Lições de Amor escrita por Julie Kress


Capítulo 7
Carona


Notas iniciais do capítulo

Hey, pessoal!

Mais um capítulo de LDA!!!

Boa leitura!!!



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P.O.V Da Jade

Um carro preto foi chegando e parando perto da calçada, era um Nissan March, o carro do professor Oliver. Ele saiu do veículo e veio até a mim, usava calça escura e um moletom cinza-chumbo com uma echarpe azul ao redor do pescoço, seus cabelos estavam presos num coque alto, lhe dando seu casual charme de homem moderno, despojado.

— Como veio parar nesse bairro, Jadelyn? - Estava frio, o ar denso saia quando respirávamos ou falávamos.

— Não sei, acabei me perdendo. - Eu disse envergonhada.

Ele franziu o cenho, me olhando um tanto desconfiado.

— Posso saber aonde estava? - Perguntou.

— Numa festinha. - Senti meu rosto arder mesmo com o ar gélido batendo em minha face.

— Certo, vamos, sua mãe deve estar preocupada. - Ele caminhou até o Nissan, abrindo a porta de carona.

— Me desculpa por incomodá-lo, fora a minha mãe, você é o único adulto em minha agenda. Eu não podia ligar para ela... - Eu estava nervosa.

— Não se preocupe, mas não é todo dia que salvo alunas perdidas. Você é a primeira à propósito. - Tentou descontrair.

Entrei no carro ainda mais envergonhada, ele fechou a porta e deu a volta, indo ocupar o banco de motorista.

— Coloque o cinto. - Me lembrou. - Você está bem? - Enfiou a chave na ignição.

— Sim. - Respondi.

— Mesmo? Por quê não pediu um carro por aplicativo? - Quis saber.

— Não confio em Ubers. Lembra daquela garota de 15 anos? A que saiu nos jornais. O senhor deve ter ouvido falar, ela era a prima de uma das suas alunas do primeiro ano. - Falei.

— Lembro. Infelizmente. Davina Hayers. Estuprada e morta. Ela foi minha aluna. - Disse com pesar, ligando o carro.

— Minha mãe me proibiu de pegar carro por aplicativo. Não é o primeiro caso na cidade e o senhor sabe. - Estupradores deveriam pegar Pena de Morte.

— E se eu não for alguém confiável? - Indagou, sério.

— Você é meu professor. Jamais faria algo, certo? - Não, ele não era nenhum maníaco.

— Se informe mais, mocinha, nunca ouviu falar de professores que aliciam alunos? - Ele estava tentando me assustar?

— Está certo, não te conheço direito. É uma loucura te pedir carona no meio da noite, eu nem sei porque te liguei, eu só...

— Ei, ei, eu só estava supando! Está tudo bem, você está segura comigo, pode confiar em mim. - Garantiu.

— Não estou com medo, não de você. Só temo a bronca que minha mãe vai me dar, se eu soubesse que me encrencaria desse jeito, nem teria saído de casa. - Comentei.

— Você é muito jovem, todos os adolescentes da sua idade cometem erros. Fazem grandes burradas. Isso faz parte da vida, Jadelyn. - Aquele sotaque evidente, sua voz mexia comigo.

— Aposto que o senhor era um daqueles adolescentes certinhos, que vivia com a cara enfiada nos livros, o nerd da turma. - Criei aquela imagem dele na minha mente.

— É aí que você se engana, tive minha fase complicada, fui rebelde, dei dores de cabeça para os meus pais e só tomei rumo quando fui aceito na faculdade. - Contou me surpreendendo.

Pelo visto, o professor Oliver era uma caixinha de surpresas.

[...]

— Obrigada pela carona e por tudo, Sr. Oliver. - Agradeci.

— Disponha. E vê se não faça mais isso, e não engane sua mãe. - Me aconselhou.

— Não quer entrar e falar com ela? - Aquilo amenizaria as coisas.

— Melhor não, pelo horário seria inapropriado. - Checou as horas no relógio de pulso.

— Está bem. Tchau, Sr. Oliver. - Me afastei acenando.

Ele apenas sorriu e assentiu sutilmente com a cabeça, dando partida. Observei o Nissan se afastando.

Corri até o portãozinho, abri o mesmo e me apressei ao atravessar o jardim bem cuidado, quando cheguei em frente à porta, suspirei fundo.

Peguei meu chaveiro com as cópias das chaves, eu tinha as dos fundos também. Girei a chave com mão trêmula e toquei a maçaneta, abri a porta empurrando de leve.

Minha mãe saltou do sofá, usando um robe verde-esmeralda. Me encarou com os grandes olhos azulados, e veio correndo até a mim.

— Jade. - Me apertou em seus braços acolhedores.

— Me desculpa, mãe. - Afaguei suas costas.

— Por quê demorou tanto? Te liguei e você não me atendia. - Me soltou, me olhando atenta.

— Eu saí, não estava curtindo, quis vir embora e Kristie ficou. Acabei me perdendo. - Expliquei.

— Quêm te trouxe? Não me diga que pegou um carro por...

— Não, mãe. Não se preocupe, um amigo me deu carona. - Tive que mentir.

Seria pior envolver o Sr. Oliver naquilo. A culpa foi minha.

— Não faça mais isso, eu estava com medo... Você não atendia, eu... - Colocou a mão na boca.

— Não pense nisso, mãe. Estou cansada. Tô bem, eu juro. Vamos dormir? Amanhã a gente conversa direito. - Só queria encerrar o assunto.

— Está bem. - Acabou concordando.

Subimos e cada uma foi para seu quarto. Fechei a porta, tirei a roupa e limpei o rosto. Estava cansada, era verdade. Me enfiei num blusão e caí na cama, sem fome. O banho ficaria para o dia seguinte.

[...]

Acordei às 10h:46min, era Domingo, eu tive uma noite longa, acabei acordando um pouco tarde. As persianas estavam fechadas, sentei na cama pondo os pés no carpete macio, aveludado. Levantei sonolenta, com preguiça, me espreguicei bocejando. Precisava de um banho para despertar por completo.

Após a minha higiene matinal, desci para tomar café.

Peguei a garrafa térmica, despejei o líquido meio armago na minha xícara, o cheiro do delicioso de café se espalhou pela cozinha modesta.

— Vejo que acordou faminta. - Melinda entrou sorridente, carregando uma sacola de papel.

— São pães quentinhos? - Perguntei.

Minha mãe era muito bonita, jovial.

— Bolinhos caseiros. Comprei na lojinha de alimentos orgânicos. A dona de lá é uma senhora que gosta de cultivar rosas, você devia ver os arranjos que têm lá. Ela me contou que abriu uma lanchonete temática para a galera da sua idade, você gosta de retrô, certo? Têm vagas abertas, deveria ir lá mais tarde. - Deixou o cartãozinho com a imagem de uma jovem Pin-Up segurando uma bandeja.

— Eu quero trabalhar naquela livraria que te falei, mãe. - Peguei uma torrada.

— Lamento, querida, mas a livaria fechou. Você mesma disse que os livros físicos estão sendo deixados de lado. - Deu a má notícia.

— Droga! - Resmunguei. - Vou mais tarde tentar a sorte na... - Olhei o cartãozinho. - Sweet Holly. - Li o nome escrito em letras vermelhas.

[...]

Terminei de me arrumar, coloquei uma meia-calça preta, um vestido rodado de alças rendadas por cima. Era verde-musgo, calcei meus All-Stars de cadarços embutidos, cano alto. Fiz algo diferente no cabelo, jogando para o lado, pondo uma presilha.

Após passar lápis de olho e aplicar uma camada de batom roxo-escuro, coloquei minhas pulseiras prateadas e apanhei minha bolsa, dentro estava minha carteira com meus documentos e uma recomendação do colégio para jovens aprendizes.

Minha mãe me deixou em frente à lanchonete. Ela tinha um compromisso com as amigas. Peguei meu celular, checando as mensagens.

Kristie não havia respondido as mensagens que enviei mais cedo. Entrei no WC, havia a notificação de novas mensagens piscando no cantinho da tela.

"Bom dia, Jayz.

Espero que tenha se divertido. Ontem fui para a cama cedo."

"Boa tarde. Cadê você?"

"Já sei... Cansou de teclar comigo? Hum... Uma pena se for o caso."

"Oiii, onde será que se meteu? Me responda. #Preocupado.

"É sério, aconteceu alguma coisa? Dá sinal de vida, por favor."

Sorri lendo cada uma delas, o garoto misterioso estava preocupado comigo.

"Boa tarde, MM.

Oi, agora que abri o chat. Foi mal pela demora. Estou meio ocupada. Mais tarde converso com você."

Enviei.

"MM? Mr. Mistery? Gostei dessa. Até que enfim. Garota, eu já estava aflito aqui."

"Me desculpe, não se preocupe, estou bem. Como você tá?"

"Melhor agora."

Ele me mandou um emoji piscando.

"Que bom. Depois nos falamos."

"Beleza. Até mais tarde."

Bloqueei a tela e guardei o celular, fui para o último lugar na pequena fila e fiquei aguardando por alguns minutos.

A porta-dupla foi aberta, um rapaz passou por ela, era alto e usava um moletom com a frase:

"Pessoas normais me assustam."

Apesar de parecer um nerd descolado, gostei do estilo.

Cabelos escuros meio bagunçados, o nariz afilado apoiava o óculos de grau, mordeninho.

Ele era magro, perfil normal.

Segurava uma sacola de papel e um copo de café mediano, dobrou a calçada vindo na minha direção, ergueu a cabeça notando meu olhar sobre si.

Meigos olhos castanhos me fitaram.

Desviei o olhar, sem jeito.

Não era um deus grego, mas também não era feio.

Passou ao meu lado, senti o seu perfume, era bom. Olhei para trás vendo o capuz bater em suas costas, logo me lembrei do garoto acanhado que vi na festa.

Ele seguiu direto pela calçada, despreocupado.

— Moça, a fila tá andando. - A garota atrás de mim me cutucou.

Voltei minha atenção para frente, dei alguns passos.

Se eu não conseguisse aquela vaga, eu correria atrás de outra coisa. Eu realmente precisava daquele emprego, tirei o celular da bolsa.

Abri o aplicativo de mensagens.

"Kris, dá sinal de vida. Preciso conversar com você."

Não demorou muito para ela me responder.

"Apesar de estar um pouco chateada por ter ido sem mim, fique sabendo que estou bem. A noite foi incrível. Passe aqui em casa, quero te contar tudo com detalhes."

"Está bem. Mais tarde nos vemos."

Eu até podia imaginar o que aconteceu.


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Notas finais do capítulo

E aí?

O que estão achando da Fic???

Sr. Oliver foi muito gentil, né???

Gostaram da mamãe gata da West???

Será que o cara que a Jade viu na lanchonete é o mesmo que o da festa???

Até o próximo. Bjs



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