Colônias Galácticas escrita por Aldneo


Capítulo 12
Z




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Ao dizer que a mansão em que Mallus-Bernard vivia era frenteada por um gramado, poderia ser considerado que o chanceler Quintine Nubaco fazia um eufemismo. O que se via ali era um exuberante jardim, trabalhosamente bem cultivado por ao menos uma dezena de funcionários, com direito a diversas plantas ornamentais e, incluso, um pequeno pomar, ainda que este não aparentasse ser muito frutífero. Um caminho de pedras esbranquiçadas (pintadas de branco, para ser mais sincero) seguia até a porta de entrada e repartia o jardim na metade. Havia também, do lado esquerdo de quem andava em direção a casa, uma frondosa fonte, esculpida na forma de uma mulher com os braços erguidos, praticamente um Y esculpido com feições humanas. De cada uma das mãos da estátua, jorrava um pequeno jato de água, que caiam, formando suaves parábolas, na base circular que a contornava.

Karine seguiu, alguns passos atrás do chanceler, pelo caminho de pedras brancas. Ela andava mais devagar do que ele, pois não conseguia deixar de admirar aquele cenário tão distinto do restante do planeta que havia visto até agora. Inclusive o clima ali parecia mais agradavelmente morno do que havia sentido, mesmo nos prédios residenciais da colônia. Era quase como se tivessem voltado a Terra. Sua atenção se distraiu um pouco mais ao notar os seguranças, aparentemente armados, que vigiavam a propriedade.

Os dois chegaram a entrada da mansão e Quintine tocou no sensor da campainha. Apenas alguns segundos foram necessários para a porta ser aberta por um funcionário, o qual falava com um sotaque cuja origem era impossível de se determinar (sendo quase impossível, também, para Karine, segurar o riso ao ouvir o falar do jovem atendente):

— Bom dia, os zenhores zão ozenviados do Iztituto, no é mezm? - após receber a confirmação de Quintine, ele continuou: - O zenhor Bernard os rezeberá in brev. Fazer favor, macompanhar até a zala zezpera.

O interior da casa era espantosamente admirável, repleto de itens ornamentais, porém, o que mais chamava atenção era que os móveis eram feitos de madeira e polímeros. Quase tudo nas colônias era feito de metal. Afinal eram, primariamente, colônias de mineração, logo, esta matéria-prima abundava, objetos feitos de madeira, e incluso de plástico, só existiam quanto “importados” da Terra, o que permitia a ambiciosos comerciantes lhes precificarem com valores astronômicos. Porém, ali, tal fato parecia inexistente. A sala de espera era igualmente opulenta, tapetes e tecidos finos eram vistos contornando as grandes e confortáveis cadeiras, feitas de uma madeira escura, talentosamente entalhada em um estilo clássico e com os assentos e encostos recobertos por um macio estofado vermelho. Quintine e Karine tomaram assentos, enquanto o funcionário que os recepcionara e guiara até ali adentrou uma grande porta dupla que dava de frente à aquela sala, que, conforme tudo indicara, seria a entrada do escritório de Mallus-Bernard. Os dois passaram alguns instantes admirando aquele aposento, com os seus móveis, quadros, vasos e pequenas estátuas; mesmo os excelentes apartamentos em que estavam instalados pareciam decair significativamente quanto comparados, mesmo com apenas aquela pequena parte da mansão a que haviam tido acesso.

Porém, eles não puderam contemplar aquele espaço por muito tempo, em apenas uns poucos minutos, o mesmo funcionário entreabriu a porta a que tinha entrado, chamando-os:

— Zenhores do Iztituto, o zenhor Bernard os veragora.

Os dois se levantaram. Por educação, Quintine deixou a jovem lhe tomar a frente, seguindo-a alguns passos atrás. O funcionário abriu caminho, mantendo-se junto a entrada do escritório, e deixou Karine entrar, porém, se pôs diante do chanceler, bloqueando sua passagem, enquanto fechava a porta atrás de si. A duquesa, ao perceber o que ocorrera, e que ficara sozinha, não se incomodou com o fato. Na verdade, um pensamento lhe passou na cabeça de que, desta forma, toda a glória pelo sucesso na negociação recairia sobre ela. Mesmo que ela não negasse que tal pensamento tivesse lhe agradado, ela se esforçou para afastá-lo, de forma a se concentrar no objetivo. Após concluí-lo, ela poderia se preocupar em como usar tal feito em seu próprio benefício.


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