For you, my brother escrita por Kagura May


Capítulo 17
Julgamento




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Seguindo para a sala de reunião, Hanako se senta em seu lugar ao centro da sala. Normalmente essas reuniões são para discutir algum ocorrido ou para reclamações, mas dessa vez, está para ser algo mais sério.

Sua mente se amargura com as lembranças da faca encravada em seu irmão mais novo, o som dos cortes perfurando os órgãos e do sangue espalhado por todo canto, principalmente no chão. Terá que fazer isso mesmo? Havia jurado inúmeras vezes que não o seguiria novamente. Mas será digno o líder dos 7 Mistérios passar pano para algum parente ou amigo? Isso trará brechas para outros ocorridos e as regras poderão ser violadas futuramente pelos outros Mistérios. Respirou fundo, ignorando sua ansiedade e as suas emoções que relutam com a sua moral.

 

— Desculpe tê-los chamados tão repentinamente. — começou Kako, o Mistério Escolar mais velho — Aposto que todos ouviram falar, mas iremos relatar os detalhes para melhor compreensão. Hoje ocorreu  de uma garota cair do terraço. Ela foi vista junto com o líder dos 7 Mistérios, Número 7. Aparentemente se encontra sem ferimentos graves — os outros mistérios começam a cochichar entre si sobre o assunto, fazendo o Número 1 dar uma tossida falsa para recuperar o silêncio novamente — Número 7-sama, dou as honras.

 

Hanako respirou fundo e se levantou para manter a atenção em si.

 

— Aposto que todos escutaram o estrondo que veio do terraço. Eu fui verificar o que tinha acontecido quando me deparo com uma entidade junto a minha assistente perto da grade quebrada. Essa entidade a jogou pra fora do terraço e eu pulei junto para salvar sua vida.

— Você reconheceu a entidade? — perguntou Kako.

— A entidade é o meu irmão mais novo, Tsukasa. Ele está atrás dela faz alguns dias, apesar de nunca ter feito nada antes desse ocorrido.

 

A culpa o rodeou sabendo que agora não tem escapatório. Não tem como salvá-lo do seu futuro fim e como dói ter que ir contra o seu querido irmão.

Mais longe, pode ser ouvido a conversa dos outros Mistérios que estão a conversar. Pela sala ser tão vazia, qualquer ruído pode ser um grande estrondo e não foi diferente entre os Mistérios.

 

— Essa garota sempre se mete em problemas e ele sempre a salva. Tão irritante! — comentou Yako, irritada, com certa razão.

— É óbvio que ele pularia. É a namorada dele — rebateu Tsuchigomori.

— Eles estão namorando!? — perguntou Shijima com entusiasmo — Sabia que tinha alguma coisa entre eles! O Número 7-sama parece se importar tanto com ela.

— Eles estavam se beijando esses dias — comentou Mitsuba se referindo ao dia em que presenciou os dois no banheiro.

— Kya! — berrou Shijima ainda mais animada.

 

Os olhos de Hanako foram fechados e o seu rosto passou a corar. Eles realmente vão abrir a intimidade dele para todos? Não que fosse um segredo, mas não é o momento para ser mencionado. Estão a falar de um assunto sério e mesmo assim, eles desfocaram do assunto sem hesitar. Sem contar que preferiria não ter que escutar o que estão a dizer sobre seu namoro. Falar pelas costas seria muito melhor.

 

— Sabe o motivo? — Kako o questionou tentando voltar ao assunto.

— Tsukasa a está perseguindo por minha causa, mas não sei suas reais intenções.

 

Um silêncio perturbador ficou, até Hanako respirar fundo novamente e direcionar os seus olhares para Mitsuba.

 

— Talvez os seus aliados saibam algo sobre. Número 3, Número 4, o que tem a nos dizer sobre isso.

 

O clima pesou junto com os olhares desconfiados dos outros Mistérios para os dois. Mitsuba deu uma estremecida, não só por ser inesperado, mas pela desconfiança dos que estão a sua volta. Já Shijima ficou tão plena que não se importou em ser a primeira a se pronunciar chamando a atenção de todos para si.

 

— Eu não o vi desde que o selo do meu Yorishiro foi tirado e nunca mais mantive contato com ele.

— Número 3 — ordenou Hanako o matando com os olhares.

— Ele não me conta nada. Eu juro! Não faço a menor ideia do que ele está planejando.

 

O garoto quase começou a implorar para que acreditem nele e sua tremedeira mostrou o quão verdadeiro está sendo. Mas se nem mesmo Mitsuba sabe, o que Tsukasa está de fato planejando? Poderia ser que ele não confie em seus aliados? Será que vai descobrir antes da sua morte? Ou será que Tsukasa não tem motivos? Ele sempre foi tão misterioso que nem quando viviam juntos conseguia entendê-lo ou prever seus movimentos.

 

— Número 7-sama, espero que saiba que não vamos fazer exceções só porque a entidade é seu parente — comentou Kako querendo o relembrar de suas responsabilidades. Os impasses de Hanako foram tão visíveis? E nem tinha como não notar já que sempre que o via nas reuniões está pleno e levando para um lado mais descontraído, mais relaxado como uma criança irresponsável.

— Sim — respirou fundo — Não espero que tenham piedade e nem vou ordená-los a ter. Farei o que for necessário para manter essa escola em ordem como prometi a Deus.

 

Sua voz, apesar de firme, não convenceu totalmente a Kako, mas julgando pelo seu serviço até o exato momento, não tem do que reclamar e nem do que desconfiar. O garoto ainda não o tinha decepcionado como um líder nesse quesito.

 

— Juntaremos os mistérios escolares essa noite para procurá-lo. Aqueles que tiveram seus selos retirados, evitem atacá-lo diretamente. Alguém tem algo a dizer?

 

O sétimo levantou sua mão sendo o único a fazê-lo e prosseguiu.

 

— Podemos juntar o Clã Minamoto nessa busca?

 

O receio atingiu aos Mistérios. Como poderia o líder sugerir algo tão perigoso? Ele realmente está consciente do que está a fazer? Talvez tivesse um plano em mente?

 

— Tem certeza da sua escolha? — perguntou Kako para confirmar.

— O Clã Minamoto vem exterminando várias entidades durante anos e seria de grande ajuda para substituir os mistérios que tiveram seus selos removidos.

 

Deveriam confiar? Está realmente bem que um Clã de exorcistas o ajudassem a manter a Academia em ordem? Mas não há tempo para perder e realmente poderão precisar de ajuda caso a entidade fosse muito forte.

Kako, depois de tanto pensar, suspira. A ideia não o agradou.

 

— Como quiser, Número 7-sama.

— Hoje, às 17 horas, quero todos procurando por um garoto com a mesma aparência que a minha — ordenou o líder.

 

Com as mãos no bolso da calça, Hanako saí dali ainda com a tensão, principalmente em suas mãos. Quer sumir, esquecer de tudo só por um instante. Quer se preparar mentalmente para realizá-lo e só algumas horas não serão suficientes. Cerrou os punhos. Por que tudo se repete? Por quanto mais tempo terá que vivenciar um pedaço do seu maldito passado? Poderá realmente agir como um líder? Mas de quê adianta pensar nisso agora? Só será uma preocupação atoa. Uma preocupação que não deveria ter...

Voltando para a Academia Kamome, Hanako se esforça para pensar apenas em sua amada na tentativa de controlar sua ansiedade. Respirou fundo várias e várias vezes, até mesmo depois de parar em frente a porta da enfermaria.

Não devo pensar nisso.

Se lembrou mais uma vez. Abriu a porta com calma tentando ser o mais natural possível e a fechou após entrar.

 

— E aí, Nene, sentiu minha falta?

 

Hanako sentou-se ao lado de sua amada que logo ficou tensa. O que houve com ela? Arqueou as sobrancelhas enquanto a encara buscando respostas para sua atitude estranha.

 

— Vou direto ao assunto. O que você quer com a gente?

 

Yashiro apertou ainda mais a coberta, mas Hanako decide se focar no mais velho dos Minamoto. Tinha até mesmo esquecido que não comentou nada sobre e nem propôs nada em troca apesar de saber que poderia conseguir sem precisar dar algo.

 

— Preciso que nos ajude a exterminar alguém. Ficarei responsável pela segurança de vocês e isso seria benéfico, certo? Vocês precisam manter qualquer espírito maligno longe dos vivos.

 

Tentou convencê-los, tirando um sorriso convencido de Teru que notou a sua condição na proposta. Realmente o garoto tinha pensado em tudo? Não esperava por tal atitude.

De repente, as mangas de Hanako foram puxadas para mais perto da garota.

 

— Tem certeza, Amane?

 

Certeza... Teria realmente certeza disso?

Um sorriso abriu para ela tentando se concentrar para não transmitir seus verdadeiros sentimentos.

 

— Se você não quer morrer ou que outra pessoa morra, é o melhor a se fazer.

 

Aquela resposta a chocou. Sabe que é verdade, mas não a queria ouvir dessa forma. Não quer que seja verdade. Por que tudo tem que terminar assim? Realmente, Yashiro não consegue compreender. Deveria estar do lado da pessoa que acabou de tentar matá-la?

Então, ele realmente vai fazer...

Notou, se forçando a aceitar a realidade que está a sua frente.

 

— Às 17 horas, procurem alguém com a mesma aparência que a minha e nos avisem quando o achar. Iremos atrás de vocês — finalizou Hanako.


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