Tudo o que está em jogo escrita por annaoneannatwo


Capítulo 40
Pétalas de cerejeira




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—  Posso saber qual é exatamente o plano, Uraraka-chan? —  o enfermeiro corre junto dela, ambos descendo as escadarias com passos apressados e derrapando levemente no chão quando fazem uma curva para correrem em direção a onde ainda acreditam estar o anfiteatro. 

Ochako apenas agradece internamente por não estar descalça como deveria estar para a peça, a Otoge lhe pegou completamente desprevenida no camarim, de modo que ela já estava com o figurino, só faltava tirar os sapatos de andar no chão acarpetado. Foi bom ainda estar com eles considerando como ela correu pra lá e pra cá nos últimos minutos, incluindo para dentro de uma caverna!

—  Eu vou parar a peça e tirar o Bakugou-kun de lá pra gente poder sair, você não precisa vir comigo, pode ir até onde a Otoge Sakura está e garantir que ela está onde você a viu, não deve ser difícil tirá-la se ela não estiver consciente.

—  Entendido. Mas tem certeza que você vai simplesmente parar a peça?

—  Como assim?

—  Bom, é que… seu objetivo era completar a peça, não?

—  Sim, mas isso era antes de eu saber que dá pra sair sem completá-la. —  ela diz de maneira fria.

—  Entendo… e isso não é nem um pouquinho de vingança com o Todoroki-kun por ter tentado garantir que você pegasse um bad ending pra continuar aqui?

—  O quê?

—  Olha, não tô te julgando. Você pode ser a protagonista, mas não é 100% boazinha, é? Ninguém do mundo real é. Se estiver com raiva pelo que ele fez a ponto de deixar ele se estrepar com o negócio da peça… acho que é um direito seu.

—  Isso não… 

Diante de tudo que aconteceu, Ochako não chegou a pensar a fundo no fato de que o Todoroki desse mundo essencialmente… a traiu. Ele mentiu dizendo que não sabia quem era a criadora do jogo, deixou que a garota se desesperasse por não conseguir entregar exatamente o que era esperado dela nessa rota e teve algumas chances de alertá-la, mas não fez nada.

Talvez porque ele não tivesse escolha… mas… sendo um personagem que acumulou conhecimento por ter se tornado ciente do mundo em que está, vai ver ele não é assim tão preso à trama. O enfermeiro correndo ao lado dela tem seus limites também, mas está fugindo de algumas pré-determinações de sua função para conseguir algo que quer. Ele fez uma escolha, será que o Todoroki não fez a dele também quando a deixou à própria sorte com a Otoge?

—  Você não tinha se ligado no que ele fez, né? Desculpa. —  ele soa genuinamente sentido, vai ver não queria que ela se sentisse magoada com a tal traição.

—  Não, tudo bem. —  Ochako garante —  Eu… taí mais um motivo para ir até esse anfiteatro, tem coisas que eu preciso saber antes de sair daqui.

—  Oh, você vai confrontá-lo na frente de todo mundo? Ahhh, eu queria ver isso, mas você me deu outra missão, que droga!

Ochako dá um sorrisinho debochado, surpreendendo-se mais e mais com a natureza desse personagem.

—  Sabe… pra alguém que diz não ter nenhum traço de personalidade, você… —  ela diz assim que para no corredor que dá para o anfiteatro. Ao que tudo indica, a Otoge realmente não alterou esse espaço pois achou que Ochako não conseguiria escapar do “labirinto” montado na parte traseira do local. Foi uma aposta com bons resultados —  você é mesmo uma figura.

—  Quê? Mas por que você- Eu… por que… você não vai ganhar nada me elogiando! —  e toda essa faceta tranquila e apoiada em uma certa malandragem se desfaz com ele claramente ficando muito sem jeito pelo comentário.

—  Conto com você, senhor enfermeiro. —  Ochako sorri e acena com a cabeça para ele, correndo rumo ao anfiteatro.

—  Uraraka-chan, espera! —  ele a impede —  Tenho uma coisa pra você, e espero que você não precise usar, mas se precisar… —  ele tira algo do bolso e coloca nas mãos dela, Ochako não entende o porquê disso, e apenas o encara, franzindo o cenho.

—  Não esquece do que rolou no evento de Halloween, você não tá sozinha. —  ele dá uma piscadinha e sai correndo. Ela segue não entendendo, mas em meio à pressa, apenas dá de ombros e guarda o objeto no sutiã, não tendo bolsos nessa roupa de hospital.

E então ela praticamente voa rumo ao anfiteatro.

Ela consegue ouvir uma voz vindo de lá de dentro, é uma voa masculina… Todoroki? Não, essa é diferente, mesmo que não soe como costuma ser: rascante e meio rouca.

É o Bakugou, ele está declamando as falas dela, sem dúvida nenhuma.

Isso é ótimo, agora Ochako irá entrar lá e…

E?

Ela vai parar a peça? Causar uma tremenda cena que não está no roteiro? E pra falar o quê? Pra confrontar o Todoroki e deixar que a peça seja arruinada? E se ela confrontá-lo, terá que inevitavelmente falar que isso tudo é um jogo, os NPCs que estão assistindo a tudo isso irão entender que são apenas personagens sem função nesse mundo? E se isso acontecer, esse mundo vai…? Não era isso que ela queria? Sair daqui sem sentir que está machucando esses personagens que nada têm a ver com toda essa bagunça? O enfermeiro garantiu que eles não sentirão nada, mas… e os personagens pretendentes? Ochako não quer ver o Deku, o Kirishima, a Tsuyu, o Monoma descobrirem que nada disso é real, afinal, é real pra eles…

Não, ela não pode só invadir o anfiteatro desse jeito e interromper a peça. 

Tentando pensar com calma, Ochako respira fundo e se dá conta de que vai ter que perder um pouco de tempo e dar a volta por fora da escola para entrar pela saída de emergência. É o que ela faz, correndo o mais rápido possível que consegue. Os dias de sedentarismo por não ter a academia da U.A. e seus treinos de condicionamento físico diários cobram seu preço, e ela está se sentindo um pouco exausta, mas não dá pra pensar nisso agora. Não dá pra saber em qual ato a peça está, pode estar pra acabar, e ela precisa estar naquele palco antes que isso aconteça.

A garota avança pela grama do pátio e empurra a porta da saída, sua tensão e adrenalina quase fazendo-a esquecer de não fazer muito barulho e chamar atenção, mas ela se lembra e a força com cuidado. Dá para ver o espaço lotado por rostos, alguns bem definidos, outros nem tanto, as fileiras podem ser vistas de uma perspectiva lateral, e o palco está logo ali, onde dá para ver o Bakugou na maca fazendo um dos monólogos da personagem.

—  Tudo que sei sobre quem eu sou é a descrição que está nessa carta, mas e se… e se eu não for essa mulher? E se essa era quem eu aparentava ser para o homem que eu amava? E se eu estivesse escondendo meus defeitos para que ele gostasse de mim? Agindo de um jeito diferente de quem eu realmente era pra agradá-lo? —  apesar de ainda muito áspera, a entonação dele é bastante límpida, o Bakugou não está forçando uma voz feminina, o que é ótimo, pois seria meio ridículo, mas também não parece estar se esforçando para ir além de quem realmente é. Ele tá atuando de maneira bem regular, em resumo —  E se eu não for essa pessoa?

Isso é ótimo! Mais umas duas ou três falas e será o fim do primeiro ato! Ochako corre pela lateral do teatro, aproveitando-se da baixa luminosidade em contraste com toda a luz do local sendo jogada diretamente no palco para passar despercebida. 

Ela vai se aproximando aos poucos, tirando as pantufas e deslizando por cima da portinhola que dá para a coxia. Segurando parte da cortina, ela está apenas a alguns metros do palco.

E então uma mão quente envolve sua boca, impedindo-a de deixar um grito surpreso escapar, o que claramente era a intenção dessa pessoa mesmo: silenciá-la. Ochako é rápida em levar a mão ao ombro da pessoa e puxá-la para frente, fazendo com que a solte.

—  Nem pensa nisso, Todoroki-kun. —  ela diz ofegante, mantendo posição de defesa enquanto o encara com frieza e determinação.

—  Você é bem forte. —  ele observa, encarando-a —  E é esperta também, não sei como conseguiu escapar, mas… aqui está você.

—  Pois é. —  Ochako o encara —  Não estaria se dependesse de você.

—  Só até a peça terminar, é claro que eu não iria querer você presa lá atrás para sempre.

—  Claro que não. Você me queria presa só nesse mundo pra sempre, não é? Igual à criadora do jogo, que você sabia quem era e não me contou, mesmo quando eu perguntei pra você.

—  Não sei se serve de algo, mas não, eu não sabia quem era a Otoge até ontem, mais ou menos. Ela veio até mim pedindo que eu te distraísse por um tempo antes da peça.

—  E você aceitou porque não tem escolha a não ser seguir o rumo que a história te leva?

—  Eu… sim, eu gostaria de acreditar que é isso, mas… —  ele não sustenta o olhar, desviando-o do dela —  Eu fiz minha escolha. Eu quero que você fique aqui.

—  Eu já te expliquei que não é possí-

—  O que vai acontecer comigo quando você se for?

É uma pergunta cortante, tamanha sua precisão. Ochako acredita que esse garoto não tenha tido contato com o enfermeiro Hawks e sequer saiba que o plano é sair daqui com a criadora do jogo. O próprio personagem disse não saber o que pode acontecer, talvez eles serão resetados sem programação definida, talvez simplesmente deixem de existir.

—  Eu… eu não sei. —  ela admite —  Sinto muito, eu realmente não sei. Eu… quero acreditar que qualquer que seja o destino de vocês aqui, vai ser melhor do que é isso aqui agora.

—  É assim tão ruim viver em um mundo onde todos te amam e te desejam, e você pode sempre recomeçar toda vez que erra?

—  Não, não é. —  Ochako finalmente assume. Porque por mais difícil, estressante e por vezes, assustador que tudo isso tenha disso, é necessário admitir pelo menos para si mesma que… flertar e trocar certas experiências foi um pouco divertido. Se ela não entendia o apelo desses jogos que suas amigas tanto gostavam antes, ver como o Bakugou encara tudo como um grande desafio, e o enfermeiro Hawks apontando o quão emocionante pode ser apostar e correr riscos, ela começa a olhar pra trás e ver que sim, é sim bem divertido se deixar envolver. Mas há um limite —  Mas uma hora deixa de ser divertido. Se eu ficar aqui só recomeçando sempre que erro, nunca vou evoluir como pessoa, nunca vou me esforçar pra ser alguém melhor que cresce e… aprende com os erros, eu não… eu tenho que me desafiar e correr riscos, Todoroki-kun. 

—  Está dizendo que esse mundo te deixa estagnada?

—  Não me leve a mal, o problema não é você. Você… você é idêntico ao garoto em quem dei meu primeiro beijo, é claro que é divertido experimentar outras possibilidades com pessoas que eu conheço no meu mundo, mas… a vida não é feita só disso. Você… você é alguém que entende isso, não? Seu personagem é ambicioso, quer conquistar coisas maiores, quer desafiar o que seu pai impôs pra você.

—  Nada disso faz diferença, eu nunca vejo os resultados disso, só o que posso ver é o que a jogadora me mostra. E… por você ser diferente de qualquer outra jogadora que já conheci, eu acho que ter você aqui vai me permitir ver além.

—  E se não for assim? —  ela pergunta —  E se eu ficar aqui não mudar nada? Vamos ser nós dois, completamente sem perspectiva, presos a uma história que não tem nada a ver com a gente.

Ochako está rejeitando a confissão dele, mesmo não sendo exatamente uma declaração de amor, e mais um atestado de dependência. A esse ponto, ela não tem ideia de como está seu status de intimidade com ele. O garoto disse que não fazia questão de mais nada além da conclusão dessa peça, mas… pelo jeito dele de falar agora, não é tão simples assim. O Todoroki talvez acreditasse que, ao se envolver com a peça e se aproximar do dele, ela acabaria encantada por esse mundo, pela história e por ele. Isso não aconteceu, e o rapaz provavelmente não contava com isso.

De toda forma, ela não chega a ouvir a resposta dele, as cortinas começam a se mover, Ochako se assusta com o movimento acontecendo atrás dela, dando-se conta do que aconteceu: o primeiro ato acabou.

—  Onde caralhos você tava, Cara de L- —  antes que ele possa brigar com ela, Ochako não se controla, apenas avança para abraçá-lo, jogando seus braços ao redor dos ombros dele —  Q-Que porra é essa, Uraraka?

—  Você não é o vilão nem por minha nem pela sua própria visão de si mesmo. —  ela diz, a voz abafada pelo peitoral dele —  A Otoge só te colocou  nessa posição porque esse personagem não tem história nem relevância, não é nada que você fez, Bakugou-kun.

—  O… o quê? Por que você- —  Ochako o solta, sendo agraciada com uma expressão extremamente confusa e bochechas muito vermelhas do garoto loiro.

—  Eu vou te explicar tudo depois, o importante agora é: eu sei quem é a criadora do jogo, ela tava do meu lado o tempo todo, é a minha assistente no jogo. O enfermeiro me ajudou a chegar até aqui, porque eu não vou correr o risco de deixar esse mundo e te deixar.

—  Peraí, você tinha pensado em faz-

—  Não, eu não tinha. Mas você ficou aqui me dando cobertura na peça e provavelmente achou que eu tava fazendo alguma bobagem, né? O enfermeiro me explicou tudo, e a gente pode sair. E… —  Ochako está balbuciando de maneira quase maníaca, tamanha sua agitação em ver o Bakugou e poder falar pra ele tudo o que gostaria e precisa falar. E então ela olha pro Todoroki, ele segue com uma expressão neutra, não fosse por seu olhar intenso e profundo —  E… eu…

—  Você o quê, Uraraka?

—  Eu… eu preciso terminar a peça. —  ela decide, por fim —  Preciso terminar essa peça.

—  O quê? —  os dois rapazes perguntam juntos e se entreolham de maneira meio torta.

—  Eu… eu vim aqui pra te buscar, Bakugou-kun, pra gente poder sair. O enfermeiro tá esperando a gente em uma sala perto da dos professores.

—  Beleza, então bora l-

—  Mas… eu preciso terminar a peça antes.

O enfermeiro Hawks lhe perguntou se ela tinha intenção de apenas pegar o Bakugou e acabar com a peça, questionando-a se isso lhe traria algum tipo de satisfação ao acabar se vingando do Todoroki e da omissão dele no processo. Claro que, por um breve segundo, talvez Ochako tenha pensado nisso, sim, ainda mais quando encontrou o garoto e a primeira coisa que ele fez foi calá-la. Sair daqui sem lhe dar qualquer explicação lhe pareceu um pouquinho tentador.

Mas bem pouquinho.

Porque é uma vingança boba e sem sentido, é direcionar toda sua raiva com quem a pôs nessa situação no alvo errado. Mesmo que seja uma escolha desse personagem, se ele ficou tão dimensional a esse ponto, ainda há motivos de força maior para que seja assim. Esse Todoroki quer um propósito para sua existência, Ochako não sabe qual é, não pode dar um a ele, mas pode honrar seu compromisso e sair daqui com a certeza de que não traiu nenhum de seus princípios e, consequentemente, não traiu a si mesma.

—  O quê? —  os dois garotos questionam juntos novamente, mas o Todoroki parece muito mais surpreso.

—  Uraraka, que porra é essa? Se a gente pode sair daqui agora, por que perder tempo com essa merda? Vambora, porra!

—  A gente não pode desperdiçar o tempo e esforço que você gastou pra me cobrir aqui!

—  Eu só te cobri porque você não aparecia, mas agora você tá aqui falando que a gente pode sair agora, então que se foda!

—  E eu agradeço muito por isso, mas… —  ela olha para o Todoroki —  Essa peça… é importante pra você, não é?

—  E isso faz diferença? Você não se apaixonou por mim enquanto a gente ensaiava, não quer ficar aqui, por que se importa com o que seria ou não importante para mim agora?

—  E por que eu não me importaria? —  ela se aproxima dele —  Eu… eu posso não ter me apaixonado, mas eu… eu me importo, sim, com você. Você é tão determinado, tão… centrado e calmo, tenho certeza que quando o Bakugou-kun apareceu no palco, você nem se abalou, né?

—  Bom, a ideia de ter que beijá-lo ao invés de você realmente não me agradou, mas eu não poderia deixar transparecer meu asco.

—  Vai se foder, como se eu quisesse te beijar também, seu fodido! —  o Bakugou é rápido em rebater. A trocação deles é extremamente semelhante ao que ela está acostumada a ver em seu mundo, e isso a faz dar uma risadinha —  Nada do que eu falar vai fazer você mudar de ideia, né, Cara de Lua?

—  Me desculpe… eu… eu sei que isso tudo é só um jogo, mas… não vou ter paz se só sair daqui sem cumprir o que prometi. Eu… —  ela se volta para o Todoroki de novo —  Não quero ir embora com você magoado comigo.

—  Isso sequer seria possível. —  ele dá um meio sorriso —  Mas obrigado por se importar, Ochako, acho que é isso que te diferencia de todo mundo aqui, e de todas as jogadoras que já vi. E… é isso que me faz te adorar. Eu… não é justo eu querer prender alguém tão magnífico a esse mundo se ele te limita...

Oh… ok, isso pareceu mais uma declaração, ninguém nunca disse que a adora, isso é tão… reverencial. Ochako não sabe nem como reagir, apenas o encara, sabendo que suas bochechas estão completamente vermelhas. O garoto segue olhando-a, mas não é nada gélido ou escrutinador como costuma ser, ele a olha como se visse nela tudo o que sempre buscou, com adoração, de fato.

—  Tsk, o segundo ato já vai começar. Anda logo com essa caralha, então. —  o Bakugou os lembra de maneira nada sutil.

—  Sim… assuma sua posição, protagonista. —  o garoto limpa a garganta e parece voltar a assumir sua postura profissional.

—  É pra já. —  ela sorri e bate continência de maneira zombeteira, mas antes de assumir a posição, Ochako espera pelo garoto híbrido se afastar, puxando o Bakugou pelo punho —  A Otoge Sakura tá na sala à esquerda da dos professores. As individualidades dela são “escavação” e “distorção”, uma é pra vasculhar as memórias das pessoas, mas só funciona se elas estiverem inconscientes, a outra é a mais perigosa, ela transforma ambientes e cria salas novas, ela não está bem por conta de todas as regras que quebramos nesse mundo, mas… eu tomaria cuidado, e o enfermeiro Hawks não tem muita força física. Acho melhor você ajudá-lo.

—  E por que você tá me falando tudo isso? Daqui a pouco você vai pra lá também.

—  Sim, claro, mas… só tô te preparando. —  Ochako sorri —  Esteja pronto pra salvar o dia, herói. —  e dá um tapinha no ombro dele, meio que empurrando-o para fora da coxia.

 

***

Ochako declama suas falas exatamente como ensaiou, notando como seu tom de voz sai empostado, deve ser possível ouvi-la muito bem, mesmo que ela não esteja gritando. Ela queria ser capaz de ver os rostos na plateia mas, com tanta luz vindo dos holofotes, é impossível, é como se só fosse ela e o palco.

Só é possível lembrar da presença dos outros quando acontece o beijo em cena, já que é possível ouvir alguns “ohhh” vindos de pessoas indistintas. É bem rápido e casto: o Todoroki a segura pelas bochechas e pousa seus lábios sobre os dela com extrema delicadeza, não lembra em absolutamente nada o beijo que deu no Todoroki original, o qual começou até bem calmo e gentil, mas… escalou bem rápido, Ochako se lembra de ter ficado até um pouco tonta quando ele a soltou, muito tentada a perguntar se aquele era mesmo o primeiro beijo dele…

Ela não segue pensando nisso por muito tempo, voltando a se concentrar na peça. E quando acaba, Ochako agradece ao público aplaudindo e olha para o Todoroki.

Ele está sorrindo de um jeito que ela nunca viu nem no original, é… lindo, chega a ser difícil desviar o olhar, e ela não desviaria por mais um tempo, se de repente todo o ambiente não se afundasse em total escuridão.

 

Pétalas de cerejeira dançam em um cenário claro, tão claro que é difícil manter os olhos abertos.

Quando os abre novamente, Ochako está correndo pelas ruas com uma torrada na boca, desesperada para não se atrasar para a aula.

Isso é… o prólogo de novo?certo


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Notas finais do capítulo

Ih, mas o que rolou aqui? E qual seria esse objeto misterioso que o Hawks entregou pra Ocha, hein? Apostas? Palpites? Xingamentos a mim e a minha família?

Final de rota é hora de falar sobre as referências pro personagem. O Todoroki é o true ending desse jogo, sendo o personagem com o qual a protagonista em teoria teria que ficar pra fechar a história de verdade, como se ele fosse o final "certo", nisso eu me inspirei no Mori Ougai de Meiji Tokyo Renka (recomendo o anime, não é grande coisa, mas é bem bonitinho) e o 707 de Mystic Messenger, meu otome favorito da vida, eles são os true endings de seus jogos, mesmo que tenham sido lançados conteúdos extra com outros personagens depois, se você completa as histórias deles, completou o jogo de maneira geral.
O Todoroki é tipo um kuudere (aqueles personagens que parecem meio frios e distantes a princípio, e esse jeitão frio faz eles parecerem super cool) tipo o Ichinose Tokiya de UtaPri e o Lance de Nameless, acho que esses foram minhas grandes inspirações, mas a maior mesmo não é de um personagem de otome game: presidente do clube de teatro, dramático e intenso, lembra quem? Se você pensou no Louis de Beastars, acertou! Não sou furry, mas... é, o Louis é um personagem que eu adoro hdjjkdjkdk
Ah, e o enredo dessa peça de teatro aí é ligeiramente baseado no da peça de Bloom Into You. Pra quem gosta de um yuri bom, deixo a recomendação do anime e do mangá, é perfeito, vai por mim.
E é isso, juntem-se a mim semana que vem para o penúltimo capítulo dessa história. Pensei em várias possibilidades de como fechar de maneira mais ou menos redondinha, e acho que o final que escolhi é o que se aproxima mais disso.
Beijos e boa semana!



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