Colônias Galácticas escrita por Aldneo


Capítulo 3
amores de uma noite de verão




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Dois finais de semana depois; Karine despertou em sua cama, já com o dia claro e próximo da hora do almoço. Sentindo uma forte dor de cabeça, sintoma de ressaca. Ela se sentou com as mãos na cabeça, tentando amenizar a enxaqueca, depois passou os dedos ao longo dos cabelos, buscando arrumá-los um pouco. Voltando-se, novamente, para a cama, ela encarou o jovem cientista com o qual havia ido ver as celebrações do “dia memorial pela vitória na guerra”, deitado, ainda adormecido, sem camisa e virado para o outro lado. Por fim, ela se levantou e atravessou seu grande quarto. Este se mostrava pintado de uma mescla de cores claras e vivas, com diversas fotos e quadros pendurados pelas paredes, além diversos enfeites e ornamentos por sobre os móveis. A larga cama estava paralela a enorme janela, cuja claridade atravessava finas cortinas de renda; e defronte a um guarda-roupas, que ocupava toda a parede. Ela seguiu até o banheiro, adjunto ao quarto, para tomar um banho.

Após o banho, ao retornar para o quarto, ela se deparou com o jovem, agora sentado em sua cama, se espreguiçando, o qual lhe recebeu com um “bom dia”, dito com um tom levemente insinuante na voz, ao que ela lhe respondeu asperamente:

— Se já acordou, pode se vestir e ir…

— Nossa, se sou tão desagradável assim, - ele respondeu ironicamente – porque repetiu a dose comigo este final de semana?

— Ah, não é nada com você, tá… é só a minha cabeça… está me matando… agora preciso de um tempo pra mim… pra me recuperar…

— Que bom que não sou eu… - ele falava enquanto pegava sua camisa do chão e começava a vesti-la – É esta semana a sua viagem, não é? Sabe, estes dias têm sido tão agradáveis que até pensaria em esperar você voltar…

— É não foram de todo ruim… Posso até considerar namorar menos… - Karine rebateu cinicamente.

— Não creio que me preocuparia com isso… Duvido encontrar alguém que lhe interesse em Marte. Só o que encontrará por lá serão exilados miseráveis e alguns velhotes carrancudos, que possuem a beleza inversamente proporcional a riqueza…

— Não espero mesmo encontrar mais que isso, mas nunca se sabe não é… Além disso serão mais de duas semanas de viagem, e haverão muitas outras pessoas na nave, passageiros, oficiais… - ela dizia desbocadamente, enquanto se sentava em uma cadeira, de costas para seu acompanhante, e começava a escovar os cabelos com uma escova giratória automática.

— Hum, sei… Vai me mandar as fotos que prometeu? - ele buscou desconversar.

— Sim, pode aguardar, vou enviá-las desde a base de lançamento. A estação espacial, a chegada no planeta, tudo. Vai ser como se você estivesse fazendo a viagem.

Após a conversa, enquanto ela terminava de escovar os cabelos, o jovem apanhou o pequeno aparelho de material transparente, que estava sobre um criado ao lado da cama, e o desdobrou, ligando-o. Uma pequena tela luminosa apareceu em sua superfície, a qual ele tocou algumas vezes, ativando alguma funcionalidade do aparelho. Depois, voltou a dobrá-lo, apagando-o, e o guardou em um bolso de sua calça que tinha o formato e tamanho exatos para comportar tal aparelho. Os dois sairam do quarto e seguiram pelo corredor até um lance de escadas, o qual desceram até um pequeno hall, onde se via a porta de saída. Eles se despediram, ele tentou dar um beijo de despedida, mas ela simplesmente lhe virou o rosto, mantendo uma expressão de indiferença.

Após a partida de seu “amigo”, Karine seguiu para a cozinha, para tomar um “café da manhã”. Abrindo a geladeira, apanhou uma das muitas bandejas plásticas que enchiam o eletrodoméstico, retirando o rótulo que a tampava e a colocando dentro de um pequeno forno próximo. Uma tela se iluminou no painel do segundo aparelho, ao qual ela aproximou o código gráfico impresso na embalagem que havia retirado da bandeja. O código foi reconhecido pelo sensor do forno, dando início ao programa de preparo do alimento. Ao que Karine sentou-se, sozinha, à cabeceira da longa mesa de madeira polimerizada, contornada por diversas cadeiras bem ornamentadas e feitas do mesmo material, que tomava a maior parte de sua sala de jantar.

Do lado de fora da casa, o jovem ficou aguardando, como que esperando por algo. Alguns minutos depois, um veículo de coloração azul-claro, com detalhes prateados, estilo baixo e design de curvas muito suaves, despontou junto ao portão e permaneceu imóvel defronte ele. Na sala de jantar, um suave sinal sonoro chamou a atenção de Karine, que pegou o pequeno aparelho transparente que estava em seu bolso. Ao desdobrá-lo, ela viu, na tela que surgira em sua superfície, um informe de seu portão de entrada sobre o carro ali parado.

— Ah, o carro dele já chegou. – ela mencionou consigo mesma, enquanto tocava no comando de liberar aceso na tela.

Do lado de fora, o portão se abriu, permitindo a entrada do veículo, que seguiu pelo caminho do jardim até a porta da mansão, onde o jovem o aguardava. O veículo estacionou de forma a deixá-lo de frente à porta, a qual se abre lenta e silenciosamente, fazendo uma curva para cima e para trás, mantendo-se o tempo todo junto a lateral do carro, e revelando o amplo interior do mesmo. O jovem adentrou ao carro, que começou a manobrar e saiu do terreno da mansão, passando pelo portão, que abrira e fechara automaticamente para permitir sua passagem. Dentro da mansão, Karine ainda olhava a tela de seu aparelho portátil, onde uma caixa de texto solicitava sua decisão com a pergunta “Deseja adicionar exceção na segurança de acesso à casa para este veículo?”. Após pensar por alguns poucos segundos, ela respondeu ao aparelho um “não”, o que muda a tela, passando a mostrar o informe “Exceção de segurança para acesso NEGADA”. Ela dobrou e guardou o pequeno aparelho e voltou sua atenção a um outro alerta sonoro, este emitido pelo forno, indicando que a sua refeição estava pronta.

O resto daquele dia, e também o seguinte, passaram rápido, com algumas ligações, a maioria daquele jovem cientista, ignoradas por Karine, mas sem grandes feitos. Ele acabou por se contentar ao receber uma ou outra mensagem escrita por ela (na verdade, gerada automaticamente por seu aplicativo de caixa postal), justificando sua falta de atenção por estar ocupada com os preparativos da viagem, ou estudando. Embora os preparativos da viagem já estivessem todos arrumados, por uma equipe de profissionais contratados para pensar e aprontar tudo o que ela precisaria no translado e estadia. Além de que o histórico de seu dispositivo de mídia apresentava várias horas seguidas de reprodução de séries e filmes, e nem uma sequer de qualquer documentário. Seja como for, o dia da tão aguardada viagem estava chegando.


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