Colônias Galácticas escrita por Aldneo


Capítulo 7
Atraso




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As estruturas da estação espacial lembravam formas desenhadas por algum artista abstrato e pareciam constituir uma fortaleza no céu. Enquanto se aproximavam, Karine tirou algumas fotos através da janela da nave, enquanto ouvia o chanceler Quintine encarnar um professor de história:

— Esta estação é uma das mais antigas, foi originalmente construída pelos russos. Se não me engano, em um dos lados dela, ainda se vê o brasão da águia de duas cabeças frenteada pelo escudo de São Jorge. Eles a chamavam Tsar Nicolau I. Porém, após a guerra, quando todas as estações passaram ao controle da União, a renomearam para algo mais internacional…

Parada ao lado da estação, sendo abastecida por grandes braços mecânicos, estava a nave interplanetária, de dimensões tão impressionantes que faziam superestimar a capacidade criativa do ser humano. De forma geral, aquela nave lembraria uma enorme caixa, com diversos painéis e sensores espalhados por suas laterais, colossais turbinas em sua parte traseira e a frente com um formado um pouco mais arredondado. Aquele titã da engenharia espacial havia sido construído inteiramente no espaço, para viver somente nele. Jamais entraria ou sairia da atmosfera de qualquer planeta, jamais precisaria se preocupar com decolagens ou aterrissagens, não necessitando de formas aerodinâmicas, ou de dispositivos de pouso, ou proteções para reentrada. Tudo o que precisava era ser grande e resistente, com motores potentes o suficiente para percorrer dezenas de milhões de quilômetros no vácuo sideral em questão de dias ou semanas. Além de depósitos de combustível capazes de armazenar a quantia necessária para isto (o que por si só já justificaria o “ser grande”).

O módulo que havia decolado da Terra logo se posicionou ao lado da grande nave e adentrou em um compartimento que se abrira nela. Com a primeira nave, que agora parecia “pequena”, pousada no interior da segunda, terminara uma etapa da viagem. Porém, os passageiros ainda teriam que aguardar sentados em seus assentos até que as enormes comportas do “hangar” se lacrassem, todo o recinto fosse pressurizado e recebesse a atmosfera artificial necessária para que pessoas pudessem sobreviver nele. Após estes procedimentos, os passageiros e tripulantes foram liberados para seguirem para a segunda nave.

Guiada pelo chanceler, Karine seguiu pela nave até a área das cabines, que se mostrava bem vazia. Caminhando como que conhecendo aqueles corredores e caminhos de forma decorada, Quintine lia alguns informes em seu dispositivo portátil, que apresentava uma tela bem maior que o da jovem.

— Oh, não, mas que droga! – ele reclamou após ler um determinado informe. Questionado do ocorrido por Karine, ele lhe informou: - Um voo vindo de Caiena, destinado também a esta viagem, teve um atraso na decolagem. Teremos que esperá-los… As previsões do atraso variam entre um mínimo de seis horas até o máximo de dois dias. Bem, pelo menos temos a vantagem de viajarmos em nome do Instituto e financiados pelo governo da União, o que nos permitirá esperar este atraso no conforto de cabines privativas de primeira classe. - ele completou a fala assumindo um tom de voz bem mais cordial e apontando para as duas próximas portas do corredor, uma defronte a outra, que apresentavam os números de cabine indicados em seus tíquetes virtuais.

— É, menos mal… - Karine respondeu, enquanto apanhava seu aparelho para ver ela mesma os informes relativos a viagem, não escondendo estar contrariada – Mas é realmente um saco ter que aguentar este atraso por causa da falta de estrutura destas bases obsoletas… Até os Separatistas tinham bons centros de lançamento!

— Não é exatamente assim, duquesa. Eu já estive na América do Sul. Estive a convide do grão-duque Schmidt Buenaga, que na época era presidente do Brasil; ali, visitei o Centro de Lançamentos Thomas Shannon; se não me engano, ele fica numa cidade chamada “Saint Louis”, ou algo do tipo. Era uma excelente base, uma das melhores que já vi, muito bem planejada e posicionada. Era, por falta de palavra melhor, simplesmente perfeita para lançamentos espaciais. Realmente não duvido que o mesmo se passe com a base em Caiena. O problema são as populações de miseráveis destas zonas, o que acaba exigindo dos governantes muitos gastos com programas sociais e coisas do tipo, atrapalhando os investimentos em infraestrutura…

— É, isto é realmente lastimável… - Karine respondeu, buscando por um tom mais politico na voz, enquanto navegava por diversos informes a respeito da viagem e também do que ocorria em Marte – Hei, você sabe do que se trata isto? - ela muda de assunto, mostrando em seu aparelho uma notícia com anuncio de recompensa pela captura ou informações que levassem a prisão de alguns “rebelados” em Marte.

— Ah, isto foi um caso ocorrido a alguns dias em uma das minas, por coincidência, do senhor Mallus-Bernard; um grupo de mineiros começou um protesto, supostamente pedindo por melhores condições de trabalho, após um acidente onde alguns deles acabaram se ferindo. Porém, quando representantes da diretoria da mineradora foram negociar com os manifestantes, estes os atacaram. Acho que pensavam que podiam tomar a mina e ficar com ela para eles, pobres iludidos. Chegaram inclusive a matar um dos negociadores, se eu não me engano, e deixaram outros bem machucados. Estes, anunciados como “procurados”, devem ser os que foram identificados como líderes desta rebelião. Você não precisa se preocupar, até chegarmos lá, as autoridades já terão tido tempo de encontrá-los e levá-los a justiça. Ainda mais com este atraso…

— Bem, de qualquer forma, teremos que esperar mesmo, então irei a minha cabine, verificar se minhas coisas foram trazidas a bordo corretamente. Até mais tarde, Chanceler.

Quintine respondeu a despedida da jovem e, após ela, também tomou o caminho de sua cabine. Ambos se fecham atrás de suas respectivas portas para aguardar o real início da viagem. Ao adentrar a cabine, Karine ainda visualizava a notícia sobre os foragidos procurados, chegando ao último da lista, pelo qual se prometia a recompensa de dez mil créditos; e que se tratava de Anton “Klás”.


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