Colônias Galácticas escrita por Aldneo


Capítulo 47
Modo de Segurança




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Aproveitando que o soldado que os vigiava havia se distraído, olhando para o seu superior e a sua possível vítima (demonstrando compartilhar as intenções do que não se podia saber ao certo se fora um gracejo, uma ameaça ou a revelação de uma sinistra maquinação da mente do capitão Rademaker), Ivana se lançou contra ele. Rapidamente, ela agarrou a arma que ele empunhava e a forçou contra o corpo dele. Pego de surpresa, o soldado não conseguiu resistir ao impulso com o qual ela se arremetera contra ele, nem evitar que o cano da arma fosse posto por debaixo de seu queixo e que sua mão fosse forçada contra o gatilho. Tudo ocorreu muito rápido, em uma fração de segundo. Houve um disparo, o rosto do soldado se banhou em sangue e ele tombou, deixando o fuzil nas mãos de sua assassina. Esta, logo se pôs a disparar contra os demais soldados, atingindo em cheio o que estava mais próximo, e forçando os demais a buscarem alguma cobertura por entre as mesas daquele refeitório.

— Vamos! - ela gritou em meio aos sons secos dos disparos do fuzil eletromagnético, o que fez com que Marcus e Klás se levantassem e corressem em direção à porta. Em seu avanço, Marcus apanhou a arma caída no chão, do outro soldado atingido pelo ataque de Ivana, e também se pôs a disparar, ajudando a manter os demais soldados suprimidos. Karine, percebendo a movimentação de fuga, se lançou para junto deles, e os quatro foram na direção da saída. Ivana disparava continuamente com a arma, como que descarregando junto dos projeteis toda sua ira contra Rademaker e seus homens, enquanto que Marcus, que a ajudava, disparava rajadas mais controladas, com o intuito de forçar os soldados a se manterem sob cobertura, enquanto eles se retiravam.

Marcus fora o primeiro a alcançar o limiar da porta, onde tomou posição e, mantendo o fogo de supressão, indicou a Karine e Klás que passassem para o lado de fora. Tal momento coincidira com o que os soldados começaram a revidar o fogo, atirando de detrás das mesas que usavam como proteção. Alguns projeteis resvalaram próximos a Marcus, forçando-o a se lançar porta afora, enquanto Ivana ainda mantinha fogo constante contra os soldados. Vendo o contra-ataque dos soldados contra Marcus, ela tomou a posição dele em frente a porta, disparando continuamente, enquanto gritava para que seus companheiros continuassem a fuga. Foi neste instante que uma bala lhe atingiu a coxa direita, um jorro de sangue espirrou em todas as direções. O impacto a desequilibrou, derrubando-a violentamente para trás, fazendo-a cair sentada no corredor, de frente para a entrada do refeitório, batendo as costas contra a parede oposta. Sem hesitar, ela voltou a apertar o gatilho e mais uma longa rajada foi disparada para o interior do refeitório. Aparentemente, como atestara um grito de dor emitido no interior do salão, neste ataque ela atingira mais um dos soldados. Porém, pouco após isto, o desesperador som mudo de arma vazia ecoou do rifle que ela empunhava, sendo ouvido tanto no corredor pelo qual seus amigos fugiam, quanto no interior do refeitório de onde haviam saído. Em um instante eterno, a garota encarou os soldados no interior do refeitório se levantando de detrás de suas coberturas, empunhando suas armas com sorrisos maliciosos e olhares vingativos.

— Ivana! - Klás gritou, indo em sua direção e fazendo-a virar o rosto em sua direção, o olhar de ambos se encontraram enquanto os disparos que resvalavam nos arredores dela aumentavam de intensidade. Fora um simples instante, mas que, para ambos, pareceu se dar em câmera lenta, até que um estouro de sangue se deu no estômago da garota. O disparo a atingira em cheio, sendo potencialmente letal, porém, em sequência, um segundo lhe estourou o ombro direito, seguido de mais dois impactos, um no peito e o último na cabeça. Diante da execução, Klás soltou um grito de “Não!” e ameaçou se lançar na direção da amiga, sendo impedido por Marcus que, detrás dele, o puxou, gritando-lhe que precisavam prosseguir. Neste instante de indecisão, um dos soldados saiu pela porta do refeitório, encarando-os com a arma em punhos. Marcus, porém, conseguiu ser mais rápido do que ele, apertando o gatilho do rifle que segurava. Para a sorte do soldado, Marcus empunhava o rifle com apenas uma das mãos, já que a outra ainda segurava a Klás, o que o impediu de mirar com precisão ou de compensar o recuo da arma ao disparar. Assim, o soldado conseguiu se lançar de volta ao interior do refeitório, enquanto os projeteis disparados atingiam a parede do corredor e os umbrais da porta. O trio de sobreviventes se lançou em uma desesperada fuga, correndo ao longo do corredor.

Após correrem por alguns tantos metros, Marcus chamou a atenção dos demais, lhes anunciando com entusiasmo:

— Um Terminal! - e com isto se posicional à frente da tela, selecionando alguns comandos que fizeram com que a porta da secção do corredor pela que passaram se fechasse. Enquanto selecionava alguns outros comandos, ele se pôs a explicar a seus dois companheiros, que haviam se posto por detrás dele: - Vou acionar o “Modo de Segurança” da nave. Os motores se desativarão e todas as portas serão travadas, só podendo ser abertas mediante o uso de senha. Daí, apenas nós poderemos nos deslocar pela nave e Rademaker e seus soldados estarão presos…

Porém, após alguns poucos segundos (e alguns tantos hábeis comandos), Marcus acabaria por soltar um impropério, após o qual se voltou aos companheiros em nova explanação:

— O Modo de Segurança só pode ser acionado com a autorização de “super-usuário”… E os únicos com este tipo de autorização são Ivana e Iuri… - Enquanto Marcus ainda falava, os três tiveram sua atenção desviada para o som de soldados que, avançando pelo corredor, em perseguição a eles, tinham se deparado com uma porta fechada. - Vamos, temos que continuar! - Marcus finalizou sua fala enquanto se punha novamente a correr, sendo prontamente seguido pelos companheiros de fuga.

No refeitório, Rademaker encarou com desprezo os corpos dos dois soldados mortos, estirados no chão, ainda nos locais e nas posições em que tombaram, e um terceiro que, escorado em uma das mesas, recebia os socorros por parte de outros dois companheiros. Também encarou o corpo desfigurado e ensanguentado que jazia no corredor, ainda sentado no chão de frente a entrada. Após uma desdenhosa expressão em seu rosto, ele declarou, como se estivesse apenas pensando alto:

— Eles podem tentar tomar a cabine; porém conosco a bordo seria muito arriscado, então acho que o mais provável é que retornem ao hangar, na esperança de retomar a suborbital em que vieram e fugir. - ele então se voltou ao soldado mais próximo, lhe ordenando: - Contate todos, informe sobre os fugitivos, que se ponham de guarda no caminho que leva ao hangar. Se tentarem adentrá-lo, devem ser mortos sem hesitação.


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