Colônias Galácticas escrita por Aldneo


Capítulo 25
Quem são vocês?




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A nave suborbital, pilotada por Anton Klás, pousara no interior do deque traseiro da grande espaçonave, na órbita de Marte. Ali, um tubo metálico começou a se prolongar desde uma das paredes na direção da porta de saída da nave menor, com a extremidade se deslocando para os lados, a fim de se alinhar com a comporta. Conseguido o feito de encaixar o tubo na posição correta, Iuri, através do comunicador, informou aos ocupantes da suborbital que poderiam desembarcar. A nave menor foi desligada, incluindo sua gravidade artificial, fazendo com que todos começassem a flutuar, seguindo até a saída se apoiando pelas paredes. Ivana e Marcus carregavam algumas bolsas, e foi ele quem se adiantou na direção da porta e a abriu para os demais, dando passagem para que os outros saíssem primeiro. Ao ver o confinamento do tubo que os interligava ao interior da nave maior, Karine comentou, não conseguindo disfarçar um tom desdenhoso em sua voz:

— Um tubo de desembarque?

— Exatamente. - Ivana lhe respondeu asperamente, enquanto passava por ela carregada com diversas bolsas de grande tamanho (que provavelmente ela não carregaria com tanta facilidade se tivesse que lidar com o peso delas à gravidade normal), saindo para o tubo. - Desculpe, se isto não tem todo o luxo e conforto de um voo particular de alguma companhia aeroespacial, mas não vamos desperdiçar recursos escassos pressurizando e atmosferando um deque inteiro, ainda mais só para que quatro pessoas embarquem.

Anton saiu da nave em seguida, quieto e sério, carregando também um par de bolsas, uma debaixo de cada braço, ao que Karine olhou para Marcus que permanecia segurando, desnecessariamente, a comporta. Ele deu ombros e lhe indicou que também desembarcasse, saindo ele mesmo por último, para fechar a comporta. Seguiram, flutuando na ausência de gravidade, pelo tubo, até chegarem a uma nova comporta, que se abriu automaticamente. Após todos a atravessarem, ela se fechou, e se ouviu o som de engrenagens recolhendo o tudo. Todos pareciam se apoiar nas paredes, como que para evitar ficar flutuando a deriva, os que carregavam “bagagens” também pareciam fazer certo esforço para segurá-las junto de si, impedindo que elas flutuassem livremente. Marcus avançou até um painel e o ligou, pedindo:

— Iuri, a gravidade…

— Ah, tá, foi mal… Já vou ligar, espera só um minuto… - a voz do jovem respondeu languidamente pelo comunicador.

Demorou alguns minutos até que a gravidade artificial da nave fosse acionada. Ao lado da comporta, todos sentiram o peso retornar a seus corpos. Os três companheiros de viagem conseguiram firmar as pernas enquanto o chão os puxava, parando em pé, apenas com um leve desequilíbrio que os fez balançar um pouco para a frente e para trás. Porém, Karine, praticamente sem experiência com a falta de gravidade, não conseguiu “cair” sobre os pés firmes na hora que a gravidade retornou, e desmoronou ao chão em um tombo embaraçoso, diante do qual Ivana não conseguiu segurar o riso. Após ela se recuperar do tombo, os demais se prepararam para seguir caminho pelo corredor. Agora as bolsas pesavam, Ivana, se esforçando para erguer e se equilibrar com as três que carregava, acabou por empurrar duas delas para Marcus, que saíra da nave com as mãos vazias, como que exigindo que ele também levasse algo. Ele fez o que pareceu uma careta diante da situação, mas pegou as bolsas e as carregou, sem demonstrar grande esforço. Na verdade, uma certa dificuldade era demonstrada e sentida por todos, a cada passo eles sofriam um leve desequilíbrio, algo que fora bem acentuado ao tentarem mudar de direção numa curva que o corredor fazia. Todos se sentiam bem mais leves que o normal, pois a gravidade não havia sido ligada no mesmo nível da terrestre, mas em um nível bem menor. Não demorou muito para eles chegarem em uma área que lembraria um refeitório. Era um local amplo, com o que pareciam ser seis mesas largas rodeadas de cadeiras, tudo fixado no assoalho. O jovem magricelo, Iuri, que se revelava de baixa estatura, foi encontrá-los junto a porta.

— E ai, maninho! - Ivana gritou com satisfação ao vê-lo.

— Mana! - ele respondeu com a mesma satisfação, enquanto ia ao encontro do abraço que ela abrira.

— Irmãos? - Karine perguntou baixo para Marcus, que lhe respondeu:

— Sim, os dois são irmãos. Esta nave era do pai deles.

— E aí, cuidou bem da minha nave enquanto eu estava fora? - Ivana lhe perguntou com o tom irritante que lhe parecia ser natural, ainda abraçada com o irmão, que ao ouvir tais palavras, saiu do abraço com um leve empurrão, questionando, com uma irritação claramente fingida:

— Que negócio é esse de “sua nave”, ela também é minha! - e os dois riram juntos, enquanto Iuri cumprimentava os demais, e todos adentravam mais ao recinto. Ele parou diante de Karine, como que questionando com o olhar quem seria aquela, ao que sua irmã se antecipou a pergunta:

— Esta é uma novata, achamos ela perdida lá no planeta e a trouxemos para casa. Não se apegue demais a ela, ou Zara ficará com ciúmes hein… - ela falava enquanto caminhava na direção de uma das mesas vazias e cumprimentava a garota que antes haviam visto pelo comunicador, que também estava ali dentro, sentada em uma das cadeiras, esticando as pernas cruzadas sobre a mesa a sua frente. Estava descalça e com um shorts que deixava a mostra a grande tatuagem que tinha na perna direita, que parecia se constituir de ramos e folhagens se estendendo desde o pé até a metade da coxa, onde terminava em uma bela flor de lótus, pintada em tons de azul e dourado. A garota, apenas respondia aos cumprimentos com acenos de mão e, apesar da posição relaxada, não parecia muito à vontade.

Todos se assentaram ao redor de uma das mesas, colocando as bolsas em cima ou ao lado dela. Karine ficou em pé, um pouco mais atrás, vasculhando todo aquele lugar com o olhar. Os demais conversavam:

— Não entendi porque vocês vieram atrás de mim, pensei que ficariam escondidos na 29-A, que estava tranquilo por lá. - Iuri, que também tomara lugar na mesa, falava perplexo.

— É, nós também. - Marcus respondeu. - Mas, estávamos errados. Bernard mandou homens vasculharem todos os níveis inferiores de suas colônias continuamente. Não estão para brincadeira, estavam bem equipados e vasculhavam cada centímetro.

— Achamos nossa convidada enquanto a encurralavam… - Ivana comentou, após o que levantou a cabeça por sobre os outros e a chamou: - Hei, psiu, loira, desculpe mas ainda não peguei teu nome.

— Ah, Karine, meu nome é Karine… - ela respondeu. - Acho que ainda não agradeci também, pelo que fizeram por mim, não é… Bem, obrigada.

— Por nada, mas, também não sabemos qual é a tua história. Então, por que os homens do velhote estavam te perseguindo?


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