei as sacolas para Oliver e me despedi de Connor. Ele relutou em me largar, mas eu finalmente consegui de desvencilhar de seus bracinhos. O pai fez menção de falar algo e eu apenas neguei coma cabeça.

⁃ O baile é sexta à noite, eu esperarei por você até as oito e meia - dei as costas e sai.

(…)

A sexta amanheceu extremamente lenta e chata. Thea me visitou na empresa para falar sobre a roupa do baile beneficente, eu não estava nem um pouco a fim de ir às compras e deixei que ela comprasse qualquer coisa para mim. Minha irmã ficou extremamente animada com a ideia de me fazer de boneca e saiu saltitando com o meu cartão em mãos. Depois que as notificações de compra chegaram no meu e-mail, me arrependi amargamente do que fiz.

Não vi mais Oliver na quinta e nem ouvi falar dele na sexta. Também não procurei saber. Era daquela forma que ele via a minha família? Como alguém que se relacionava apenas com pessoas de classe social alta? Ricos X Ricos? Ele me achava tão mesquinha e prepotente assim?

Eu sei que havia sido uma pessoa horrível com ele a um tempo atrás, mas ele não via o quanto eu mudei? O quanto ele tem a maior parcela nessa minha mudança?

A decepção tomava conta de mim totalmente.

Dispensei Alena mais cedo naquela tarde e fui para casa. Mamãe havia pedido que as meninas do salão de beleza preferido dela fossem para nossa casa. Eu enrolei o máximo que eu podia, mas Moira já me ligava aos berros para que eu fosse me arrumar. Quando cheguei em casa, mamãe já estava se arrumando em seu quarto e eu sentei na cadeira da cabeleireira. Ela cortou dois dedos dos meus fios e passou um tonalizante para realçar o loiro. Logo após a maquiadora assumiu fazendo uma maquiagem leve, porém própria para a noite. Optei por um coque no cabelo, com alguns fios soltos em cachos finos. Rezei para que o vestido que Thea comprou fosse algo bem discreto.

⁃ Querida, ainda está de toalha? - mamãe apareceu na porta do meu quarto vestindo seu belíssimo longo vinho enquanto eu encarava a sacola da Dolce & Gabbana em cima da minha cama com medo do que eu ia encontrar lá dentro.

⁃ Podem ir na frente - peguei o bilhete que Thea havia deixado junto com a sacola

“Não me mate! Fique linda e seduza o Ollie. Xoxo.”

Idiota!

⁃ Sua irmã foi dar umas ordens na Verdant e irá com o Roy depois - Moira se aproximou e fuxicou a sacola - Oliver vai com você?

⁃ Não sei - mordi os lábios por pura ansiedade. - Ele acha que vocês sentirão vergonha dele por ser filho da dona o buffet.

⁃ Ah, querida! De um tempo a ele, sei que deve ser algo novo. - assenti e mamãe acariciou meu braço - Tenho certeza que tudo ficará bem entre vocês. Seus olhos brilham só na menção do nome dele, ele te faz bem e eu o amo por isso.

⁃ Obrigada, mãe - ela beijou minha testa e foi retirar de vez o vestido da sacola - Uau! - sussurrei

⁃ Sim, filha, uau! - ela estendeu o vestido preto e o encostou em mim por cima da toalha - Será a mais dela da festa. Use o conjunto de diamantes que seu pai te deu de aniversário. - assenti e ela saiu beijando a minha testa

Fui para o closet e vesti a minha lingerie preta e calcei meu Christian Louboutin Lady Peep preto - presente de Thea no meu aniversário, e eu nunca tinha usado -, procurei a joia que mamãe havia pedido para usar, coloquei os brincos, a pulseira, e senti um pouco de dificuldade para fechar o cordão.

⁃ Quer ajuda? - a voz de Oliver me fez soltar um grito reprimido. O que ele estava fazendo ali? No meu closet? Eu estava só de calcinha e sutiã!

⁃ Merda, Oliver! - levei a mão no peito tentando controlar minha respiração com o susto. Ele se aproximou e parou atrás de mim em frente ao grande espelho. Como eu estava com um coque, ele selou facilmente o feixe do cordão.

 

Oliver de terno e eu de calcinha e sutiã, joias e salto era uma imagem muito sexy em frente ao espelho.

⁃ Preto virou minha cor preferida - falou com a voz rouca me olhando dos pés a cabeça. Corei.

⁃ O que você está fazendo aqui? - perguntei me virando para ele e puxando a primeira coisa que encontrei para tampar meu corpo, estávamos perto demais.

⁃ Sua mãe… - apontou para a porta - Disse que eu te encontraria aqui. - Moira Queen, minha mãe, me jogando direto para os leões, ou melhor, o leão. Oliver estava lindo, com esse terno preto e gravata borboleta. O terno marcava todos os seus músculos. Voltei a hiperventilar sem nem perceber. Lindo. - Obrigado, princesa - ele sorriu - E você não precisa de roupa para ficar linda.

⁃ Oliver - ri corando

⁃ Hey - ele falou esticando a mão e tocando meu braço - Eu quero te pedir desculpas por ontem, eu fui um babaca. - meneei com a cabeça para negar, mas ele continuou falando - Eu agradeço muito por você amar tanto meu filho, eu sei que toda a sua família gosta muito de mim e eu não devia ter te tratado daquele jeito. Mas eu te vi com o Bruce na reunião, vocês formam um belo par. - O ataque de Oliver foi por causa de ciúmes? - Ele vive no mesmo mundo que você.

⁃ Eu e você vivemos no mesmo mundo - acabei com o espaço entre nós e o abracei - Planeta Terra - lhe deu um selinho - E nesse mundo ou em qualquer outro, é você quem eu quero, Sr. Smoak.

⁃ Então eu posso dizer o mesmo, Srta. Queen - a voz rouca e cheia de desejo estava lá novamente

Oliver selou nossos lábios e eu senti todo o meu corpo se acender. O beijo começou calmo, lento e cheio de sentimento. Mas em algum momento ele virou algo totalmente envolvente. Uma de minhas mãos puxavam os cabelos de Oliver e a outra arranhava toda a sua nuca, eu o sentia arrepiar sob meu toque. As mãos de Oliver brincavam por todas a extensão do meu corpo, cintura, costas, perna, bunda… Nesse último ele dava leves apertões toda vez que encostava. Quando o ar se fez necessário, a boca de Oliver desceu para o meu pescoço e descendo para o meu busto. Ele beijava e arranhava a barba me fazendo suspirar alto. Deu um beijo em cada seio por cima do sutiã e me encarou.

⁃ Eu preciso que você diga o que você quer - falou grave e cheio de desejo - Não farei nada que não queira

Olhei em seus olhos e sai do closet, fui até a porta do meu quarto que estava escancarada e a tranquei. Me virei e Oliver estava parado ao lado da minha cama me olhando cheio de luxúria. Eu queria demais o que estava prestes a acontecer. Andei até ele e parei quando estávamos a alguns passos de distância.

⁃ Eu já falei, eu quero você - falei mordendo o lábio e abrindo o meu sutiã, a peça logo caiu no chão e Oliver me olhava atônito.

Ele assentiu com os olhos queimando em mim e avançou acabando com qualquer distância que havia entre nós. O nosso beijo começou totalmente sensual e sedento, estávamos sedentos um pelo outro. Todo mundo dizia que a tensão sexual entre nós era gritante, agora eu acreditava.

Oliver me ergueu em seu colo me segurando pelas nádegas e andou até a cama. Me depositou lá com cuidado sem quebrar nosso beijo e deitou por cima de mim. Ele desceu os lábios pelo meu pescoço, busto, pelos seios por cima do sutiã, barriga e parando bem perto da minha calcinha. Deixando queimando por onde passava.

Empurrei Oliver para longe de mim e fiquei em pé, tirei meu sutiã e o joguei longe, após, tirei a calcinha que ganhou o mesmo destino do sutiã. Fiz menção de tirar os saltos, mas fui impedida.

⁃ Não - o olhei sem entender- Os saltos ficam.


Temos alguém com fetiche por saltos, então.

⁃ Você está muito vestido - mordi o lábio o olhando e sentei em seu colo passando ambas as pernas por sua cintura - É injustos demais eu estar completamente pelada e você completamente vestido. - falei no pé do seu ouvido e depositei um beijo próximo a sua orelha, ele se arrepiou. - Vou resolver esse problema. - ele assentiu engolindo em seco, tirei seu termo, desfiz rapidamente o no da gravata e comecei a desabotoar a sua blusa. Ele tirou o suspensório e joguei tudo para bem longe.

Me ergui para que ele pudesse tirar a sua calça e sapatos e assim foi feito. Oliver me agarrou e me jogou na cama, dessa vez sem cuidado nenhum, e voltou a me beijar com luxúria e desejo. Sem cerimônias ele abocanhou meu seio e começou a morder e chupar o bico, eu puxava seus cabelos o apertando contra mim e gemia baixinho. As mãos dele passeavam por todo meu corpo até chegarem em minha intimidade massageando meu clítoris e me penetrando com dois dedos. Eu quis gritar com o trabalho que ele fazia lá embaixo, se com os dedos era assim imagina com o…

⁃ Oliver, eu não quero preliminares - implorei - Eu quero você.

⁃ Isso eu já sei - apertou meu clítoris e eu gemi um pouco mais alto - O que você quer de mim, princesa?

⁃ Eu quero vo-ocê… Oh - gemi mais quando seus dedos começaram a se mover dentro de mim - Oh, Oliver… - empurrei meus quadris na direção de seus dedos e ele os movimentou mais forte. Eu já estava vendo estrelas apenas com dois dedos dele.

⁃ Diga e terá, amor

⁃ Eu quero que me faça sua, Oliver - falei ofegante - Agora.

Ele deu um sorriso travesso e sexy e me beijou. Tirou seus dedos de dentro de mim e inverteu nossas posições. E sem cerimônias me penetrou. Gemi alto com o primeiro contato e comecei a cavalgar rápido em cima dele. Era mágico.

⁃ Oh - ele gemeu - Isso, princesa.

⁃ Oliver… - quase gritei seu nome enquanto rebolava em cima dele.

Ele apertava meus seios e mordia os lábios. Eu gozaria só de olhar para Oliver daquele jeito. Tomado pelo prazer, revirando os olhos e gemendo rouco.

Eu já sentia o suor tomado conta de nós dois. Arranhei de seu peito até os gominhos do seu abdômen quando senti o orgasmo chegando. Quando ele veio, me joguei em cima de Oliver que entendeu o que tinha acontecido comido e tomou as rédeas da situação. Ele me ergueu com as duas mãos e começou a me penetrar forte e rápido. Selei nossos lábios quando a única vontade que eu tinha era de gritar com a onde que aquele vai e vem gostoso trazia. Comecei a rebolar junto com as movimentações dele.

⁃ Caralho, Felicity - ele rosnou apertando a minha bunda e intensificando as estocada, eu nem me importava mais com barulho, gemia alto para quem quisesse ouvir - Eu vou… Ah! - Oliver chegou ao seu ápice e senti seu corpo tremer embaixo do meu. Deitei em seu peito e esperei nossas respirações voltarem a normal. Não percebi quando adormeci em seus braços.

(…)

A gritaria na casa me fez despertar de um sonho maravilhoso, a montanha de músculos dormindo ao meu lado fez meu sorriso de abrir e lembranças do que tinha acontecido a pouco fez meu corpo despertar querendo mais.

Ótimo! Virei uma viciada em sexo.

Mas não qualquer sexo…

Merda! O baile da mamãe!

Mas que gritaria era aquela? Eu não conseguia entender o que era falado com exatidão, só os gritos. Então uma onde de desespero tomou conta de mim e minha respiração começou a ficar ofegante. Aquela sensação ruim.

⁃ Eu senti isso quando Billy morreu - sussurrei correndo para o closet, separei uma roupa qualquer e tomei o banho mais rápido da minha vida. Coloquei uma calça de moletom cinza e uma regata branca.

⁃ Felicity? - Oliver tateou a cama e se ergueu, o olhei desesperada e ele correu até mim - O que aconteceu? Você está pálida.

⁃ Alguma coisa está acontecendo lá em baixo - suspirei - Estavam gritando. Toma um banho, me encontrar lá em baixo - ele assentiu me dando um selinho e eu desci.

Meu coração acelerava a cada degrau que eu descia, meu corpo tremia a cada passo que eu dava. Minha respiração estava descompassada. A gritaria tinha parado, mas o ar estava pesado demais. Dessa vez sussurros e choros eram ouvidos. Parei no hall de entrada e tentei identificar de onde vinha a movimentação. Sala de estar. Parei no arco que separava os ambientes e observei a cena. Thea estava com cara de choro e bebia uma garrafa de whisk pela gargalho, Roy parecia perdido ao lado dela, mamãe soluçava sentada no sofá e papai olhava uma foto minha e dele pendurada na parede com os olhos marejados.

Alguma merda aconteceu. Uma merda bem fodida.

Papai foi o primeiro a me vez e a lágrima que ele segurava finalmente escorreu.

⁃ Felicity… - ele sussurrou chorando e todos me olharam. Roy estava desesperado. Thea correu até mim e me abraçou.

⁃ Eu te amo - ela falou me apertando - Eu te amo muito! Você é minha irmã!

⁃ Hey - soltei nosso abraço e olhei em seus olhos - Eu também te amo, com a minha vida! Eu sei que sou sua irmã - nisso ela chorou de soluçar e eu voltei a abraçá-la - Thea, o que está acontecendo? O que houve com todos vocês?

⁃ Por favor, Moira - Papai suplicou olhando para ela que chorava meneando com a cabeça - Não faz isso.

⁃ Ela tem o direito - mamãe soluçou se levantando e vindo até mim - É a vida dela, Robert.

⁃ O que está acontecendo? - perguntei querendo chorar mesmo sem saber o motivo. Me apertei mais a Thea que chorava copiosamente. Percebi Roy se retirando de fininho pela outra saída da sala de estar. Ele queria dar privacidade a família. A merda era muito grande. - Falem! - praticamente berrei

⁃ Querida, - mamãe começou com a voz fraquinha tentando controlar o choro

⁃ Moira, não!

⁃ Felicity, - ela ignorou meu pai e continuo falando - Eu sempre vou te amar, você é a minha vida! Você é uma das coisas mais importantes do mundo para mim e ninguém nunca vai mudar isso. Ninguém. - respirou fundo - Mas é egoísmo demais não te contar a verdade. É egoísmo demais não querer que você saiba. Você tem esse direito.

⁃ Do que você está falando, mãe?

⁃ Mãe, não - Thea se soltou de mim limpando as lágrimas - Ela é nossa!

⁃ Ela sempre vai ser, querida - mamãe me olhou intensamente, havia amor ali, muito amor naquele olhar, mas também havia dor, muita dor - Ela vai deixar de ser se mentirmos para ela, eu conheço a minha filha - ela bateu no no peito ao dizer o minha filha e meu corpo inteiro extremeceu

⁃ Mãe?

⁃ Querida, eu te amo! - assenti - Mas você precisa saber a verdade pela gente, nós somos a sua família. Apesar de todo. Você é nossa! Mas, meu amor… - lágrimas finas rolaram em sua face

⁃ Moira… - papai repreendeu mais uma vez

⁃ Robert e eu não somos seus pais.

O silêncio pariorou na sala e meu mundo inteiro pareceu girar. Meu corpo tremeu e eu tentei controlar a minha respiração.

⁃ Que brincadeira é essa? - proferi por fim

⁃ Não é brincadeira, filha - ela chorou, Thea soluçava ao meu lado - Você foi trocada na maternidade.

⁃ O que? - tremi - Pai? - olhei para ele que havia se aproximado - Do que ela está falando?

⁃ Filha, calma! - ele pediu - Eu queria te contar, mas não agora, eu queria te proteger e…

⁃ COMO ASSIM EU FUI TROCADA NA MATERNIDADE? QUE HISTÓRIA É ESSA? - gritei desesperada deixando as lágrimas caírem por meu rosto - QUEM FARIA ISSO?

⁃ Calma, Lissy - Thea chorou - Por favor - ela quis tocar meu braço, mas eu dei um passo pra trás trombando com alguém.

⁃ Desculpem - Oliver pediu - Eu escutei gritos e achei que algo estava acontecendo, vim correndo. - me virei para ele e seus olhos se arregalaram ao ver meu estado - O que foi? - ele olhou para todos os rostos na sala e vi preocupação em seu olhar - Eu não queria indomodar, pelo visto é um problema familiar.

⁃ Você pode ficar, Oliver - meu pai falou - Você faz bem ela.

Oliver assentiu e parou ao meu lado. Eu já soluçava em desespero e me deixei ser acalmada pelo carinho que ele começou a fazer nas minhas costas.

⁃ Porque fizeram isso? - fale baixinho olhando para os meus pais

⁃ É - Thea concordou - Porque fizeram isso? Eu também estou doida para saber, pai - falou a palavra pai com desdém e ele abaixou a cabeça.

⁃ Isabel - ele me olhou em súplica e eu já tinha entendido tudo - Isabel Rochev era minha amante quando Moira estava grávida de Felicity.

⁃ De mim não - quase berrei e senti Oliver ficar tenso ao meu lado e mamãe soluçou aos prantos.

⁃ Quando Moira estava grávida pela primeira vez - se corrigiu me olhando intensamente - Eu a abandonei grávida e obriguei que ela abortasse a criança, ela o fez e pra se vingar ela trocou o bebê na maternidade.

⁃ E-ela sabia que Robert clamava por um filho homem para herdar a empresa - mamãe falou baixinho com a voz rouca de tanto chorar - E ela trocou o menino por você, filha.

⁃ Eu sou o castigo de vocês - deduzi e os dois choraram meneando com a cabeça - A decepção do papai.

⁃ Nunca mais diga isso - meu pai falou com a voz nas oitavas apontando um dedo para mim - Você é o meu orgulho, a melhor parte de mim. Você é tudo que eu queria ter sido, seu caráter, sua bondade, seu amor ao próximo. Na sua idade eu era um merda é só fazia merda, mas eu criei você e sinto orgulho de você todos os dias. - ele chorou e eu também - Eu lembro do dia em que te vi pela primeira vez no berçário, que te peguei pela primeira vez no colo, seus olhos azuis se esbugalharam ao ouvir minha voz e você seu primeiro sorriso para mim. E eu sabia que ela você que ia mudar a minha vida filha, que ia me fazer um homem melhor. - ele respirou fundo - Eu posso não ter sido o melhor marido por anos, mas você me ensinou a ser pai, eu passei a querer que esse mundo fosse melhor para você crescer nele. Você é o meu legado e não importa de onde você tenha vindo.

⁃ Não finjam que não se importam com o filho de vocês, o homem que vocês sempre quiseram - apontei para os dois - O que devia estar no meu lugar, nem era pra vocês terem me conhecido. Não era para eu estar aqui, não era para estarmos tendo essa conversa. Isso tudo é culpa sua - olhei pro papai e dor tomava conta de suas feições mediante as minhas palavras duras - Se Isabel não existisse na sua vida, se você não fosse cafajestes traindo a sua esposa. Não estaríamos nessa situação - mamãe chorava abraçada a Thea e papai me olhava estático. Me virei para Oliver, e ele me olhava assustado - Me tira daqui. Por favor - chorei

⁃ Vem - ele me puxou e saímos pela porta.

⁃ Felicity… - escutei Thea e mamãe chamando, mas ignorei.

Eu estava devastada. Minha vida toda era uma mentira. Aquele não era o meu lugar.

 


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Notas finais do capítulo

Quero me desculpar pela demora em atualizar a história. Eu estou muifo travada para escrever e não queria trazer qualquer coisa para vocês. Inclusive o capítulo nem saiu da forma que eu queria ou tinha imaginado.

Pensei da Isabel contando a verdade na frente de todo mundo no baile. Porém achei que ia ser muito pesado para a Felicity descobrir assim, com todos holofotes e muita exposição.

No próximo capítulo vou abordar um pouquinho de como os Queen ficaram sabendo de tudo pelo POV do Robert. O que acham? Ou preferem que seja pela Thea? Decidam e me falem, a maioria vence!

Mesmo eu demorando para atualizar, saibam que não tenho pretensões nenhuma de abandonar a história. Ela martela não minha cabeça todo dia, mas o que sei na escrita não me agrada. Por isso eu demoro. Então novamente… Perdão!

O que acharam do capítulo? Comentem muito! Por favor!!!

Amo vocês!

Nos vemos nos comentários!


Imaginei esse vestido maravilhoso:

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