Holmes e Watson: O Assassino da Meia-Noite escrita por Max Lake


Capítulo 3
Sherlock elucida o caso




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—Como assim contornos dramáticos? - perguntei a Holmes na manhã seguinte em nosso apartamento na rua Baker.

—O quê?

—Você falou ontem quando saímos da casa de Earnest Rockwell. Que esse caso ganhou contornos dramáticos.

—Ah, de fato. Mas é só uma teoria.

—Bom - peguei meu prato de ovos com bacon e fui à nossa sala de estar -, sinta-se à vontade para me explicar.

—Claro. Mas precisaria recapitular tudo, espero que não se incomode.

—Tenho a manhã inteira.

—Comecemos por ordem cronológica. Samantha Harrington, a pseudo-estudante de enfermagem. Nenhum livro de seu suposto curso no quarto, ela pegava emprestado da biblioteca um livro de enfermagem e lia na frente do irmão, por isso tem a imagem de estudiosa. Passava um tempo no pub da universidade, o mesmo pub em que era garçonete. Conversava com os estudantes, dizia ser aluna também, mas de qual curso?

—Ela mentia - deduzi, mas negou com a cabeça.

—Pense mais, John. Todos os dias, no pub, ela encontrava estudantes e dizia estudar em um curso. Não é crível que ela citasse cursos diferentes toda vez que a encontravam. Nem acredito que ela encontrava alunos do curso real e mentia também. Portanto, sentia vergonha de sua verdadeira graduação e mentia ao irmão, mas não aos estudantes.

—Então ela era de fato uma estudante universitária.

—Desorganizada, desinteressada, mas sim. Supus que poderia ser biblioteconomia.

—Por quê?

—Não sei, foi o primeiro curso desvalorizado que me veio à mente. Agora, imagine que certo dia um grupo de homens mais velhos tenha visitado o pub da universidade. Um deles atraiu a atenção de Samantha Harrington.

—Earnest Rockwell.

—Sim. Apareceu uma vez, depois apareceu de novo e de novo e de novo.

—Está dizendo que Samantha Harrington e Earnest Rockwell tinham um caso secreto?

—Normal pensar isso, mas não. Estou dizendo que os dois se conheciam.

—Baseado em quê você acredita nisso?

—Dois fatos: “Não tínhamos nenhum segredo” e o diário.

—Não compreendo. O diário não foi roubado por um inimigo pessoal?

—Às vezes o inimigo está do outro lado da porta. Neste caso, o irmão, ciumento e protetor, pegou o diário de Samantha. Por isso não tinham nenhum segredo. Ele leu, descobriu os segredos da irmã e, claro, a amizade entre os dois. Assim como você, erroneamente acreditou que Earnest e Samantha tinham um caso. Não duvido também que reconheceu o nome de Earnest nos jornais alguns dias depois e quis proteger a irmã de qualquer envolvimento no crime, mesmo já falecida.

—Inacreditável.

—E tem mais. Ele o leu antes da morte de Samantha, dado o estado empoeirado do quarto.

—Ainda assim agiu com agressividade quando contou a ele.

—Não queria acreditar que fosse verdade, tanto no diário quanto em minha hipótese, que ela era uma mentirosa.

Sherlock fez uma pausa para beber água.

—Guardando essas informações, falemos de Earnest Rockwell. Ele era jogador de futebol amador e, segundo a namorada e quase noiva, jogava de atacante, o que pode não ser totalmente verdade.

—Por quê?

—No futebol, a camisa 5, número de Earnest, é mais relacionada ao posicionamento defensivo. Poderia jogar no meio-campo? Sim, mas também como zagueiro, lateral ou ala.

—Patricia disse que não entendia muito de futebol.

—Exatamente, logo presumo que ela confundiu ou ele era um defensor muito ativo no ataque. Entretanto, é irrelevante. O fato real é que ela também tinha conhecimento da relação próxima entre Earnest e Samantha.

“Como, você me pergunta. Três fatos, eu lhe respondo. Um: Ele estava nervoso pela partida e pela hipoteca, mas também por outros motivos, como uma discussão acalorada com a namorada e futura noiva sobre a jovem do pub. Imagino que a amizade entre eles chegou a ser assunto e o ciúme se aflorou; dois: Nas palavras dela, ‘tudo fez sentido’ quando soube da aliança no bolso, porque, afinal, ela esperava o rompimento do namoro e não um pedido de casamento, o que me leva a três: A melhor pessoa que nossa testemunha já conheceu. Fiel, bom jogador, aparentemente gentil e amigável, ainda assim assassinado.

“Mas, antes que tire alguma conclusão precipitada, precisamos falar de Louis Oliver. Foi envenenado minutos antes de um importante discurso enquanto estava a sós no banheiro. Era o dono de uma empresa de cigarros e charutos que poderia muito bem ficar em posse seu irmão Luke e pela esposa Mary Elizabeth Oliver após sua morte. Este poderia ser um motivo para a armação contra o homem.

“John, Louis Oliver é a peça mais importante deste quebra-cabeça porque ele nada tem a ver com as duas vítimas anteriores”.

—Como assim?

—Minha teoria, e também o motivo do caso ganhar contornos dramáticos, é que o Assassino da Meia-Noite sentiu culpa e remorso por seus dois crimes, por isso queria que eu desvendasse o caso e matou uma pessoa de classe alta, alguém que seria manchete em um dos jornais mais importantes do país. Não se trataria de um desafio, mas sim de uma mea-culpa!

—Um pouco surreal, eu diria - comentei depois de alguns minutos absorvendo tudo. Todos têm um motivo para cometer os assassinatos, observei mentalmente.

—De fato. Bastava confessar tudo à polícia, mas há louco para tudo. Entretanto, meu amigo doutor, acredito que haverá um quarto assassinato porque ele sabe que estou envolvido.

Passava das três da tarde quando o inspetor Lestrade viera à rua Baker confirmar o temor de Sherlock. Um quarto assassinato ocorreu na última madrugada. Porém, o nome da vítima poderia derrubar a única teoria de Holmes.

Seu nome era Kelly Coleman.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!
O capítulo final será lançado em breve!



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