Codex de um soldado anonimo escrita por PEREGRINO SILENCIOSO


Capítulo 19
Capítulo 19




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Acordo mais tarde do que o habitual, lembro com uma careta que hoje é natal, todos estão acordando tarde, crianças e trabalhadores de férias, muitas famílias estão se preparando pra viajar. Talvez o restante dos meus alvos também vão viajar, isso vai ser problema, porque vai haver civis no meio dessa guerra, os chamados “Efeitos Colaterais” e eu não quero isso. Também não sei quais são os planos do Mexicano Diego. To perdendo o tempo com outros assuntos, vou colocar esse merdinha contra a parede pra saber qual é a dele, porque eu não estou gostando nem um pouco dessa sensação de “ficar no escuro” em alguma missão. Gosto de saber com quem estou lidando. É isso que vou fazer, só que não agora. Tomei um banho quente porque até sair da cama ta frio pra caralho, não me demoro no chuveiro. Eu mereço um pouco de luxo no meu esconderijo.

LEMBRETE 01: colocar uma banheira com água fria e quente.

LEMBRETE 02: comprar outro caderno pra continuar o Códex. Não sei por quanto tempo viverei quando encontrarem a grana (se é que um dia vão encontrar).

Tenho estoque de água e comida pro inverno todo (agora to me sentindo um esquimó). Saio do banho, troco de roupa, na qual me mantém aquecido, saio com a minha Pick-up da garagem e dirijo até o Hostel, na qual deixo estacionado a dois quarteirões antes do local pra não desconfiarem de nada ou assustar o meu alvo. Não quero que ele fuja (apesar da idéia tentadora de uma boa caçada). Caminho até o Hostel pra me aquecer, bato na porta, quem me atende é o Mexicano Diego que perde a cor quando me vê, eu não esperava esse tipo de reação, fiquei inexpressivo, mas com um sorriso no rosto por cordialidade. Sou convidado a entrar pra almoçar com todos. Capricharam no rango, o cheiro atiçou a minha fome, nem tinha tomado café da manhã. Lavo as mãos no banheiro quando o Mexicano Diego chega e pergunta de modo rude:

— O que você está fazendo aqui e o que quer?

— Eu vim passar o natal com os meus amigos e o que eu quero você já deve saber. * Encostei ele contra a parede*

— Não sei do que você está falando.

— Não sei qual é a sua de ficar mexendo nas minhas coisas e me seguindo, pare de me seguir e estou aqui pra saber, qual é a sua, pra quem você trabalha? * Ainda com o Mexicano Diego prensado na parede com uma chave de pescoço*

— Eu que to te seguindo? É eu que estou sendo seguido por um doido o tempo todo sendo observado. Então ME LARGA!

— O que tem dentro dos envelopes pardos que você recebeu de um cara no restaurante e outro de um cara suspeito, hein?

— Como é que você sabe disso? Além do mais não é da sua conta, mas mesmo assim vou te responder: DOCUMENTOS PESSOAIS! E também fiz uma investigação sobre você, “FRANK”. Você não é aquilo que diz que é. Eu fiquei curioso em saber que você é um Assassino e outros segredinhos que não gostaria que alguém descobrisse, não é?

— Eu sabia que você não é de confiança, finalmente jogamos as coisas em pratos limpos, gosto de saber com quem estou lidando.

— Meninos. Vamos almoçar que está na mesa.

Ouço um sibilar já me é familiar do meu “Dark Passenger” dizendo que tem mais coisas que o Mexicano Diego não está nos contando. Pergunto-me em pensamento o que é que estou deixando passar. Só ouço o silêncio vindo do meu “Amiguinho de Travessuras”, em comparação na cozinha comunitária há muito barulho de talheres e vozes, no caminho pra cozinha não trocamos nenhuma palavra. O Mexicano Diego me olha feio quando senta na minha frente na mesa, retribuo com o meu sorriso mais falso do mundo, mas com um olhar tão gélido que seria capaz de congelar o ambiente. Não sei o porque mas o Mexicano Diego se remexe na cadeira como se tivesse formigas no traseiro, alarguei ainda mais o meu sorriso falso. Eu nem sequer estava ouvindo o que os outros estavam falando ou prestando a atenção, na verdade eu tava focado no meu alvo, senti que ele estava BEM apavorado. Só dei conta que estavam falando comigo quando tocaram o meu braço, quase derrubei o Australiano da cadeira com uma chave de pescoço, puro reflexo de auto defesa.

— Calma!

— Desculpe! Eu não me sinto a vontade quando andam sorrateiramente perto de mim, foi por reflexo dos anos que fui militar e não gosto que me toquem causa dos traumas antigos que sofri.

— Você estava tão concentrado que tivemos que te chacoalhar pra você sair do transe.

— Por que você estava sorrindo daquele jeito tão esquisito? * Perguntou a Suíça que está sentada na ponta da mesa*

— Nada! *Apenas respondo, e não estou com vontade de “elucidar certos assuntos” que eu não saberia explicar e também não iriam ME entender*

Almoçamos como se nada tivesse acontecido, ainda dei uma olhadela fria e com um sorriso assassino nos lábios pro Mexicano Diego, o meu “Dark Passenger” assoviou na minha orelha dizendo que isso lhe agradou muito. Depois fomos pra árvore de natal que estava toda decorada e cheia de presentes, não me lembro de ter um natal em “família”, na verdade eu nunca tive um natal, me senti tão esquisito com uma sensação estranha que me fez franzir a testa.

— O que foi?

— Eu nunca tive um natal em “família” antes, me sinto um estranho no ninho. * Respondo constrangido por não ter sentimentos natalinos como alguém normal*

— Então é o seu primeiro natal?

— É... * Respondo constrangido*

— O Papai Noel deixou um presentinho pra você! * Falou a Kelly, a Dona do Hostel ao me entregar um embrulho com desenhos natalinos*

 Sinto-me como uma criança que ganha presentes, não sei como me comportar nessa situação, me sento no chão com os olhos brilhando e esse impulso é mais forte do que eu. To me sentindo fora do meu “normal”, nunca tive esse tipo de rompantes antes. O que está acontecendo comigo? Só que me faltava começar a chorar que nem uma criança. Abro o embrulho como se eu tivesse desarmando uma bomba, não sei o que esperar que tenha dentro do embrulho. Olho o que tem dentro, me dá um surto de choro na qual não consigo controlar como se tudo o que eu sofri viesse em torrente de modo incontrolável como se fosse um Tsunami. Tentaram me acalmar. Nunca aconteceu isso comigo, nem quando o meu parceiro morreu, tive essa vontade de chorar e nem ser sentimental. Fiquei extremamente constrangido só de imaginar o que os meus Irmãos achariam disso, eu sempre fui frio que nem aço de uma faca. Deve ser o stress pós traumático do que me aconteceu. É a explicação racional do que acabou de acontecer, esse rompante de choro. Com o tempo, consegui me acalmar, me deram algo sem me conhecerem direito e eu não trouxe nada pra retribuir. Tenho que lembrar que estou em uma missão, e não pra outra coisa, preciso manter o foco. Fiquei puto é que fiquei vulnerável na presença do inimigo e odeio isso. Guardo o presente no meu carro antes de ir embora.

Percebo que as minhas suspeitas são reais, o Mexicano Diego é uma ameaça a missão, vou ter que eliminá-lo antes que fode com tudo. Qualquer decisão preciso ter provas concretas pra fazer o que faço de melhor: matar. Isso me deixa um pouco melhor. Depois desse rompante preciso me controlar, não posso permitir que o inimigo soubesse das minhas fraquezas pra ser usado contra mim e também acaba com a minha reputação. Vou até o Bureau onde sou recebido com muitos abraços e aperto de mãos por todos. Haytham me entrega um envelope pardo com todas as informações sobre o Mexicano Diego e também um presente embrulhado, que era de todos da Irmandade. Aquela vontade de chorar voltou e me segurei a tempo, além do mais não queria fazer feio na presença de toda a Irmandade.

— Não precisa segurar o choro, você está entre Irmãos, ninguém vai te julgar só porque se emocionou. * Falou Haytham ao me abraçar*

— Eu não gosto de me sentir vulnerável.

— Sabemos o que você passou, entendemos o que está sentindo, todos nós passamos por perrengues. * Abraçado por outros irmãos*

— Eu não sei o que dizer... * Pego o presente e abro na qual é uma nova arma pra minha braçadeira*

— Não diga nada. Pro empreendimento que você está fazendo, uma nova arma sempre é bem vinda. Espero que tenha gostado. Foi feita em nossas melhores forjas, especialmente pra você. * Falou o Mentor*

— Obrigado!

Fui embora levando mais um presente e as informações sobre o Mexicano Diego. Paro o carro em algum lugar no acostamento para ler o dossiê, o que eu descubro me deixa estarrecido e com as suspeitas confirmadas (olha que eu não sou de me surpreender com mais nada, depois de tudo que li, vi e ouvi, se fosse outra pessoa “normal” ficaria realmente assustada).

Já sei o que vou fazer, sabe aquela parte que eu escrevi sobre qual seria a sensação de esquartejar alguém? Pois é... Essa ideia me pareceu bem tentadora e apetitosa que dei um sorriso largo como se o meu “amiguinho de travessuras” concordasse com a ideia.

— Vou guiar as suas mãos nessa “Brincadeira” e não se preocupe que vamos nos divertir bastante na qual vai até gostar. * Fala no meu ouvido com aquela voz de seda sussurrante que me deixa com um puta sorriso assassino nos lábios*

O plano surgiu na minha mente quando sugeri a ideia, ninguém vai perceber nada se o Mexicano Diego desaparecer, se como sumir com um corpo. O local pode ser o meu esconderijo, além do mais tem muito espaço, só preparar tudo e tem muito lugar pra enterrar os restos, vi que num canto tem uns tambores com algum produto corrosivo. Tudo foi planejado com os mínimos detalhes: Capturar o Alvo quando for viajar, trazê-lo até o esconderijo sedado (obvio! Não sou doido de trazer ele aqui sem tiver anestesiado), embrulhar ele com muita fita adesiva transparente, ter um bom conjunto de facas, roupa cirúrgica, mascara, luvas, bancada de inox para realizar necropsia e também não é pra deixar vestígios de sangue, plástico pra manter o sangue apenas naquele espaço, ar condicionado de frigorifico, sacos plásticos de lixo preta, incinerador industrial. Esquartejar o corpo em partes pequenas quando ele estiver vivo, matá-lo com uma facada direto no coração através das costelas, depois colocar as partes nos sacos de lixo e despachar os restos, limpar o lugar pra apagar as evidencias, obviamente vou ficar com um “suvenir” do cara pra lembrar o quanto foi divertido aquela noite de travessuras junto com o resto na minha coleção. Todo mundo vai achar que ele estará viajando ainda, ninguém vai suspeitar que ele já era, só o “patrão” na Polícia pode desconfiar de alguma coisa. No momento é o primeiro civil que eu estou matando e que não faz parte da conspiração. Algumas coisas vou improvisar, pois no momento não tenho como conseguir neste exato momento por ser natal, inclusive vou ter que roubar um contêiner frigorifico do porto, a mesa vou usar aquela que não estou usando, tudo se dá um jeito. Nas férias vou ter bastante tempo pra instalar o que preciso ou posso deixar tudo no contêiner, ainda não sei como vou proceder (to pensando que nem um Serial Killer) Ah que divertido! Hahahahahahahahaha...


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Notas finais do capítulo

Desculpem a demora pra postar. Tive problemas no PC e também agora estou morando em Curitiba e não possuo pc no lugar onde estou morando. Só vou postar nos finais de semana que eu tiver na minha cidade natal.



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