Malfoy é um PopStar? escrita por Lady M


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Vamos sempre de dois em dois.
Não prometo que vou ser super veloz, mas sempre que tiver dois capítulos vou postar para vocês...
Talvez saia dois por semana ou quatro, depende do tempo que tenho para escrever rsrsrs
Divirtam-se!



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Pov Draco Malfoy

Com a cabeça latejando e o mundo girando dentro do seu estômago Draco tentou abrir os olhos. Sentiu algo embolado junto de si, estava sem camisa e vestindo uma calça de moletom branca, deitado no chão da sala sobre o tapete, de frente para lareira. Com os olhos abertos mas semicerrados por conta da enxaqueca e da claridade, a sala dele era quase toda espelhada dando vista para a piscina, por isso era quase impossível ignorar o sol que entrava naquele cômodo quando as cortinas estavam abertas, como naquele momento. Ele tentou virar-se mas sentiu braços em volta dele.

Ele tentou lembrar de como voltou para casa naquela noite. Granger toda molhada, com um vestido de seda vermelho veio a mente dele, a maquiagem borrada, as lágrimas e a chuva. Algo vago sobre ela não ser a nova senhora Weasley e  ele contando sobre a morte do pai dele dentro da van. Sentindo a cabeça latejar colocou a mão dele que estava livre sobre a testa.

A outra mão dele estava sendo segurada por uma das dela, jogada de costas para ele, vestindo uma blusa de frio de moletom preta dele e calçando meias muito grandes para os pés dela, estava a Granger, enrolada no braço do loiro de maneira infantil, segurando-o e sorrindo levemente de olhos fechados. O cabelo dela estava espalhado entre eles, mas Draco sentiu-se tentado a passar os dedos por ele.

Ela remexeu-se virando-se de frente para ele e enroscando as pernas em volta do quadril dele. Draco tentou inutilmente afastá-la, mas ela grudou-se nele escondendo o rosto em seu peito. O loiro suspirou e sentiu o cheiro do shampoo dele vindo do cabelo dela. Tentou obrigar-se a lembrar como eles tinham parado ali, mas nada veio a mente dele. Frustrado ele permaneceu ali olhando para o teto e escutando a respiração ritmada da Granger enquanto ela ainda dormia.

Ela parou de respirar de maneira uniforme e ele viu o momento em que ela acordou completamente, pois impôs quase dois metros de distância entre eles, rolando pelo tapete quase parando dentro da lareira.

Ele riu dela, Granger o encarou furiosa.

Ela estava deitada de bruços e a calcinha de renda vermelha dela fez ele mudar de humor tão rápido quanto uma emergência de vida. Se ela fosse outra pessoa teria rolado até ela e levado-a para o quarto dele no andar de cima.

Ela sentou-se sobre os joelhos dela, colocando as mãos na cintura e disse brava:

— Você acha isso engraçado Malfoy?

Ele sentou-se apoiando as costas no sofá, cada palavra dela dançou dentro do cérebro dele, uma dor aguda o atingiu, mas ele sabia que era a merda da ressaca.

Ele deu de ombros.

— Se você estivesse vendo a situação daqui, também estaria rindo.

Ela levantou andando até ele, Draco quase perdeu o fôlego, as pernas da castanha estavam a mostra, poucos palmos das coxas dela eram tampados por aquele moletom, o pior era saber que aquela calcinha estava debaixo de tudo.

Ela sentou ao lado dele e cutucou-o de leve no braço.

Granger perguntou em tom preocupado:

— Você não vai vomitar, vai?

Ele negou balançando a cabeça e percebeu que foi uma péssima ideia.

Ele grunhiu de dor e ela disse de maneira autoritária:

— Vai tomar um banho, eu vou fazer o seu café e te trazer uma aspirina para ressaca.

Ele assentiu e ela riu da cara dele.

— Até que tem razão Malfoy, ontem você foi bastante engraçado.

Draco encarou as costas dela afastando-se em direção a cozinha, “Oh vista viu!”.

Ele tentou lembrar no caminho até o banheiro, o que ele poderia ter feito para divertir a Granger, mas debaixo do chuveiro e lembrando da calcinha dela, só pensava em uma coisa e ela não era nada engraçada, podia ser divertida e arriscada, mas definitivamente não era algo do gênero da comédia.

Saiu do banheiro com a toalha enrolada na cintura indo direto para o closet. O quarto dele tinha uma cama ampla com dossel, os aros de metal dela e a cabeceira eram prateados, os lençóis negros e a cortina que adornava a cama era verde esmeralda, ela continha um feitiço silenciador em volta dela, um truque que ele aprendeu nos dormitórios de Hogwarts. 

O banheiro era todo claro com detalhes acinzentados, inclusive na bancada da pia de mármore, ele dispensou a ideia de uma banheira, ele preferia o box e a piscina que ele tinha lá fora já era o suficiente para ele relaxar. O closet dele era amplo com as araras espalhadas, separadas por peças e tons, o interior do cômodo era enfeitiçado para tornar-se maior, parecia até uma loja de tão amplo e abarrotado. No início do corredor das roupas um espelho que pegava a parede toda, olhando-se nele Draco notou dois hematomas arroxeados um no ombro dele e o outro na base do quadril, olhando para o machucado ele acabou tendo um fleche de como os adquiriu na noite anterior.

A Granger queria que ele tomasse um banho frio no banheiro do corredor, ele tentou explicar que preferia tomar banho no quarto dele, mas sem obter sucesso em convencê-la, ela o perseguiu pela sala e ele caiu no chão levando-a junto. Depois disso ele só conseguia lembrar de jogá-la na piscina enquanto estava chovendo. Espantando a descrença por lembrar dela rindo com ele, o loiro escolheu uma calça social cinza, a blusa social branca, o colete cinza e a gravata verde. Colocou o cinto preto combinando com os sapatos sociais. Saiu do quarto e desceu as escadas até o andar debaixo, ele escutou o chuveiro ligado no banheiro do corredor, perto do quarto de visitas. Ele deduziu que a Granger estava tomando banho.

O café da manhã dele estava na bancada da cozinha e junto com ele um comprimido e um copo de água. Era vergonhoso admitir mas ele estava acostumado com aquele comprimido branco que o livrava das dores corporais e as vezes da ressaca, para um bruxo ele estava quase domesticado aos modos, maneiras e soluções do mundo trouxa. Inacreditavelmente, Draco sentia-se em casa.

Granger saiu do banheiro vestindo uma calça jeans clara e uma jaqueta jeans da mesma cor, fazendo par com a calça, nos pés um all-star vermelho, a blusa de dentro era de frio leve e também vermelha, o cabelo dela estava úmido e solto.

Ele apontou para uma das cadeira na mesa de jantar com quatros lugares.

— Você está com fome, Granger?

Ela sentou de frente para ele e roubou uma das torradas que estava no prato dele.

Com uma agenda em uma mão e a torrada na outra, ela disse:

— Você tem uma gravação para um comercial de perfume ás dez horas da manhã, por sorte acordamos mais ou menos com folga, então deu para você tomar café da manhã, estava com medo de não dar tempo. Mais tarde tem uma roupa para terminar de provar, um terno se eu não me engano, e a pré-estreia do filme “Laços & Heranças” por volta das nove da noite.

Draco assentiu e passou geleia com a faca na torrada dele e depois no pedaço que a Granger estava segurando, sem querer sujou o dedo dela no processo. Ela soltou a agenda e encarou-o, o loiro sorriu triunfante por conseguir tirá-la daquela tarefa tediosa.

Ele disse de maneira leviana:

— Sim é um terno.

Ela permaneceu calada e terminou de tomar café com ele, sem falar de trabalho.



Pov Hermione Granger

Malfoy era um bêbado imprevisível!

Ela tentou colocar ele debaixo de um chuveiro assim que entraram na casa, mas ele não aceitou, na verdade ficava repetindo que queria tomar banho no quarto dele, ela não sabia onde era esse cômodo. Sem paciência Hermione tentou coagi-lo pela força, mas mesmo lento e com a coordenação motora de um bebê recém-nascido, por conta da bebida, Malfoy parecia ser mais ágil do que ela.

Eles foram parar no chão. O tombo seria engraçado se ela não estivesse preocupada com o Malfoy que no meio do caminho bateu contra o sofá antes de atingir o chão, Hermione escutou o barulho e o estalo que veio do corpo dele. Buscando averiguar o estado do loiro, ela arrancou a blusa dele, um grande erro.

Ele perguntou:

— O que acha de uma festa na piscina, Granger? 

Ela deixou a camisa dele no sofá e afastou-se um pouco dele. Malfoy sorrindo travesso levantou do chão levando-a sobre o seu ombro, como um saco de batata ambulante e pulou com ela na piscina. A água estava boa e morna, por causa da chuva que caía do lado de fora da casa. Irritada, Hermione tacou água com a mão no rosto dele, Malfoy devolveu puxando-a para perto de si e afundando-a, logo aquela brincadeira tornou-se mais infantil e os dois até apostaram corrida na piscina de uma borda a outra. A madrugada estendia-se entre eles que nem sentiam o tempo passar.

Hermione saiu primeiro da água e conjurou duas toalhas dizendo:

— Accio toalhas de banho banho.

Ela pegou as duas toalhas pretas e felpudas que vieram flutuando do interior da casa até ela, ofereceu uma para o Malfoy que saiu da piscina sentando-se na beirada da mesma. Ele aceitou e enrolou-se na toalha. 

Ainda estava chovendo, por isso ela sugeriu:

— Vamos entrar e trocar de roupa?

Ele assentiu e terminou de sair da piscina, os lábios dele estavam começando a ficar arroxeados e Hermione tratou de empurrá-lo para dentro da casa, tirando-o da chuva.

O loiro entrou pelo grande corredor escuro e andou para dentro de algum lugar no segundo andar, Hermione não o acompanhou, ela precisava tomar um banho, mas não sabia onde deveria ir. Deixá-lo sozinho naquele estado estava fora de cogitação, ela conseguiu escutar o barulho dele vomitando no andar de cima. Hermione sentia-se um pouco responsável por ele, afinal Malfoy tentou tirá-la da chuva.

O loiro desceu para a sala vestindo uma calça de moletom branca e uma blusa da mesma cor, estava de chinelo e carregando um bolinho de roupas.

Ele esticou o que segurava na direção dela e disse:

— Se você ficar com essa roupa vai pegar um resfriado, Granger.

Hermione aceitou o bolinho e percebeu que era uma samba canção preta, com uma blusa de moletom da mesma cor sem capuz e um par de meias cinza. 

Ela sorriu de maneira calorosa para ele, talvez Malfoy fosse a primeira pessoa além da mãe dela a tentar ajudá-la. Hermione sempre foi auto suficiente e até os melhores amigos dela não pensavam nela como alguém frágil que não soubesse se virar, era estranho que uma blusa de moletom, uma cueca e um par de meias tivessem tanto significado, ainda mais vindo de um Malfoy bêbado. Aquele gesto torto, foi a melhor coisa que aconteceu a ela naquele dia.

Malfoy sorriu de volta e Hermione mesmo perdida em si mesma, foi capaz de notar como ele parecia sincero e gentil sorrindo sem sarcasmo.

Malfoy disse indicando o corredor com a mão:

— O banheiro é a segunda porta no corredor desse andar. Pode tomar banho lá e ir embora depois se você quiser, mas isso é uma escolha sua, sinceramente eu preferia que ficasse.

Ela apertou as roupas junto ao corpo e não o respondeu, foi em direção ao banheiro e tomou um banho quentinho, vestiu as roupas que ele emprestou para ela, mas preferiu transfigurar a cueca para uma calcinha no modelo shortinho, rendada e vermelha, aquilo fazia mais o estilo dela. Deixou as roupas dela secando no banheiro e foi para a sala. Lá ela deparou-se com o Malfoy apagado no sofá, ele estava todo torto, meio sentado e apoiado no braço estofado do móvel, ela tentou ajudá-lo a ir para uma posição mais confortável, mas ele acordou e puxou ela para cima dele. Deitando-os juntos no sofá.

Hermione disse empurrando-o:

— Malfoy, você precisa ir dormir no seu quarto.

Ele apertou ela.

— Não tenho não, acho que vou dormir aqui.

Ela suspirou frustrada e vencida. 

Malfoy deitou de lado, ficando na beirada do sofá, ela ficou entre ele e o encosto. Dali ela pode admirar a sala do loiro, toda espelhada dando vista para as estrelas e a piscina lá fora, depois que a chuva acabou o céu estava limpo e o brilho das pequenas luzes no céu era muito mais encantador. A sala dele era clara, a lareira, as pedras do chão, as paredes, o tapete em um bege claro, o sofá marfim, as almofadas brancas e beges, sobre a lareira o enfeite era duas vassouras de quadribol cruzadas abaixo de um pomo de ouro com as asas esticadas. Uma delas Hermione conseguiu identificar como a nimbus 2001 do Malfoy na época do terceiro ano em Hogwarts.

Ao abrir os olhos de manhã percebeu como estava agarrada nele, ela rapidamente afastou-se, mas ficou surpresa ao constatar que Malfoy não parecia estar de mau humor. Era para ele estar com uma ressaca violenta e não gargalhando daquela maneira.

Preparou o café da manhã dele antes de tomar banho e transfigurou o vestido dela, a sandália de salto da noite passada, o moletom do loiro e  a samba canção dele, a calcinha e o sutiã dela tinham secado, então pode vesti-los novamente e as meias usou as do Malfoy mesmo, depois precisaria devolver tudo para o loiro mais tarde.

Voltou para a cozinha e pode vê-lo usando roupas sociais, um visual bem distante do que ele usava nos sets de filmagem. Ela passou a agenda dele com ele, mas o loiro não parecia ligar para os próprios compromissos, então ela decidiu deixar aquilo de lado e comer com ele, surtar por conta de trabalho não era algo que ela queria naquela manhã.

Hermione dirigiu a van até a sede da empresa de cosméticos onde as gravações do comercial ocorreriam. Assim que estacionou abriu a porta para o Malfoy e ele desceu, ela entregou a chave da van para o manobrista da empresa e seguiu o loiro edifício adentro carregando a frasqueira de maquiagem. Os passos dele eram precisos e rápidos, com a diferença de alturas entre eles, um passo do loiro era o equivalente a dois dela, fazendo-a agradecer por ter escolhido calçar um tênis aquela manhã.

Chegaram na sala de reunião e Malfoy entrou sozinho indicando antes um camarim para a sua assistente. Hermione entrou no cômodo e arrumou as maquiagens sobre a pequena bancada branca, a sala estava pintada de pérola e o espelho dela era grande, o figurino que Malfoy vestiria estava pendurado ao lado do espelho dentro de um saco preto. Ela o abriu e viu uma blusa social preta, a calça da mesma cor o colete branco e sem gravata. Malfoy ficaria bem dentro daquelas roupas.

Jogando-se no sofá ela desbloqueou a tela do celular dela, deparando-se com duas mensagens de Harry, ela decidiu ignorá-las por enquanto. Não queria lê-las, os problemas dela podiam esperar até o final do expediente.

 

Pov Draco Malfoy

Os últimos ajustes contratuais ainda precisavam ser acertados, depois que isso terminou Draco discutiu como o comercial seria filmado brevemente com o diretor da campanha e foi para o camarim. Entrou e notou que a Granger estava olhando para a tela de um celular.

Ele perguntou:

— Você pode me passar o seu número?

Ela levantou os olhos da tela e assentiu largando o aparelho no sofá onde estava sentada.

— Claro, isso vai facilitar algumas coisas para nós dois no futuro Malfoy.

Ele sentou na cadeira em frente ao espelho.

— Talvez.

Ela perguntou marota virando a cadeira dele de frente para ela:

— O conceito é sexy ao extremo?

Draco riu da cara que ela fez, com as duas mãos apoiadas nos braços da cadeira onde ele estava sentado, com o corpo inclinado para frente, uma sobrancelha erguida e um sorriso desafiador nos lábios.

Ele respondeu:

— Não, por quê?

Ela começou a hidratar a pele dele antes de maquiá-lo, enquanto respondia o loiro:

— Todos os comerciais de perfume masculinos que eu vi até hoje são assim.

Draco sorriu de lado para ela.

— Acredito que seja fácil fazer esse tipo de marketing.

Ela deu de ombros e começou pela base.

— Digamos que sim. Quando vi a sua roupa pensei em uma festa de gala ou talvez em um espião.

Ele esperou ela terminar para responder:

— A segunda opção Granger, vou ser um 007. Esse perfume é uma edição para comemorar os 58 anos do personagem.

Ela encarou ele e depois pegou a paleta de corretivos.

— Malfoy, você sabe quem era o 007?

Ele sorriu de lado para ela.

— Sim eu sei, inclusive atuei como ele em uma das minhas primeiras peças. Granger, ele é um ícone, fiquei bastante contente quando me convidaram para fazer essa propaganda.

Ela disse:

— Você é um pouco novo para interpretar ele no cinema, o James Bond era descrito como um homem de idade estimada entre 33 a 40 anos.

Draco riu dela.

— Pode ser, sou uma estrela jovem Granger. Mas fala sério, eu tenho tudo que o 007 tem de melhor.

Granger girou os olhos e concentrou-se no rosto dele, ela começou a fazer traços suaves pelo rosto dele, os olhos dela acompanhando cada traço do maxilar de Draco. Ele sentia cada toque dela, mas preferiu desligar a mente naquele momento, precisava repassar o mini roteiro que ele deveria seguir.

Ela terminou e virou a cadeira dele de frente para o espelho.

Granger disse de maneira convencida:

— Acho que você tem o que é necessário no final das contas.

Ela marcou o maxilar dele e deixou os olhos bem mais expressivos.

Dando um sorriso charmoso para o espelho e encarando-se de cima a baixo ele concluiu:

— Isso ficou muito bom Granger.

Ela deu de ombros e ajudou ele a vestir a roupa, a calça preta social, a blusa social preta e o colete branco, o sapato dele e o cinto permaneceram os mesmos. Granger deixou o cabelo dele fixado com gel em um meio topete lateral.

Ela mediu ele de longe, levantando o polegar na vertical e horizontal.

Piscou um olho e disse:

— Se o 007 fosse alguns anos mais novo seria você.

Draco sorriu e cruzou os braços na frente do corpo.

Granger perguntou:

— Vamos?

O loiro assentiu e ela abriu a porta do camarim para ele sair.

 

Pov Hermione Granger

Foi fácil se distrair com Malfoy, a maquiagem não foi a parte mais interessante do processo de filmagem. A forma como Malfoy conseguia desligar as emoções dele, compartimentando-as, negando partes essenciais dele mesmo, para virar outra pessoa, agindo de uma maneira bem distante dele próprio, era o ponto alto daquilo tudo. Hermione conseguia ver que quanto mais distante da realidade dele o personagem estivesse mais o Malfoy se esforçava e conseguia um resultado de tirar o fôlego.

Ele entrou dentro do carro esportivo vermelho e fez as cenas das curvas mais de três vezes até o diretor e ele próprio ficarem satisfeitos com o resultado. Depois um cenário de bar foi montado e Malfoy passava dentro de uma festa, pegava um drinque com uma chave vermelha e entrava em um quarto luxuoso de hotel. Tudo feito sobre medida e incrivelmente 007. O frasco do perfume era o que esperava pelo loiro no quarto, o designer do frasco era trabalhado em um vidro vermelho, transmitindo uma aura de mistério agradável.

O pai dela era apaixonado pelo James Bond, Hermione perguntou para o loiro antes dele ir para o camarim:

— Você pode tirar uma foto minha aqui?

Ele franziu o cenho, mas assentiu, ele tirou o celular dele do bolso e disse:

— Sorria Granger!

Ela fez isso tirou foto na frente do carro vermelho e depois uma atrás da bancada do bar, os garotos que estavam desmontando o set até entregaram um copo para ela.

Os dois voltaram para o camarim, ele sentou na cadeira e ela começou a usar o demaquilante no rosto dele.

Malfoy perguntou:

— Qual o seu número Granger?

Ela pegou o telefone da mão dele e digitou o número dela salvando o contato com o nome Assistente 1, mas não foi aceito porque tinha pelo menos oito assistentes salvas e numeradas de zero a sete, ela sorriu e digitou Rata de Biblioteca salvando o número dela, e devolveu o aparelho para ele.

Malfoy sorriu para tela.

— Sério Granger?

Ela deu de ombros respondendo:

— Tenho certeza que sou a única que você conhece.

Ele levantou da cadeira, sem maquiagem e com a pele hidratada. Malfoy não precisava de nenhum artifício estético para chamar atenção, pelo menos do ponto de vista dela, a pele clara dele, os olhos acinzentados com um toque azul, os fios de cabelo loiros platinados, tudo nele parecia um convite para a imaginação feminina.

Ele disse de costas para ela, vestindo a camisa social com a qual ele saiu de casa:

— Você tem razão.

A resposta dele foi o suficiente para tirá-la daqueles devaneios.

Ela começou a guardar as coisas de volta na frasqueira de maquiagem. Malfoy terminou de se trocar, mas dessa vez optou por dobrar as mangas da camisa social até os cotovelos.

Ele perguntou:

— Onde vamos almoçar, Granger?

Ela encarou o reflexo dele no espelho.

— Eu vou almoçar no hotel onde estou hospedada e você na sua casa.

Malfoy negou encarando-a através do espelho também.

— Não mesmo, o terno que tenho que provar está marcado para as três, eu não quero ter que almoçar correndo ou te fazer almoçar correndo. Podemos comer juntos na minha casa ou em algum restaurante.

Ela pegou a frasqueira de maquiagem e virou-se para ele.

Totalmente sarcástica ela respondeu:

— Vai ser por sua conta e risco, Malfoy.

O loiro segurou a porta para que ela passasse e revirou os olhos de leve em desaprovação.

O caminho até um restaurante foi tranquilo, Malfoy passou um endereço de um restaurante italiano que ficava em lugar pouco movimentado. Ele desceu da van de óculos escuro e boné,  o que não combinou nada com o visual formal do loiro. Hermione lembrou-se de uma das fãs dele que encontrou na cafeteria, ela ficaria levemente decepcionada, se visse o ídolo dela vestido daquela forma. Então a castanha o empurrou de volta para o carro.

Ela disse de modo autoritário:

— Você não vai e nem pode sair assim Malfoy.

Os dois entraram juntos na parte de trás da van.

O loiro disse de maneira irritada:

— O que tem de errado aqui, Granger?

Ela tirou a varinha de dentro da jaqueta jeans.

— Tudo! Você é uma celebridade, sabia? Não pode sair por aí de qualquer jeito.

Malfoy soltou um suspiro frustrado e assistiu de forma desconfiada as suas roupas serem transfiguradas por ela. A calça social cinza virou uma calça jeans escura, o colete uma jaqueta preta de couro, a blusa social branca em uma camisa branca, os óculos permaneceram e o boné preto também, o sapato social virou um tênis all-star preto e o cinto social virou um cinto comum.

Ela sorriu e disse triunfante:

— Agora as suas fãs podem ficar suspirando por você, caso seja fotografado Malfoy.

Ele empurrou ela para o lado e desceu da van, reclamando sozinho, coisas como: “Granger sem noção” e “Viciada em trabalho” foram murmuradas por ele, mas ela ignorou.

Hermione desceu depois dele e fechou o veículo com a chave. Os dois andando lado a lado no passeio até o restaurante, assim que sentaram Malfoy fez o pedido dos dois sem entregar um cardápio para ela.

Hermione perguntou:

— Você vem muito aqui?

Ele assentiu.

— Sim, mas Granger o que te deu para tomar conta das minhas roupas fora dos sets?

Duas taças de vinho foram colocadas na mesa diante deles.

Hermione arrastou a dela colocando-a na frente do seu corpo, olhando para Malfoy sobre a taça ela respondeu:

— Ontem de manhã quando fui comprar o seu café da manhã fiquei na fila atrás de duas estudantes do ensino médio. Elas estavam falando sobre celebridades e uma delas declarou todo amor e devoção dela por você. Eu não te acho um poço de simpatia, mas não posso negar que é estiloso.

Malfoy bebeu um gole do próprio vinho e com uma sobrancelha arqueada indagou descrente:

— Então você se importa por causa das minhas fãs?

Ela deu de ombros.

— Eu também tinha os meus ídolos em alta conta quando era uma adolescente. Sabe, Malfoy, ser decepcionada pelo seu ator favorito ou cantor é tão ruim quanto tomar um pé do seu crush.

Malfoy soltou uma risada e o garçom trouxe o almoço deles, uma travessa de talharim à bolonhesa e dois pratos para que eles se servissem. Malfoy serviu o prato dela e o dele. Hermione almoçou calada curtindo o ambiente amistoso que instaurou-se entre eles.

Quando Malfoy chamou o garçom, ela achou que fosse para pagar a conta, mas era apenas para pedir a sobremesa.

Ele limpou a boca dele com um guardanapo e disse:

— O terno que vou terminar de ajustar hoje é um Armani.

Hermione encarou-o e ele prosseguiu:

— Eu gosto mais dos trajes formais bruxos do que os trouxas, mas tenho que admitir que as grifes e suas peças exclusivas são uma excelente invenção.

Hermione riu do loiro.

— Acredito que nenhum traje bruxo da Madame Malkin seja meramente parecido com o outro, ela sempre faz ajustes e detalhes exclusivos, Malfoy.

Ele esperou o garçom se afastar para que eles pudessem terminar aquela conversa.

Hermione encarou a travessa pequena de panna cotta e morango, a de Malfoy era de limão.

Ela pegou a colher e disse divertida:

— Verde e vermelho, acho que algumas coisas nunca mudam, Malfoy.

Ele sorriu de lado e com a colher dele roubou um pedaço da sobremesa dela.

O loiro declarou vitorioso depois de comer o conteúdo da colher em sua mão:

— Eu gosto de morango Granger, independente da cor.

Hermione sorriu cúmplice e contra-atacou pegando uma colherada da sobremesa do Malfoy.

Ela disse sorrindo:

— Azedinho, mas tão saboroso.

Ela terminou a sobremesa dela e ele a dele, saíram juntos e dessa vez Malfoy sentou-se no banco do carona em vez de no fundo da van.

 

Pov Draco Malfoy

Cuidar dele era como uma doença ocupacional para ela. Granger não queria que ele ficasse mal, nem nas fotos, filmes ou fora das telas. Ele se divertiu com ela durante o almoço e na hora de experimentar o terno, ela deu um palpite sobre a cor da gravata dele, e Draco acabou cedendo a escolha dela. Antes a gravata seria verde e agora ela seria azul, pois realçava os olhos dele.

Granger parecia saber todos os detalhes e ângulos dele, em apenas dois dias ela parecia ter adquirido um manual de instruções de como reger a vida uma celebridade.

Voltando para casa ele sentou ao lado dela de novo, trocou a estação de rádio três vezes até ela parar a mão dele no meio do caminho, os olhos dela voltaram-se para ele de maneira ferina.

Ela perguntou apertando o volante com força:

— Por um acaso você está entediado?

Draco virou-se para frente e abriu a janela dele, estavam entrando no condomínio então não seria fotografado e nem nada do gênero.

Ele respondeu irônico:

— Só agora você percebeu, Granger.

Ela estacionou na frente da casa dele e desceu abrindo a porta para ele.

Draco desceu da van e os dois entraram juntos na casa dele.

Granger viu ele jogar-se no sofá.

Ela perguntou:

— Que horas preciso te levar e buscar da pré-estreia?

Ele apontou para o sofá e ela sentou-se deixando uma distância considerável entre eles.

Draco respondeu:

— Eu vou ir de limousine, então você não precisa me levar, o mesmo aplica-se a volta.

Granger disse incerta:

— Mas eles não podem buscá-lo aqui.

Draco ajeitou o corpo dele encarando-a.

— Não, mas o elenco vai sair junto do set então você não precisa se preocupar, estarei lá no horário e bem vestido. Na volta vou apartar aqui em casa sozinho.

Vendo ela assentir ele completou alertando-a:

— Nunca tente aparatar na minha casa Granger, tem um feitiço protetor, se você fizer isso provavelmente vai sofrer um estrunchamento.

Ela arregalou os olhos de leve.

— Para quê tudo isso Malfoy?

Ele deu de ombros.

— A minha vida não foi fácil durante o sétimo ano Granger, Rita Skeeter fez da minha existência um inferno.

Granger soltou um suspiro irritado.

— Ela sempre faz isso, estraga a vida das pessoas e espalha boatos maldosos.

Draco assentiu em silêncio.

Granger levantou do sofá e declarou:

— Já que não vai mais precisar de mim eu vou embora.

Draco levantou também e disse:

— Você sabe que não vai ter folgas aos sábados. 

Ela assentiu e com um aceno foi embora.

Draco ficou ali encarando o lugar que ela deixou, um fleche da noite anterior atingiu a consciência dele. Granger e ele deitados no sofá e ela fazendo cafuné no cabelo dele.

Sorrindo de maneira sutil ele foi tomar banho. Vestiu um terno cinza e a blusa social branca, a gravata chumbo, o sapato social e o cinto brancos. Arrumou os fios loiros com auxílio de uma pomada, gel deixava o cabelo duro e com um aspecto nada natural.

Aparatou no lugar certo e esperou a limousine, as pré-estreias eram sempre cheias de fotógrafos, repórteres e fãs. Draco desceu sorrindo e comprimentando a todos, ele não atuou no romance “Laços & Heranças”, ele aceitou o convite do diretor para estar na equipe de som e trilha sonora do filme. O loiro compôs duas baladas instrumentais romanticas para o longa. Draco gostava de compor e tocar piano, isso o acalmava.

O filme ficou maravilhoso e os altos e baixos que o casal principal enfrentava fez as pessoas se emocionarem com uma facilidade absurda. Draco estava esperando que aquele filme levasse muitas estatuetas douradas. 

Voltar para casa sozinho foi uma tarefa monótona, Granger estava deixando-o mal acostumado. 

 

Pov Hermione Granger

Ela deveria abrir as mensagens do Harry, também precisava buscar as coisas dela no apartamento que dividia com o ruivo. Rony e ela alugavam aquele imóvel, eles pensaram em comprá-lo, mas Rony queria uma casa com quintal amplo, ela não via necessidade disso. Entretanto aquela noite na casa do Malfoy fez ela entender melhor o Ronald, uma casa era muito mais ampla e cheia de aconchego do que um apartamento de três cômodos.

Ela abriu a porta e estranhou o barulho que vinha da sala, entrou e viu Rony virando um copo de whisky de fogo enquanto olhava para a televisão, por insistência dela os dois compraram uma.

O ruivo virou-se para ela.

— Oi Mione.

Ela deu de ombros e trancou a porta, Hermione o conhecia bem, sabia que por trás de toda aquela falsa calmaria, Rony queria explodir.

Em tom neutro ela declarou:

— Vim buscar as minhas coisas.

Rony levantou do sofá, colocou o copo na cozinha e de lá ele respondeu:

— O apartamento sempre foi seu Hermione, o justo seria eu deixá-lo e não você.

Hermione entrou no quarto deles e conjurou duas caixas, jogando as roupas dela dentro de uma e na outra os sapatos.

Rony entrou no quarto e escorou-se na parede assistindo ela esvaziar o guarda roupa. Hermione lembrava como o ruivo havia montado aquele móvel, os dois pintaram cada parede daquele apartamento juntos. A cama Hermione montou com magia, mas Rony ajudou na hora de colocar o colchão, cada pedaço daquele lugar tinha sido construído por eles, juntos.

Jogando um vestido na caixa, ela fitou os olhos azuis dele.

Hermione disse:

— Eu não posso viver aqui, eu não consigo, para cada lugar que eu olho, vejo nós dois.

Rony sentou-se na cama de frente para ela.

— Eu também.

Ele colocou as mãos sobre as dela que estavam apoiadas em uma das caixas.

— Eu te amo, amo de uma maneira absurda. Conversei com o Harry e até mesmo com a Gina, mas percebi o que você quis dizer.

Hermione retirou as mãos das dele.

Rony olhou dentro dos olhos dela e concluiu:

— Nosso amor começou como uma amizade e talvez nunca tenha passado disso. Estar juntos querendo tomar rumos diferentes nos machucou, eu fui incapaz de perceber os momentos em que você precisava de mim. Sinto muito por isso Hermione.

Ela sorriu triste para ele.

Rony retirou a aliança dele e levantou da cama, caminhando na direção dela, Hermione acompanhou aquele gesto sentindo lágrimas invadirem os seus olhos. Ela usava aquela aliança desde a formatura, ele a pediu em casamento na plataforma, depois que ele colocou aquele aro dourado no dedo dela, o anel não abandonou-a em momento algum. Ele colocou o anel dele na palma da mão dela, ela segurou aquele círculo de metal frio. Hermione fechou os olhos, sentindo-se como um castelo de cartas desmoronando em câmera lenta. Quando abriu as pálpebras, ele não estava mais lá, e a sua aliança era a única coisa que havia restado.

Ela chorou por todos os sonhos que construiu antes, chorou pelas coisas que nunca mais poderia ter e depois sorriu tirando a própria aliança, em sinal de libertação. Ela pegou as duas caixas e aparatou no hotel. Sem pressa colocou as roupas no guarda roupa do quarto e com as duas alianças andou pelas ruas de Londres sem destino, avistou um bueiro na volta para o hotel e soltou o par de alianças lá.

Naquela noite tomou um banho demorado e deliciou-se na frente da tv de quarenta e duas polegadas do hotel, comendo sorvete e lembrando-se da conversa que teve com Malfoy bêbado.

 

Deitados no sofá o loiro perguntou sonolento:

— Você estava chorando por causa do Weasley?

Ela passou a mão pelo cabelo do loiro tentando fazê-lo dormir.

— Não exatamente, estava chorando por tudo aquilo que fugiu do meu controle.

Ele franziu o cenho e encarou os olhos dela.

— O fato de gostar das coisas a sua maneira, não é um defeito Granger, pode ser uma compulsão, até mesmo uma loucura sua, mas não é algo que deva se envergonhar ou te deixar triste.

Ela suspirou e disse:

—  O meu ex-noivo estava mais preocupado com os métodos de como voar rápido sobre uma vassoura, do que, em como eu estava lidando com as pressões constantes do Departamento das Leis Mágicas, das eternas exigências. Rony só era mais uma entre tantas outras pessoas que estava sempre querendo algo de mim.

O loiro relaxou por causa do carinho constante que ela fazia no cabelo dele.

Ele sussurrou de olhos fechados:

— Eu não cobraria nada de você Granger, eu te daria tudo.

Ela parou abruptamente com a mão na nuca do loiro.

Ele abriu os olhos e deu um beijo na testa dela puxando-a para junto de si.

— Francamente Ronald Weasley não era homem para você. Ele sequer merece as suas lágrimas.

Ela riu da maneira simples com que ele disse aquela frase, Malfoy bêbado era surpreendentemente fofo.

Ela disse de forma firme:

— Sabe Malfoy, isso não é problema seu.

Ele concordou com ela.

— Acho que não. Está calor né Granger?

Ela negou e ele arrancou a blusa voltando a puxá-la em direção ao corpo dele. Hermione ficou estática, aquele loiro sabia como deixar uma mulher sem palavras.

 

Ela adormeceu com a televisão ligada e abraçada a um pote de sorvete vazio.


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Notas finais do capítulo

Alguém aí é fã de 007?
Ou de um Draco Malfoy vestido de 007 ^.^



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