Paz Na Sua Violência escrita por Tricia


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Confesso que esse capítulo foi um pouco difícil de escrever porque eu tinha uma ideia do que queria quando escrevi o primeiro capítulo da fanfic, mas conforme lia os comentários de vocês no decorrer eu pensei que não seria uma boa ideia terminar da forma que queria e até fiquei brincando com um amigo sobre finais alternativos, mesmo sabendo que o gosto dele é questionável - acreditem em, ele é um dos poucos que defende o final de Game Of Thrones - mas ao final ele me disse que independente do que eu escolhesse escrever eu deveria seguir meu coração, então eu voltei a minha primeira ideia baseada nas coisas que eu acredito e é isto que trago a vocês no final. Espero que gostem.
Boa leitura.



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“O que devo fazer?” perguntou o princepezinho.

“É preciso ser paciente”, respondeu a raposa. “Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim, assim, na relva. Eu te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas, cada dia, te sentarás mais perto”. [...]

                                                                                                        O pequeno Príncipe

 

 

Com um movimento de dedo ela pediu para segui-la para dentro, três passos atrás ele o fez em silêncio passando pela sala onde vira a bolsa de Filipe largada no sofá e um livro sobre economia que era provavelmente da mãe deles na mesinha de centro, seguindo para a cozinha.

— Massa?

Maneando a cabeça ele foi para a geladeira enquanto a morena pegava as taças no armário alto. Era um comportamento familiar que o fizera sorrir minimamente ao reconhecer isso quando abriu o pote no balcão e Jade enfiou uma colher sem qualquer delicadeza. Flocos não era o favorito dos dois, mas era bem-vindo para enrolar como Jade aparentemente estava fazendo, ou, apenas se aproveitando da oportunidade para tortura-lo nessa pequena ansiedade.

 Apostaria mais na segunda opção.

— Jay.

Novamente ela o ignorou seguindo para a sala acomodando-se no canto do sofá com as pernas encolhidas, com uma distancia de um lugar ele sentou.

— Por que quer saber sobre isso, Oliver? Não é realmente da sua conta.

— Eu passei bastante tempo ouvindo o lado de todos, é hora de ouvir o seu não acha? – uma das sobrancelhas da West arquearam – Por que não contar quem foi se sabe? Isso passou a ter a ver com você no momento que começaram a te culpar.

Levando uma colherada generosa da massa à ex ponderou por um momento antes de finalmente responder:

— Exato, eu estava na minha dessa vez – Jade reafirmou – Mesmo que estivesse assistindo praticamente tudo desde o inicio.

As sobrancelhas de Beck estreitaram enquanto assimilava a pequena informação.

— Você sabia que ia acontecer então? – a ex maneou a cabeça afirmativamente – Por que não avisou?

— Por que eu deveria? – Jade tombou a cabeça para o lado. Se havia alguma parte da morena que considerava Tori meramente uma amiga, essa parte provavelmente estava bastante danificada agora assim como com André e Robbie, Beck podia supor. E até mesmo com ele próprio – Não era da minha conta, Oliver.

— Mas esta disposta a me contar agora quem foi; por quê?

— Porque sei que não tem o que você possa fazer realmente? – arqueando uma sobrancelha a morena manteve uma pausa antes de continuar – Você vai querer brigar pela Tori com o Professor Adams?

 – Adams?

Ok, por essa ele realmente não esperava muito. Liam Addans era conhecido por ser um professor bastante organizado e centrado em comparação a alguns dos professores que lecionam na Hollywood Art. Suas aulas eram realmente boas e de fácil entendimento.

— E Cat – Jade completou. Comendo um pouco da massa, ele aguardou a ex continuar porque ela ainda não mostrava pressa dando tempo para tentar ligar as duas pessoas diferentes em tantos aspectos – Você deve saber que o Adams esta noivo, ele se orgulha muito disso.

— E como.

— Há algumas semanas ele e a noiva tiveram uma briga feia e ela quis cancelar o noivado e terminar tudo com ele. Nunca o vi tão deprimente olhando pro nada sem saber o que fazer – ao contrário do que poderia se esperar, não havia criticas ou humor cruel na expressão da garota, estranhamente havia algo próximo a talvez empatia.

— E aonde entra a Cat nessa história?

— Calma que eu chegarei nela. Adams infelizmente ainda teve que assumir o lugar do professor de teatro depois que ele quebrou o braço, não que alguém pareça ter reparado – Beck mesmo não havia o feito na primeira semana pelo tanto que o homem deixava de dar aulas – Você une uma pessoa destruída, um monte de trabalho acumulado em uma área que não é muita a área dele e então uma aluna positiva ao extremo que começa a dar conselhos sobre como consertar os problemas fazendo coisas românticas e estranhas.

Definitivamente não era uma boa combinação.

— Ele seguiu todos os planos da Cat?

— Pelo menos os que dava para aplicar – Jade deu de ombros.

— Tenho medo de pensar o que ele fez.

— Ele fez tudo que uma pessoa apaixonada e desesperada é capaz de fazer – a ex retrucou, ela própria não poderia mais contar mais o tanto de coisas absurdas que já fizera por amor – Infelizmente ele se focou tanto em tentar consertar a vida pessoal e abriu um pouco mão do trabalho e aceitou muitos projetos para um calendário que contava com um limite específico de apresentações mensais. Nós dois cabemos que não da para apresentar 4 peças  completamente diferentes em um único palco quando os atores não tem o devido tempo para ensaiar no palco e no cenário organizado.

Seria problemático até mesmo organizar um cenário às pressas.

— Eu sei que a Tori havia arrumado todos os figurinos e objetos do cenário para a peça dela antes de saber que tudo seria cancelado, só que ela não foi à única pessoa a passar por esse problema, apenas a que mais fez tempestade e esperou lencinhos para enxugar suas lagrimas na desgraça de sua vida – Jade continuou.                                                        

Era um jeito bastante poético de afirmar que Tori havia sido um vaca narcisista, Beck achou.

— Ela é nossa amiga, ouvi-la é o mínimo que podemos fazer.

— Sua amiga – enfatizou com raiva – Que vocês apoiaram em algo bastante ruim.

— E me arrependo disso a cada dia.  

 – Arrependimento não mudará as coisas aqui, Oliver.

— Não, mas ações sim.   

— Ações como entregar essa câmera de volta para ela. Tenho certeza que você quer fazer isso – ela supôs. Em momento algum ela questionou como a obteve e muito menos citou o primo como suspeito e Beck se questionou se deveria falar sobre isso, mas ao final apenas jogou a ideia para o fundo da mente rumo ao esquecimento.

— Na verdade eu quero fazer outra coisa, mas se eu fizer você vai me expulsar daqui sem pensar duas vezes.

— E o que seria?

— Te beijar.

Os olhos castanhos a fitaram com intensidade.

Talvez um soco ela poderia dar de volta antes de expulsa-lo. 

— As coisas já não são mais como antes.

— Eu sei. Quando nos beijarmos novamente será você que terá tomado à iniciativa – a suavidade no tom de Oliver era algo que Jade não se lembrava de ouvir a muito tempo – Até lá eu esperarei e tentarei melhorar as coisas dando um passo de cada vez até chegar a você.

— Boa sorte tentando.

Ele conhecia aquele brilho nos olhos da ex, ela não facilitaria nada, muito pelo contrário. 

No passado jamais imaginara que gostaria tanto de ter aquela garota irritada com tendências agressivas como namorada e, agora só podia se esforçar para recuperar o afeto dessa mesma pessoa problemática.

 

~&~

 

Ele estava com um sorriso mínimo naquela manhã, mas a leveza que sentia era de longe notada. Beck Oliver não se sentia bem assim há semanas. Com um copo de café na mão e a mochila em um dos ombros displicentemente ele seguiu pelos corredores da Hollywood Art. Atravessando a porta da sala ele encontrou o trio de amigos do lado de dentro sozinhos em um canto. As sombras de baixo dos olhos de Robbie traziam a lembrança que o medo ainda assolava cada um deles.

— Pensei que estivessem um pouco melhor depois de tanto tempo.

Os três o olharam de suas cadeiras e Tori respondeu.

— Eu estava um pouco melhor até ouvir barulhos estranhos na minha casa à noite seguido de gritos femininos histéricos e meu sangue gelou no corpo. Quando uma das janelas foi quebrada eu me enfiei de baixo da cama como uma criança aterrorizada.

Oh...

— Jade foi até sua casa?

— Eu acreditei que sim, mas felizmente era só a garota que a Trina cantou o namorado que foi lá bater nela – a Vega mais jovem não prendeu o suspiro aliviado com relação aos problemas da irmã que não lhe envolviam, mesmo que poderia apostar que Trina talvez tivesse tentado usar a irmã caçula como um escudo humano.

— Talvez ela esteja um pouco misericordiosa esses dias e tenha nos perdoado – Robbie arriscou debruçado no encosto da cadeira olhando cada um dos amigos – Ela ainda não matou nenhum de nós.

— Isso é verdade – Tori concordou.

— Ou isso pode ser uma estratégia dela para nos fazer baixar a guarda – André apontou com uma mão no queixo – O que você acha, Beck?

— Acho que me envolver nisso foi uma das piores merdas que já fiz. Como eu gostaria de não ter feito parte disso em primeiro lugar.

Tori bufou.

— A gente sabe, mas o que esta feito, esta feito. Agora o importante é se preparar.

— Como se prepara para algo que nem sabemos o que é que virá?! – Robbie questionou.

— Querem uma dica?

Três pares de olhos o encararam com expectativa, despreocupadamente enfiou a mão no bolso da jaqueta de couro marrom que vestia se contendo por um a dois minutos na intenção de criar suspense, deu certo. Quando a puxou de volta para fora a mão estava fechada até chegar à mesa de Tori onde colocou a pequena câmera.

— Isso é... – as palavras de Tori não chegaram a completar a sentença e Beck podia ver o alivio começar a se apodar dos olhos da amiga.

— É melhor vocês trancarem bem a porta da casa de vocês daqui para frente.

Quando a porta foi aberta e alunos começaram a entrar Robbie pegou a câmera rapidamente por reflexo.

— Quer dizer que você não esta salvando a gente? – André questionou.

— Eu diria que estou entrando novamente no meu campo neutro. O que vai acontecer entre vocês e a Jade daqui para frente não é problema meu.

Pela porta uma Jade com fones nos ouvidos passou empurrando um garoto que estava a frente conversando com outro, se dirigindo a um dos lados da sala na última cadeira da fileira ao lado da parede, bem longe dos quatro. A boca mexia sem soltar qualquer som enquanto os olhos moviam-se sobre a tela lisa do celular completamente absorta em seu próprio mundo.  

Não ser o foco da atenção da morena deveria ser um alívio, mas que segundo Tori era apenas principio de incêndio quando o alarme de incêndio começa a apitar, mas como ninguém esta sentindo cheio ou vendo alguma fagulha ignora.

— Se ela resolver nos matar você não vai fazer nada por nós?! – André indagou em um tom um pouco mais baixo e irritado.

Beck deu de ombros.

— Eu levo flores em seus túmulos e faço um discurso legal.

Os olhos dos amigos pareciam que crescer de tamanho enquanto o fitavam surpreso.

Abriu a bolsa tirando o caderno de André e o deixando sobre a mesa do amigo direcionou um sorriso para cada um antes de se afastar para o lado da ex.

Com a distancia de uma cadeira se sentou olhando a garota ao lado, a mão alcançou o colar no pescoço segurando entre os dedos o pequeno pingente em forma de chave. A sensação de tê-lo ali ao invés do bolso era indescritivelmente boa e uma pequena parte esperançosa desejou poder ver a outra metade de coração com a fechadura no meio no pescoço da morena, mas sabia que não estava lá.

Ainda não.

Os olhos da garota ergueram-se para um ponto a frente e olhando ao redor lentamente pousou sobre si. Sorriu balançando a mão em um movimento lento, acenando.

Ela pegou a bolsa do chão e colocou na cadeira vazia que estava entre os dois, para afirmar a distancia enquanto soltava:

— Oliver.

 – West – ele não conteve o pequeno repuxar nos lábios.

Um passo de cada vez na direção do coração de Jade West.

Sem pressa;

Sem medo;

Sem plano de desistência.


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Notas finais do capítulo

Pediram para faze-los ficar juntos, mas eles não ficaram, porque? Não há nem se quer um beijo?! Porque?!
Isso pode indignar, eu sei, mas eu pergunto: você conhece uma pessoa nova e em menos de uma semana você ta confiando todos os seus segredos a ela e ela vai e te trai de alguma forma horrível. Você vai voltar a confiar tão plenamente nela com menos de uma semana?
Muito para mim se baseia em tempo, Beck e Jade voltaram a ficar juntos, mas primeiro ele precisa conquistar a confiança dela e esse é um processo lento, porque ao mesmo tempo que ele esta fazendo isso ela esta se erguendo como uma pessoa singular antes de poder voltar ao plural com Beck.
Nem todos os finais felizes devem ser necessariamente com beijos apaixonados e declarações bonitas, simplesmente as vezes eles são apenas seguir um dia de cada vez da melhor forma que puder tentando melhorar a si mesmo. É isso que acredito, sigo e queria mostrar também nessa fanfic.
Se você chegou até aqui e gostou eu fico imensamente feliz e, se você não gostou eu lamento por não corresponder as suas expectativas espero poder fazer melhor no futuro.
Obrigada a cada pessoa que acompanhou e veio comentando até aqui, adorei cada um e torço que possamos nos ver no pequeno especial que farei para esse fic, eu ia acabar ela completamente, mas a ideia surgiu de madrugada e já esta pronta por isso não colocarei a fic como terminada ainda.
Bjs



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