Tudo o que está em jogo escrita por annaoneannatwo


Capítulo 28
No consultório




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O sol está radiante, e a leve brisa que sopra no parque dá uma sensação gostosa quando ela estica as pernas no assento do banco e joga a cabeça pra trás, Ochako fecha os olhos por um segundo e só pensa em como seria bom tirar um cochilo ali na grama. O processo de dormir é o mesmo tanto nesse mundo quanto no seu e, pelo menos em seus sonhos, ela pode estar onde deveria estar: na U.A., com seus amigos, nada de barrinhas de intimidade, tsunderes, yanderes, nada disso. A essa hora, Ochako estaria saindo da academia com a Mina e conversando sobre o que haverá pro jantar. Se hoje fosse uma terça, o encarregado da cozinha seria o Sato, mas em sua contagem que pode ou não estar certa, hoje é quinta, o responsável seria, então…

O Bakugou sempre foi brutalmente honesto, é como se não houvesse um filtro que o contém. Verdades agressivas, às vezes cruéis, mas sobretudo, verdades. O loiro pode ser de um tudo, menos mentiroso. Covarde também não.

E aqui nesse mundo ele é as duas coisas. 

Nem a decepção de ter que lidar com um Deku muito mais frágil do que o verdadeiro, ou a de uma Tsu que não gostava dela a princípio, nada disso doeu tanto quanto a revelação mais recente. Ele a empurrou, e ok, Ochako acredita que o Bakugou poderia estar atordoado ao ter acordado, claro que acredita, ela também acordou completamente perdida, dá pra entender que ele não teria feito de propósito. O problema realmente não é esse.

É ele não ter contado. É ele ter continuado agindo como o dono da razão pra cima dela por tantas vezes, ter testemunhado o quanto alguns momentos foram difíceis, o quão dividida ela sempre ficou entre abrir mão de quem é pra agradar esses personagens e ser fiel a seus princípios, como ela vem lutando pra não se afundar, mas também pra não curtir muito isso tudo ao ponto de parecer que está gostando de estar aqui. Ochako não gosta, o Bakugou também não, claro, mas a forma como ambos lidam com o medo, a frustração e a dor é completamente diferente. E a forma dele lhe machucou, um pouquinho fisicamente, mas muito mais emocionalmente. 

Ou seja, ela está experimentando uma sensação que nunca imaginou sentir por alguém como o Bakugou. Eles podem não ser tão próximos, mas Ochako sempre o admirou por sua postura em batalha, nunca deixará de ser grata pela forma respeitosa com a qual a tratou na luta deles, e em alguns momentos em que se via orbitando no grupo mais próximo do loiro, ela chegou a se perguntar como seria ser amiga dele. A garota sempre imaginou que ele é do tipo que faz pequenas gentilezas de maneira extremamente violenta. Dinheiro emprestado? Ele enfiaria um maço de notas no bolso dela e exigiria que ela ficasse quieta sobre quando ou como devolveria. Dúvidas nos estudos? Ele viraria a noite explicando tudo e batendo o livro na mesa em frustração com cada erro. Melhorias em combate? Ele não deixaria a academia com ela até conseguir pelo menos um olho roxo ou qualquer outra prova de que foi acertado, prova do quão bom é em instruir e orientar alguém, qualquer um. Ele põe paixão em tudo que faz e não aceita nada menos que a excelência, mas isso aparentemente é só no mundo deles.

Aqui ele é só um vilão, um vilão que é assim apenas por… por ser. E Ochako está extremamente decepcionada.

—  Senpai? —  a voz do Deku a traz de volta, e quando olha nesse par de olhos esmeraldinos, ela percebe que já deve fazer um tempinho que ele está tentando chamar a atenção dela.

—  Hum?

—  Tá… tá tudo bem?

—  Ah… tá sim. —  ela sorri —  Por quê?

—  A-ah, por nada…

—  É porque parece não estar. —  a Tsu o interpela, sentada ao lado do garoto de cabelos verdes e olhando para seus pés na grama, e então ela a olha —  Você está estranha.

—  Eu não tô sempre “estranha” pra você, Tsu-chan?

—  Sim, mas agora é diferente. É um estranho ruim.

—  Você parece triste, O-chan. É o que ela quer dizer. —  o Kirishima, em pé de frente pra eles, comenta.

—  Ah… pareço? Acho que só tô um pouco cansada. —  “um pouco” é um eufemismo, ela não dormiu quase nada nas últimas noites, vem se desdobrando no trabalho e na escola, em aprender suas falas para a peça e ajudar como pode para que sua sala consiga tudo o que é necessário para a tal cabana de adivinhações. Então sim, ela está cansada. Mas está triste também.

—  Você anda bem quieta, senpai.

—  Bom, não percebi… desculpa se estou preocupando vocês. Não precisa, viu? —  ela ajusta sua postura, sentada no encosto do banco —  Então chega de falar de mim, como vocês estão? Deku-kun, como vão as coisas no Conselho?

—  Hã? Ah, vão bem. A gente tá se organizando pro Festival e… é isso.

—  Entendi… Ei-kun, e o futebol?

—  Tá indo! A gente tá na final, né? O jogo é depois do Festival Cultural, então só tâmo treinando.

—  E sua perna, como tá?

—  Minha perna? Ah, tá boa, eu achei que ia me lesionar, mas do dia pra noite melhorou, nem tive que fazer fisioterapia nem nada.

—  Ah, entendi… Tsu-chan, e você?

—  O que tem eu? Eu não jogo futebol.

—  Eu sei, mas… o que você anda fazendo?

—  Como assim? Você me vê no trabalho quase todo dia, não sabe o que eu ando fazendo?

—  Ué, fora do trabalho, não. Ou você não faz mais nada além de trabalhar?

—  Não, eu… leio, estudo, participo do clube, mas o que tem isso?

—  Nada, eu só… só queria saber o que vocês andam fazendo de bom. —  já que os dois garotos foram rejeitados e a Tsu não conseguiu namorar o garoto de quem gostava, é o que ela quer dizer. 

O Kirishima a convidou para vir ao parque como de costume, e chamou o Deku e a Tsu, Ochako topou, pois seria bom distrair a cabeça dos últimos acontecimentos. O que não deu muito certo, pois ela não para de pensar no que aconteceu. Não ajuda também que a garota começa a perceber que esses três não têm muito o que contar pois as rotas deles já passaram, o que tinha pra ocorrer na vida deles já ocorreu, e como o jogo não se reiniciou depois que cada rota foi concluída, eles não têm mais função na história, estão apenas ali… vivendo ao lado dela.

E isso só a deixa mais triste.

—  Tem certeza que não tá triste, O-chan? Olha que eu te conheço, hein?

—  Tenho sim, só tô cansada e com muita coisa na cabeça mesmo...7

—  Se você está com muita coisa na cabeça, não seria melhor procurar ajuda, senpai? Conversar com alguém, tentar se desestressar, não faz bem ficar guardando seus problemas só pra si mesma… —  ele arregala os olhos e cora —  N-não estou dizendo para você se abrir comigo ou com… eu falo de ajuda profissional, sabe-

—  Tipo um psicólogo?

—  Sim! A da escola, por exemplo! Ela… ela vem me ajudando bastante… —  ele desvia o olhar —  ...eu me sinto bem melhor desde que comecei a conversar com ela…

—  Oh… isso é bom, Deku-kun! Fico feliz!

—  S-sim, então… eu… ficaria feliz se você… considerasse conversar com ela, senpai. —  ele cora —  Não gosto de te ver triste…

É, isso com certeza é um progresso desde o “suas lágrimas são tão preciosas”. Ugh, só de lembrar daquilo, Ochako se arrepia toda.

Talvez… talvez conversar com a tal psicóloga seja uma boa. Com quem mais ela poderia conversar sobre seus problemas no momento? O Bakugou?

 

***

—  Você não marcou hora, né? —  a mulher de cabelos platinados, praticamente brancos, apoia as grossas pernas na escrivaninha e a encara —  Pode falar.

Tendo que lidar com situações bastante estressantes no curso de heróis, Ochako passou por acompanhamento psicológico, não era algo que ela julgava essencial, mas foi altamente recomendado —  o que, vindo da direção, é o mesmo que obrigatório — que todos os estudantes fizessem consultas regulares. A psicóloga indicada da U.A. é uma moça gentil de grandes olhos pretos que fala bem baixinho e faz muitas anotações, a garota estava bem nervosa, mas saiu muito mais calma após algumas sessões, lidar com o luto foi mais fácil graças às dicas dela.

A psicóloga desse jogo é completamente diferente e, ao mesmo tempo, exatamente igual a alguém de seu mundo, só lhe falta uma coisa: um par de orelhas longas e felpudas. Tirando isso, ela é idêntica à heroína profissional Mirko.

—  B-bom, eu… eu não sei bem por onde começar, eu… só ando cansada, acho.

—  E você veio aqui esperando que eu receite alguns calmantes? Eu não sou psiquiatra, falou? Não posso passar remédio nenhum!

—  N-não, eu não… não vim atrás de calmantes… 

—  Ah bom! —  ela tira as pernas da escrivaninha —  E então? Tá correndo muito com o Festival Cultural? —  ela… por que ela fala gritando? Só estão elas duas nessa salinha minúscula, Ochako chega até a se inclinar um pouco pra trás em sua cadeira a fim de evitar os decibéis invadindo seus ouvidos.

—  Um pouco, sim… eu sou do clube de teatro, vamos fazer uma peça na qual tenho o papel principal, eu também tô tentando ajudar minha classe com algumas coisas, vamos fazer uma cabana de adivinhação.

—  Uhum, uhum. Você tem muita dificuldade nas aulas?

—  Hum… bem pouco. Não sou uma aluna brilhante nem nada, mas consigo acompanhar quase tudo.

—  Entendi. E o que você curte fazer no tempo livre?

—  Bom, eu… eu saio com minhas amigas pra tomar sorvete, ah, a gente vai numa sorveteria onde eu trabalho. Eu também… saio com meus amigos pra ir ao parque e… é isso.

—  Nenhum hobby que você curte sozinha?

A pergunta lhe pega de surpresa, Ochako tenta escarafunchar em sua mente algo que tenha feito recentemente que fosse divertido e não envolvesse estar às voltas com os personagens do jogo. Ouvir as músicas da banda da Kyoka conta? Não… isso ainda envolve outra pessoa, mesmo que não diretamente.

E então ela percebe que não, realmente não tem nenhum passatempo que consiga curtir sozinha. Quando está consigo mesma em seu quarto de princesa, a única coisa que elas faz é dormir —  ultimamente isso tem sido um pouco difícil —  fazer anotações sobre datas e eventos pra não se perder no tempo, e realizar exercícios de alongamento para não deixar o corpo enferrujar em sedentarismo. Ela tentou fazer as unhas outro dia, mas não ficou muito bom… e é só isso.

—  Eu… bem poucos.

—  Acho que taí o problema, né? —  ela pergunta como se fosse óbvio, fazendo Ochako se sentir extremamente boba, o método dela é um tanto… agressivo.

—  Bom, é que… eu fico meio… receosa de curtir coisas sozinha e acabar me perdendo…

—  Se perdendo no quê, garota?

—  Ah, não sei… no tempo, no… —  no jogo, é o que ela quer falar. Ochako tem muito medo de se pegar fazendo coisas que faria normalmente em seu próprio mundo e acabar se distraindo de seus objetivos aqui. Mas ela não pode falar isso. —  Tenho medo de esquecer o que é realmente importante.

—  Se distrair dos problemas do dia a dia é importante pra caramba, você não pode esquecer disso!

—  É que eu… eu me sinto meio… culpada.

—  Culpada por quê? —  culpada por estar aqui, por não ter impedido aquela maldita estante de cair sobre ela e o Bakugou, talvez até culpada por não ter feito o que ele disse e deixado ele jogar. Se tivesse cedido, agora eles não estariam aqui, ela não teria essa vida vazia, e ele não… —  Ai ai, toma aqui. —  a mulher pega uma caixa de lencinhos e joga na direção dela, Ochako nem notou estar chorando, mas assim que sente as lágrimas rolarem, pega um lencinho e se limpa, envergonhada —  Escuta: o que você faz com seu tempo livre não é da conta de ninguém. É legal que você queira ser responsável e o escambau, mas a verdade é que você tá sozinha e tem que fazer coisas que vão te beneficiar no fim. 

—  E-eu sei, mas…

—  Pode ser egoísta, Uraraka Ochako. —  ela diz, acenando com a cabeça.

—  E-egoísta?

—  Sim, faz o que você quer fazer. Você é nova, é bonita, tá nessa escola cheia de amigas e garotos nessa cidade linda, então por que não aproveitar mais? Tenta, sei lá, ler uns livros, jogar uns jogos. 

—  Jogos?

—  Existe jogo pra tudo quanto é gosto hoje em dia, então… para de se preocupar e se culpar pelo erro dos outros, foca em você e na sua rota.

Ochako para de secar os olhos, surpresa pela escolha de palavras da psicóloga Mirko.

—  Na minha… na minha rota?

—  Rota, caminho, você entendeu. Faz o que tem que fazer sem se desviar do seu caminho.

—  Oh… —  ela fica pensativa, os conselhos dessa moça são bastante incisivos, dá pra entender porque o Kirishima desse mundo gostou de passar com ela antes de jogos importantes, ela deve deixá-lo super energizado e confiante. Já o Deku… chega a ser engraçado imaginá-lo sentado aqui, um pouco encolhido em timidez, mas também muito disposto a ouvi-la e buscar sua força interior.

Ochako entende porque é exatamente assim que se sente.

—  Sim, eu… obrigada.

—  Tsk, não adianta só me agradecer. Não posso te forçar a nada, então tenho que torcer pra que você faça a melhor escolha, Uraraka.

—  Eu vou levar isso em consideração. Muito obrigada mesmo. —  Ochako se curva solenemente.

—  Tá, tá! Meu consultório funciona enquanto a escola estiver aberta, então precisando, só passar aqui! —  ela berra novamente.

—  O-ok, eu… eu passarei caso precise…

Ochako dá um sorriso cansado quando deixa o consultório. Isso foi… com certeza foi uma experiência e tanto, ela só interagiu uma vez com a heroína coelha e foi bem daquele jeito mesmo, a mulher é intensa e não faz rodeios, a garota a achou assustadora e admirável ao mesmo tempo. Essa psicóloga é mais ou menos assim também, embora sua escolha de palavras tenha lhe deixado um pouco confusa.

Além disso… como ela sabia o nome da garota? Ochako não se lembra de ter dito em momento nenhum.

 

***

 

—  Oh… —  ela se surpreende ao entrar na sala de aula e encontrar alguém, Ochako planejava aproveitar os minutos que ainda faltam para a aula começar e tentar tirar um cochilo, e a sala de aula pareceu o melhor lugar, já que é um espaço no qual ela nunca viu o Bakugou pôr o pé.

—  É você. —  o Monoma não parece surpreso nem incomodado em vê-la, apenas acena com a cabeça —  Chegou cedo hoje.

—  Você também.

—  Sim, eu… queria fazer um teste. —  ele abre sua bolsa e puxa um objeto arredondado de dentro dela.

—  Um teste?

—  Se importaria em fechar as cortinas?

—  O-o quê? 

—  Ai ai… que mente poluída a sua. Não é nada disso, só feche, por favor.

—  Ok… —  ela concorda, meio ressabiada, mas se move para fechar as cortinas, sempre tentando não manter-se de costas para ele, pois nunca se sabe. 

A claridade some aos poucos, e a sala ganha um tom mais escuro, não completamente, pois o sol lá fora ainda é bastante reluzente, como é todos os dias nesse mundo. O Monoma é apenas um vulto cinzento se movendo, e ela se posiciona próximo ao púlpito da sala para ficar mais próxima da porta. Ochako não acha que o garoto realmente tentaria alguma coisa, e tem quase certeza que conseguiria derrubá-lo sem grandes dificuldades, ele não parece ser muito forte. Mas se o garoto em quem confiava tão cegamente não se mostrou digno dessa confiança, o que esperar do que já tem uma atitude suspeita desde o momento em que se conheceram? É triste e até perturbador viver em desconfiança assim, mas… ela não tem muita escolha.

—  Ok… está preparada?

—  Pra quê?

Ele não responde, a sala apenas se ilumina de roxo e lilás, com pequenos pontos brilhantes dançando aqui e ali. Ochako arregala os olhos diante da cena, não só pela surpresa na mudança de cor e até de atmosfera, mas também como é… bonito.

—  Pra isso.

—  Monoma-kun, isso é… é pra cabana de adivinhação.

—  Exato. Estive pesquisando e comprei esta luminária. Nós vamos colocar panos nas paredes para que não pareça uma sala de aula, mas achei que ainda faltava algo para dar um ar mais… fantástico. Isso deve funcionar, não?

—  Nossa, com certeza! É… é lindo, Monoma-kun!

—  E fantástico também, não?

—  Sim, sim. É fantástico também. —  ela revira os olhos —  Você tá bastante empenhado com o Festival, né?

—  Alguém tem que estar considerado que nossa classe é composta 90% de samambaias que não fazem nada por iniciativa própria. —  é porque eles são NPCs, mas Ochako não pode falar isso pra ele —   Além do mais, eu faço questão de esfregar na cara de qualquer um que venha me acusar de ser apenas um bisbilhoteiro que só se preocupa com o jornal. As pessoas não entendem que é graças a ele que tenho contatos para conseguir coisas assim.

—  Ah, então você só quer provar que não é o que as pessoas pensam?

—  Bom, não é “só” isso, mas sim, envolve isso também. As pessoas adoram dar palpite no que não entendem, e eu gosto de puni-las por isso.

—  Entendi… —  mesmo que não o conheça tão bem, Ochako tem certeza que o Monoma original não deve pensar muito longe disso, ele é sempre tão assertivo em provar o quanto a turma B é importante e melhor que a A, então com certeza não gosta dos rótulos associados à turma A, querendo sempre subvertê-los. É uma pena que gaste tanta energia nisso, alguém que parece tão inteligente como ele alcançaria coisas incríveis se canalizasse suas habilidades em coisas mais produtivas. O Monoma desse mundo parece já ter entendido isso.

—  Sim, é por isso que… resolvi deixar o Bakugou em paz. —  ele abaixa o tom de voz e se aproxima dela, andando em direção ao púlpito—  Não sei exatamente qual é a história e o que o leva a morar aqui, mas… se eu expô-lo, não há como saber o que poderia acontecer.

—  Sim… —  ela concorda fracamente —  Não é porque ele é alguém… que fez escolhas ruins que merece perder tudo.

—  De fato. —  ele suspira —  Então será que você pode parar de andar por aí como se estivesse de luto?

—  O quê?

—  É cansativo olhar para você se arrastando por aí nos últimos dias, então pode parar agora. Você viu por si mesma, conversou com ele, pare de sofrer tanto por ele agora.

—  Eu não tô- eu não tô sofrendo. Eu… —  ela sente a voz craquelar e abaixa a cabeça, fazendo o possível pra segurar as lágrimas —  É… é como eu disse antes, eu… eu preciso do Bakugou-kun pra achar respostas, mas… não sei se posso confiar nele.

—  E daí?

—  Hum?

—  Se você não pode confiar nele, então não confie. Vá atrás de suas respostas sozinha.

Isso é… isso não é tão diferente do que a psicóloga Mirko disse, mas ao mesmo tempo se distingue bastante. Ela sugeriu que Ochako desopilasse de seus problemas, já o Monoma a incentiva a continuar perseguindo suas obrigações. Nenhum dos dois personagens sabem exatamente qual é a dela, e ainda assim concordam que Ochako não precisa ter medo de agir sozinha. É, é o que ela deve fazer.

—  Eu… acho que sim, eu- —  e então, ela sente o calor de um par de dedos tocá-la na têmpora e afastar algumas mechas de seu cabelo —  M-Monoma-kun? —  Ochako levanta a cabeça um pouco e o pega olhando-a, os olhos azuis quase lilases brilham na luz arroxeada da sala de aula, e apesar de meio caídos, ainda transmitem uma sensação quente, meio… afetuosa. Ochako não contém o rubor lhe crepitar pelas bochechas.

—  S-seu cabelo tava no seu rosto, estava me incomodando. —  ele retrai a mão, limpando a garganta e franzindo o cenho —  Enfim… pare de ficar sentindo pena de si mesma e volte a agir como agia antes, você é muito desinteressante quando está triste.

Ela contém um sorriso, não acreditando que é esse garoto temperamental que a lembrou do que realmente é importante. A psicóloga recomendou jogar, né? Pois bem, Ochako continuará jogando, nunca foi um jogo de dois jogadores mesmo, então ela vai se virar.

—  Acho que você tem razão, Monoma-kun. —  Ochako sorri e crava seus olhos nos dele —  E então? Quando você vai me chamar pra um encontro?


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Notas finais do capítulo

De novo eu adicionando uma mulher caótica pra agitar as coisas, a vítima da vez foi a Mirko hehe.

Obrigada pelos comentários e carinho com a fic e comigo! Tenham uma boa semana!



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