P.O.V Da Jade

Passei o resto da tarde atualizando o meu blog. Postei algumas resenhas. Fiz algumas críticas e claro, recomendei mais livros. Depois de passar quase 3 horas diante do meu notebook, chequei minhas redes sociais e resolvi ligar para o André. Eu estava com saudades do meu melhor amigo.

Iniciamos uma chamada de vídeo.

— Adorei sua camiseta. - André era fã de desenhos.

— Valeu. Lembrou que eu existo? — Ele estava no quarto comendo pipoca.

— Me desculpe por ser uma péssima amiga. - Lamentei por aquilo.

Ainda era estranho vê-lo apenas através de uma tela.

— Você não é. Nunca foi uma péssima amiga para mim. Sinto tua falta. Pra caramba mesmo, pequena J. — Me chamou por aquele apelido carinhoso.

Sorri para ele embora estivesse com vontade de chorar.

Desde quando fiquei tão sentimental?

— Tô gostando de uma pessoa. E é pra valer. Nunca me senti assim antes. - Eu queria desabafar.

O Harris iria guardar segredo, ele era confiável. Sempre fomos confidentes um do outro.

— De uma garota? - Um sorriso sacana brotou.

— Claro que não! Nada contra... Você sabe disso. - Nunca me atraí por outra garota.

— Relaxa, Jay. Mas pode falar. Quem é o sortudo? - Ficou curioso.

— Albert Oliver... - Fiz uma pausa. - Meu professor de Literatura. - Contei.

André até se engasgou com a pipoca e começou a tossir.

— Ei, cara! - Exclamei preocupada.

Após tossir mais um pouco, ele desengasgou e me olhou pasmo.

— Não me diga que o coroa te seduziu de vez, achei que tivesse o superado! - Ficou incrédulo.

Ele sabia sobre minha quedinha pelo Oliver.

— Ele não é velho... Tem 25 anos, eu acho... - Fiquei pensativa.

Meu amigo deixou a vasilha com a pipoca de lado e fechou os olhos respirando fundo.

E do nada começou a rir.

— Isso não tem graça! Vou desligar! - Avisei.

— Não! Foi mal aí! Sério mesmo, Jade. Que loucura... Tá ligada que isso vai dar merda se vocês continuarem se envolvendo? - Perguntou sério.

— Tarde demais... Aconteceu e não podemos mais voltar no tempo! - Contei.

— Ele pode ser demitido e até mesmo preso. E isso não vai ser nada bom para o seu histórico escolar. Sua mãe iria pirar! - Tinha razão.

— Fazer o quê? Eu não mando na porra do meu coração. Eu estou louca pelo Beck. - Admiti.

E falar aquilo em voz alta tornou tudo mais sério e real.

— Mas não era Albert? - Ai, senhor.

— Beck é o apelido dele. - Expliquei.

— Ah, tá. Beck... Vamos dar um beck? - Zuou.

Começou a rir.

— Que alívio... Foi tão bom revelar isto. Nem mesmo tive coragem de contar para a Kristie. - Suspirei.

 As coisas tinham evoluído desde a nossa última conversa.

— E o que vocês vão fazer? Ele sente o mesmo? Ele quer ter um relacionamento sério com você? - Questionou.

— Eu não sei. Não sei, André. Agora estou com raiva dele. Aquele idiota zerou o meu teste e ainda fez a mesma coisa com o meu novo amigo. - Falei.

— Mas por quê? - Perguntou.

Expliquei tudo que havia acontecido mais cedo.

— Ele fez o que tinha que fazer. Você nem deveria estar com raiva. Ele é professor e parece bem correto em relação ao trabalho. - Opinou.

— E ele é... É todo certinho. E isso pode ser irritante às vezes. - Comentei.

— Olha Jay, foi muito bom conversar com você. Mas preciso tomar banho agora, tenho um compromisso. - Ele precisava encerrar a chamada.

— Okay, eu entendo. Obrigada por me ouvir. Eu sabia que não iria me julgar. Ainda vou aí te visitar. Sinto tanto a sua falta. - Nos despedimos e encerramos a chamada de vídeo.

Me senti muito bem após a nossa conversa.

[...]

P.O.V Do Beck

Eu sabia que Jade estava chateada comigo. Na verdade, ela saiu da sala de aula muito brava. Eu não poderia fazer vista grossa, seria contra a minha conduta e injusto com os outros alunos. Será que ela não entendia isso? O que deu nela para burlar as regras? Nada de colar ou fazer o teste no lugar dos colegas. Jade sempre foi muito esperta. Deveria saber que fez burrice.

Meu celular vibrou. Apanhei o aparelho. Desbloqueei me deparando com um torpedo.

Era a West.

"Sei que fez o que era correto. Vacilei, agora sei que não deveria ter feito aquilo. Eu só queria ajudar um amigo. Me sinto mal pelo Ronnie. Você está bravo pelo que fiz? Estamos bem?"

Meu coração até acelerou.

Estamos bem?

Céus, o que somos, afinal de contas?

"Que bom que reconhece. Você não deveria ter feito aquilo. Também me senti mal por ter zerado os testes de vocês. Mas daremos um jeito nisso da maneira correta. Não estou bravo com você. E sim, estamos bem..."

Enviei para ela.

"Quero te ver. Tocar em você. Estou louca de vontade de matar as saudades dos seus lábios."

Merda... Aquela garota ainda iria foder completamente comigo em todos os sentidos.

"Também quero tudo isso."

Respondi e era verdade.

"O que acha de nos encontrarmos hoje?"

[...]

Jade foi ao meu encontro naquela noite, porque assim como eu, ela também estava louca para me ver. Eu também ansiava tocá-la e sentir o gosto de seus lábios. Aquela garota... Minha garota cheirava à baunilha e menta, e o gosto de seus beijos exalavam o delicioso sabor de café. E era totalmente viciante.

West apareceu em minha casa por volta das 19h. Não havia saído escondida de casa embora tenha enganado a mãe dizendo que ia se encontrar com os amigos.

— Oi. - Sorri ao abrir a porta.

Sem falar nada, ela apenas avançou em mim e me beijou afoita ali mesmo na soleira.

A puxei para dentro, não queria nenhum vizinho xeretando. Em cidades pequenas fofocas vão longe e se espalham rapidamente.

Prensei seu corpo agasalhado contra a porta. Ela deslizou as mãos por minhas costas e mordeu meu lábio. Gemi contra sua boca sedenta e mergulhei a língua. Eu queria explorar cada pedacinho dela.

Nos afastamos quando o ar ficou escasso e eu a puxei para sentar comigo no sofá, Jade se acomodou em meu colo após tirar o casaco e largar ali mesmo.

— Queria poder sair com você. Te beijar em público e andar de mãos dadas. - Minha garota durona tinha um lado romântico.

— Só quando você terminar o colegial e se não voltar para o seu país. Aí sim poderemos ficar juntos sem empecilhos. - Abracei seu corpo quentinho e beijei seu pescoço.

Faltava apenas 7 meses para ela concluir o terceiro ano. Até lá teríamos que nos manter em segredo.

Voltamos a nos beijar e eu a levei para o meu quarto onde matamos as saudades nos entregando domados de desejo.

Já não é apenas atração.

Jade e eu nutrimos sentimentos um pelo outro.

Sentimentos fortes, intensos e verdadeiros.

Porque eu quero pedí-la em namoro. Tornar tudo oficial. Conversar com a mãe dela. Eu quero fazer Jade West ser feliz ao meu lado.

Quero cuidar dela, amá-la sem empecilhos e ser aquele em que ela possa contar sempre e confiar.

O que sentimos é tão real e recíproco.