Momentos escrita por Nat King


Capítulo 2
Capítulo 2 - Debut


Notas iniciais do capítulo

Olá, mais uma vez! :D Como você está?

Pelo título da vez, você já deve imaginar do que se trata... Debut, de começo/começar é como se chama a ocasião em que alguém performa ou apresenta algo ao público pela primeira vez. O debut, em questão, é o de Lilia :3

Para ninguém se confundir, tivemos um salto no tempo de cinco anos. Lilia aqui está com 18.
Novamente, cheio de OC's (meus) e um pequeno empréstimo da presenteada Mileh Diamond. Deus abençoe o estoque de Philia ♥

Espero que façam uma boa leitura! ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/793007/chapter/2

Debut

 

Correndo distraidamente com a agulha pelas fitas da sapatilha de ponta, Lilia cutucou o dedo fundo o suficiente para fazer gotejar uma gota rubra de sangue no chão, por pouco não manchando sua meia. Chiando a dor da picada, Lilia lambeu o indicador inchado, sentindo-se estúpida por cometer um erro tão tolo quanto aquele. E tudo isso porque certos convidados esperados para aquele dia sequer haviam dado a cara. Ridícula, Lilia Baranovskaya, ela se repreendeu, você deveria estar se concentrando no seu repertório!

— Se eu não soubesse que Romanova pegou o papel de Aurora, diria que você estava encarnando a personagem — brincou Irisa, sua amiga, totalmente alheia ao motivo de tanta distração. Embora estivesse tentando manter o bom humor, seu semblante estava tão tenso quanto o de Baranovskaya.

— Precisa mesmo citar o nome daquela lá? — Lilia enrugou o nariz, rasgando um pedaço de esparadrapo com os dentes para improvisar um curativo rápido. — Eu nem comi hoje e você já está conseguindo estragar meu apetite.

A risada de Irisa foi mais genuína daquela vez.

— Bom, eu também estou com o estômago revirado aqui e você nem pra se importar! 

— Você está passando nervoso com a história do seu casamento já faz um mês, Irisa!

— Isso não tem nada a ver com o casamento! — Sem entender o que a bailarina queria dizer, Baranovskaya ofereceu uma sobrancelha erguida. — Não ficou sabendo? Lukyan foi promovido para a apresentação de hoje.

Lilia sorriu, feliz pelo amigo. Ele era um excelente bailarino para o personagem pouco atrativo que o tinham colocado na adaptação de La Fille Mal Gardée.

— Isso é maravilhoso, Irisa!

— Não, Lilia, não é maravilhoso! —  Apavorada, a moça bateu com as mãos sobre a bancada, trazendo uma ênfase mais agressiva ao seu desespero. Dramaticidade, e apenas ela, era seu patronímico.

— Meus grampos, Irisa!

— Ele vai entrar no lugar do Tutiakov, Lilia!

Baranovskaya estava quase começando uma briga sobre os pertences esparramados, quando finalmente entendeu a desgraça recaída sobre a pobre bailarina recém-formada; Tutiakov, colega delas, interpretaria Colas, protagonista do mesmo balé em que Lukyan estava até então escalado como como Alain — um “alívio cômico” a ser questionado. Colas era interesse romântico de Lise, mocinha interpretada por Vilena Romanova, desafeto da dupla e de pelo menos mais uma dúzia dentre os formandos.

— Não! — respondeu Lilia chocada, olhos arregalados e lábios cobertos por ambas as mãos. Quem visse de fora imaginaria que uma fatalidade havia acontecido sobre as duas.

Exausta de tão trágico acontecimento, Irisa tombou a cabeça sobre a mesa, carimbando a testa com o pouco dos grampos que ainda restavam por ali. Um tanto compadecida e também envergonhada pela cena alheia, Lilia ofereceu tapinhas de consolação. Não tinha nada que poderia fazer para melhorar a situação, mas quem sabe algumas palavras apaziguadoras?

— Calma, Irisa, você sabe que o beijo nem é de verdade, é tudo cênico.

Erguendo o rosto para Lilia, Baranovskaya sequer teve tempo de chamar atenção da amiga para os três grampos dourados grudados em sua testa, quando notou, pelo horror estampado em sua face, que ela havia esquecido totalmente que a cena escolhida para a apresentação envolvia troca de saliva. O rubor que começou a subir desde o colo pálido, indicou uma provável explosão — Lilia, pelo menos, conseguia enxergar claramente Irisa estourando como um rojão.

— Eu vou empurrar ela em cena.

— Ah, mas não vai, não! — Acima de qualquer desavença deveria estar o profissionalismo, isso era o que ela defendia veementemente.

— Na cena em que a viúva Simone aparece, ninguém vai reparar.

— Irisa, você vai casar semana que vem, não pode perder o emprego agora.

Aquilo pareceu convencê-la o suficiente para a moça reconsiderar parcialmente, um grunhido birrento saindo do fundo de sua alma. Irisa roubaria a cena naquela apresentação, com toda certeza; talvez não pela razão esperada, mas sim pela cara de choro impossível de ser ignorada.

— Hoje é o pior dia da minha vida — choramingou, pinçando os grampos para longe da testa. Dane-se se aquele era o debut de suas formações como bailarinas, após anos dedicados a ensaios e estudos exaustivos; nada era pior do que saber que Lukyan daria um beijinho que fosse em Vilena Romanova.

E mesmo assim, Lilia não podia dizer que estava num humor muito diferente. Já não era uma pessoa cheia de dentes normalmente, mas naquele dia em especial sentia ser um pouco mais difícil interpretar uma animada Kitri, e pior ainda a romântica Giselle. Espiando a porta de entrada do camarim coletivo, por onde ansiosas formandas se espremiam em saiotes de tule e tutus bandeja para diferentes papéis, ela já perdia a estranha esperança de ver Yakov Feltsman e sua filha aparecerem. Na verdade, Lilia já começava a admitir que tê-los convidado a visitar o camarim logo hoje era ridículo, afinal, pouca atenção poderia dar a eles, em especial à pequena Margosha que ficaria encantada apenas com as araras de roupas. E quem convida as pessoas para conhecerem o camarim de uma apresentação de balé ao invés do próprio balé?!

Mesmo assim, Lilia sentia um amargo inesperado com a ideia de ter seu convite, ou a tentativa dele, esquecida. Pior ainda se ela tivesse sido totalmente ignorada e o patinador tivesse concordado antes apenas por educação. Fingindo atenção nos cílios penteados com máscara, ela disfarçou um suspiro decepcionado; quem era a recém-formada Lilia Baranovskaya na contagem do corpo de baile para pensar valer de alguma atenção? Dois destaques no debut não significavam o título de prima, ela sabia bem.

Se não era pai e filha se fazendo entrar na sala, Daniyal Altin fez a vez em chamar atenção com seu figurino de Basílio, abrindo caminho por um mar de rostos deslumbrados e risadinhas divertidas. Embora discreto, Daniyal tinha um charme todo especial que o fazia possuir um chaveirinho repleto de corações conquistados sem sequer notar, tendo o suspiro coletivo como trilha sonora de seu passear pela Academia Vaganova.

Segurando o sorriso, ele terminou de se aproximar para inclinar-se sobre o espelho da bancada ocupado por Irisa e Lilia, o rosto já maquiado denunciando o nervosismo para o debut daquela tarde.

— A casa tá enchendo... — informou animado, ansiedade e expectativa juntos num só sentimento. Lilia podia jurar que por detrás do espelho, Daniyal deveria estar tremendo. — Dimitri Soloviev está passando agora mesmo o programa dele no palco, todo mundo parou para ver.

Os três bailarinos se entreolharam, animação que provocavam seus pés a sapatearem. Soloviev não somente era o sênior do Kirov convidado a se apresentar especialmente para o debut dos formandos de 70, como também seria colega de elenco deles após aquele dia. Mesmo que seu comportamento esnobe o desse uma fama pouco agradável, todos ali o reconheciam como excelente bailarino.

— É aquela do Lago dos Cisnes, não? Do segundo ato. — Bem mais calma, Irisa conseguiu entrar na conversa. — Vai dançar com aquela garota novinha que enfiaram na formatura de agora, qual é mesmo o nome? Ela nem estava no nosso ano!

— Filatova, ela é de três turmas anteriores à nossa — lembrou Daniyal. A garota era um prodígio reconhecido desde sua admissão na Academia há quatro anos e, segundo corriam as fofocas, sua formatura foi antecipada para evitar que o Royal levasse mais uma bailarina para Londres. Depois de Makarova ter desertado há poucas semanas, eles não queriam arriscar.

— E conseguiu Odette! Romanova deve estar se roendo! — riu Irisa, recuperando uma flor perdida sobre a bancada e a usando para enfeitar o coque loiro.

— Gostaria de ter conseguido Siegfried, também... — lamentou o moço em voz baixa, para que apenas as amigas pudessem ouvir.

— Está dizendo, Daniyal Altin, que preferia dançar com outra bailarina? — Fingindo desprezo, Lilia virou o rosto de lado, aquela dramatização teatral muito usada em balés de repertório.

— Eu jamais trocaria de Kitri — logo se justificou, estendendo uma das mãos em direção à Lilia, como bem faria Basílio em busca de atenção. —, mas é Lago dos Cisnes, né? Eu poderia considerar trocar Albrecht.

— Deixaria Lilia sozinha? — brincou Irisa. — Ela seria a Giselle mais invocada da história!

— Invocada ela já é sem precisar da minha ajuda.

— Cale a boca, Danik. — Tentando manter a seriedade, Lilia revidou. A verdade era que não conseguia se conter muito, contagiada pelo bom humor dos amigos.

— Sem querer te expulsar, mas o que veio fazer aqui, Daniyal? Sabe que não gostam de ver bailarinos no camarim das garotas.

— Ah, sobre isso... — Misterioso, ele estreitou os olhos castanhos para as amigas, que curiosas, esperaram por uma resposta. Sem desmanchar a expressão, Daniyal ergueu uma rosa amarela, sequer desabrochada por completo. Lilia reagiu com discrição, sobrancelhas arqueadas e um sorrisinho questionador, enquanto Irisa parecia ter sugado oxigênio de um raio de dois metros com o ofegar exagerado que havia dado.

— Você tem dois segundos pra dizer de onde essa rosa saiu! — Uma vez intimado por Irisa, ninguém podia correr muito longe. Entregando a flor com cuidado para Lilia, ele sorriu. 

— Vejam por si mesmas.

— Tem até um cartão? — Desfazendo o fitilho que prendia o cartão à rosa, Lilia abriu o pequeno envelope interessada. A apresentação sequer havia começado e Danik já estava ganhando flores? Não era justo! Ela também queria!

— É o telefone de alguém? — quis saber Irisa. 

Escrito no cartão em alfabeto romano, com letra reta e direta, a palavra francesa MERDE! estava bem centralizada, cumprimento típico de quem era da área da dança, um incentivo de boa sorte com palavras avessas que bailarinos e atores levavam para o palco antes de cada apresentação. Logo abaixo, assinado em caligrafia infantil e meio torta, Lilia leu um adorável Margosha que quase não coube no papel e, embaixo ao nome da menina, a mesma caligrafia dura assinava um simples Y. F.

— Mandaram te entregar.

Embasbacada, Irisa encarou Lilia de boca tão aberta que facilmente engoloria uma melancia inteira.

— Lilia, eu não acredito que você está vendo alguém e não me contou nada! — reclamou a garota, acertando o ombro de Lilia com um tapa estalado.

— O que tem aí? — Curioso, Altin esticou o pescoço para tentar enxergar os dizeres do cartão. Estava se roendo de curiosidade desde que colocou as mãos naquela flor.

— Você já não viu? — Bicuda, Irisa continuava bisbilhotando o bilhete, tentando adivinhar por si mesma o que significavam aquelas iniciais.

— Por quem me toma, Irisa? — Com a mão sobre o peito, imitando o falso sofrimento de Albrecht em sua próxima performance, Daniyal dramatizou como sua amiga sempre fazia. — Não sou o tipo de pessoa que fica metendo o nariz em correspondência alheia!

— Isso aí foi uma indireta, Altin? Pois considere-se desconvidado para o próximo domingo.

— É um desejo de boa sorte — Lilia balbuciou, ignorando o dramalhão alheio. Lendo e relendo as poucas palavras no pequeno papel, ela custava a acreditar. — Você os viu?

Os olhos verdes brilhavam de forma diferente… Não era de nenhuma paixão como Irisa, romântica incorrigível que era, conhecia bem, e Daniyal, parceiro da garota há mais de três anos e amigo há pelo menos sete, também podia afirmar o mesmo. Lilia Baranovskaya, conhecida por sua discrição e inexpressividade na ausência de pessoas próximas, exibia um tipo suave e encantado de sorriso, toda a delicadeza que se esperava na heroína Giselle, que nem quatro meses de ensaio trouxeram, estava ali, causado por uma rosa.

Isso que a flor ligada à personagem-título costumava ser um lírio. Ou uma margarida.

— Ah não, um dos assistentes de palco estava procurando alguém para te entregar e eu passei bem na hora. Sabe como é, Vilena estava por perto, vai que entregam a flor para ela? Você não receberia nem o caule — brincou, ainda curioso em saber sobre o remetente. — E então, quem foi o bravo homem que decidiu se arriscar e cortejar a bailarina mais séria de Leningrado?

— Ninguém está me cortejando! — Decidida a ignorar mais aquela provocação, Lilia colocou cuidadosamente a flor sobre o balcão e guardou o cartão junto aos seus pertences. Esperava que o papel não amassasse até voltar para o dormitório. — O que estão olhando?

Irisa apenas cruzou os braços sobre o peito, como a futura mãe mandona que seria. Daniyal continuava a olhando apenas como a vizinha fofoqueira que trazia bem fundo em seu coração.

— Bem, foi em um dos dias que estávamos ensaiando nas salas alugadas nessa última semana, lembra Danik? No centro de esportes? — Ele concordou. — Se lembra também de quando estava indo embora, de ter passado por uma menininha que estava andando pelos corredores? A que estava espiando as salas?

— Lembro, a que você deu seu lenço?

— Ela mesma! Margosha o nome. — Sorriu ao lembrar. — Ela é uma criança adorável e estava sozinha, meio entediada enquanto esperava o pai terminar o turno… Além disso não estava incomodando ninguém, então a deixamos ficar na sala assistindo ao ensaio.

— Adoro crianças… — Completamente amolecida pelo relato, Irisa apoiou o rosto nas mãos e continuou ouvindo atentamente.

— Certa altura, o pai da menina a encontrou conosco, estava desesperado procurando por ela, embora tivesse tentado disfarçar. — Lembrar como o homem havia falhado miseravelmente quase a fazia rir. — E foi isso, basicamente. Nos apresentamos devidamente e eu talvez deva ter convidado pai e filha para conhecerem os bastidores da apresentação, já que eu não tinha nenhum ingresso para dar — finalizou dando de ombros, mais para tirar deles a culpa pelo convite do que por achar irrelevante o resumo de toda a história.

Daniyal continuou encarando-a de seu lugar atrás do espelho, enquanto Irisa balançava a cabeça lentamente, concordando com fosse lá o que se passava em sua mente.

— E ele é bonito?

A pergunta inesperada quase fez Lilia saltar de sua cadeira.

— Que tipo de pergunta é essa, Irisa?!

— Só quero imaginar o casal na minha cabeça.

Enquanto Lilia ruborizava, Daniyal gargalhou alto.

Linyaaa, meu casamento já é semana que vem e ele tem uma filhinha! Estou precisando de uma daminha para as flores, a priminha do Lukya decidiu que não quer mais!

— Eu não direi nada. — Lilia estava a um suspiro de bufar de forma grosseira. Pondo-se de pé, ela apoiou todo seu pouco peso em Irisa enquanto dobrava os joelhos em um grand plié. Sim, aquela era sua pequena vingança. — Faz uns três anos que você só consegue pensar em casamento, Irisa, credo.

— Ai, ai, Lilia, vai me deixar um hematoma!

— Sem querer dar corda, mas eu estou curioso para saber quem é o convidado… Se você não deu nenhum ingresso para eles, como conseguiram lugar, ainda mais dois? Faz duas semanas que estamos com os ingressos esgotados.

Ela de fato não tinha pensado nisso até Altin levantar a questão. Olhando para a rosa enfeitando aquele caos pré-apresentação, Lilia tentava montar aquele quebra-cabeças com as poucas pistas que tinha. Teria Yakov Feltsman apenas mandado a flor como gentileza e agradecimento pelo convite e ido embora? Ou enviado por terceiros? De qualquer forma, Lilia sentia-se tocada pela delicada lembrança, logo ela que há poucos minutos ressentia-se pelo suposto esquecimento. Mas não era docemente curioso? Ele sequer a conhecia e tinha se dado ao trabalho de tamanha cortesia… Era triste pensar que gentileza ainda era motivo de surpresa; ao mesmo tempo, era bom saber que ela ainda existia por aí. E tinha até o formato de uma rosa.

Não… Tinha o formato de um cartão.

O toque do primeiro sinal invadiu a sala, causando gritinhos e suspendendo a respiração de metade dos presentes. Aquela era a hora em que a histeria coletiva se instaurava, onde dores de barriga psicológica tomavam bailarinos, amnésia temporária os fazia esquecer da marcação ensaiada e a ideia de que todos estariam olhando se tornava um novo tipo de medo. Mas não seria, não naquele dia, não para Lilia.

— Yakov Feltsman — murmurou, fingindo procurar alguma coisa entre suas maquiagens.

Irisa a encarou como se não tivesse ouvido — era bem provável que não o tivesse, dado seu repentino pavor pelo toque de aviso. —, enquanto Daniyal arregalou os olhos rasgados. Ele havia sido o único que havia entendido.

Aquele Yakov Feltsman? — Altin sussurrou, como se estivessem discutindo o mais novo plano de fuga da União Soviética.

— Eu não conheço outro, você conhece? — nervosa, ela abriu e fechou o zíper, sem saber o que fazer com as mãos trêmulas.

O rapaz exasperou uma risada, incrédulo e maravilhado.

— Quais as chances de esbarrar com a filha do medalhista olímpico?

— O que foi que eu perdi? — De volta a si, Irisa tentou voltar à conversa, antes que os toques seguintes drenassem o que restava de sua força vital. E Lukyan nem para passar e lhe deixar um beijinho de boa sorte!

Pensando no bailarino, lá estava ele, aparecendo logo atrás de Romanova. Ao contrário da bailarina, que entrou no camarim sem sequer olhar para os lados, o rapaz acenou de longe para a noiva, jogando um beijo no ar. Mas Irisa não estava lá muito interessada em apanhar beijos flutuantes, correndo até ele para reivindicar os lábios do futuro marido, caso alguém ali tivesse se esquecido.

— Vocês são uma gracinha — aparecendo de repente, como a boa entidade demoníaca que era, diretora Batkina tratou logo de atravessar o abraço do casal, separando-os em quase um metro e meio de distância. —, mas agora eu preciso que todos estejam em suas devidas posições. — E como se fossem as trombetas do Apocalipse, o segundo sinal anunciou a aproximação da abertura. — Lembrem-se do porquê estão aqui, hoje. Esta não é a apresentação qualquer da turma de alunos da Academia Vaganova; hoje é o debut dos bailarinos da Academia Vaganova. Não temos mais aprendizes nesta sala. As pessoas que vieram assisti-los irão vê-los como profissionais formados, portanto dancem como tais. — Todos concordaram em silêncio, exceto talvez por Romanova que não prestava atenção e Irisa que estava se segurando para não remedá-la. — Falo sério. Não tem apenas os pais de vocês, aí, seus amigos, parentes. Há olheiros do Bolshoi, há avaliadores do Kirov para aqueles que ainda querem uma chance de fazer parte do corpo de baile do teatro e não conseguiram contrato antes. — A expectativa pairava no ar. Para muitos ali, era tudo ou nada. — Então não me façam passar vergonha, ou eu corto seus tendões. Alguma pergunta? — Sem nenhum questionamento, e sem dar tempo para que qualquer um manifestasse qualquer coisa, ela continuou. — Ótimo. Solistas para a coxia. Altin, por que está aqui? — De postura recomposta, Daniyal se preparava para dar uma desculpa qualquer, quando foi interrompido antes de começar. — Não interessa, vá para a coxia você também. Meninas, ao terceiro sinal, quero todas a postos para entrar.

Obedientes e silenciosos, todos fizerem conforme ordenado. Recebendo merde!’s jogados de todos os lados, Lilia sorriu pequeno para suas colegas, de repente sentindo pesar de uma só vez o significado daquele dia: era sua formatura. Era seu adeus ao estudo que lhe tomara anos de vida, a introdução à fase adulta, e embora a caminhada fosse exatamente a mesma, com os mesmos arabesques, piruetas e comandos em francês, Lilia não tinha certeza do que a esperava quando finalmente ultrapassasse aquela linha — ou marcação de cena.

Antes, ela precisava que os professores a apreciassem como bailarina, agora, mais do que a chefia, ela precisava que o público fizesse o mesmo. Dentre tantas, ela teria alguma chance?

Lembrou-se da rosa recebida junto com o cartão singelo e uma fisgada tomou seu peito quando o nomezinho torto rabiscado no papel veio à mente. Tantas eram as garotas que recebiam flores de seus familiares, buquês caríssimos que ostentavam o que nem todos podiam comprar, e lá estava ela, sem dar atenção para nenhum desses paparicos os quais não tinha acesso, para de repente uma única flor vir ajudar a abrilhantar mais do que qualquer outro buquê aquele dia cheio de significados.

O terceiro sinal tocou e Lilia puxou o fôlego, fechando os olhos para repassar na memória os passos que daria a seguir. Sob aplausos, ela soube imediatamente que o maestro havia feito sua entrada. Não tardou e cortinas abriram-se para apresentar um delirante, mas muito simpático Dom Quixote com seu fiel seguidor Sancho Pança e, por um momento, Lilia ignorou a principal regra de um palco, a de nunca espiar da coxia. Foi inevitável. Teimosa ela esticou o pescoço e espiou com seus olhos verdes cheios de curiosidade, mas os holofotes não deixaram que visse nada muito além do fosso da orquestra. Mesmo assim, ela sentiu-se estranhamente encorajada, o coração cheio de um sentimento bom e quente, que a fez sorrir largo. Foi com esse mesmo sorriso que ela, ou melhor dizendo, Kitri, entrou em cena.

Em um assento ao lado do corredor, numa das últimas fileiras da plateia, uma garotinha e seu pai aplaudiam a bailarina vestida de vermelho.

.:.

Margosha estava radiante com o convite de Lilia Baranovskaya, a quem considerava sua mais nova amiga. Animada, sonhava acordada e em voz alta o que poderia ter nos camarins de um teatro, perguntando ao pai quais eram as diferenças entre os bastidores das apresentações de balé e patinação, se é que tinham muitas.

Foi surpreendendo a si mesmo que Yakov percebeu nunca ter levado a filha para uma apresentação que fosse ao teatro, logo ele, que por tanto tempo aliou a dança à sua rotina de atleta, ganhando o palco algumas vezes. Conhecia bem aquele meio para saber que nem todas as apresentações eram atrativas para olhos infantis — nem mesmo para os adultos, admitia —, mas um debut costumava trazer uma variação interessante de performances. Poderia ser uma boa primeira experiência para ela, e para ele também. Já fazia alguns anos desde a última vez que Yakov havia assistido um balé.

Ao que parecia, infelizmente, não seria daquela vez que ele ou Margosha veriam qualquer coisa. A funcionária da bilheteria sequer precisou falar para que Yakov visse pela sua carinha de decepção que ingresso nenhum tinha sobrado. Bom, era de se esperar. Agradecendo com um leve cumprimentar, ele se preparava para deixar a entrada do Kirov quando ouviu, um misto de dúvida com certeza de quem reconhece alguém de longa data que há muito não se via;

— Yakov Feltsman?

Sempre que o chamavam pelo nome, Yakov gostava de fingir não ter ouvido e apressar o passo para longe, bem longe. Nunca se sabe quando fantasmas de técnicos passados podem aparecer para falar em enigmas sobre seu acidente e afastamento de competições. E nunca se sabe quando você pode perder a paciência e desfalcar a dentição dessa gente. Com uma criança para criar, é bom evitar ter problemas.

Felizmente para Yakov, aquele fantasma do passado era do tipo camarada; Dimitri Soloviev, colega de suas aulas de balé e pelo jeito, um profissional da área.

— Como vai, Soloviev? Já faz um tempo. — O outro homem deixou o sorriso abrir, oferecendo a mão para um aperto firme. — Trabalhando muito?

— Bem, vou muito bem! Estava deixando um ensaio, na verdade, vou fazer uma participação especial na formatura da nova leva.

— Parabéns! — Yakov sorriu de volta, um raro sorriso que só era gratuíto para Margosha e ninguém mais. — Está importante agora, sendo convidado ilustre dos novatos!

Dimitri sorriu envergonhado, voltando parcialmente o rosto para baixo.

— Que exagero. Fui chamado porque não iriam usar os solistas para uma matinê.

— Tenho certeza que não, tem algo de especial na sua dança, sempre teve. Quem sabe um dia não trago Margosha para assisti-lo?

— Ah claro, sua filha! Deve estar grande desde a última vez que a vi! — Yakov pareceu empinar de orgulho, mas antes que pudesse falar sobre seu assunto preferido, Soloviev continuou. — Espere, está a procura de ingressos para a apresentação de sábado?

— Eu tentei, mas estão esgotados.

— Não seja por isso. — Rindo, ele tirou a sacola dos ombros, vasculhando entre toalhas e sapatilhas. — Recebi alguns como cortesia. Por favor, pegue, são um presente!

— Não poderia aceitar sem pagar por elas, Soloviev…

— Já disse que foram cortesia, eu insisto.

— Estará trabalhando nesse dia, os ingressos com certeza não saíram de graça.

— Sempre tão certinho, Feltsman… — Dimitri riu, tendo em mente o passado em comum. — São um presente para sua filha e o acompanhante dela, pense assim. A menina não pode vir sozinha, não é?

Yakov arqueou uma sobrancelha, medindo a esperteza do antigo colega. Fingindo inocência, Dimitri ofereceu um sorriso doce. Bem, não é como se fizesse algum sentido Yakov negar a gentileza do rapaz, ainda mais que, de qualquer forma, ele levaria Margosha ao teatro.

Porém… Ele percebeu que era mais desconfortável aguardar da plateia do que da calçada. Ter assistido toda aquela programação impressionou não somente a pequena Margosha, como também ele. Pelo jeito, os anos longe dos palcos o fizeram se desacostumar ao esplendor de uma apresentação. O maestro mal tinha começado a conduzir a orquestra e ele já sentia-se pequeno. E para os aplausos finais, então? Quando ele viu os arranjos floridos serem distribuídos, sentiu vergonha de ter comprado uma rosa — e uma apenas. Se não podia presentear a bailarina Baranovskaya com um ramalhete completo, melhor não tê-lo feito.

Mas Margosha havia gostado tanto da ideia e de poder assinar sozinha o cartão…

E agora as cortinas haviam fechado, as pessoas estavam dispersando e sua filha o olhava em serelepe expectativa. Pior do que encarar a bailarina recém-formada, era ter de encarar a menina. Não era como se Margosha não aceitasse a palavra não caso ela se fizesse necessária, era Yakov fraco demais para ser capaz de dizê-la.

— Vamos lá?

Com um sorriso brilhante, Margosha saltitou e com ele seu vestido rodado. Animada ela segurou a mão de Yakov, esperando ser guiada pelo mágico mundo dos bastidores. Ele, confiando no acaso, subiu no palco e abriu caminho pelas cortinas. Era atrás delas que a magia de fato acontecia.

Bailarinos em figurinos bordados ainda se reuniam em trocas de flores e poses para as câmeras analógicas manuseadas por amigos e familiares, cliques extras para garantir algum bom registro, caso algum dos rolos de filme acabasse se perdendo; era mais comum do que se podia imaginar, Yakov sabia bem, havia queimado meio rolo de registros certa vez.

Buscando Baranovskaya entre cisnes e camponeses, ele percebeu como era difícil encontrar alguém. Quantos haviam se formado só naquela tarde? Oitenta? Cem?

— Que bom que vocês puderam vir. — Para alívio de Yakov, o encontraram antes. Vestido como príncipe e maquiado como tal, de perto, Dimitri Soloviev parecia ainda mais com uma figura encantada. — Espero que tenham gostado da apresentação.

— Gostamos muito, os formandos estão de parabéns. Você estava ótimo, Soloviev, não tinha como não estar — parabenizou, trazendo a filha para a frente. — Margosha, foi esse rapaz que nos presenteou com os ingressos para a apresentação, agradeça-o pela gentileza.

Curvando-se como uma pequena princesa, Margosha segurou as pontas da saia, sorriso contido e uma timidez adorável. Da última vez que Soloviev tinha visto a menina, ela ainda era um bebê de colo.

— Muito obrigada pelo ingresso, eu achei sua roupa muito linda.

Soloviev riu, alisando o bordado brilhante de seu colete de príncipe.

— Somente a roupa?

— O resto também foi muito lindo — ela se corrigiu, um pouco constrangida. — Você dá saltos muito grandes e altos! — confessou impressionada, não percebendo o riso do pai. — É muito difícil?

— Eu precisei estudar alguns anos para aprender, fico feliz que tenha gostado. É um pouco difícil, mas com treino a gente consegue, seu pai pode dizer o mesmo, ele conseguia saltar muito grande e alto também.

— Mesmo, pai?! — Empolgada com a descoberta, Margosha virou-se para o pai. — Você também sabe dançar?!

— Não como Soloviev, mas eu já subi em um palco antes.

— Foi uma pena não ter continuado, seu pai teria sido um ótimo bailarino.

— Verdade? — A cada novo elogio, ela parecia ainda mais animada.

— Um exagero, não tinha mais do que duas aulas por semana, no máximo.

— Você se subestima demais, Feltsman…

Margosha prontamente gostou daquele bailarino que falava coisas positivas sobre seu pai. Ele parecia ser muito legal e pessoas legais conhecem outras pessoas legais, como Lilia Baranovskaya, que era a pessoa mais legal que ela conhecia, agora.

— O senhor conhece a bailarina Lilia?

— Quem?

— A moça que me deu esse lenço, olha! — Mostrando o lenço amarrado ao pescoço, ela esperava que o acessório fosse pista suficiente para o bailarino.

— Ah, isso… — Yakov pareceu de repente se lembrar. — Sequer passou pela minha cabeça explicar porque estava procurando ingressos para a apresentação de hoje; Margosha aqui foi convidada para conhecer os bastidores da apresentação por uma das formandas de hoje.

Soloviev ainda mantinha o sorriso suave nos lábios, quando as sobrancelhas grossas se uniram em uma expressão levemente condenadora, até mesmo debochada. Não que pai e filha tenham notado.

— Quem convida alguém para conhecer os bastidores?

Olhando ao redor, Margosha estava atenta a cada detalhe dos cenários começando a ser desmontados e bailarinos de diferentes balés se misturando em grupos que conversavam e riam entre si. Era lindo e a garotinha não conseguia parar de sorrir.

Foi em suas olhadelas que percebeu que não somente ela estava correndo seus olhos interessados por aí, como as pessoas também começavam a olhar em sua direção, mas especificamente na direção de seu pai. Sorriu ainda mais. Era muito legal ter um pai patinador, principalmente quando, para Margosha, Yakov era o melhor patinador do mundo. Mesmo que aposentado.

Entre os pares de olhos, ela reconheceu os de Lilia. Para confirmar se estava mesmo vendo a moça certa, Margosha conferiu o vestido, modelo azul e branco com uma saia repleta de camadas de tule que passava dos joelhos. Parecia muito fofinho, a fazendo pensar se era possível usar os figurinos para tirar um cochilo, talvez.

Notando ser alvo da atenção de Margosha, Lilia ergueu uma mão, acenando suavemente. A bailarina loira ao lado dela pareceu chocada, e sua expressão em nada atenuou, mesmo com as palavras que, daquela distância, a menina não seria capaz de ouvir.

E que bom para ela. Lilia morreria se uma criança tão pequena ouvisse a boca suja de Irisa.

— Você quer dizer que a criança convidada se trata da filha do Yakov Feltsman? Da porra do campeão olímpico?! — cochichava Irisa, a um fôlego de sair gritando.

— Cale a boca, Irisa… — Lilia tentava manter a calma, mas ficava um pouco difícil com sua amiga sendo completamente louca.

Calar a boca, todo mundo está olhando, a gente não tá falando de qualquer Ivan, não, é Yakov Feltsman! Em sessenta e um só existiam dois membros do sexo masculino com quem as meninas sonhavam, Lilia: Yakov Feltsman e Yuri Gagarin. — Fazendo uma breve pausa, ela retomou o fôlego. — Eu sonhava com Gagarin.

— Irisa, não está me ajudando.

— Eu até roubei um pôster na praça perto de casa. — Irisa continuou balbuciando para si mesma, lembranças pensadas em voz alta que ainda a colocariam em problemas.

Do outro lado do palco, a pequena Margosha acenou com entusiasmo, chamando atenção de Feltsman. Sendo notadas por ele, Irisa tratou de ajeitar a postura e Lilia engoliu um suspiro. Já não dava mais para fingir não ter notado a presença deles. Com timidez desconhecida até para si mesma, e o máximo de graciosidade que o par de sapatilhas de ponta permitia, ela caminhou até eles.

— Lilia!! Você estava muito, muito linda!

Lilia sorriu, aliviada que a menina tivesse tomado a iniciativa daquela conversa.

— Fico muito feliz que tenha gostado! — Olhando para Yakov, ela sentiu o rosto esquentar em uma vergonhosa demonstração de sentimentos confusos. Quão constrangedor, Lilia deveria estar longe de seu estado normal de humor. — Não sabia que tinha conseguido ingressos, fico contente! Há semanas estávamos com tudo vendido.

— Eu por acaso tinha alguns sobrando. — Dimitri Soloviev explicou, naquele tom que nunca deixava Lilia saber se ele estava conversando ou sendo naturalmente passivo-agressivo. Dimitri não era lá conhecido por sua paciência com os novatos. — Parabéns pela formatura, Baranovskaya.

Ugh. Era péssimo saber que ele a conhecia pelo nome.

— Foi muito bonita a sua apresentação, Soloviev — elogiou sinceramente, testando mais ou menos o terreno sensível no qual pisava. — O público adorou sua participação. Para nós, é claro, foi uma honra ter um bailarino formado entre os novatos.

— Obrigado. Também gostei da sua apresentação, principalmente quando o leque saiu voando.

A expressão de Lilia, que já não era das melhores, fechou-se em uma carranca tão severa que Yakov precisou conter a vontade de rir. Ele e mais pessoas haviam notado quando Lilia, ao realizar a entrada como Kitri, acabou lançando para longe o leque vermelho, o suficiente para não conseguir recuperá-lo a tempo e precisar tocar o restante da variação sem o acessório. Contudo, seu improviso havia sido preciso e gracioso, com trejeitos que remetiam a castanholas e em nada fizeram perder o charme da coreografia, pelo contrário, Yakov poderia até dizer ter sido um acréscimo muito interessante à produção.

— Eu também gostei do leque voando!

Para Margosha, Lilia acabou rindo com mais sinceridade.

— Se você gostou, então valeu a pena.

— Excelente improviso. Quando um artista sabe conduzir bem uma situação, não existem erros.

Grata pelo discreto apoio, Lilia até conseguiu se esquecer dos olhares todos sobre si. E sobre Yakov Feltsman, é claro.

— Você gostou da rosa? Você viu que tem um cartão? Eu mesma assinei!

A pergunta foi de Margosha, mas foi Yakov quem se sentiu constranger. Antes tivesse enviado apenas o cartão…

— Eu adorei, foi o presente mais lindo que já ganhei. E o cartão é lindo, você escreve muito bem, deve estar orgulhosa! — Olhando para Yakov, Lilia ofereceu aquele sorriso tão gentil que ela havia exibido em Giselle. — Foi muita gentileza a de vocês.

— Nós é que agradecemos a sua gentileza em ter nos convidado. Margosha só sabia falar disso nos últimos dias.

Lilia seria capaz de explodir de fofura, não fosse o olhar de Soloviev a queimando. E ela ainda teria que trabalhar com ele. Ai…

— Bem, então deixe eu cumprir com minha palavra e mostrar para vocês os cenários — disse, oferecendo a mão para Margosha. — Gostaria de me acompanhar?

— Vamos, papai?

— Claro. Vamos lá.

Com um aperto de mãos, Yakov se despediu de Soloviev, passando a acompanhar a filha e aquela jovem que tão pouco conhecia, mas, por fazer Margosha tão feliz, tanto tinha seu apreço.

— De verdade, Baranovskaya — começou ele. — Foi uma apresentação muito bonita, principalmente as que esteve envolvida. Você é uma bailarina muito talentosa, tenho certeza de que terá uma carreira promissora.

Sua resposta foi um sorriso amplo, que desconcertou Yakov. Se ela fizesse qualquer pergunta naquele momento, ele tinha certeza de que seria incapaz de respondê-la.

— Muito obrigada, significa muito ouvir esse tipo de incentivo. E pode me chamar de Lilia.

Ele não sabia, mas ela também estava desconcertada.

— Vejam, a figurinista está passando com uma arara cheia de figurinos! Gostaria de ver, Margosha?

— Sim!!

De mãos dadas, elas saíram correndo. Sorrindo para a situação, Yakov também as seguiu.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então? O que acharam desse capítulo? owo Contem-me tudo, não escondam nada xD~

Esclarecimentos sobre o capítulo, a quem interessar possa:

— Sim, Lilia tem uma amiga precoce o bastante para decidir se casar aos dezoito :v
— La Fille Mal Gardée é um balé de repertório que seria muito bonitinho e engraçado. SERIA. É uma pena que o personagem Alain o estrague. Não é culpa dele, mas de como o representam, um personagem taxado de "doente mental", retratado com esteriótipos ofensivos, vítima de piadas e perseguições que deveriam ser risíveis, mas que te faz passar raiva :v
— Kitri é protagonista do balé de repertório Dom Quixote, que faz par romântico com Basílio, personagem de Daniyal Altin;
— Giselle é personagem do balé de repertório de mesmo nome;
— Balé de repertório é aquele que conta uma história (pois há produções que se tratam apenas de variações coreográficas sem um plot por trás);
— Daniyal Altin, ele, só ele, o galã não admitido, responsável por passar adiante o amor por motos a Otabek! Eis aqui o empréstimo feito de Philia! ♥
— Curiosidade: Sinya Filatova não era para aparecer agora, mas decidi antecipar um pouquinho a entrada dela. Quero exibir meus filhos, desculpa :v Ela tem 15 anos :3
— Nos meus headcanons, Yakov fez balé enquanto ainda patinava, para aliar à sua performance :3 Ele conheceu Dimitri Soloviev nessas aulas;
— Soloviev não gosta de muitas pessoas além de si mesmo. Não tem paciência pra quem tá começando e tem um crush mal curado pelo Yakov, que nunca se ligou, é :v
— A coincidência de termos um Dimitri nesse capítulo também é só isso mesmo, coincidência. Dimitri é um nome tanto comum por lá xD
— A piadinha sobre "não estarmos falando de qualquer Ivan" é que Ivan também é um nome comum xD
— Em 1961, Yakov tinha 15 anos e era destaque da categoria júnior de patinação. Desde que ele havia entrado na categoria, em 58, ele já chamava atenção como patinador.

E é isso owo Espero vocês no próximo capítulo ;) ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Momentos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.