Tudo o que está em jogo escrita por annaoneannatwo


Capítulo 20
Na biblioteca




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 É incrível como a partir do momento que alguém aponta algo, esse algo se torna mais e mais visível. Ochako se considera uma pessoa até bastante perceptiva na forma como consegue entender as pessoas ao máximo que consegue, mas há coisas que às vezes não aparecem em seu radar. Foi necessário que o Aoyama apontasse que ela estava apaixonada pelo Deku para perceber que sim, de fato estava, e conforme mais pensava nisso, mais claro ficava para ela.

Então agora a garota está se sentindo até meio boba por não ter percebido de primeira que a Tsu desse mundo está interessada no Kirishima, os sinais deviam estar lá desde o princípio, ela só não deve ter se dado conta, absorta na angústia que foi a rota do Deku e a loucura que foi a do Kirishima. Aliás, agora que pensa nisso, Ochako percebe que a Tsu talvez tenha presenciado muitas cenas parecidas com a de ontem, na qual interagia com o ruivo, e mesmo que não houvesse intenções românticas por parte dela, não é possível dizer o mesmo do rapaz… é, a Tsu com certeza viu coisas que, em sua cabeça apaixonada, fazem de Ochako uma vilã.

Bom… não adianta pensar muito no que passou, tá na hora de seguir em frente e achar uma maneira de aumentar essa intimidade com a garota de cabelos verdes, no momento em 10% — que honestamente, é até mais do que ela esperava ter com a garota nessas circunstâncias.

O problema é que a Tsu não poderia ter escolhido alguém mais complicado pra se apaixonar! Por que logo o Kirishima? Por que justo o garoto com quem ela acabou de terminar a rota de maneira tão dramática? É um desafio enorme, pois Ochako precisaria fazer o ruivo notar a garota e não vê-la como “uma esquisita” ao mesmo tempo que não o magoa dando a impressão de que está empurrando alguém pra ele pra se livrar de qualquer sentimento romântico que o Kirishima ainda nutra por ela, é extremamente complicado!

Além disso, ela tem que ganhar a confiança da Tsu, mostrar que não é uma ameaça, não seria nem mesmo se quisesse, mas como se a garota já tem uma ideia pré-estabelecida dela e não abre muito espaço pra papo?

E o pior é que Ochako não pode contar muito com o conheicmento do Bakugou agora. Ele não sabe como funciona a dinâmica numa rota desse tipo, e pra além disso, ela acha que o loiro não seria capaz de entender algo tão particular entre garotas, de qualquer forma. O Bakugou pode ser inteligente e perspicaz, mas não é alguém que entende certas nuances, tendo uma visão mais ampla sem pensar nos detalhes menores… ele não pode ajudar muito.

Então, depois de muito refletir, ela chega a uma conclusão.

— Preciso de um conselho. — Ochako informa assim que se senta junto da Yaomomo no refeitório.

— Diga. — ela ajusta os óculos, nem um pouco surpresa. É quase como se já esperasse por isso.

— É sobre… você sabia que a Asui-san gosta do Ei-kun, né? Você deu a entender isso aquele dia na sorveteria.

— De fato. Mas se estou sendo honesta, essa informação é de domínio público. Não há ninguém em nossa sala que não esteja ciente do interesse dela pelo Kirishima-san.

— Ah… sério?

— Sim, a maneira como descobriram foi um tanto desagradável, se quer saber. Um garoto em nossa sala pegou o caderno dela e viu umas anotações da Asui nas últimas páginas, foi extremamente desconfortável para quem presenciou a cena.

— Imagino como foi pra ela, então… — Ochako quase sente o mesmo constrangimento por tabela. Deve ser realmente péssimo ter seus sentimentos expostos assim sem sua permissão. O Aoyama percebeu o que ela sentia pelo Deku e, por mais exagerado que sempre tenha sido, não saiu espalhando nada, pelo menos isso.

— Ela sempre foi bastante tímida e calada, apenas se agravou desde o ocorrido. — a Yaomomo come uma cenoura em formato de flor em seu bentô — Mas então… qual o conselho?

— Bom, eu… eu sinto que a Asui-san me odeia por causa disso… do Ei-kun, e gostaria de achar uma forma de mostrar que não tem porque ela se sentir assim em relação a mim, sabe?

— Entendo. Mas… por quê?

— “Por quê” o quê?

— Por que quer que a Asui-san pare de te odiar?

— Ah, bom, porque… — porque esse é um dos objetivos da rota! Mas Ochako não pode dizer isso — Eu… como posso dizer? Eu só… não quero que ela me odeie, eu… pensa na Kyoka-chan, como você se sentiria se ela não gostasse de você por algo que você não fez?

— Péssima, de fato. — ela nem titubeia pra responder — Mas… não é realmente equivalente, é? Você e a Asui-san não são como eu e a Kyoka.

— Ah, não somos, mas… talvez eu… talvez eu gostaria de ser.

— Sério? — ela parece incrédula — Mas… por quê? A Asui-san é tão… tão diferente de você.

— Ué, você e a Kyoka também são completamente diferentes, até opostas! E ainda assim se gostam muito!

Ochako se surpreende quando a Yaomomo engasga e começa a tossir, fechando o punho e batendo levemente contra o peito, ela bebe um gole de seu chá e respira fundo, recuperando sua postura sempre elegante e altiva aos poucos.

— Nós… eu e a Kyoka nos… nós nos gostamos…? Eu não… não compreendo de onde você… — ela vai ficando vermelha, e Ochako não sabe se fica preocupada ou se…

— Quis dizer que vocês se gostam como amigas, ué. O que você entendeu? — ou se cutuca pra ver no que dá.

— Exatamente isso, ora. — ela limpa a garganta e ajusta os óculos mais uma bendita vez.

E observando a garota tentar se recompor, Ochako se pergunta se a Yaomomo também acaba de passar por um desses momentos de perceber algo porque outra pessoa apontou. Ela segue muito envergonhada e passa o resto da refeição tentando desviar a conversa para assuntos acadêmicos, o que a leva a crer que sim, foi exatamente isso o que rolou.

E o Bakugou ainda tem a pachorra de dizer que esses personagens não são importantes, tem uma história de amor se desenrolando aqui, como ela deixaria passar isso? A protagonista pode ser ingênua e meio inconsequente, mas também se preocupa com seus amigos, segundo o encarte do jogo, então claro que se interessaria e apoiaria as duas melhores amigas se elas estão apaixonadas uma pela outra.

Porque sim, é isso o que parece, e não importa se essas “temáticas” de romance entre garotas não se encaixa nesse jogo, o que interessa é o que ela está vendo se desenrolar. Então, lá vai mais uma missão além de se aproximar da Tsu: apoiar e ajudar suas amigas a perceberem o que sentem.

***

— Obrigada por vir comigo, Yaomomo-san. — Ochako agradece assim que elas se sentam em uma das mesas do lado de fora da sorveteria, da mesma maneira que fizeram no sábado.

— Bom, não é nada demais. Embora eu deva dizer que não vejo como vir ao trabalho da Asui-san auxiliará nessa sua… empreitada de se aproximar dela. Ela está trabalhando, não poderia dar atenção para nós, ou para você, no caso.

— Sim, mas eu… eu não vejo outra forma, por enquanto. — a morena explica de maneira simples — Só queria que ela me visse e soubesse que eu não estou sempre andando com o Ei-kun, se isso a incomoda tanto.

— Entendo. Ainda acho um tanto curiosa essa sua fixação por ela, mas te ajudarei como puder.

— Obrigada. — Ochako dá um sorriso sincero — Fora que sair comigo não é tão ruim assim, é? Sei que eu não sou a Kyoka, mas também posso ser legal às vezes. — e brinca, erguendo a sobrancelha.

— Bom, a Kyoka nunca é “legal”, então sim. — ela corre os olhos pelo cardápio.

— Ah, não precisa falar assim, ela não tá aqui agora pra revidar.

— De fato. — a Yaomomo suspira, e isso é tão… adorável. Ochako se sente como a leitora de um romance, acompanhando o desenrolar disso com fervor e curiosidade.

— Já escolheram? — e como alguém que tem sua leitura interrompida, a garota é trazida de volta pela voz meio monótona da Tsu, que as encara com seu caderninho em mãos, pronta pra anotar o pedido.

Foi um tiro no escuro vir à sorveteria a essa hora, Ochako não sabe os horários dela — seria um tanto estranho e obssessivo por parte dela se soubesse — então tentou a sorte depois que ela e Yaomomo deixaram a escola. É bem verdade que não há muito de um plano ainda, a garota só quer se aproximar enquanto toma distância do Kirishima, a quem ela já dispensou de acompanhar hoje.

Mas por enquanto, ela vai fazer o que pode, então abre um enorme sorriso quando a vê.

— Ah.. olá, Asui-san!

— Já escolheram seus pedidos? — ela pergunta novamente. A Yaomomo informa o seu enquanto Ochako a observa anotando. Dá pra notar que a garota de cabelos verdes põe um pouco da língua pra fora, igual à Tsu original faz, e isso enche seu coração de saudades e… — Por que está me olhando assim?

— A-ah, eu… — Ochako balança a cabeça, tentando se recompor — Desculpa, desculpa! Eu só me distraí aqui! Eu… — ela olha para a Yaomomo, que também parece não estar entendendo nada — O que você recomenda, Asui-san?

— O quê?

— Eu meio que gosto de tudo, então não sei o que pedir… o que você acha?

— Se você gosta de tudo, então escolhe qualquer um, não sei. — ela dá de ombros, e Ochako se sente como se tivesse acabado de levar um balde de água fria.

— Bom, eu… pode ser o sundae de chocolate com banana, então.

— Certo. Os pedidos podem demorar um pouco, estamos com pouco pessoal. — ele fecha o caderninho e se afasta.

— É provável que fiquem com menos pessoal ainda. Se ela provém um tratamento tão rude a outros clientes como fez conosco, é provável que seja dispensada em breve. — parte dela sente que deveria reprimir a amiga por dizer algo assim, mas… Ochako entende o sentimento, é bem difícil dizer que não se sente magoada.

Poxa, a Tsu já sabe que ela rejeitou o Kirishima, por que continua tratando-a tão mal? Isso realmente não é necessário! E ela é… ela é tão… Ochako está tentando ser compreensiva, tem paciência porque é um sentimento que consegue entender e porque essa garota é muito parecida com a Tsu.

Mas ela não é a Tsu, e é necessário se lembrar disso pra não se decepcionar toda vez que essa menina age assim. Ochako se considera alguém com uma percepção relativamente boa, mas não é alguém pragmática, que analisa a situação com frieza para decidir como agir.

Pra essa rota, talvez seja hora de mudar um pouquinho e começar a pensar de maneira mais estratégica.

— Bom, eu espero que isso não aconteça… — ela diz entredentes.

— Ah sim, não estou desejando que ela perca o emprego, de maneira nenhuma, só observei que a atitude dela pode lhe trazer problemas.

— Sim, isso com certeza.

— Você está bem mesmo? Por um momento, tive a impressão de que você estava prestes a chorar.

— Hahaha, só se for de emoção em comer esse sundae enorme! — ela ri, tentando desconversar.

— Bom, se você diz… apenas… não se deixe levar tanto por esta necessidade de agradar. Infelizmente, não podemos nos dar bem com todo mundo, por mais que nos esforcemos.

— Ah… ah, sim. — ela ouve o conselho educadamente, sabendo que é algo que com certeza levaria consigo caso realmente houvesse essa opção.

— Algumas pessoas não valem a pena.

Isso é verdade, não existe ninguém em seu mundo que desperte nela antipatia legítima, o Mineta a incomoda, mas não chega a ser alguém que odeie — tanto que, em nenhum momento desde que chegou a esse mundo, ela pensou o quão melhor era por não ter o garoto de cabelo grudento aqui, no fim, a ausência dele não é nem sentida — nem mesmo os vilões lhe despertam ódio, então na medida do possível, Ochako é alguém que tem facilidade para se dar bem com todos, mesmo com quem teoricamente “não vale a pena”.

E por mais que a magoe, por mais que a desgaste, por mais que essa Tsu seja grossa e fria por uma completa bobeira, a garota ainda não consegue vê-la como uma dessas pessoas que não vale a pena.

***

É meio surpreendente que os livros da biblioteca sejam reais, Ochako tinha a preocupação de que, assim como as pessoas desse mundo, que não têm nada além de rostos com sombras em volta dos olhos e cabelos quase todos da mesma cor, os livros só seriam objetos com capas coloridas e páginas em branco, mas não… são reais. Ela reconhece vários títulos que leu quando criança, alguns foram pedidos na aula de literatura e, no geral, é uma biblioteca legítima.

— Tá fazendo o quê? — uma voz rouca pergunta, bem próxima dela, a morena dá um pulinho ao ver o Bakugou encostado na prateleira.

— Bakugou-kun, como você me achou? — ela fala naquele tom baixo que tenta ser um sussurro, mas é alto demais pra isso.

— Tsk, eu nem tava te procurando. — ele resmunga, coçando a testa com o polegar — Só fico aqui de bobeira quando tenho que matar aula.

Ela segura a risada, achando muito típico do Bakugou ser alguém que, já que tem que matar aula, o faria em uma biblioteca. De certa forma, ela imagina que dá pra aprender muito mais folheando livros aqui do que nas aulas sem grandes conteúdos… embora que ultimamente ela tenha conseguido aprender algumas coisas, e não prestar atenção acaba se mostrando uma ideia ruim.

— Bom, mas agora é intervalo, você continua aqui? — ela dá uma boa olhada nele — Você comeu?

— Tsk, lógico que comi, Cara de Lua. Virou minha mãe agora? — ele cruza os braços — Você não respondeu, tá fazendo o quê aqui?

— Nada demais, eu tô tentando fugir do Kirishima-kun pra que a Tsu-chan não me veja com ele e pense ainda mais besteira. Seria legal só achar um livro bacana e ficar aqui, é tão quietinho…

— Isso é. — ele concorda, dando uma olhada ao redor — Já sabe o que vai fazer com essa doida aí? Você não pode ficar só evitando o Cabelo de Merda pra conseguir melhorar essa intimidade e sabe disso.

— Sei, sim. Eu tenho uma ideia, na verdade.

— Não sei se acho isso uma coisa boa. — ele murmura, ganhando uma livrada no ombro em retaliação. O loiro a olha com desdém, como se esse ataque tivesse causado zero dor nele, ela não liga pra provocação e caminha em direção a outra prateleira, escaneando os títulos em busca de algo que lhe interesse — Aí, Cara de Lua.

— Hum?

— Você não vai surtar de novo, vai? Quer dizer, aquela rota do Deku foi uma merda porque ele parece o merdinha de verdade, mas na do Kirishima você se virou melhor, e agora tem a Menina Sapo, ela é sua amiga e aqui é ainda mais esquisita que a outra, então… sei lá, só quero saber se você vai surtar.

Isso é… ele está preocupado com ela? Ochako fica muito mais surpresa com o que o loiro diz do que com a constatação de que não, não irá surtar.

— Com o Deku foi difícil porque eu tinha acabado de começar nisso aqui, agora tô mais tranquila. — ela sorri e, ao se virar, nota que o Bakugou está muito mais próximo do que antes, quase encarceirando-a entre seu corpo e a prateleira, ele a observa atentamente, sem piscar — B-Bakugou-kun?

— Você não parece estar mentindo. — ele continua analisando-a — Mas se for surtar, me avisa, tô aqui pra te ajudar a se aprumar.

— Ah… sinto muito, mas… — ela leva a mão ao ombro dele — Nessa rota, nós dois somos noobs.

Antes que ele possa responder à provocação, ambos se viram para observar a presença que surge do lado oposto da prateleira. Ochako se surpreende ao encontrar a Tsu, que a olha rapidamente antes de pegar um livro e sair andando, ainda olhando pra ela.

A morena se afasta do Bakugou e vai em direção à garota, particularmente incomodada com o olhar aparentemente inexpressivo dela. Apenas aparentemente, deu pra sentir todo o desdém e julgamento vindo da Tsu, e Ochako anda meio frustrada demais com isso. Sua melhor amiga do mundo real sempre diz o que está pensando, não importa quão duro possa soar, e isso acaba por se mostrar um grande sinal de maturidade e respeito, coisas que estão faltando nessa Tsu.

— Algum problema, Asui-san? — ela a intercepta no fim da prateleira em frente.

— Por que teria?

— Me diz você, você sempre aparece nos lugares que eu tô, e fica sempre me olhando com essa cara. Eu fiz algo pra você?

— Você não ficaria tão incomodada se não estivesse fazendo algo errado. — ela mantém a expressão neutra.

— Ficaria, sim. — ela responde meio sem pensar — Mas me diz, o que é que eu tô fazendo de tão errado?

— Você… não é possível que realmente está me perguntando isso… você dispensa o Kirishima-kun e em menos de um dia, já está pra baixo e pra cima com o maior rival dele, e ainda se acha no direito de reclamar quando alguém percebe o quão cruel, manipuladora e egoísta você é.

Uau, ok… agora ela disse o que pensa, exatamente como a verdadeira Tsu faria, uma pena que seja algo extremamente ofensivo e fruto de uma impressão totalmente errada, e tudo por quê? Porque a garota está apaixonada, e pessoas apaixonadas tendem a ter uma visão um tanto afunilada da realidade. Ochako sabe disso, sabe que não pode se ofender, essa Tsu não a conhece de verdade, está tentando proteger o garoto que ama de uma suposta mulher ardilosa que só quer machucá-lo, ela precisa ser compreensiva, precisa manter a compostura, precisa…

— Se você gosta dele, então vá atrás de conquistá-lo. Me ofender não vai fazê-lo se apaixonar por você.

Ela arregala os olhos, claramente não estava esperando por essa, não que Ochako estivesse planejando dizer algo assim também, mas saiu… será que ela realmente surtou, como o Bakugou temia? Não, mas não é assim que ela se sente, Ochako não está… se sentindo nem um pouco mal com o que disse, na verdade.

— C-como é?

— Eu sei que você é apaixonada por ele, e tava até pensando em te ajudar com isso, mas não acho que você precise da minha ajuda. Se você tem tanta… energia e paixão pra perseguir a garota que ele gosta, também tem energia e paixão pra ir atrás dele sozinha, então faz isso. Prometo que não vou contar o que você me disse hoje. — ela cruza os braços, sentindo-se surpreendentemente satisfeita com a garota finalmente mostrando alguma emoção: constrangimento.

— Eu… — ela engole saliva — Com licença. — e se retira, visivelmente perturbada.

E Ochako solta a respiração que parecia não querer sair até o momento. Isso foi… ela não deveria ter falado assim, a protagonista do jogo com certeza nunca seria tão franca desse jeito… dá até medo de olhar a intimidade depois dessa, mas… se estiver negativa, melhor já ir se preparando pro bad ending…

Não mudou. Ainda está em 10%. Bom… isso não chega a ser ruim… ou será que é? Talvez o que Ochako disse não tenha a afetado em nada… e pensar que ela pareceu realmente chocada, mas… vai ver essa Tsu é mais “inquebrável” do que ela imaginava…

Ochako suspira e se vira, dando de cara com o Bakugou encarando-a.

— Eu sei, eu sei… aquilo foi péssimo, eu não-

— Você chamou a garota na chincha.

— B-bom, eu… eu já tava meio cansada das grosserias gratuitas dela, não queria falar daquele jeito, acho que estourei. — ela diz, querendo pedir desculpas, mas se recusando ao mesmo tempo.

— Nada mal, Cara de Lua. — ele dá um meio sorriso — Teve atitude. — e se retira também.

E se ela já não tinha certeza que esse mundo é completamente diferente do seu, agora só pode concluir que é um mundo totalmente oposto, um mundo em que briga com a Tsu e agrada o Bakugou realmente é um mundo onde tudo está de cabeça pra baixo.

Porém… o Bakugou mesmo já assumiu que não sabe como funciona a dinâmica de uma rota assim, então… a aprovação dele não quer dizer muita coisa, pode até significar algo ruim.

Ela tem certeza disso, considerando que a sua ideia para o desenrolar dessa rota já está em andamento, e esse pequeno desentendimento com a Tsu pode prejudicar, e muito, o que está por vir.

***

Pela segunda vez na semana, Ochako consegue arrancar alguma expressão facial da Tsu desse mundo, assim que aparece na sorveteria novamente, e dessa vez não é pra pedir sorvete.

As informações nesse mundo não são dadas sem motivo, ela já percebeu isso. Ninguém diz as coisas só por dizer, tudo tem uma função para o prosseguimento do jogo. Logo, quando a Tsu disse que havia pouco pessoal, por isso o atendimento estava demorando, deu pra saber que essa informação era pertinente, a conclusão de Ochako, nesse caso, foi muito simples.

Candidatar-se a uma vaga para trabalhar lá também. E como ela é a protagonista, tudo nesse mundo é feito para que ela tenha êxito no que se propõe a tentar, é natural que tenha conseguido o trabalho.

Se isso tivesse acontecido antes da discussão na biblioteca, a morena estaria se sentindo extremamente vitoriosa. Agora, ela só está sem graça.

— Espero me dar bem com todo mundo. — Ochako se curva diante das colegas NPCs e da Tsu, que continua olhando-a em choque.

Quem está surtando claramente é a garota de cabelos verdes.


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Notas finais do capítulo

Olha só, chegamos ao 20º capítulo! Eu acho incrível como o tempo voou e, embora esteja um pouco "atrasada" no meu "planejamento" inicial (a verdade é que eu não planejo nada, mas a rota da Tsu era pra estar acontecendo uns capítulos antes), fico bastante feliz com o engajamento e interesse de vocês nessa brisa toda. Então... um enorme obrigada a você que tá lendo, curtindo e comentando!

Não vou falar "que venham mais 20" porque deus me defenderay de escrever uma fic de 40 capítulos, embora é provável que fique perto disso aí mesmo sdjksdjkls, mas que importa é que tá longe do fim ainda, então vamos continuar curtindo essa jornada!

Mais uma vez, obrigada! E que você tenha uma ótima semana!



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