Albus Potter e o Pergaminho do Amanhã escrita por lexie lancaster


Capítulo 4
A Gárgula de Harpia




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/792963/chapter/4

— CAPÍTULO QUATRO –

A gárgula de harpia

Ao acordar na manhã seguinte, Albus demorou alguns segundos para se lembrar onde estava. Uma vista rápida pelas paredes emolduradas e pelo lago por trás das vidraças, porém, o ajudou a refrescar a memória. Definitivamente, ele não estava mais em seu quarto em Ottery St. Catchpole. Al olhou em voltar e viu Gavin e Ben ainda deitados, babando em seus travesseiros. Scorpius, no entanto, já estava acordado. O garoto estava ajoelhado na frente da cama e recém guardava o pijama de volta no malão.

— Que horas são? – Perguntou Al, esfregando os olhos.

Scorpius se sobressaltou e espiou por cima do malão aberto.

— Ah, não tinha te visto aí, Al. São oito agora... Tá com fome?

— Sempre – respondeu Albus puxando as cobertas para o lado.

Ele se vestiu apressado e minutos depois, os dois garotos passavam juntos pela porta secreta do salão comunal da Sonserina. Subiram pela escadaria de pedra, adentraram por um par de corredores estreitos e contornaram por uma espécie de alçapão no terceiro andar do piso inferior. Toda a subideira e o cheiro de ovos fritos que inundava o saguão ajudou a abrir o apetite quando em fim chegaram ao Salão Principal.

Albus achou que o lugar não estava nem um pouco parecido com a noite anterior: com as mesas implodindo em burburinhos indistintos e os bancos repletos de estudantes que se acotovelavam uns nos outros. Estava, na realidade, relativamente vazio e silencioso. Riley e Emma, no entanto, já estava lá. As duas estavam sentadas junto à um grupo de alunos do primeiro ano, e Riley fez sinal para que os garotos se juntassem a elas.

— Conseguiram ver algo no lago hoje? – Perguntou a garota assim que se sentaram.

— Nada – respondeu Albus servindo-se de um par de torradas e puxando para perto uma página do Profeta Diário esquecida por ali.

Riley tinha um brilho nos olhos avelanados. Parecia animada.

— A Emma viu...

— Acho que vi uma sereia – comentou Emma – mas era, hum... bem não era muito como eu esperava que fosse...

Scorpius, que terminava de colocar cereais numa tigela de prata, parou para prestar atenção na conversa.

Sereianos — corrigiu calmamente – Não são criaturas muito sociais, mas gosto deles.

— Claro que gosta – Afirmou Riley bastante segura – Só um panaca não gostaria.

— A Riley é vidrada em sereianos... – cochichou Scorpius para Albus.

— São seres incríveis – continuou a garota sem se importar – Eles têm uma sociedade inteira bem embaixo dos nossos narizes e mesmo assim mal sabemos de fato o que se passa com eles!

— Bem, tecnicamente são criaturas – Falou Scorpius.

E Riley murmurou algo como “que seja” em resposta. Al nunca tinha parado para pensar muito no assunto, mas achou que por agora, já tinha o bastante para pensar logo no café da manhã.

— Talvez uma das maiores provas da inteligência deles é que não estão nem aí pra gente, não é? – comentou ele despretensiosamente, antes de mordiscar sua torrada.

Riley, que fazia uma espécie de trouxinha improvisada para colocar os frios da mesa, parou parecendo surpresa, mas assentiu orgulhosa.

— Viu só, Scorp? — disse ela, com superioridade.

Scorpius rolou os olhos, sem dar importância para a provocação da amiga. Ao invés disso, revirou os cereais na tigela, como se pensasse em algo mais importante.

— Lembra um pouco nossa situação, não acham? Com os trouxas, quero dizer. Tecnicamente vivemos em baixo dos narizes deles...

Emma os encarava tão vidrada que nem reparou na geleia de morango escorregando do seu sanduíche.

— Eu mesma não fazia ideia – disse ela baixinho – Até uns meses atrás, não fazia ideia de nada... disso — completou pausadamente, olhando ao redor.

Scorpius, Riley e Albus trocaram um rápido olhar entre si. Nenhum deles havia nascido trouxa e, portanto, não sabiam exatamente o que responder. Scorpius voltou a encher a colher de ceral, Riley enfiou outro pedaço de presunto na sua trouxinha e Al se ocupou bebendo um copo de suco de abóbora. Assim como Emma, ele também deu uma boa olhada através do Salão, mantendo os olhos atentos por cima do cálice metálico.

Já vazia um tempo que pensamentos como aquele ameaçavam rondar sua mente. Se perguntassem, ele achava que não saberia dizer com precisão quando começaram, mas definitivamente estavam lá. Como uma espécie de vertigem que voltava para incomodá-lo. Ele queria entender o mundo. O mundo dele, dos trouxas e de seja lá o que mais fosse que estivesse no meio. Queria saber como as coisas funcionavam em todas suas partes. As boas e as feias.

Ao abaixar o copo, voltou a prestar atenção no folheto de jornal que agarra. A imagem que se mexia na parte superior chamava a atenção. Uma fumaceira intensa transbordava para o topo da página. O que antes parecia uma vegetação ambulante, estava, agora, degradada e obsoleta. Havia ainda uma segunda imagem, menor e vertical, no canto da página. Uma bruxa apontava sua varinha para o tronco de uma árvore e, com um movimento preciso, fazia aparecer, bem no centro da madeira, um símbolo de quatro extremidades que Albus não soube dizer de fato o que era. Sabia, no entanto, que se tratava da seção de notícias internacionais, pois a manchete dizia:

Bruxos brasileiros banem “brucutus" para blindar bosques. 

E o restante da notícia continuava mais ou menos assim:

Na noite desta sexta-feira, membros da barricada bruxa do Brasil, reuniram-se novamente nas redondezas do Rio Amazonas para retardar o processo de queimadas que evidenciam como sendo o mais alto desde 1999. Uma parte significativa da comunidade bruxa brasileira mostra-se favorável a instauração de uma nova lei que pode permitir a interferência direta da República Bruxa do Brasil nas tomadas de decisões dos governos de brucutus brasileiros.

Por alto, Albus sabia que “brucutus” era a forma como os bruxos brasileiros se referiam a pessoas que não eram bruxas. Albus se orgulhava de ter um ou dois conhecimentos gerais de mundo, sobretudo quando se mostravam úteis para esfregá-los na cara de James quando o mesmo não sabia de algo que ele sim conhecia.

— É mesmo estanho, não é? – Pensou ele em voz alta, largando o folhetim de lado – Quando pararmos pra pensar... é meio estranho o jeito que dividimos o mundo com os trouxas.

Ele não sabia se “dividir” era exatamente a palavra adequada para usar, mas na falta de uma melhor, ficou com aquela mesmo.

— É, mas pelo menos paramos para pensar – Falou Riley com um sorrisinho – Tem gente que não faz isso, sabe? Ou, pelo menos, parece que não.

— Que quer dizer? – Perguntou Emma parecendo mesmo interessada.

— Ah, não sei, é só que... as vezes, eu acho que os adultos só aceitassem as coisas como são. Sabem?

Emma concordou timidamente com ela. Albus não soube dizer se foi só por educação que ela fez aquilo ou não, mas sabia que ele próprio entendia pelo menos uma parte do que Riley queria dizer.

— Acho que ela tá falando da clandestinidade do mundo bruxo, Emma.

— Você quer dizer a... hum, como é que se chama mesmo? Lei de Sigilo?

— É – concordou Scorpius pacientemente — mas tem um motivo para as coisas serem como são, sabe? Pelo que sei, não vamos ter essa matéria tão cedo em História da Magia, mas resumindo bastante, o que acontece é que o nosso mundo já entrou em guerra por causa da clandestinidade antes, Emma. Por isso existem regras – afirmou em um tom muito cortês, agora se dirigindo especificamente para Riley – Para serem cumpridas.

Emma absorveu aquela informação em silêncio. Parecia pensativa e, ao mesmo tempo, um pouco assustada. Riley, porém, não pareceu se abalar nem um tantinho.

— Bem, acontece que algumas regras também são feitas para serem quebradas. Não vai engolir um balde de lesmas só porque alguém determinou que você deve fazê-lo, vai?

 — Lesmas? – Repetiu Scorpius com uma careta – Estamos comendo, precisa mesmo falar de lesmas no café?

 Albus agarrou uma das bolinhas de queijo saltitantes que escorregava para fora de uma fonte de prata enquanto se perguntava como aqueles dois eram amigos mesmo parecendo tão diferentes um do outro. Emma, por outro lado, voltou a prestar atenção no Salão, e os olhos redondos e observadores da garota logo pararam num ponto fixo qualquer.

— Tem muita coisa que quero aprender ainda – soltou a garota de repente — E sei que tem também bastante coisa preciso mesmo aprender – continuou ela, deixando de prestar atenção no Salão para olhar os colegas — Mesmo assim, continua sendo meio esquisito pensar que no mundo que conhecia antes, isso aqui nunca existiria.

— Mas existe – Falou Riley, confiante – E você também faz parte dele agora, Emms.

Scorpius concordou em seu costumeiro tom cortês.

— Com o tempo você pega o jeito da coisa, Emma. Por falar nisso, você é a primeira nascida trouxa que conheço...  talvez você sabe me dizer melhor qual é a desse tal spainer trouxa?

Emma fez uma expressão muito similar à que os trouxas costumam fazer quando, por acidente, testemunham algum tipo de manifestação do mundo bruxo. A cara de quem não tinha entendido nadinha de nada. A resposta para pergunta de Scorpius, entretanto, pareceu surgir de repente em sua mente quando ela falou:

— Ahhhh! Você quer dizer um spinner? Eu até tenho um lá em casa, mas acho que na verdade não tem função alguma...

Scorpius continuou intrigado (o que fez com que Riley e Al também se juntassem à discussão) e a conversa se prolongou mais um bocado entre eles. Não tinham pressa para terminar o café. Na verdade, não precisavam se apressar para nada, já que não tinham obrigação nenhuma durante o restante do dia e nem ao longo do final de semana inteiro por sinal. No entanto, quando se deram conta disso, os quatro tiveram o ânimo revigorado. Deixaram os presuntos defumados de lado e se levantaram para aproveitar o dia de folga que, como acabaram por decidir, usariam para explorar o castelo e seus terrenos.

Quando iam saindo, o Salão pareceu ficar bem mais cheio do que quando tinham chegado. Albus sentiu uma pontada de satisfação quando percebeu que ter levantado mais cedo tinha tido lá suas vantagens. Aparentemente, quase todo castelo tinha tido a mesma ideia: aproveitar o dia de folga para prorrogar o café. Ao passarem perto da mesa da Grifinória, Al se atentou nos rostos dos alunos e parou ao ver Rose sentada do outro lado da mesa. Estivera querendo falar com ela desde a seleção da noite anterior.

— Rosie – chamou.

A garota estava entretida falando com uma amiga e nem percebeu que Albus estava parado ali. A colega de Rose precisou interrompe-la para que ela o visse.

— Ah, oi Al. Tudo bem?

— Tudo – respondeu ele, confuso, ao perceber que ela parecia meio distante. – Nós vamos dar uma volta por aí – disse, olhando para Riley, Scorpius e Emma ao seu lado – Você sabe, para dar uma olhada no castelo. Quer vir?

— Hum, desculpa Al, não sei se vai dar – respondeu Rose com um sorriso amarelo — Prometi pra Amy que voltaríamos juntas para a Torre da Grifinória...

Ei, vejam só quem resolveu sair mais cedo das masmorras hoje!

Um braço envolveu os ombros de Albus tão rápido nesse momento que ele não conseguiu nem ver quem era. No entanto, ele não precisaria de fato olhar para saber a resposta. Poderia reconhecer aquela voz mesmo de olhos fechados.

— Sai pra lá, Jim.

James riu do irmão mais novo. Tinha o cabelo marrom-acobreado, os olhos castanhos e várias pintas no rosto e nos braços. Recém acabava de chegar no Salão junto com Fred e outros dois garotos. Um tinha o cabelo claro raspado e as pálpebras caídas sob os olhos índigos, e o outro tinha covinhas nas bochechas e um nariz torto. Fred, por sua vez, era um ano mais velho que James e era alto até para sua idade.

— E aí, Al – cumprimentou Fred sentando-se na mesa da Grifinória. – Rose.

— Oi, Fred – respondeu a garota educadamente.

— Mais primos, Fred? – Falou o garoto das pálpebras caídas se juntando a ele.

— Honestamente Finn, todo ano, nos últimos três anos, vem entrando pelo menos um primo meu na escola – respondeu Fred como se estivesse ofendido — Achei que à essa altura já tivesse se acostumado, tsk tsk.

— Sabe como é, todo ano é diferente – disse o de nariz torto enquanto quebrava a casquinha do ovo com uma colherzinha de prata.

— É, dessa vez também teve um Potter! – Anunciou James, juntando-se aos amigos – Finn, Dave, esse é o Al. E os amigos dele, eu acho...

James lançou um olhar de esguelha para Scorpius que, por sua vez, pareceu não notar, já que foi o primeiro a se apresentar.

— Sou Scorpius. Muito Prazer.

— Emma.

— Riley.

— James Potter. Dave está no mesmo ano que eu – falou, indicando o garoto mais perto dele com a cabeça. – Finn e Fred estudam juntos.

Dave deu um sorriso simpático que aprofundou ainda mais suas covinhas, Fred levantou uma das taças cintilantes teatralmente e Finn parou de montar seu sanduíche para prestar atenção neles.

— Uma seleção e tanto que tivemos ontem, hein pequeno Potter – disse Finn – E você não é a empata-chapéu? – Perguntou, apontando o sanduíche mal montado para Riley.

Ela o encarou de volta com uma expressão enojada. O sanduíche de Finn tinha três camadas mal montadas e deixava escorrer mostarda das beiradas.

— É Riley. E a gente já tava saindo, né Al?

— Que é que vão fazer? – Perguntou James, interessado.

— Dar uma volta pelo castelo.

— Se fosse vocês, começava pelos Novos Jardins – disse Fred — Vocês sabem, são novos. Até a garotada mais velha deve querer dar uma olhada depois. Pode ser que encha daqui a pouco.

— Parece bom – disse Scorpius, entusiasmado – Como podemos chegar lá?

— Hum... os Novos Jardins ficam na direção oposta da Floresta Proibida – respondeu Dave — Talvez se saírem pela Ala Oeste será melhor para cortar caminho.

— Legal, então vamos indo – disse Riley.

Albus concordou e se despediu dos outros com um aceno.

— A gente se fala.

— Só vê se não cai em nenhum arbusto venenoso! – gritou James quando já iam se afastando.

Albus escutou ainda algumas risadinhas abafadas que o acompanharam, mas não voltou a se virar para olhar.

— Você tem mesmo tantos primos assim? – Perguntou Emma quando iam subindo pela escadaria de mármore.

Ela estava evitando pensar nos arbustos venenosos.

— Nove – respondeu Albus – Isso sem contar o Jimmy e a Lily, claro.  

— Todos eles vêm pra Hogwarts? – Indagou Scorpius parecendo surpreso.

— É, mas nenhum deles está na Sonserina. Sou o primeiro da família – falou num mochicho desanimado — Ainda faltam Louis e Roxy no ano que vem. E depois tem a minha irmã e outro primo, que é irmão da Rose.

— Puxa, família grande – soltou Riley – Eu só tenho uma irmã e já tem vezes que é um saco.

— Coitada, Riley – disse Emma com a baixa — Eu sou filha única, mas gostaria de poder ter um irmão.

— Eu também – comentou Scorpius — Não tenho irmãos, mas tenho dois primos por parte de mãe. Eles também são bruxos, mas não vieram pra Hogwarts. O marido da Tia Daphne estudou em Durmstrang, por isso eles estudam lá também.

— Pelo menos você ganhou um cachorro – acrescentou Riley – Já é mais legal que um irmão.

Sem conseguir evitar, Albus soltou uma risadinha abafada, lembrando da vez que ele e James fizeram uma promessa. Iriam parar de brigar para parecerem responsáveis e mostrar a seus pais que poderiam tomar conta de um cachorro. Não deu certo, mas ao menos ele ganhou a Winnie.

— Vejam! – alertou Emma de repente, apontando para o chão.

Scorpius, Albus e Riley pararam de supetão e olharam para o lugar que Emma apontara. O chão estava cintilando com gemas esmeraldas que formavam o rastro de uma trilha indistinta. Tinham acabado de alcançar o primeiro andar, mas nenhum deles tinha estado ali antes. Por mais que quisessem, não faziam a menor ideia do que aqueles corredores guardavam.

— Que é isso? – Indagou Al, se abaixando para ver melhor.

Riley se juntou a ele.

— Parecem esmeraldas, mas... minúsculas – respondeu ela, pondo a mão em uma - Ai! Elas queimam!

— Você devia ter mais cuidado antes de sair pegando pedras misteriosas perdidas por aí, Riley – advertiu Scorpius, ajudando-a a se levantar – Ah, olhem! Estão sumindo!

— Ali! – gritou Emma.

E os outros três se viraram para direção que a garota apontara outra vez. A trilha continuava até o fim do corredor, quase não podendo mais ser vista, e levava até uma estátua de gárgula que emanava um brilho azulado e fluorescente por de trás.

— Vamos – sugeriu Riley — Vamos ver do que se trata.

Os quatro se olharam, hesitando por um instante, antes de começarem a andar cautelosamente em direção a gárgula monstruosa.  

— Hum... – começou Emma, lentamente – Não sei se é mesmo uma boa ideia seguir uma trilha que leva pruma gárgula de harpia...

Albus contornou a gárgula com corpo de pássaro e rosto de mulher, parando em frente a parede que emitia o brilho celeste.

— É só uma estátua, Emma. Além do mais, harpias estão extintas – explicou ele, repousando a palma da mão na parede, assim como tinha feito na entrada do salão comunal da Sonserina – Vamos, Hogwarts é uma escola, se esqueceu? Não pode ser nada perigoso – concluiu em voz baixa, parecendo estar tentando convencer mais a si mesmo do que os outros.

Scorpius virou-se e observou a trilha atrás deles desaparecer.

— A Riley falou que as pedras queimavam, Al. Vai ver não é um bom sinal.

— Não queima tanto, só meio que arde – Riley se apressou em dizer – Além do mais, o que de tão ruim pode acontecer? – Indagou, se juntando a Al ao mesmo tempo que recostava as costas na parede.

— Não sei – falou Scorpius enquanto contornava a gárgula, pensativo – Talvez ir parar em uma sala de artefatos velhos e azarados?

Emma foi se juntar a eles parecendo apreensiva.

— Tem uma sala assim?

— Bom, papai me contou uma vez que...

— AHHHH!

Assim que Emma encostou na parede junto aos outros três, o lado em que estavam apoiados deslizou para trás abruptamente e, num segundo, não estavam mais perto de gárgula monstruosa alguma.

— Que foi que aconteceu? – Perguntou Emma apavorada.

— Claramente era uma passagem secreta – respondeu Scorpius tranquilamente – A pergunta é: para onde essa passagem nos trouxe?

— Nem ideia – murmurou Riley olhando ao redor.

O lugar não se parecia em nada com o restante do castelo. Era extremamente rochoso e tinha estranhos rastros de água que passava a estranha sensação de estarem presos em uma espécie de gruta. Além do mais, a única coisa que podiam ver eram quatro aberturas escuras, que se estendiam adiante, e lembravam muito a entrada de cavernas.

— Olhem, o rastro das pedras continua só naquela entrada – Indicou Albus, apontando em direção a caverna mais afastada do canto direito.

— Mas nós não devíamos estar aqui – falou Emma, num tom amedrontado, tateando a parede atrás de si.

— Vamos, não temos escolha – disse Riley, se adiantando em direção ao caminho de pedras cintilantes.

Scorpius fez menção de mexer, mas antes lançou um olhar preocupado para Riley, e então voltou a olhar para Emma e Albus, ainda incerto do que devia fazer.

— Esperem! Eu meio que conheço um feitiço explosivo que talvez pudesse... hum... destruir a parede – explicou ele, olhando para a sólida parede rochosa pela qual tinham acabado de deslizar.

Emma continuava colada ali. As pernas tremendo feito gelatinas.

Bom! Isso é bom! – Falou Albus num tom de incentivo – Escute, se não acharmos outra saída, podemos voltar e...

Boom! Detonar a parede – completou Riley por ele – Claro, vamos perder alguns pontos por isso, mas quem liga? Só a Ebony, talvez – refletiu ela.

— S-se a trilha desaparecer outra vez, co-como vamos saber o caminho de volta? – Perguntou Emma, enfim se aproximando.

— Com magia, é claro – sorriu Riley – Vamos Emms, você é uma bruxa, pense como uma! Tem que ter algum feitiço que um de nós já tenha visto que pode nos ajudar!

Albus se lembrou de James contando nas férias de verão sobre uma aula de Transfiguração que tivera. Aparentemente, a turma dele tinha aprendido como transfigurar uma píton-real em corda. Albus pensou que seria bem útil naquele momento saber transfigurar coisas em cordas, assim poderia simplesmente amarrar a corda na entrada e acompanhá-la durante o caminho. No entanto, para o desagrado de Al, o irmão tinha prestado mais atenção na píton-real cruzando a sala pelo ar como consequências de um movimento errado de varinha do que no feitiço em si.

Idiota”, murmurou ele pensando em James.

— E se marcarmos as paredes dos corredores que passarmos com tinta? – Sugeriu Emma, timidamente.

— Isso definitivamente iria servir! – Falou Riley, entusiasmada.

Emma deu um passo à frente, apontou a varinha para a parede e disse muito concentradamente:

Colore atramentum!

De súbito, um respingo preto saiu da ponta de sua varinha e deixou uma mancha bem no local que apontara.

— Incrível, Emma! – disse Scorpius – Onde aprendeu essa?

— Achei no livro de feitiços que vamos usar esse ano. Na verdade esse foi o único que consegui aprender – falou, parecendo desapontada — Acho que é porque gosto de pintar...

— Pode ser, mas veio a calhar muito bem, não acha? – Incentivou Al – Vamos, pode ser que tenha outra saída. Lumos!

— Legal! – falou Scorpius, animado, olhando para a ponta da varinha iluminada – Mamãe me ensinou esse feitiço também.

Ele fez o mesmo movimento que Albus tinha acabado de fazer e instantaneamente outro ponto de luz surgiu também.

— Grande coisa – disse Riley, que repetiu o feitiço com facilidade – Só aprendeu esse antes de mim porque tem medo do escuro. Vamos, Emms.

Riley e Emma foram na frente, adentrando o túnel cintilante com cautela enquanto Emma deixava outra marca de tinta por onde passavam.

— Ela é muito competitiva, a Riley – murmurou Scorpius para Al – Precisou de ajuda pra aprender esse – disse apontando para a luz da varinha — Mas não conte pra ela que te disse isso.

— Não vou – assegurou Albus, evitando rir.

Os dois trocaram um sorriso cúmplice, e logo as seguiram, quase correndo para alcançá-las. Albus sentiu o coração acelerar à medida que adentravam mais e mais na caverna. Quando acordara naquela manhã e se dera conta que finalmente estava no castelo que tanto esperara visitar, não imaginava que era isso que o aguardava. Apertou a varinha entre os dedos, percebendo que mesmo não sabendo exatamente onde estava, sabia que estava em Hogwarts. E era ali que queria estar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí, o que estão achando dos mais novos estudantes de Hogwarts?
Me desculpem a demora, postei para ter uma leitura agradável num dia chuvoso. Espero que gostem ♥
Será o início de Novas Aventuras vindo aí? :)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Albus Potter e o Pergaminho do Amanhã" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.