For you, my brother escrita por Kagura May


Capítulo 16
O passado dos Yugi




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/793304/chapter/16

Hanako bagunçou os seus cabelos um pouco irritado com a insistência e finalmente se ajeitou na cama, tirando os sapatos e se sentando um pouco mais afastado de Yashiro. Não teve muita escapatória e no final o seu tempo pensando em como escrever a carta com o seu passado foi totalmente em vão.

 

— Certo, certo. Perguntem o que quiser e eu respondo — ofereceu ele para não ter que pensar muito ou lembrar de coisas desnecessárias.

— Como o Tsukasa era? Por que você matou ele?— perguntou Yashiro.

— Como era sua família? — perguntou Tsuchigomori.

— É verdade que foi o Tsukasa que te batia? — perguntou Yashiro.

 

Ambos jogaram seus olhares para a garota, Hanako muito assustado e intrigado e Tsuchigomori assobiou de leve um pouco surpreso.

 

— De onde você anda tirando informações sobre mim?

— Tsukasa me contou hoje antes de você chegar.

 

O suspiro sincero de exaustidão pode ser notado pelo fantasma. Não esperava que seu irmão mais novo fosse abrir a boca e nem consegue imaginar os seus motivos para tal ato.

 

— Isso não está dando certo. Vejamos... — pensou um pouco tentando se decidir por onde começará — Bom, meus pais se conheceram no ensino médio e acho que se casaram na faculdade. Depois de 1 ano de casado, eles nos tiveram e... — parou um pouco pra tentar usar suas vagas lembranças. Passou tanto tempo, como ele vai lembrar ou elaborar uma história compreensível? — Eu não lembro de muita coisa, só lembro que o Tsukasa tinha brincadeiras estranhas como cortar insetos e teve até uma vez que ele tentou costurar uma ratazana. Nem sei como ele pegou aquilo — Yashiro fez um pequeno barulho de nojo e pode ser visto misturado com medo — Ele também vivia quebrando os brinquedos e montando de novo. Também tinha uma curiosidade extremamente estranha.

— Seus pais não falaram nada? — Tsuchigomori o interrompeu, apesar de saber um pouco.

— Eles nunca acreditaram muito. Acho que achavam que era só fase, mas no final, Tsukasa começou a ser agressivo. Vivia tentando bater na gente e algumas vezes ficava nos manipulando psicologicamente. E também adora nos ameaçar e pôr medo. Meus pais ficaram malucos e não tínhamos dinheiro pra fazer alguma coisa. Eles viviam brigando por causa dele e até ouvi eles falando que se soubessem que seria assim, teria nos abortado. Como somos idênticos, acho eles me odiavam e tinham pena também, só não faziam nada porque Tsukasa sempre teve uma obsessão por mim. Mas se pudessem, não duvido que teríamos sido levados para adoção ou algo do tipo. Eu não os culpo, Tsukasa afastou todo mundo.

— Como você consegue contar tudo isso como se fosse normal? — indagou Tsuchigomori olhando para Yashiro que está pálida.

 

O professor até pensou em acrescentar a história do suposto sumiço do cachorrinho que eles tinham, mas preferiu se manter quieto dado a situação da estudante.

 

— Foi você que perguntou, Yashiro! Agora aguenta! — ordenou revoltado. Tinha a avisado várias vezes sobre seu passado ser ruim e agora seria tarde demais fugir das informações que ele está disposto a contar no momento — Resumindo, ele vivia me batendo, na escola todos tinham medo dele, um dia ele me enlouqueceu tanto que eu acabei matando ele e me suicidei aqui na escola. Satisfeitos?

 

Hanako encarou um pouco cada um dos dois esperando a resposta, mas nada obteve além das mãos de sua namorada na manga de sua roupa. Em meio a um suspiro, ele a puxou para mais perto em um abraço para consolá-la enquanto nota seus soluços causados pelas lágrimas que estão a cair.

 

— É por isso que eu não quis te contar, idiota.

 

Reclamou, enquanto afaga a cabeça da garota com o arrependimento de ter contado. Sabia que ela ficaria toda sentimental ou que poderia se afastar dele caso soubesse. Um beijo depositou em sua cabeça. Apesar de não saber o que falar e nem se incomodar tanto em lembrar, detestava contar por saber que as pessoas teriam a mesma reação e notar os olhares de pena por seu passado não é algo que gostaria de ver o tempo todo quando mencionado.

 

— Bom, Número 7-sama, — Tsuchigomori levantou da cadeira e os olhou indo para a porta — eu vou deixar vocês sozinhos e não se atrase pra reunião só por causa dela.

 

Um sorriso malicioso foi dado pelo mesmo o que fez Hanako corar fortemente. Não é como se ele fosse perder uma reunião que a envolvesse só por estar flertando com ela.

Finalmente, um pouco mais calma, Yashiro se afasta do peito dele e se endireita na cama limpando o seu rosto molhado.

 

— Que reunião?

— Apareceu uma reunião de emergência pra falar sobre uma certa alguém que caiu do terraço.

 

Ele ficou a olhando com um sorriso, embora Yashiro pode notar totalmente o quão ainda está furioso com o ocorrido. Talvez nunca passou pela sua cabeça que ela seria o motivo de uma reunião de emergência? Mas se o assunto é ela, o que vai acontecer com o Tsukasa? O que eles vão decidir?

 

— O que vai acontecer com o Tsukasa? — perguntou Yashiro na expectativa de que ele fosse responder um belo e maravilhoso "Não sei".

— Provavelmente vamos precisar exorcizar ele. O crime de homicídio é muito grave entre os 7 Mistérios e só a tentativa já é motivo para desaparecer.

 

Exorcizar? Desaparecer?

 

— Mas, Amane! É o seu irmão! E os 7 Mistérios já não são assustadores o suficiente pra terem feito algo assim?

 

Pode ser notado a sua enorme preocupação e de fato, ela não consegue compreender como podem ir tão longe com uma punição. Provavelmente por ele? Só a possibilidade a faz se culpar muito por ter permitido deixá-lo chegar a esse ponto mesmo que ela não quisesse e nem tivesse pensado que ele fosse fazê-lo. O que seria do seu amado sem o seu irmão mais novo? Ele ficaria chateado, triste, feliz, com raiva?

Yashiro cerrou suas mãos no peito do garoto pegando um pouco da roupa dele enquanto olha o seu vestido totalmente frustrada.

 

— Nene — Hanako pegou o queixo de sua amada e o forçou a olhar em seus olhos ambar que estão totalmente sérios — Eu sou o líder dos 7 Mistérios Escolares e é meu dever manter essa escola em ordem. Não importa se o Tsukasa é meu irmão. Podia ser meu pai, minha mãe, meus avôs, mas isso não muda o fato de que ele cometeu uma tentativa real de matar alguém. E nenhum dos Mistérios Escolares já o chegarem a tentar realmente.

 

A garota manteve a tristeza em seus olhos como se estivesse prestes a chorar de novo, o que o fez soltá-la e jogar todo o seu peso para trás aproveitando que a cama é macia e gostosa de se deitar.

 

— Óbvio que eu não gosto, mas não há nada que eu possa fazer para protegê-lo. Eu sempre quis ter uma família normal.

 

Uma família normal... Isso é algo que toda pessoa gostaria, certo? Ter uma vida calma e tranquila como a das outras, com uma família que se importasse e amigos que gostassem deles. Isso nunca tinha passado pela sua mente quando se tratava de Hanako. Óbvio que notou que ele adorava quando ela ia no banheiro fazer a limpeza, mas talvez nunca se tocou que poderia ser apenas para ter momentos que ele não se lembra bem de como é viver. Algo que pra Yashiro ou para Kou é muito natural de acontecer.

Dessa vez, Yashiro engoliu o choro. Será porque já chorou demais? Ou para não preocupá-lo mais? Estranhamente um sorriso acolhedor surgiu em seu rosto acompanhado com seus olhos cheios de pena. Ela tirou os seus sapatos e se jogou na cama se deitando ao lado dele.

 

— Você ainda tem a mim e ao Kou-kun. Não somos amigos normais, mas acho que é o mais normal que você já teve até agora.

 

Brincou admirando o rosto do seu namorado que logo o fez o mesmo.

 

— Acho que sim.

 

Um sorriso foi exposto em seu rosto e quase em uma sincronia, como se eles tivessem pensando no mesmo, suas mãos são guiadas para perto deles e seguradas.

O que eles fariam se não tivesse a ambos para se apoiar nesse momento tão complexo?

 

— Eu posso dormir um pouco?

 

Com a permissão dada, Yashiro fecha os olhos para descansar. O dia mal começou e já está exausta com tudo que aconteceu.

 

— Eu te amo tanto — disse Hanako, após notar o adormecimento de sua amada.

 

Um beijo em sua mão lhe deu e continuou a observá-la. Como pode ser tão linda? Será tudo um sonho e que ele iria despertar encontrando-a vivendo sua vida de sempre? Se pudesse, viveria assim pra sempre com ela.

Novamente a porta foi aberta e o barulho do cetro de Kou pode ser ouvido se aproximar.

 

— Hanako, o que está fazendo com a Senpai? — brigou com ele em meio aos olhares mortais.

 

Em meio ao susto, Hanako se levanta. Ele dormiu? Olhando para o relógio, havia se passado as duas aulas e chegado o horário do almoço. Ele dormiu.

 

— Amane, que horas são?

 

Yashiro se sentou esfregando o seu olho fechado enquanto tenta enxergar com o outro meio aberto. Isso fez os dois se encantarem com a tamanha fofura da garota.

Amane? Kou ficou os observando depois com raiva. Eles estavam dormindo juntos, certo? Eles fizeram? É possível que Hanako se aproveitasse a esse nível de pobre garota que acaba de passar por um momento difícil.

 

— Como ousa fazer isso com a Senpai?

 

O rosto do garoto se pôs em vermelho entendendo os pensamentos indiretos do mais novo.

 

— Eu não fiz nada! — tentou se explicar apesar de não parecer nada convencido pela sua ansiedade e finalizou sussurrando — Mesmo se tivéssemos feito, qual é o problema?

— Fizemos o que? — perguntou Yashiro, finalmente mais acordada que antes o que faz seu amado rir pela sua tamanha inocência.

— Nada. Você fica linda dormindo, sabia?

 

A provocou com sucesso.

O clima fofo e leve foi logo cortado pelo Minamoto Teru que apontou a espada para próximo do pescoço do fantasma. Seu corpo congelou tendo as lembranças da primeira vez em que a espada foi apontada pra ele.

 

— Você foi longe demais — o encarou com ódio em seus olhares.

 

Por sorte, sua amada o puxou para perto dela enquanto encara o seu veterano com as bochechas inchadas e levemente brava pela sua atitude compreensível.

 

— Ele não fez nada! Foi o Tsukasa.

 

A história foi contada, repetindo e ignorando alguns detalhes. Yashiro preferiu não invadir a privacidade de seu namorado conversando sobre os assuntos relacionados a ambos. Com isso, conseguiu tirar mais raiva que o mais novo dos Minamotos sente pelo odioso gêmeo. E já, o mais velho, apenas tentou desconfiar da história buscando algum erro no enredo contado. É um tipo de piada? Um gêmeo parece as brincadeiras contadas entre os mais novos para fugir das responsabilidades ou zoar o assunto, mas parecia tão real, até pelas expressões dos dois garotos presentes.

Um suspiro foi soltado pelo mais velho que foi até a porta. Teria um problema para resolver antes de outro estudante poder ser assassinado e ainda é igual ao cara que tanto deseja exorcizar.

 

— Onde vai, Nii-chan? — perguntou Kou, assim que notou as mãos do maior na batente da porta.

— Vou atrás desse fantasma.

— Espera!

 

Chamou Hanako, antes do exorcista dar mais um passo para sair da sala.

 

— Algum problema?

 

Novamente os mesmos olhares foram direcionados a ele, mas o sétimo não se intimidou por tal atitude. Mordeu o interior do seu lábio, não acreditando no que ia falar ou ia dever a ele.

De qualquer jeito, teria que o fazer.

 

— Eu vou para a reunião dos Mistérios Escolares e preciso que fiquem aqui cuidando dela.

— Está mesmo esperando que eu concorde em deixar um assassino a solta?

 

As palavras de Minamoto foram cuspidas com desdém. Nem mesmo acredita que depois do ocorrido, ele ainda continua o protegendo dos seus horrendos atos.

Hanako suspira.

 

— É pra isso que vamos nos reunir e se é essa sua preocupação, acredito que vamos ter que exorcizar ele. E provavelmente precisaremos da ajuda dos Clã Minamoto — respirou fundo, colocando seus sapatos de volta em seus pés — E eu vou me atrasar.

 

Kou ficou o observando, tentando imaginar essa situação. É isso que ele está pedindo mesmo? Não consegue acreditar que tais palavras saíram de sua boca.

 

— E guri, não saia de perto dela. Não sei mais o que o Tsukasa é capaz de fazer com ela.

 

Kou apenas concordou o vendo se dirigir a porta da enfermaria para ir pro corredor.

Minamoto saiu da entrada para se sentar em um banco do lado da cama onde Yashiro está. O quão próximo tem se tornado esses dois? Respirou fundo, notando a tristeza nos olhares de sua Kouhai.

 

— Está preocupada?

 

Diferente de quando foi com o Hanako, Minamoto não conseguiu evitar a voz acolhedora para a Yashiro.

As mãos dela cerram um pouco mais segurando bem o seu vestido. Não pode ter pena, não pode pensar nisso. As escolhas de Hanako fazem sentido e não poderia por puro egoísmo pedir para que não o faça, mas não queria vê-lo sofrer. Uma sentença de morte faz mesmo sentido?

 

— Não é nada — respondeu o Minamoto, enquanto balança sua cabeça em sincronia.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "For you, my brother" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.