Lições de Amor escrita por Julie Kress


Capítulo 15
Atitudes


Notas iniciais do capítulo

Hey, Feliz Páscoa!!!

Tenho certeza de que vão amar esse capítulo.

Ótima leitura!!!



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Dias depois...

P.O.V Da Jade

— Boa tarde, sejam bem-vindos ao Sweet Holly. Já posso anotar os pedidos? - Perguntei ao grupo de adolescentes.

Era bem tranquilo trabalhar na lanchonete retrô. Era um lugar legal, animado. Quando meus colegas e eu soubemos que usaríamos patins às sextas, fiquei empolgada com a ideia, sempre curti filmes antigos onde os atendentes patinavam e divertiam a clientela.

Sweet Holly era bem movimentada.

A sineta tocou, mais um cliente chegando no estabelecimento. Com os pedidos anotados no meu bloquinho, pedi licença e me virei, logo vi quem havia acabado de chegar.

Era o Sr. Oliver, ele estava acompanhando por outro homem, um ruivo bonito. Ambos sentaram no sofá de vinil, ocupando a mesa ao lado da vidraçaria, dois sofás pequenos com dois lugares, um de frente para o outro.

Um dos meus colega foi atendê-los.

Voltei para o balcão, arranquei a folha do bloco após rabiscar o número da mesa. A sineta tocou novamente, risadas e conversas animadas soavam. Ainda não era nem 16h da tarde.

Eu tinha que atender a próxima mesa.

A figura alta de óculos acenou para mim, era o Donnan. Ele estava sozinho, segurava um livro, ocupou um dos lugares próximos ao Jukebox. Fui até ele já tirando a caneta do bolso do meu uniforme de garçonete.

Usava um daqueles vestidos vermelhos, com meu nome gravado no bolso em cima do seio direito. Típico uniforme de garçonetes dos anos 70. Por baixo, eu usava minha meia-calça preta e meus coturnos.

— O de sempre ou vai pedir algo novo? - Perguntei divertida.

— Qual o lanche especial do menu de hoje? - Repousou o livro sobre o couro macio do mini-sofá.

— Sanduíche com salame e presunto defumado, ele vem com uma saladinha com maionese caseira, e uma pequena porção de fritas com molho picante. - O informei.

— Vou querer esse e um copo grande de Coca também, por favor. - Sempre muito educado.

Ele trabalhava na biblioteca pública. Tomava conta da sala de informática, além das enormes prateleiras lotadas de livros velhos e educativos, ali funcionava um sala de informática para quem não tinha acesso à internet em casa.

A cidade era pequena, possuía muitos bairros precários.

Durante à noite, mesmo no inverno, esquinas lotavam de moças com roupas vulgares que se vendiam para não passar fome.

Uma vez vi uma garota que aparentava ter apenas 15 anos entrando num carro de um homem com a idade para ser pai dela. Em L.A, as garotas de programas não se ofereciam em calçadas, elas trabalhavam em clubes e boates.

Quando me virei com seu pedido anotado, me deparei com o olhar do meu professor sobre mim.

Sr. Oliver me cumprimentou com um pequeno sorriso quase discreto.

[...]

P.O.V Do Beck

— Quêm é? - Meu amigo perguntou.

— Quêm é quem? - Olhei para Finnick.

— A morena bonita que você não tira os olhos. - Droga, ele percebeu.

— Ah, é só uma aluna minha do terceiro ano. - Respondi tentando soar o mais tranquilo possível.

Finnick estreitou os olhos claros para mim e abriu a boca. Nada saiu, apenas um estalar de língua.

— Que foi? - Meu amigo me encarava, aquele olhar acusatório.

— Meu irmão, é chave de cadeia, você sabe, certo? - Abaixou o tom.

— O quê? Mas eu não...

— Não se sente atraído por ela? Beck, eu te conheço. Sossega aí, não vou falar pra ninguém. - Sorriu compreensivo.

— Eu... - Enguli em seco. - Cara, juro pra você que eu sequer toquei nela. - Sussurrei.

— Mas sente vontade, né? - Olhou para a Jade. - Muito bonita mesmo. - Bonita ainda era pouco para descrever Jadelyn West.

— Hum... - Suguei meu Shake de framboesa com creme. - É a primeira vez que acontece... - Admiti mais para mim do que pra ele. - Nunca me senti assim com nenhuma outra aluna, ela é a mais brilhante da turma, e têm algo que... Droga, me sinto um maldito doente só de imaginar... Você sabe. Vou acabar enlouquecendo. - Confessei.

Finnick Mayers era de confiança, amigo de longa data.

— Porra, Beck, por quê não pede para trocar de turma com um dos seus colegas? - Pegou duas batatas fritas com molho e enfiou na boca.

— Não adiantaria de nada, Finn, ela está me auxiliando, sabe, é o programa de alunos candidatos para as bolsas de estudos com prestígio, Jade precisa de uma recomendação e pontos extras para o teste final, ela é ótima em Literatura. - Expliquei.

— Mesmo assim, você por acaso é o único professor de Literatura? - Indagou.

— Do terceiro ano sim. - Confirmei.

Ele bateu na testa e balançou a cabeça.

— Meu Deus, Finn, eu não tô fazendo nada de errado e nem vou fazer. - Garanti.

— Sabe como é, a carne é fraca, e se cair em tentação? - Me encarou.

— Não vou, ela têm idade para ser minha irmã... - Enguli em seco. - Ainda é menor, seria antiético, ainda por cima, é crime. Posso perder meu emprego e minha licença de lecionar. - Falei sério.

— Ela está vindo para cá. - Avisou Finnick.

Meu estômago afundou e minha boca ficou seca de repente. Fiquei imóvel desejando me tornar invisível.

Por quê diabos eu me sentia um adolescente nervoso?

— Olá, rapazes! Só vim lhes informar que a sobremesa é por conta da casa, se quiserem agora, posso anotar os pedidos! - Ela parou ao meu lado.

Meu corpo todo ficou tenso.

— Bom, já vou querer a minha, então... - Meu amigo passou os olhos pelo menu da tarde. - Um sorvete de Oreo com calda de chocolate, por favor. - Pediu.

As outras moças que trabalhavam ali passavam por nós, algumas estavam babando por Finnick. Ele chamava atenção por ser ruivo, tinha os olhos verdes num tom cristalino.

— E você? Já posso anotar seu pedido? - Perguntou para mim assumindo um tom profissional.

Nada de Sr. Oliver ou Prof. Albert.

Ali na lanchonete era uma pessoa comum, apenas um cliente como qualquer outro.

— Vou querer uma fatia de bolo de chocolate com uma bola de sorvete de creme com ameixas, por favor. - Eu disse evitando olhá-la.

— Certo, trago em menos de 10 minutos. Com licença. - Se afastou e eu pude respirar aliviado.

Finnick apertou o punho direito contra a boca, o corpo grande e largo tremendo. Ele era todo atleta, treinava um time de meninos de 13 anos, era treinador de Hóquei.

— Isso não têm a menor graça. - O fuzilei porque o idiota estava se acabando de rir.

Ainda bem que ele segurou a gargalhada estrondosa.

Devia ser mesmo hilário um homem feito eu estar todo nervoso por causa de uma garota de 17 anos.

[...]

P.O.V Da Jade

— Que horas seu expediente termina? - Donnan perguntou.

Ele conseguia ler mesmo estando próximo à máquina de Jukebox que não parava de tocar.

— Faltam duas horas para terminar. - Respondi.

Sr. Oliver e o amigo já tinham ido embora à um bom tempo. Fiquei triste por ele não ter me dado atenção.

— Vou te esperar, posso te dar uma carona. Ainda têm 5 capítulos para ler. - Ergueu o livro.

Ele estava lendo o terceiro volume da série Mickey Bolitar.

— Não precisa, é sério. Minha amiga vem me buscar. - Falei.

Donnan pareceu desanimado, mesmo assim sorriu para mim. Ele era um fofo.

— Bom, então já tô indo, ainda pretendo chegar em casa e estudar as minhas anotações. - Levantou, marcando e fechando o livro.

— Foi bom te ver. - Arrumei a bandeja.

— Digo o mesmo. Até logo, Jayz. - Sorriu para mim.

— Até, MM. - Continuávamos com os apelidos.

Donnan Hastings foi embora deixando o aroma de livro novo e o perfume com toques de ervas para trás. Ele cheirava almiscar e loção pós-barba com toque de erva doce.

[...]

— É rapidinho, não demoro, se eu não comprar o que ela pediu, minha mãe vai reclamar, ela anda meio estressada. - Tirei o cinto de segurança.

— Tá bom, Jay, vou esperar aqui. Tenho que ligar para o Kyler. Acho que ele têm me evitado de propósito, não é possível que esteja ocupado o tempo todo, tô começando achar que...

— Fui! - Saltei para fora do seu carro e bati a porta, ela não ia parar de tagarelar.

Kyler e minha amiga estava saindo sem compromisso.

Kristie buzinou para mim, eu ri me afastando. A fiz parar à caminho de casa, a lista de compras e o cartão da minha mãe estavam dentro da minha bolsa.

Entrei no mercado, era um pouco menor que uma loja de conveniência. Apanhei uma cestinha amarela, segui para o setor de enlatados após conferir a listinha.

Atum. Carne em conserva. Molho vermelho.

Peguei dois de cada, também precisava comprar macarrão e arroz. Quanto cheguei no setor dos frios, enfiei uma bandeja de carne moída e uma de salsichas hot-dog na cestinha.

Iogurte Light. Leite. Manteiga.

Alguém esbarrou em mim quase me derrubando.

— Me desculpa, foi sem... Jadelyn? - Sr. Oliver arregalou os olhos.

— Oi. - Botei meu melhor sorriso no rosto.

Ele segurava uma cesta maior e estava quase cheia.

— Oi. - Sorriu todo sem jeito.

Estava usando casaco e cachecol.

— Precisa de ajuda? - Percebi que ele segurava uma lista, fitava ela evitando me olhar.

— Ah, não, eu só... - Meu celular tocou.

Abaixei colocando a cestinha no chão e saquei o aparelho que estava no bolso da minha jaqueta.

Era a Kristie.

— Oi, Kris, não precisa me apressar, eu...

— Jade, tenho que ir pra casa dos meus avós e pegar umas coisas. É a minha avó, ela piorou de novo. Minha mãe está indo para o hospital. Peça para sua mãe vir te buscar, eu tenho que ir...  - Começou a chorar.

— Não se preocupe comigo, dou meu jeito. Sua família precisa de você. - Eu disse entendendo sua situação.

Quando encerramos a ligação, meu professor ainda estava diante de mim. Me olhava intrigado.

— Poderia me dar uma carona? - Minha mãe estava cumprindo horas extras e não chegaria tão cedo em casa.

— Mas é claro. - Concordou.

[...]

— Gostaria de entrar? - Perguntei.

— Não quero incomodar, além do mais, a sua mãe pode achar ruim e...

— Ela só chega mais tarde, está fazendo horas extras. - Observei ele retirar minhas compras do porta-mala.

— Jadelyn, eu preciso ir, de verdade. - Me entregou as duas sacolas.

Percebi que estava evitando até mesmo me encarar.

— Sobre a gente ir ver aquela banda cover tocar, ainda está de pé? - Indaguei.

— Acho que sim, hum, claro. Vou te levar como prometi. - Enfiou as mãos nos bolsos do casaco.

Estava fazendo um frio danado.

— Me deixa compensar aquela noite de cinema caseiro, entra e janta comigo. - Eu não era de desistir.

Ele olhou para a rua vazia, não havia nenhum vizinho xeretando de suas varandas.

— Está bem, você me convenceu. Eu ia chegar em casa e esquentar uma lasanha que tá na geladeira. - Riu sem graça.

Albert Oliver me acompanhou para dentro de casa.

Era o primeiro cara que eu levava para dentro da minha própria casa, nem mesmo minha mãe levava homens. Senti uma certa adrenalina por estar fazendo aquilo.

— Pode deixar o casaco no cabideiro. - Liguei o aquecedor.

— Onde sua mãe trabalha? - Retirou aquela peça grossa, ficou de suéter e calça jeans casual.

— No Grades Hotel, ela é recepcionista. Eles estão recebendo atletas para a temporada de jogos, você não é fã de Hóquei, não é mesmo? - Retirei a jaqueta com forro de lã.

— Gosto de Lacrosse. - Sorriu.

— Tá explicado. Curto um pouco de Basquete. Vem, vamos lavar as mãos? - O chamei.

15 minutos depois...

— Ansiosa para se formar no colegial? - Perguntou me ajudando com o jantar.

Ele estava fazendo o molho para o macarrão.

— Um pouco. Minha mãe não está muito animada, ela não quer me ver longe de casa tão cedo. - Respondi.

Meu sonho era entrar para a universidade de NY.

— Mães são assim mesmo. Morei 4 anos na república, dividi a casa com mais dois colegas, eles eram terríveis. Viviam dando festinhas. - Riu ao lembrar.

— Você era aquele universitário que os amigos empurravam para cima da mulherada? - Perguntei.

— No primeiro ano foi bem isso. - Admitiu. - Uma vez enchi a cara e acordei com três mulheres nuas na minha cama e... - Se calou.

— Três de uma vez? - Fiquei pasma.

Rubor espalhou por seu rosto.

— Bom, é melhor a gente mudar de assunto... - Limpou a garganta.

Não segurei o riso.

— Desculpe. - Me afastei.

Fizemos o jantar, macarrão com molho e bife à milanesa.

— Lavo a louça. - Se levantou começando a recolher.

— Deixa a louça na máquina de lavar. - Falei.

— Isso é trabalho de preguiçoso, sem ofensas. - Me fez rir.

— É sério, deixa a louça na máquina. Vamos lá no meu quarto, quero te mostrar minha coleção. - Eu fiz uma carinha pidona.

Ainda meio hesitante, ele aceitou me acompanhar.

Assim que chegamos, abri a porta e acendi a luz.

— Uau! Belo quarto! - Elogiou.

— Obrigada. - Agradeci. - Pode entrar, não se acanhe. - O puxei pela mão.

Estremeci com o toque. Ele logo se desvencilhou.

— Cadê a famosa coleção? - Se aproximou da estante feita por encomenda.

— São exatamente 100 livros de suspense e terror. - Apontei para os meus bebês.

O moreno abriu a boca surpreso.

— Minha nossa... Posso? - Esticou a mão para pegar um dos livros.

— Claro. - Concordei.

Ele pegou um e passou os dedos pela capa.

— Bruxas de Nova Orleans. - Leu o título.

— Esse é ótimo. - Me aproximei parando ao seu lado.

Devolveu para a prateleira colocando no lugar e pegou outro.

— Noites de Tormenta: 13 Contos de Terror. Parece bom. - Comentou.

— Super recomendo. - Falei.

Colocou o livro no lugar e virou para mim apressado.

— O jantar foi ótimo, agora eu realmente preciso...

— Fica. - Segurei seu braço. - Fica mais um pouco. - Afrouxei o aperto.

Nos encaramos, minha pulsação acelerou.

— Jadelyn, eu não...

— É meu último ano, logo irei pra faculdade, vou pra longe daqui... - Agarrei seu suéter.

A velha Jade tomaria atitude. Eu precisava trazer uma parte dela de volta...

É agora ou nunca?

Meu professor olhou para meus lábios e enguliu em seco.

Sem soltar o seu suéter, me inclinei e rocei meus lábios nos dele. Sua respiração estava descompassada.

Passei a ponta da língua por entre seus lábios macios, as mãos firmes agarraram minha cintura.

Nossos corpos se juntaram mais, calor com calor entrando em contato. Bocas e línguas se movendo, me derreti com seu beijo delicioso, Oliver apertou meu corpo e me beijou pra valer, deslizando a língua quente sobre a minha, passei os braços ao redor de sua nuca.

Ele girou nossos corpos e me prensou contra a estante, o beijo se tornou ardende. Cada célula do meu corpo o desejava, ansiava por mais contato.

Paramos o beijo quando o ar ficou completamente escasso.

Oliver encostou o rosto na curvatura do meu pescoço, a respiração entrecortada atingindo minha pele aquecida, sensível ao toque...

Fiz carinho em sua nuca. Meu coração dava cada pulo em meu peito.

— Se for sair correndo, dizendo que foi um maldito erro, eu juro que nunca mais olho na sua cara... - Quebrei o silêncio.

Ele se afastou para me encarar.

— Certo não foi... Merda, eu só... Bom, eu queria tanto quanto você... - Admitiu.

— Percebi que estava nervoso lá no mercado. - Comentei.

— Você me deixa nervoso. - Confessou.

Mordi o lábio inferior, bastante satisfeita com aquilo.

— Você só é meu professor em sala de aula. - Falei indo sentar na cama.

— Não muda o fato de que só têm 17 anos. Sou maior de idade, você têm ciência disso. - Ressaltou.

— Não me importo. - Fui sincera.

— Melhor eu ir. Se alguém souber, você sabe, o mais prejudicado será eu. - Estava preocupado.

— Sei sim, fica tranquilo, esse será o nosso segredinho. - Apoiei as mãos no colchão e cruzei as pernas.

Aquilo o desconcertou mais, ele enguliu em seco.

— Te acompanho até a porta. - Levantei.

Ele foi embora. Eu não poderia estar mais feliz.

Finalmente havia conseguido um beijo da minha paixão platônica. Albert Oliver era um gostoso e beijava tão bem.

Toquei meus lábios ainda sentindo o gosto dele... Tinha gosto de Mentos e balinhas de canela.

Ele sempre tinha ambos nos bolsos. Vivia consumindo em sala de aula.

Eu com certeza iria provar mais de seus beijos.


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Notas finais do capítulo

E aí???

Gente, o que foi esse capítulo???

Demorou, mas finalmente saiu o tão esperado beijo Bade.

Até o próximo. Bjs



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