For you, my brother escrita por Kagura May
O sinal para o almoço bateu fazendo todos os alunos pegarem suas caixas de marmitas e tirar da bolsa. Muitos normalmente almoçam com seus amigos para aproveitar uma longa e divertida conversa, mas dessa vez, Yashiro gostaria muito de passar com um certo alguém em um canto isolado e tranquilo.
Espero que ele goste.
Pensou enquanto olha para a caixinha extra que trouxe.
— Vai dar para alguém?
Aoi perguntou após olhar para as duas caixinhas de obentos em cima da mesa da garota o que a fez corar, mas não pode evitar o sorriso radiante que deu para a sua amiga ao concordar. Deixando sua mesa, foi em passos rápidos para o terraço, o lugar que mais frequentou nesses últimos dias. Qual seria a reação dele? O que ele diria? Será que um "Está gostoso" será suficiente para motivá-la a fazer novamente? É sua primeira vez experimentando este tipo de momento com segundas intenções e não pode deixar de sonhar alto lembrando dos mangás ou jogos que leu nesses últimos meses.
Chegando a última escadaria, seus passos diminuem a velocidade o que possibilitou a olhar para o seu amado sem trombar com alguém ou tropeçar em algo.
Por que ele está emburrado?
Ficou o observando um pouco acima dela, parado, certamente a esperando continuar a rota. Só que os seus olhos não se encontram com ela em nenhum momento como se Hanako estivesse tentando evitar o possível acontecimento. Talvez Yashiro fez algo de errado?
— Hana-
— Você não ia dar isso a alguém? — perguntou Hanako a interrompendo, finalmente a encarando.
Frangiu a testa tentando entender o motivo da pergunta. Yashiro teria mais alguém para dar além dele? Só vão estar os dois ali. Ou Hanako está renegando sua comida? É claro que dar para um fantasma não faz muito sentido já que não necessita de alimentos para sobreviver, mas sempre quis fazer o almoço para seu namorado como nas clássicas cenas de mangás. Ou ele...? É possível?
O viu pousar um degrau a baixo do seu o fazendo ficar um pouco menor mantendo os olhares sérios e esperançosos pra ela.
— Por que não quer me dizer?
É possível mesmo? Yashiro não conseguiu segurar sua risada em meio a uma pergunta tão desnecessária com uma resposta tão óbvia.
— Pra quem você acha que é?
Perguntou quase como se estivesse a retrucar. Não consegue acreditar que mesmo depois de começarem a namorar, o seu ciúmes continua. Significa que ele gosta dela? Não que ter ciúmes seja necessário em um relacionamento, mas saber que Hanako tem sentimentos como esse a faz querer ficar mais junto a ele só para cuidar e mostrar que não existe outro alguém além dele.
Por fim, finalmente chegou ao tão desejado terraço.
— Podemos nos sentar ali? — Yashiro propôs apontando para o banco vazio mais próximo.
Seguiu para lá e se sentou arrumando os obentos. A caixinha rosa para ela, sua favorita, e a branca junto com os hashis floridos no topo deu para ele após se sentar ao lado. Seus olhos indecisos ficam entre o rosto do garoto e as mãos dele desejando captar cada reação. Não que fosse algo grandioso, só que queria ter certeza de que ele iria gostar.
Ao Hanako abrir, pode ser visto uma parte com o arroz branco japonês e a outra com tamagoyaki, dois tomates em cima de um alface, algumas salsichas de polvo e alguns bolinhos de carne.
— Eu não as fiz personalizadas. Sou meio ruim nisso, você sabe! Então espero que goste mesmo assim.
Yashiro se justificou tentando controlar sua ansiedade e logo voltou a focar na sua própria comida perdendo a coragem de encará-lo. Pelas falas dela, Hanako se lembrou do acontecimento na sala do presidente do conselho estudantil quando acabam de se conhecer e uma risada soltou.
— Realmente aquele ficou horrível — concordou com ela.
— Ei! Não ria!
Ela inchou suas bochechas, constrangida do ocorrido, apesar de que não poderia negar que foi engraçado, principalmente a expressão do Minamoto-senpai quando abriu e viu o resultado horrível da comida.
Observando melhor a comida, quando foi que Hanako recebeu algum almoço que não foi feito por sua mãe? Era o desejo de muitos garotos em sua época de estudante receber coisas de uma garota, mesmo que eles não sentissem nada, apenas porque queriam se sentir especiais e ele foi igual. Não teve ninguém em particular que o interessou e nem teve tempo para pensar em romances ou amores, mas sempre invejou os populares que conseguiam facilmente qualquer coisa das garotas, especialmente em datas comemorativas. E agora, depois de morto, está recebendo uma de sua namorada. Não tinha como ficar melhor, tinha?
— Valeu, Yashiro.
Yashiro... Ele a continua de novo chamando pelo seu sobrenome o que a fez parar antes da comida ser posta em sua língua. Já não o tinha pedido para chamar com mais intimidade?
— É pra me chamar de Nene — ordenou alto e claro para expressar sua indignação.
— De novo isso?
— Você é meu namorado, né? Então não tem problema.
O chantageou. Provavelmente ele não saberia, mas esse seria um dos seus desejos de quando arrumasse um parceiro romântico e não desistiria tão fácil para conseguir. Nem seu constrangimento seria capaz de pará-la, além disso, seu tempo de vida é curto demais para não realizar o que pode ser aproveitado.
Hanako suspirou. Precisaria vencer sua timidez se quiser agradá-la. Não que fosse ruim, só trabalhoso talvez da mesma forma que foi quando decidiu que não seria mais o mesmo Yugi Amane que morreu há 50 anos.
— Certo, Nene.
A observando, pode notar o enorme sorriso que a sua assistente soltou. O sorriso tão lindo e precioso para ele. Poderia manter e cuidar para mantê-la sempre assim? Um dia ficaria sem ela e teria que aceitar o destinado que foi designado ainda que não seja fácil aceitar.
Sem notar, Hanako segurou uma mecha dos cabelos macios dela e depositou um beijo.
— H-H-Hanako-kun!?
— É Amane, sem honorífico — ordenou da mesma forma que Yashiro.
Petrificada ficou com o seu rosto tão vermelho que nenhuma palavra se arriscou a sair. O que ele está fazendo com ela brincando dessa forma? Yashiro o provocou tanto assim?
— Amane-kun!
O que ela faria? Por que é tão difícil dizer o nome de alguém? Por que as palavras não saiam? E para piorar, Hanako aproximou seus lábios para perto do ouvido dela. Se é um jogo, os dois podem jogar, principalmente quando se trata de importunar o outro. Por todos esses meses a provocando, Hanako conhecia as técnicas quase de cor já que foi seu divertimento desde o dia que a conheceu.
Os ombros de Nene se contraem ainda o que o faz soltar um sorriso orgulhoso do efeito de seus atos.
— Só Amane — sussurrou no ouvido dela.
— A-Amane.
Apesar de ouvir seu nome, não está satisfeito dessa vez. Foi muito rápido. O que ela poderia querer mais? Deveria dizer algo? Ele ainda não disse aquilo, deveria? Hanako sabia que ela iria gostar de ouvi-lo dizer e agora pode ser mais fácil, certo?
— Nene, eu...
Por que as palavras não saem? O seu coração bate tão rápido que evitar hesitar está quase impossível. Como poderia estar tão nervoso? Ela já sabia, não sabia? E estão namorando, qual o problema em dizer essas três palavras? Segurou forte a sua calça tentando dispersar todas as emoções que o fariam desistir. Não pode permitir se vencer por pura timidez, não pode desistir ali.
— Te amo.
O afastamento foi inevitável para ele, ou pelo menos, é o que ele gostaria se a mão da garota não segurasse a sua roupa pelo ombro.
— Me beija?
Sem encará-lo pediu Yashiro com uma certa vergonha.
Amane ficou surpreso, apesar de estar mais calmo do que as ultimas vezes. Talvez tenha se acostumado com a ideia? Nem ele mesmo sabia, apenas reconhece que não poderia negar esse pedido quando ela fica tão fofa desse jeito. Dirigiu suas mãos para o toque nela, uma nas costas que a puxa para mais perto e a outra para a bochecha para auxiliar na aproximação dos lábios deles. A mecha do cabelo dela, ele pôs atrás de sua orelha enquanto a olha fixamente em seus olhos e finalmente une os lábios em vários toques delicados e ingênuos. A cada toque se viciam e se apaixonam cada vez mais. Como poderia um beijo fazê-los querer voar?
O garoto se afasta abrindo os seus olhos para meio abertos, se lembrando do horário do almoço que pode ser atrapalhado.
— Você precisa comer.
Sussurrou. Queria continuar, mas não quer atrapalhá-la e para não ter saudades do seu toque, resolveu dar-lhe o seu último selinho.
Se ajeitando em seu lugar, voltou a se concentrar na comida que tinha deixado de lado e tampado. Nem mesmo o provou.
— C-como ficou? — perguntou Yashiro, ainda constrangida pelo beijo.
— Está perfeito.
Perfeito?
— Não precisa exagerar. O gosto é normal — emburrou-se sem gostar muito do elogio exagerado do mesmo.
— Não é pelo gosto.
Após observar melhor o rosto do seu namoro, pode ver o seu sorriso a cada mordida e os olhos que brilham apaixonante.
Ainda bem.
Passou um tempo onde ambos ficaram em silêncio apenas aproveitando o sabor da comida e, em seguida, observando o céu. Isso fez Nene se lembrar de Tsukasa por ser o local onde se encontraram pela primeira vez.
— Como era sua relação com o Tsukasa?
Tsukasa... Não teve uma semana que conseguiu esquecê-lo por completo e nem mesmo do seu maldito passado.
— O que você quer saber exatamente?
— Você disse que ia me contar sobre o seu passado quando estivesse pronto, mas depois disso você nunca mais mencionou nada.
— Meu passado... Não é uma história bonitinha como os seus mangás. E também, é difícil dizer vendo sua reação.
O que aconteceu entre eles?
O alerta poderia ser o suficiente para Yashiro não aprofundar o assunto, mas sua curiosidade é muito maior. Deveria querer? O que faria depois que descobrir? Da última vez, mudou sua atitude com Hanako. Dessa vez seria diferente?
Pensar nessa relação a preocupa.
— Amanhã, me entregue escrito o que você quiser sobre isso. Eu leio em casa. Pode ser qualquer coisa.
Propôs pensando na rejeição.
— Desde que você não fuja de mim.
Concordou, apesar de estar bem aflita com o que poderá ser escrito nessa carta.
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